Dois rescrudescimentos
Quem não percebeu, reveja e preste atenção. A temperatura do conflito mundo versus religião, ou religião versus mundo subiu e o confronto recrudesceu. Ditadores, governos democráticos, movimentos sociais, grupos organizados com outros credos além do credo vigente ou dominante se manifestam com propostas e atitudes contrárias à religião cristã principalmente na Europa e nas Américas, que há poucas décadas ainda pautavam grande parte de suas leis sobre vida, morte, sexo e matrimônio por costumes cristãos.
Há confronto no horizonte. Parlamentos de países de raiz católica ou protestante que, há vinte anos jamais aprovariam leis que, hoje, aprovam, ouvem mais a voz das ruas do que a dos púlpitos. E a cabeça do povo não é mais feita nos templos. Rádio, televisão, revistas e jornais carregam hoje outros rostos, outras vozes e outras penas. A religião por mais fiéis que reúna em suas concentrações e por mais candidatos que ponha no parlamento enfrenta hoje outras vozes fortes a propor outra moral que não das igrejas cristãs.
Leis que facilitam a tramitação do divórcio, dificultando-o o menos possível, leis que admitem o aborto, a manipulação do embrião e do feto, o casamento entre pessoas do mesmo sexo, a morte por eutanásia, isto é, morte antecipada, provocada e assistida, em caso de possível desfecho insuportável, revelam outra visão de vida e morte, sexo e amor.
Crente cristão católico que sou, releio o Salmo 2,que pergunta por que as nação pagãs planejam revoltas e fazem planos contra Deus, o Senhor. Aquelas nações optavam por livrar-se do domínio de Deus e dos seus escolhidos e conclui que Deus vai derrotá-los. Era confronto! A luta dos profetas de Israel era contra os que de fora ou de dentro tentavam livrar-se da religião. Procuravam leis mais favoráveis. A religião impunha fardos que não queriam levar e impunha leis que não lhes apetecia mais seguir. Dos seguidores de Jesus um razoável grupo se afastou com o mesmo argumento: -É fala difícil de engolir. Ninguém agüenta um discurso desses! (Jo 6,64-67) Jesus, reconhecendo que havia alguns que não mais o aceitavam ( Jo 6,64) voltou-se para quem ficava e perguntou se também eles não tinham intenção de ir embora! Afinal, mestre é o que não faltava, como mestre é o que não alta nos dias de hoje. Há um em cada esquina e milhares deles em bibliotecas, rádios e televisões. No supermercado das propostas de bem viver as estantes estão bem sortidas. O pensamento cristão foi empurrado para igrejas divididas entre si, templos que também nascem de cisões e rompimentos, e congressos e passeatas milhões de crentes afirmando fidelidade a Jesus. Mas, uma semana depois, na mesma avenida, outro grupo de milhões de homens e mulheres vão lá afirmar que têm outra maneira de ver a sexualidade e o amor humano. Visões de confronto!
De um lado subiu de tom a fala dos crentes em Jesus, com milhares de novos pequenos e grandes templos, milhares de vozes na mídia, e multidões a encher estádios e praças para proclamar que o rei é ele. Do outro, também subiu de tom a fala dos que não aceitam mais a moral dos cristãos. Eles têm a deles. E então? Armamo-nos ou dialogamos? Releiam Jo 6,60-71.
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