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domingo, 7 de abril de 2013

2º Domingo da Páscoa - Ano C - Domingo da Divina Misericórdia



João 20,19-31

19 Ao anoitecer daquele dia, o primeiro da semana, estando fechadas,
por medo dos judeus, as portas do lugar onde os discípulos se encontravam,
Jesus entrou e pondo-se no meio deles, disse: 'A paz esteja convosco'.20 Depois destas palavras, mostrou-lhes as mãos e o lado.Então os discípulos se alegraram por verem o Senhor.21 Novamente, Jesus disse: 'A paz esteja convosco.Como o Pai me enviou, também eu vos envio'.
22 E depois de ter dito isto, soprou sobre eles e disse: 'Recebei o Espírito Santo.
23 A quem perdoardes os pecados eles lhes serão perdoados;a quem os não perdoardes, eles lhes serão retidos'.24 Tomé, chamado Dídimo, que era um dos doze,não estava com eles quando Jesus veio.25 Os outros discípulos contaram-lhe depois: 'Vimos o Senhor!'.
Mas Tomé disse-lhes: 'Se eu não vir a marca dos pregos em suas mãos,se eu não puser o dedo nas marcas dos pregose não puser a mão no seu lado, não acreditarei'.26 Oito dias depois, encontravam-se os discípulosnovamente reunidos em casa, e Tomé estava com eles.Estando fechadas as portas, Jesus entrou,pôs-se no meio deles e disse: 'A paz esteja convosco'.
27 Depois disse a Tomé: 'Põe o teu dedo aqui e olha as minhas mãos.Estende a tua mão e coloca-a no meu lado. E não sejas incrédulo, mas fiel'.
28 Tomé respondeu: 'Meu Senhor e meu Deus!'29 Jesus lhe disse: 'Acreditaste, porque me viste?Bem-aventurados os que creram sem terem visto!'
30 Jesus realizou muitos outros sinais diante dos discípulos,que não estão escritos neste livro.31 Mas estes foram escritos para que acrediteis que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus,e para que, crendo, tenhais a vida em seu nome.
 

Reflexão
 


Vamos meditar sobre a aparição de Jesus aos discípulos e a missão que eles receberam. Eles estavam reunidos com as portas fechadas porque tinham medo dos judeus. De repente, Jesus se coloca no meio deles e diz: "A paz esteja com vocês!" Depois de mostrar as mãos e o lado, ele disse novamente: "A paz esteja com vocês! Como o Pai me enviou, eu envio vocês!" Em seguida, lhes dá o Espírito para que possam perdoar e reconciliar. A paz! Reconciliar e construir a paz! Esta é a missão que recebem. Hoje, o que mais faz falta é a paz: refazer os pedaços da vida, reconstruir as relações quebradas entre as pessoas. Relações quebradas por causa da injustiça e por tantos outros motivos. Jesus insiste na paz. Repete várias vezes! As pessoas que lutam pela paz são declaradas felizes e são chamadas filhos e filhas de Deus (Mt 5,9).
 
Na conclusão do capítulo 20 (Jo 20,30-31), o autor diz que Jesus fez "muitos outros sinais que não estão neste livro. Estes, porém, foram escritos (a saber os sete sinais relatados nos capítulos 2 a 11) para que vocês possam crer que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e, acreditando, ter a vida no nome dele" (Jo 20,31). Isto significa que, inicialmente, esta conclusão era o final do Livro dos Sinais. Mais tarde, foi acrescentado o Livro da Glorificação que descreve a hora de Jesus, a sua morte e ressurreição. Assim, o que era o final do Livro dos Sinais passou a ser conclusão também do Livro da Glorificação.
  
João 20,19-20: A experiência da ressurreição. Jesus se faz presente na comunidade. As portas fechadas não podem impedir que ele esteja no meio dos que nele acreditam. Até hoje é assim! Quando estamos reunidos, mesmo com todas as portas fechadas, Jesus está no meio de nós. E até hoje, a primeira palavra de Jesus é e será sempre: "A paz esteja com vocês!" Ele mostrou os sinais da paixão nas mãos e no lado. O ressuscitado é crucificado! O Jesus que está conosco na comunidade não é um Jesus glorioso que não tem mais nada em comum com a vida da gente. Mas é o mesmo Jesus que viveu na terra, e traz as marcas da sua paixão. As marcas da paixão estão hoje no sofrimento do povo, na fome, nas marcas de tortura, de injustiça. É nas pessoas que reagem, lutam pela vida e não se deixam abater que Jesus ressuscita e se faz presente no meio de nós.
 
João 20,21: O envio: "Como o Pai me enviou, eu envio vocês". É deste Jesus, ao mesmo tempo crucificado e ressuscitado, que recebemos a missão, a mesma que ele recebeu do Pai. E ele repete: "A paz esteja com vocês!" Esta dupla repetição acentua a importância da paz. Construir a paz faz parte da missão. Paz significa muito mais do que só a ausência de guerra. Significa construir uma convivência humana harmoniosa, em que as pessoas possam ser elas mesmas, tendo todas o necessário para viver, convivendo felizes e em paz. Esta foi a missão de Jesus, e é também a nossa missão. Numa palavra, é criar comunidade a exemplo da comunidade do Pai, do Filho e do Espírito Santo.
 
João 20,22: Jesus comunica o dom do Espírito. Jesus soprou e disse: "Recebei o Espírito Santo". É só mesmo com a ajuda do Espírito de Jesus que seremos capazes de realizar a missão que ele nos dá. Para as comunidades do Discípulo Amado, Páscoa (ressurreição) e Pentecostes (efusão do Espírito) são a mesma coisa. Tudo acontece no mesmo momento.
 
João 20,23: Jesus comunica o poder de perdoar os pecados. O ponto central da missão de paz está na reconciliação, na tentativa de superar as barreiras que nos separam: "Aqueles a quem vocês perdoarem os pecados serão perdoados e aqueles a quem retiverdes serão retidos!" Este poder de reconciliar e de perdoar é dado à comunidade (Jo 20,23; Mt 18,18). No evangelho de Mateus é dado também a Pedro (Mt 16,19). Aqui se percebe a enorme responsabilidade da comunidade. O texto deixa claro que uma comunidade sem perdão nem reconciliação já não é comunidade cristã.
 
João 20,24-25: A dúvida de Tomé. Tomé, um dos doze, não estava presente. E ele não crê no testemunho dos outros. Tomé é exigente: quer colocar o dedo nas feridas da mão e do pé de Jesus. Quer ver para poder crer! Não é que ele queria ver milagre para poder crer. Não! Tomé queria ver os sinais das mãos e no lado. Ele não crê num Jesus glorioso, desligado do Jesus humano que sofreu na cruz. Sinal de que havia pessoas que não aceitavam a encarnação (2Jo 7; 1Jo 4,2-3; 2,22). A dúvida de Tomé também deixa transparecer como era difícil crer na ressurreição.
 
João 20, 26-29: Felizes os que não viram e creram. O texto começa dizendo: "Uma semana depois". Tomé foi capaz de sustentar sua opinião durante uma semana inteira. Cabeçudo mesmo! Graças a Deus, para nós! Novamente, durante a reunião da comunidade, eles têm uma experiência profunda da presença de Jesus ressuscitado no meio deles. E novamente recebem a missão de paz: "A paz esteja com vocês!" O que chama a atenção é a bondade de Jesus. Ele não critica nem xinga a incredulidade de Tomé, mas aceita o desafio e diz: "Tomé, venha cá colocar seu dedo nas feridas!" Jesus confirma a convicção de Tomé, que era a convicção de fé das comunidades do Discípulo Amado, a saber: o ressuscitado glorioso é o crucificado torturado! É neste Cristo que Tomé acredita, e nós também! Como ele digamos: "Meu Senhor e meu Deus!" Esta entrega de Tomé é a atitude ideal da fé. E Jesus completa com a mensagem final: "Você acreditou porque viu! Felizes os que não viram e no entanto creram!" Com esta frase, Jesus declara felizes a todos nós que estamos nesta condição: sem termos visto acreditamos que o Jesus que está no nosso meio é o mesmo que morreu crucificado!
 
João 20,30-31: Objetivo do evangelho: levar a crer para ter vida. Assim termina o Evangelho, lembrando que a preocupação maior de João é a Vida. É o que Jesus diz: "Eu vim para que todos tenham vida e a tenham em abundância" (Jo 10,10).
 
 
Shalom: a construção da paz
O primeiro encontro entre Jesus ressuscitado e seus discípulos é marcado pela saudação feita por ele: "A paz esteja com vocês!" Por duas vezes Jesus deseja a paz a seus amigos. Esta saudação é muito comum entre os judeus e na Bíblia. Ela aparece quando surge um mensageiro da parte de Deus (Jz 6,23; Tb 12,17). Logo em seguida, Jesus os envia em missão, soprando sobre eles o Espírito. Paz, Missão e Espírito" Os três estão juntos. Afinal, construir a paz é a missão dos discípulos e das discípulas de Jesus (Mt 10,13; Lc 10,5). O Reino de Deus, pregado e realizado por Jesus e continuado pelas comunidades animadas pelo Espírito, manifesta-se na paz (Lc 1,79; 2,14). O Evangelho de João mostra que a paz, para ser verdadeira, deve ser a paz trazida por Jesus (Jo 14,27). Uma paz diferente da paz construída pelo império romano.
 
Paz na Bíblia (em hebraico é shalom) é uma palavra muito rica, significando uma série de atitudes e desejos do ser humano. Paz significa integridade da pessoa diante de Deus e dos outros. Significa também uma vida plena, feliz, abundante (Jo 10,10). A paz é sinal da presença de Deus, porque o nosso Deus é um "Deus da paz" (Jz 6,24; Rm 15,33). Por isso mesmo, a proposta da paz trazida por Jesus também é sinal de "espada" (Mt 10,34), ou seja, as perseguições para as comunidades. O próprio Jesus faz este alerta sobre as tribulações promovidas pelo império tentando matar a paz de Deus (Jo 16,33). É preciso confiar, lutar, trabalhar, perseverar no Espírito para que um dia a paz de Deus triunfe. Neste dia "amor e verdade se encontram, justiça e paz se abraçam" (Sl 85,11). Então, como ensina Paulo, o "Reino será justiça, paz e alegria como fruto do Espírito Santo" (Rm 14,17) e "Deus será tudo em todos" (1Cor 15,28).



Domingo da Misericórdia
 

O culto da Divina Misericórdia, teve o seu início nas revelações de Jesus a uma jovem religiosa polaca, a irmã Maria Faustina Kowalska, na década de trinta do passado século vinte. Relata a própria Irmã Faustina, que no dia 22 de Fevereiro de 1931, «à noite, quando me encontrava na minha cela, vi Jesus com uma túnica branca. A sua mão direita erguida para abençoar e a outra tangendo a veste junto ao peito. Do lado entrearberto da túnica emanavam dois grandes raios de luz, um de tom vermelho e outro pálido... Jesus disse-me: Pinta uma Imagem conforme a visão que te aparece, com a inscrição: “Jesus, eu confio em vós”. É Meu desejo que esta imagem seja venerada primeiramente na vossa capela e depois em todo o Mundo. Eu prometo que a alma que venerar esta Imagem não se perderá.» Posteriormente, Jesus explicou a Faustina o simbolismo dos raios da imagem nos seguintes termos: «Os dois raios representam o Sangue e a Água: o raio pálido significa a água que justifica as almas; o raio vermelho significa o Sangue que é a vida das almas. Estes dois raios brotaram das entranhas da Minha Misericórdia, quando na cruz o Meu Coração agonizante foi aberto pela lança. Desejo que no primeiro Domingo a seguir à Páscoa se celebre a Festa da Misericórdia».

 

Neste Domingo da Divina Misericórdia, tudo nos fala ao coração dessa Misericórdia que se manifesta de modo tão claro em Cristo Ressuscitado E nós sentimos uma necessidade enorme de beneficiar dela. Mas o Senhor adverte-nos de que, para a recebermos, teremos de a exercitar para com os outros: «Bem-aventurados os que usam de misericórdia, porque alcançarão misericórdia.»




Abandonado por quase todos os amigos durante a Paixão, Jesus é o primeiro a correr ao encontro dos Discípulos, para lhes ofe-recer a paz e reconciliação.


O Misericordioso oferece a Misericórdia como caminho de vida que nos oferece na Cruz!

Não encontramos, nos textos sobre Cristo ressuscitado, um único episódio em que a iniciativa do encontro com o Mestre tenha partido daqueles que se tinham afastado d’Ele. É Ele que vai ao encontro dos Apóstolos encerrados no Cenáculo, com as portas e janelas trancadas por dentro, por medo dos judeus; surpreende os dois desiludidos no caminho de Emaús; condescende com a teimosia caprichosa de Tomé em recusar a mediação da Igreja para a fé na Ressurreição.

Depois de levar aos Apóstolos a alegria, a paz e a serenidade, tem o cuidado de instituir imediatamente o Sacramento da Reconciliação e Penitência, como demonstração viva da Sua Misericórdia, no qual nos acolhe de braços abertos, todas as vezes que, depois de desviados, acedemos ao Seu convite para recomeçar uma vida de intimidade com Ele.

O papa João Paulo II estabeleceu a Festa da Divina Misericór-dia no 2º Domingo da Páscoa, como festa oficial da Igreja. Ele conhecia bem o diário de Santa Faustina. Nele, a Santa conta que Cristo havia lhe havia revelado o desejo de derramar a Misericórdia sobre cada um dos seus filhos.

Que neste Domingo da Divina Misericórdia possamos todos descobrir que a intimidade com Nossa Senhora é para nós a melhor escola da misericórdia. Com Maria junto a Cristo caminhemos então rumo ao Amor Misericordioso do Senhor

sábado, 6 de abril de 2013

Sábado na Oitava da Páscoa



Ide pelo mundo inteiro e anunciai o Evangelho a toda criatura!

Marcos 16,9-15

9 Depois de ressuscitar, na madrugada do primeiro dia após o sábado,Jesus apareceu primeiro a Maria Madalena, da qual havia expulsado sete demônios.10 Ela foi anunciar isso aos seguidores de Jesus, que estavam de luto e chorando.11 Quando ouviram que ele estava vivo e fora visto por ela, não quiseram acreditar.12 Em seguida, Jesus apareceu a dois deles,
com outra aparência, enquanto estavam indo para o campo.13 Eles também voltaram e anunciaram isso aos outros.
Também a estes não deram crédito.14 Por fim, Jesus apareceu aos onze discípulos enquanto estavam comendo,repreendeu-os por causa da falta de fé e pela dureza de coração,porque não tinham acreditado naqueles que o tinham visto ressuscitado.15 E disse-lhes: 'Ide pelo mundo inteiro e anunciai o Evangelho a toda criatura! 
Reflexão

O evangelho de hoje faz parte de uma unidade literária mais ampla (Mc 16,9-20) que traz uma lista ou um resumo de várias aparições de Jesus: (1) Jesus aparece a Maria Madalena, mas os discípulos não aceitam o testemunho dela (Mc 16,9-11); (2) Jesus aparece a dois discípulos, mas os outros não creram no testemunho deles (Mc 16,12-13); (3) Jesus aparece aos Onze, critica a falta de fé e dá ordem de anunciar a Boa Nova a todos (Mc 16,14-18); (4) Jesus sobe ao céu e continua cooperando com os discípulos (Mc 16,19-20).

Além desta lista de aparições do evangelho de Marcos, existem outras listas de aparições que nem sempre coincidem entre si. Por exemplo, a lista conservada por Paulo na carta aos Coríntios é bem diferente (1 Cor 15,3-8). Esta variedade mostra que, inicialmente, os cristãos não se preocupavam em provar a ressurreição por meio das aparições. Para eles a fé na ressurreição era tão evidente e tão vivida, que não havia necessidade de prova. Uma pessoa que toma banho de sol na praia não se preocupa em provar que o sol existe. Ela mesma, bronzeada, é a prova viva de que o sol existe. As comunidades, elas mesmas, existindo no meio daquele império imenso, eram uma prova viva da ressurreição. As listas das aparições começam a aparecer mais tarde, na segunda geração, para rebater as críticas dos adversários.

Marcos 16,9-11: Jesus aparece a Maria de Mágdala, mas os outros discípulos não creram nela. Jesus aparece primeiro a Maria Madalena. Ela foi anunciá-lo aos outros. Para vir ao mundo, Deus quis depender do sim de uma jovem de 15 ou 16 anos, chamada Maria, lá de Nazaré (Lc 1,38). Para ser reconhecido como vivo no meio de nós, quis depender do anúncio de uma moça que tinha sido libertada de sete demônios, também chamada Maria, lá de Mágdala! (Por isso, era chamada Maria Magdalena). Mas os outros não acreditaram nela. Marcos diz que Jesus apareceu primeiro a Madalena. Na lista das aparições, transmitida na carta aos Coríntios (1 Cor 15,3-8), já não constam as aparições de Jesus às mulheres. Os primeiros cristãos tiveram dificuldade de crer no testemunho das mulheres. É pena!

Marcos 16,12-13: Jesus aparece a dois discípulos, mas os outros não creram neles. Sem muitos detalhes, Marcos se refere a uma aparição de Jesus a dois discípulos, “enquanto estavam a caminho do campo”. Trata-se, provavelmente, de um resumo da aparição de Jesus aos discípulos de Emaús, narrada por Lucas (Lc 24,13-35). Marcos insiste em dizer que “os outros não acreditaram nem mesmo nestes”.

Marcos 16,14-15: Jesus critica a incredulidade e manda anunciar a Boa Nova a todas as criaturas. Por fim, Jesus aparece aos onze discípulos e os repreende por não terem acreditado nas pessoas que o tinham visto ressuscitado. Novamente, Marcos se refere à resistência dos discípulos em crer no testemunho daqueles e daquelas que experimentaram a ressurreição de Jesus. Por que será? Provavelmente, para ensinar três coisas. Primeiro, que a fé em Jesus passa pela fé nas pessoas que dão testemunho dele. Segundo, que ninguém deve desanimar, quando a dúvida e a descrença nascem no coração. Terceiro, para rebater as críticas dos que diziam que cristão é ingênuo e aceita sem crítica qualquer notícia, pois os onze discípulos tiveram muita dificuldade em aceitar a verdade da ressurreição!

O evangelho de hoje termina com o envio: “Ide pelo mundo inteiro e proclamai a Boa Nova a toda criatura!” Jesus lhes confere a missão de anunciar a Boa Nova a toda a criatura.
 
 
Para um confronto pessoal
1) Maria Madalena, os dois discípulos de Emaús e os onze discípulos: quem é que teve maior dificuldade em crer na ressurreição? Por que? Eu me identifico com qual deles?
2) Quais são os sinais que mais convencem as pessoas da presença de Jesus no nosso meio?

sexta-feira, 5 de abril de 2013

6ª-feira na Oitava da Páscoa



Lançai a rede à direita da barca, e achareis.

João 21,1-14

Naquele tempo:1 Jesus apareceu de novo aos discípulos, à beira do mar de Tiberíades. A aparição foi assim: 2 Estavam juntos Simão Pedro, Tomé, chamado Dídimo, Natanael de Caná da Galiléia, 
os filhos de Zebedeu e outros dois discípulos de Jesus. 3 Simão Pedro disse a eles: 'Eu vou pescar'. Eles disseram: 'Também vamos contigo'. Saíram e entraram na barca, mas não pescaram nada naquela noite. 4 Já tinha amanhecido, e Jesus estava de pé na margem. Mas os discípulos não sabiam que era Jesus. 5 Então Jesus disse: 'Moços, tendes alguma coisa para comer?' Responderam: 'Não'. 6 Jesus disse-lhes: 'Lançai a rede à direita da barca, e achareis.'
Lançaram pois a rede e não conseguiam puxá-la para fora, por causa da quantidade de peixes. 7 Então, o discípulo a quem Jesus amava disse a Pedro: 'É o Senhor!' Simão Pedro, ouvindo dizer que era o Senhor, vestiu sua roupa, pois estava nu, e atirou-se ao mar. 8 Os outros discípulos vieram com a barca, arrastando a rede com os peixes. Na verdade, não estavam longe da terra, mas somente a cerca de cem metros.9 Logo que pisaram a terra, viram brasas acesas, com peixe em cima, e pão. 10 Jesus disse-lhes: 'Trazei alguns dos peixes que apanhastes'. 11 Então Simão Pedro subiu ao barco e arrastou a rede para a terra. Estava cheia de cento e cinqüenta e três grandes peixes;e apesar de tantos peixes, a rede não se rompeu. 12 Jesus disse-lhes: 'Vinde comer'.
Nenhum dos discípulos se atrevia a perguntar quem era ele, pois sabiam que era o Senhor. 13 Jesus aproximou-se, tomou o pão e distribuiu-o por eles. E fez a mesma coisa com o peixe. 14 Esta foi a terceira vez que Jesus, ressuscitado dos mortos, apareceu aos discípulos.

Reflexão

O Capítulo 21 do evangelho de São João parece um apêndice que foi acrescentado mais tarde depois que o evangelho já estava terminado. A conclusão do capítulo anterior (Jo 20,30-31) ainda deixa perceber que se trata de um acréscimo. De qualquer maneira, acréscimo ou não, é Palavra de Deus que traz uma bonita mensagem de ressurreição para esta sexta feira da semana de Páscoa.

João 21,1-3: O pescador de homens volta a ser pescador de peixes. Jesus morreu e ressuscitou. No fim daqueles três anos de convivência com Jesus, os discípulos voltaram para a Galiléia. Um grupo deles está de novo diante do lago. Pedro retoma o passado e diz: “Eu vou pescar!” Os outros disseram: “Nós vamos com você!” Assim, Tomé, Natanael, João e Tiago junto com Pedro saíram de barco e foram pescar. Retomaram a vida do passado como se nada tivesse acontecido. Mas algo aconteceu. Algo estava acontecendo! O passado não voltou! “Não pagaram nada!” Voltaram à praia cansados. Foi uma noite frustrante.

João 21,4-5: O contexto da nova aparição de Jesus. Jesus estava na praia, mas eles não o reconheceram. Jesus pergunta: “Moços, por acaso vocês alguma coisa para comer?” Responderam: “Não!” Na resposta negativa reconheceram que a noite tinha sido frustrante e que não pescaram nada. Eles tinham sido chamados para serem pescadores de homens (Mc 1,17; Lc 5,10), e voltaram a ser pescadores de peixes. Mas algo mudou em suas vidas! A experiência de três anos com Jesus provocou neles uma mudança irreversível. Já não era possível voltar para atrás como se nada tivesse acontecido, como se nada tivesse mudado.

João 21,6-8: Lancem a rede do lado direito do barco e vocês vão encontrar. Eles fizeram algo que, provavelmente, nunca tinham feito na vida. Cinco pescadores experimentados obedecem a um estranho que mandou fazer algo que contrastava com a experiência deles. Jesus, aquela pessoa desconhecida que estava na praia, mandou que jogassem a rede do lado direito do barco. Eles obedeceram, jogaram a rede, e foi um resultado inesperado. A rede ficou cheia de peixes! Como era possível! Como explicar esta surpresa fora de qualquer previsão? O amor faz descobrir. O discípulo amado diz: “É o Senhor!” Esta intuição clareou tudo. Pedro se jogou na água para chegar mais depressa perto de Jesus. Os outros discípulos vieram mais devagar com o barco arrastando a rede cheia de peixes.

João 21,9-14: A delicadeza de Jesus. Chegando em terra, viram que Jesus tinha aceso umas brasas e que estava assando peixe e pão. Ele pediu que trouxessem mais uns peixes. Imediatamente, Pedro subiu no barco, arrastou a rede com cento e cinquenta e três peixes. Muito peixe, e a rede não se rompeu. Jesus chamou a turma: “Venham comer!” Ele teve a delicadeza de preparar algo para comer depois de uma noite frustrada sem pescar nada. Gesto bem simples que revela algo do amor com que o Pai nos ama. “Quem vê a mim vê o Pai” (Jo 14,9). Nenhum dos discípulos se atrevia a perguntar quem era ele, pois sabiam que era o Senhor. E evocando a eucaristia, o evangelista João completou: “Jesus se aproximou, tomou o pão e distribuiu para eles”. Sugere assim que a eucaristia é o lugar privilegiado para o encontro com Jesus ressuscitado.
 
Para um confronto pessoal
1) Já aconteceu com você ter que te pediram jogar a rede do lado direito do barco da sua vida, contrariando toda a sua experiência? Você obedeceu? Jogou a rede?
2) A delicadeza de Jesus. Como é a sua delicadeza nas coisas pequenas da vida?

quinta-feira, 4 de abril de 2013

5ª-feira na Oitava da Páscoa



A paz esteja convosco!

Lucas 24,35-48

Naquele tempo:
35 Os dois discípulos contaram o que tinha acontecido no caminho,
e como tinham reconhecido Jesus ao partir o pão.
36 Ainda estavam falando, quando o próprio Jesus apareceu no meio deles
e lhes disse: 'A paz esteja convosco!'
37 Eles ficaram assustados e cheios de medo, pensando que estavam vendo um fantasma.
38 Mas Jesus disse: 'Por que estais preocupados,
e porque tendes dúvidas no coração?
39 Vede minhas mãos e meus pés: sou eu mesmo! Tocai em mim e vede!
Um fantasma não tem carne, nem ossos, como estais vendo que eu tenho'.
40 E dizendo isso, Jesus mostrou-lhes as mãos e os pés.
41 Mas eles ainda não podiam acreditar, porque estavam muito alegres e surpresos.
Então Jesus disse: 'Tendes aqui alguma coisa para comer?'
42 Deram-lhe um pedaço de peixe assado.
43 Ele o tomou e comeu diante deles.
44 Depois disse-lhes: 'São estas as coisas que vos falei
quando ainda estava convosco: era preciso que se cumprisse tudo
o que está escrito sobre mim na Lei de Moisés, nos Profetas e nos Salmos'.
45 Então Jesus abriu a inteligência dos discípulos para entenderem as Escrituras,
46 e lhes disse: 'Assim está escrito:
O Cristo sofrerá e ressuscitará dos mortos ao terceiro dia
47 e no seu nome, serão anunciados a conversão e o perdão dos pecados
a todas as nações, começando por Jerusalém.
48 Vós sereis testemunhas de tudo isso'.

Reflexão

Nestes dias depois da Páscoa, os textos do evangelho relatam as aparições de Jesus. No início, nos primeiros anos depois da morte e ressurreição de Jesus, os cristãos não se preocupavam em defender a ressurreição por meio das aparições. Eles mesmos, a comunidade viva, era a grande aparição de Jesus ressuscitado. Mas na medida em que cresciam as críticas dos inimigos contra a fé na ressurreição e que, internamente, surgiam críticas e dúvidas a respeito das várias funções nas comunidades (cf. 1Cor 1,12), eles começaram a lembrar as aparições de Jesus. Há dois tipos de aparições: (1) as que acentuam as dúvidas e resistências dos discípulos em crer na ressurreição, e (2) as que chamam a atenção para as ordens de Jesus aos discípulos e discípulas conferindo-lhes alguma missão. As primeiras respondem às críticas vindas de fora. Elas mostram que os cristãos não são pessoas ingênuas e crédulas que aceitam qualquer coisa. Pelo contrário. Eles mesmos tiveram muitas dúvidas em crer na ressurreição. As outras respondem às críticas de dentro e fundamentam as funções e tarefas comunitárias não nas qualidades humanas sempre discutíveis, mas sim na autoridade e nas ordens recebidas do próprio Jesus ressuscitado. A aparição de Jesus narrada no evangelho de hoje combina os dois aspectos: as dúvidas dos discípulos e a missão de anunciar e perdoar recebida de Jesus.

Lucas 24,35: O resumo de Emaús. De retorno a Jerusalém, os dois discípulos encontram a comunidade reunida e comunicam a experiência que tiveram. Narram o que aconteceu no caminho e como reconheceram Jesus na fração do pão. A comunidade reunida, por sua vez, comunica a eles como Jesus aparecera a Pedro. Foi uma partilha mútua da experiência de ressurreição, como até hoje acontece quando as comunidades se reúnem para partilhar e celebrar sua fé, sua esperança e seu amor.

Lucas 24,36-37: A aparição de Jesus causa espanto nos discípulos. Neste momento, Jesus se faz presente no meio deles e diz: “A Paz esteja com vocês!” É a saudação mais freqüente de Jesus: “A Paz esteja com vocês!” (Jo 14,27; 16,33; 20,19.21.26). Mas os discípulos, ao verem Jesus, ficam com medo. Eles se espantam e não reconhecem Jesus. Diante deles está o Jesus real, mas eles imaginam estar vendo um espírito, um fantasma. Há um desencontro entre Jesus de Nazaré e Jesus ressuscitado. Não conseguem crer.

Lucas 24,38- 40: Jesus os ajuda a superar o medo e a incredulidade. Jesus faz duas coisas para ajudar os discípulos a superar o espanto e a incredulidade. Ele mostra as mãos e os pés, dizendo: “Sou eu!”, e manda apalpar o corpo, dizendo: “Espírito não tem carne nem osso como vocês estão vendo que eu tenho!” Jesus mostra as mãos e os pés, porque é neles que estão as marcas dos pregos (cf. Jo 20,25-27). O Cristo ressuscitado é Jesus de Nazaré, o mesmo que foi morto na Cruz, e não um Cristo fantasma como imaginavam os discípulos ao vê-lo. Ele mandou apalpar o corpo, porque a ressurreição é ressurreição da pessoa toda, corpo e alma. A ressurreição não tem nada a ver com a teoria da imortalidade da alma, ensinada pelos gregos.

Lucas 24,41-43: Outro gesto para ajuda-los a superar a incredulidade. Mas não bastou. Lucas diz que por causa de tanta alegria eles não podiam crer. Jesus pede que lhe dêem algo para comer. Eles deram um pedaço de peixe e ele comeu diante deles, para ajuda-los a superar a dúvida.

Lucas 24,44-47: Uma chave de leitura para compreender o sentido novo da Escritura. Uma das maiores dificuldades dos primeiros cristãos era aceitar um crucificado como sendo o messias prometido, pois a própria lei de Deus ensinava que uma pessoa crucificada era “um maldito de Deus” (Dt 21,22-23). Por isso, era importante saber que a própria Escritura já tinha anunciado que “o Cristo devia sofrer e ressuscitar dos mortos ao terceiro dia e que em seu nome fosse proclamado o arrependimento para o perdão dos pecados a todas as nações”. Jesus mostrou a eles como isto já estava escrito na Lei de Moisés, nos profetas e nos Salmos. Jesus ressuscitado, vivo no meio deles, se torna a chave para abrir o sentido total da Sagrada Escritura.

Lucas 24,48: Vocês são testemunhas disso. Nesta ordem final está toda a missão das comunidades cristãs: ser testemunha da ressurreição, para que se torne manifesto o amor de Deus que nos acolhe e nos perdoe, e quer que vivamos em comunidade como seus filhos e filhas, irmãos e irmãs uns dos outros.
 
 
Para um confronto pessoal
1) Às vezes, a incredulidade e a dúvida se aninham no coração e procuram enfraquecer a certeza que a fé nos dá a respeito da presença de Deus em nossa vida. Você já viveu isto alguma vez? Como o superou?
2) Ser testemunha do amor de Deus revelado em Jesus é a nossa missão, a minha missão. Será que eu sou?

quarta-feira, 3 de abril de 2013

4ª-feira na Oitava da Páscoa



Fica conosco, pois já é tarde e a noite vem chegando!

Lucas 24,13-35

13 Naquele mesmo dia, o primeiro da semana, dois dos discípulos de Jesusiam para um povoado, chamado Emaús, distante onze quilômetros de Jerusalém.14 Conversavam sobre todas as coisas que tinham acontecido.15 Enquanto conversavam e discutiam,o próprio Jesus se aproximou e começou a caminhar com eles.16 Os discípulos, porém, estavam como que cegos, e não o reconheceram.17 Então Jesus perguntou: 'O que ides conversando pelo caminho?'
Eles pararam, com o rosto triste,18 e um deles, chamado Cléofas, lhe disse:'Tu és o único peregrino em Jerusalém que não sabe o que lá aconteceu nestes últimos dias?'19 Ele perguntou: 'O que foi?'
Os discípulos responderam: 'O que aconteceu com Jesus, o Nazareno,que foi um profeta poderoso em obras e palavras,diante de Deus e diante de todo o povo.20 Nossos sumos sacerdotes e nossos chefeso entregaram para ser condenado à morte e o crucificaram.21 Nós esperávamos que ele fosse libertar Israel, mas, apesar de tudo isso,já faz três dias que todas essas coisas aconteceram!22 É verdade que algumas mulheres do nosso grupo nos deram um susto.Elas foram de madrugada ao túmulo23 e não encontraram o corpo dele. Então voltaram, dizendo que tinham visto anjose que estes afirmaram que Jesus está vivo.24 Alguns dos nossos foram ao túmulo e encontraram as coisas como as mulheres tinham dito. A ele, porém, ninguém o viu.'25 Então Jesus lhes disse: 'Como sois sem inteligência
e lentos para crer em tudo o que os profetas falaram!26 Será que o Cristo não devia sofrer tudo isso para entrar na sua glória?'
27 E, começando por Moisés e passando pelos Profetas, explicava aos discípulostodas as passagens da Escritura que falavam a respeito dele.28 Quando chegaram perto do povoado para onde iam,Jesus fez de conta que ia mais adiante.29 Eles, porém, insistiram com Jesus, dizendo:'Fica conosco, pois já é tarde e a noite vem chegando!'Jesus entrou para ficar com eles.30 Quando se sentou à mesa com eles,tomou o pão, abençoou-o, partiu-o e lhes distribuía.31 Nisso os olhos dos discípulos se abriram e eles reconheceram Jesus.Jesus, porém, desapareceu da frente deles.32 Então um disse ao outro: 'Não estava ardendo o nosso coraçãoquando ele nos falava pelo caminho, e nos explicava as Escrituras?'33 Naquela mesma hora, eles se levantarame voltaram para Jerusalém onde encontraram os Onze reunidos com os outros.34 E estes confirmaram: 'Realmente, o Senhor ressuscitou e apareceu a Simão!'35 Então os dois contaram o que tinha acontecido no caminho,e como tinham reconhecido Jesus ao partir o pão.
 

 
Reflexão

O evangelho de hoje traz o episódio tão conhecido da aparição de Jesus aos discípulos de Emaús. Lucas escreve nos anos 80 para as comunidades da Grécia que na sua maioria eram de pagãos convertidos. Os anos 60 e 70 tinham sido muito difíceis. Houve a grande perseguição de Nero em 64. Seis anos depois em 70, Jerusalém foi totalmente destruída pelos romanos. Em 72, em Massada no deserto de Judá, foi o massacre dos últimos judeus revoltosos. Nesses anos todos, os apóstolos, testemunhas da ressurreição, foram desaparecendo. O cansaço ia tomando conta da caminhada. Onde encontrar força e coragem para não desanimar? Como descobrir a presença de Jesus nesta situação tão difícil? A narração da aparição de Jesus aos discípulos de Emaús procura ser uma resposta para estas perguntas angustiantes. Lucas quer ensinar as comunidades como interpretar a Escritura para poder redescobrir a presença de Jesus na vida.

Lc 24,13-24: 1º Passo: partir da realidade. Jesus encontra os dois amigos numa situação de medo e de descrença. As forças de morte, a cruz, tinham matado neles a esperança. Era a situação de muita gente no tempo de Lucas e continua sendo a situação de muitos hoje em dia. Jesus se aproxima e caminha com eles, escuta a conversa e pergunta: "De que estão falando?" A ideologia dominante, isto é, a propaganda do governo e da religião oficial da época, impedia-os de enxergar. "Nós esperávamos que ele fosse o libertador, mas...". Qual é hoje a conversa do povo que sofre?

O primeiro passo é este: aproximar-se das pessoas, escutar sua realidade, sentir seus problemas; ser capaz de fazer perguntas que ajudem as pessoas a olhar a realidade com um olhar mais crítico.

Lc 24,25-27: 2º Passo: usar a Bíblia para iluminar a vida. Jesus usa a Bíblia e a história do povo de Deus para iluminar o problema que fazia sofrer os dois amigos, e para esclarecer a situação que eles estavam vivendo. Usa-a também para situá-los dentro do conjunto do projeto de Deus que vinha desde Moisés e os profetas. Ele mostra assim que a história não tinha escapado da mão de Deus. Jesus usa a Bíblia não como um doutor que já sabe tudo, mas como o companheiro que vem ajudar os amigos a lembrar o que estes tinham esquecido. Jesus não provoca complexo de ignorância nos discípulos, mas procura despertar neles a memória: “Como vocês demoram para entender o que os profetas anunciaram!”.

O segundo passo é este: com a ajuda da Bíblia, ajudar as pessoas a descobrir a sabedoria que já existe dentro delas mesmas, e transformar a cruz, sinal de morte, em sinal de vida e de esperança. Aquilo que as impedia de caminhar, torna-se agora força e luz na caminhada. Como fazer isto hoje?

Lc 24,28-32: 3º Passo: partilhar na comunidade. A Bíblia, ela por si, não abre os olhos. Apenas faz arder o coração. O que abre os olhos e faz enxergar, é a fração do pão, o gesto comunitário da partilha, rezar juntos, a celebração da Ceia. No momento em que os dois reconhecem Jesus, eles renascem e Jesus desaparece. Jesus não se apropria da caminhada dos amigos. Não é paternalista. Ressuscitados, os discípulos são capazes de caminhar com seus próprios pés.

O terceiro passo é este: saber criar um ambiente de fé e de fraternidade, de celebração e de partilha, onde possa atuar o Espírito Santo. É ele que nos faz descobrir e experimentar a Palavra de Deus na vida e nos leva a entender o sentido das palavras de Jesus (Jo 14,26; 16,13).

Lc 24,33-35: O resultado: Ressuscitar e voltar para Jerusalém. Os dois criam coragem e voltam para Jerusalém, onde continuavam ativas as mesmas forças de morte que tinham matado Jesus e que tinham matado neles a esperança. Mas agora tudo mudou. Se Jesus está vivo, então nele e com ele está um poder mais forte do que o poder que o matou. Esta experiência os faz ressuscitar! Realmente tudo mudou! Coragem, em vez de medo! Retorno, em vez de fuga! Fé, em vez de descrença! Esperança, em vez de desespero! Consciência crítica, em vez de fatalismo frente ao poder! Liberdade, em vez de opressão! Numa palavra: vida, em vez de morte! Em vez da má noticia da morte de Jesus, a Boa Notícia da sua Ressurreição! Os dois experimentam a vida, e vida em abundância! (Jo 10,10). Sinal do Espírito de Jesus atuando neles!
 
 
Para um confronto pessoal
1. Os dois disseram: “Nós esperávamos, mas….!” Você já viveu uma situação de desânimo que o levou a dizer: “Eu esperava, mas...!”?
2. Como você lê, usa e interpreta a Bíblia? Já sentiu arder o coração ao ler e meditar a Palavra de Deus? Lê a Bíblia sozinho ou faz parte de algum grupo bíblico?

terça-feira, 2 de abril de 2013

3ª-feira na Oitava da Páscoa

 

A quem procuras?

João 20,11-18

Naquele tempo:11 Maria estava do lado de fora do túmulo, chorando. Enquanto chorava, inclinou-se e olhou para dentro do túmulo.12 Viu, então, dois anjos vestidos de branco, sentados onde tinha sido posto o corpo de Jesus, um à cabeceira e outro aos pés. 13 Os anjos perguntaram: 'Mulher, por que choras?' 
Ela respondeu: 'Levaram o meu Senhor e não sei onde o colocaram'.14 Tendo dito isto, Maria voltou-se para trás e viu Jesus, de pé. Mas não sabia que era Jesus. 15 Jesus perguntou-lhe: 'Mulher, por que choras? A quem procuras?'
Pensando que era o jardineiro, Maria disse: 
'Senhor, se foste tu que o levaste dize-me onde o colocaste, e eu o irei buscar'. 16 Então Jesus disse: 'Maria!' Ela voltou-se e exclamou, em hebraico: 'Rabuni' (que quer dizer: Mestre). 17 Jesus disse: 'Não me segures. Ainda não subi para junto do Pai. Mas vai dizer aos meus irmãos:
subo para junto do meu Pai e vosso Pai, meu Deus e vosso Deus'.
18 Então Maria Madalena foi anunciar aos discípulos: 'Eu vi o Senhor!', e contou o que Jesus lhe tinha dito.
Reflexão

O evangelho de hoje descreve a aparição de Jesus a Maria Madalena. A morte do seu grande amigo levou Maria a uma perda do sentido da vida. Mas ela não desistiu da busca. Foi ao sepulcro para reencontrar aquele que a morte lhe tinha roubado. Há momentos na vida em que tudo desmorona. Parece que tudo acabou. Morte, desastre, doença, decepção, traição! Tantas coisas que podem tirar o chão debaixo dos pés e jogar-nos numa crise profunda. Mas também acontece o seguinte. Como que de repente, o reencontro com uma pessoa amiga pode refazer a vida e nos fazer redescobrir que o amor é mais forte do que a morte e a derrota.

O Capítulo 20 de João, além da aparição de Jesus a Madalena, traz vários outros episódios que revelam a riqueza da experiência da ressurreição: (1) do discípulo amado e de Pedro (Jo 20,1-10); (2) de Maria Madalena (Jo 20,11-18); (3) da comunidade dos discípulos (Jo 20,19-23) e (4) do apóstolo Tomé (Jo 20,24-29). O objetivo da redação do Evangelho é levar as pessoas a crer em Jesus e, acreditando nele, ter a vida (Jo 20,30-3).

Na maneira de descrever a aparição de Jesus a Maria Madalena transparecem as etapas da travessia que ela teve de fazer, desde a busca dolorosa até o reencontro da Páscoa. Estas são também as etapas pelas quais passamos todos nós, ao longo da vida, na busca em direção a Deus e na vivência do Evangelho.

João 20,11-13: Maria Madalena chora, mas busca. Havia um amor muito grande entre Jesus e Maria Madalena. Ela foi uma das poucas pessoas que tiveram a coragem de ficar com Jesus até a hora da sua morte na cruz. Depois do repouso obrigatório do sábado, ela voltou ao sepulcro para estar no lugar onde tinha encontrado o Amado pela última vez. Mas, para a sua surpresa, o sepulcro estava vazio! Os anjos perguntam: "Por que você chora?" Resposta: "Levaram meu senhor e não sei onde o colocaram!" Maria Madalena buscava o Jesus, o mesmo Jesus, que ela tinha conhecido e com quem tinha convivido durante três anos.

João 20,14-15: Maria Madalena conversa com Jesus sem reconhecê-lo. Os discípulos de Emaús viram Jesus mas não o reconheceram (Lc 24,15-16). O mesmo acontece com Maria Madalena. Ela vê Jesus, mas não o reconhece. Pensa que é o jardineiro. Como os anjos, Jesus pergunta: "Por que você chora?" E acrescenta: "A quem está procurando?" Resposta: "Se foi você que o levou, diga-me, que eu vou buscá-lo!" Ela ainda busca o Jesus do passado, o mesmo de três dias atrás. É a imagem de Jesus do passado que a impede de reconhecer o Jesus vivo, presente na frente dela.

João 20,16: Maria Madalena reconhece Jesus. Jesus pronuncia o nome: "Maria!" Foi o sinal de reconhecimento: a mesma voz, o mesmo jeito de pronunciar o nome. Ela responde: "Mestre!" Jesus tinha voltado, o mesmo que tinha morrido na cruz. A primeira impressão é que a morte foi apenas um incidente doloroso de percurso, mas que agora tudo tinha voltado a ser como antes. Maria abraça Jesus com força. Era o mesmo Jesus que ela tinha conhecido e amado. Realiza-se o que dizia a parábola do Bom Pastor: "Ele as chama pelo nome e elas conhecem a sua voz". - "Eu conheço as minhas ovelhas e elas me conhecem" (Jo 10,3.4.14).
João 20,17-18: Maria Madalena recebe a missão de anunciar a ressurreição aos apóstolos. De fato, é o mesmo Jesus, mas a maneira de ele estar junto dela já não é mais a mesma. Jesus lhe diz: "Não me segure, porque anda não subi para o Pai!" Ele vai para junto do Pai. Maria Madalena deve soltar Jesus e assumir sua missão: anunciar aos irmãos que ele, Jesus, subiu para o Pai. Jesus abriu o caminho para nós e fez com que Deus ficasse, de novo, perto de nós.
 
 
Para um confronto pessoal
1. Você já passou por uma experiência que lhe deu um sentimento de perda e de morte? Como foi? O que foi que lhe trouxe vida nova e lhe devolveu a esperança e a alegria de viver?
2. Qual a mudança que se operou em Maria Madalena ao longo do diálogo? Maria Madalena buscava Jesus de um jeito e o reencontrou de outro jeito. Como isto acontece hoje na nossa vida?
 

segunda-feira, 1 de abril de 2013

2ª-feira na Oitava da Páscoa



Alegrai-vos!

Mateus 28,8-15

Naquele tempo:8 As mulheres partiram depressa do sepulcro.Estavam com medo, mas correram com grande alegria, para dar a notícia aos discípulos.9 De repente, Jesus foi ao encontro delas, e disse: 'Alegrai-vos!'As mulheres aproximaram-se, e prostraram-se diante de Jesus, abraçando seus pés.10 Então Jesus disse a elas: 'Não tenhais medo. Ide anunciar aos meus irmãos que se dirijam para a Galiléia. Lá eles me verão.'
11 Quando as mulheres partiram, alguns guardas do túmulo foram à cidade,e comunicaram aos sumos sacerdotes tudo o que havia acontecido.12 Os sumos sacerdotes reuniram-se com os anciãos,e deram uma grande soma de dinheiro aos soldados,13 dizendo-lhes: 'Dizei que os discípulos dele foram durante a noitee roubaram o corpo, enquanto vós dormíeis.14 Se o governador ficar sabendo disso, nós o convenceremos.Não vos preocupeis.'15 Os soldados pegaram o dinheiro, e agiram de acordo com as instruções recebidas.E assim, o boato espalhou-se entre os judeus, até ao dia de hoje.
 


 Reflexão

Páscoa! O evangelho de hoje descreve a experiência de ressurreição das discípulas de Jesus. No início do seu evangelho, ao apresentar Jesus, Mateus tinha dito que Jesus é Emanuel, Deus Conosco (Mt 1,23). Agora, no fim, ele comunica e amplia a mesma certeza da fé, pois proclama que Jesus ressuscitou (Mt 28,6) e que ele estará conosco sempre, até o fim dos tempos! (Mt 28,20). Nas contradições da vida, esta verdade muitas vezes é contestada. Não faltam as oposições. Os inimigos, os chefes dos judeus, se defendem contra a Boa Notícia da ressurreição e mandaram dizer que o corpo foi roubado pelos discípulos (Mt 28,11-13). Tudo isto acontece hoje. De um lado, o esforço de tanta gente boa para viver e testemunhar a ressurreição. De outro lado, tanta gente maldosa que combate a ressurreição e a vida.

No evangelho de Mateus, a verdade da ressurreição de Jesus é contada através de uma linguagem simbólica, que revela o sentido escondido dos acontecimentos. Mateus fala de tremor de terra, de relâmpagos e anjos que anunciam a vitória de Jesus sobre a morte (Mt 28,2-4). É a linguagem apocalíptica, muito comum naquela época, para anunciar que, finalmente, o mundo foi transformado pelo poder de Deus! Realizou-se a esperança dos pobres que reafirmam sua fé: “Ele está vivo, no meio de nós!”

Mateus 28,8: A alegria da Ressurreição vence o medo. Na madrugada do domingo, o primeiro dia da semana, duas mulheres foram ao sepulcro, Maria Madalena e Maria de Tiago, chamada a outra Maria. De repente, a terra tremeu e um anjo apareceu como um relâmpago. Os guardas que estavam vigiando o túmulo desmaiaram. As mulheres ficaram com medo, mas o anjo as reanimou, anunciando a vitória de Jesus sobre a morte e enviando-as a reunir os discípulos de Jesus na Galiléia. É na Galiléia que eles poderão vê-lo de novo. Lá, onde tudo começou, acontecerá a grande revelação do Ressuscitado. A alegria da ressurreição começa a vencer o medo. Inicia-se o anúncio da vida e da ressurreição.

Mateus 28,9-10,: A aparição de Jesus às mulheres. As mulheres saem correndo. Dentro delas, há um misto de medo e de alegria. Sentimentos próprios de quem faz uma profunda experiência do Mistério de Deus. De repente, o próprio Jesus vai ao encontro delas e diz: “Alegrem-se!”. Elas se prostram e o adoram. É a postura de quem acredita e acolhe a presença de Deus, mesmo que ela surpreenda e ultrapasse a capacidade humana de compreensão. Agora é o próprio Jesus que dá a ordem de reunir os irmãos na Galiléia: "Não tenham medo. Vão anunciar aos meus irmãos que se dirijam para a Galiléia. Lá eles me verão".

Mateus 28,11-15: A astúcia dos inimigos da Boa Nova. A mesma oposição que Jesus encontrou em vida, aparece agora depois da sua ressurreição. Os chefes dos sacerdotes se reúnem e dão dinheiro aos guardas. Eles devem espalhar o boato de que os discípulos roubaram o corpo de Jesus e inventaram essa conversa de ressurreição. Os chefes recusam e combatem a Boa Notícia da Ressurreição. Preferem acreditar que tudo não passou de uma invenção dos discípulos e das discípulas de Jesus.

O significado do testemunho das mulheres. A presença das mulheres na morte, no enterro e na ressurreição de Jesus é significativa. Elas testemunharam a morte de Jesus (Mt 27,54-56). No momento do enterro, elas ficaram sentadas diante do sepulcro e, portanto, podiam dar testemunho do lugar onde fora colocado o corpo de Jesus (Mt 27,61). Agora, na madrugada do domingo, elas estão lá de novo. Sabem que aquele sepulcro vazio é realmente o de Jesus! A profunda experiência de morte e ressurreição que elas fizeram transformou suas vidas. Elas mesmas ressuscitaram e se tornaram testemunhas qualificadas da ressurreição nas Comunidades cristãs. Por isso, recebem a ordem de anunciar: "Jesus está vivo! Ele ressuscitou!"
 
 
Para um confronto pessoal
1) Qual é a experiência de ressurreição na minha vida? Existe em mim alguma força que procura combater a experiência de ressurreição? Como reajo?
2) Qual é hoje a missão da nossa comunidade como discípulos e discípulas de Jesus? De onde podemos tirar força e coragem para cumprir nossa missão?