quarta-feira, 22 de agosto de 2018

Por que, entre tantas coisas Nossa Senhora insistiu justamente na oração diária do Santo Rosário?


“Rezem o Terço todos os dias”
Por que, entre tantas coisas que Nossa Senhora podia pedir durante suas aparições em Fátima, ela insistiu justamente na oração diária do Santo Rosário?
A Irmã Lúcia responde a uma pergunta que lhe foi feita muitas vezes desde que Nossa Senhora lhe apareceu em Fátima: “Qual terá sido o motivo por que Nossa Senhora nos mandou rezar o Terço todos os dias, e não mandou ir todos os dias assistir e tomar parte na Santa Missa?”

Trata-se de uma pergunta que me tem sido feita muitas vezes, e à qual gostava de dar resposta agora. Certeza absoluta do porquê não a tenho, porque Nossa Senhora não o explicou e a mim também não me ocorreu de Lho perguntar. Digo, por isso, simplesmente o que me parece e me é dado compreender a este respeito. Na verdade, a interpretação do sentido da Mensagem deixo-a inteiramente livre à Santa Igreja, porque é a Ela que pertence e compete; por isso, humildemente e de boa vontade me submeto a tudo o que Ela disser e quiser corrigir, emendar ou declarar.

A respeito da pergunta acima feita, penso que Deus é Pai; e como Pai acomoda-se às necessidades e possibilidades dos Seus filhos. Ora, se Deus, por meio de Nossa Senhora, nos tivesse pedido para irmos todos os dias participar e comungar na Santa Missa, por certo haveria muitos a dizerem, com justo motivo, que não lhes era possível. Uns, por causa da distância que os separa da igreja mais próxima onde se celebra a Eucaristia; outros, porque não lho permitem as suas ocupações, os seus deveres de estado, o emprego, o seu estado de saúde, etc. Ao contrário, a oração do Terço é acessível a todos, pobres e ricos, sábios e ignorantes, grandes e pequenos.

Depois da Santa Missa, o Rosário é a oração mais agradável que podemos oferecer a Deus e de maior proveito para as nossas almas.

Todas as pessoas de boa vontade podem e devem, diariamente, rezar o seu Terço. E para quê? Para nos pormos em contato com Deus, agradecer os Seus benefícios e pedir-Lhe as graças de que temos necessidade. É a oração que nos leva ao encontro familiar com Deus, como o filho que vai ter com o seu pai para lhe agradecer os benefícios recebidos, tratar com ele os seus assuntos particulares, receber a sua orientação, a sua ajuda, o seu apoio e a sua bênção.


Dado que todos temos necessidade de orar, Deus pede-nos, digamos como medida diária, uma oração que está ao nosso alcance: a oração do Terço, que tanto se pode fazer em comum como em particular, tanto na igreja diante do Santíssimo como no lar em família ou a sós, tanto pelo caminho quando de viagem como num tranqüilo passeio pelos campos. A mãe de família pode rezar enquanto embala o berço do filho pequenino ou trata do arranjo de casa. O nosso dia tem vinte e quatro horas… não será muito se reservarmos um quarto de hora para a vida espiritual, para o nosso trato íntimo e familiar com Deus!

Por outro lado, eu creio que, depois da oração litúrgica do Santo Sacrifício da Missa, a oração do santo Rosário ou Terço, pela origem e sublimidade das orações que o compõem e pelos mistérios da Redenção que recordamos e meditamos em cada dezena, é a oração mais agradável que podemos oferecer a Deus e de maior proveito para as nossas almas. Se assim não fosse, Nossa Senhora não o teria recomendado com tanta insistência.

Os que abandonam a oração do Terço e não tomam diariamente parte no Santo Sacrifício da Missa, nada têm que os sustente, acabando por se perderem no materialismo da vida terrena.

Ao dizer Rosário ou Terço, não quero significar que Deus necessite que contemos as vezes que Lhe dirigimos as nossas súplicas, os nossos louvores ou agradecimentos. Certamente Deus não precisa que os contemos: n’Ele tudo está presente! Mas nós precisamos de os contar, para termos a consciência viva e certa dos nossos atos e sabermos com clareza se temos ou não cumprido o que nos propusemos oferecer a Deus cada dia, para preservarmos e aumentar o nosso trato de direta convivência com Deus, e, por esse meio, conservarmos e aumentarmos em nós a fé, a esperança e a caridade.

Direi ainda que, mesmo aquelas pessoas que têm possibilidade de tomar parte diariamente na Santa Missa, não devem, por isso, descuidar-se de rezar diariamente o seu Terço. Bem entendido que o tempo apropriado para a oração do Terço não é aquele em que toma parte na Santa Missa. Para estas pessoas, a oração do Terço pode considerar-se uma preparação para melhor participarem da Eucaristia, ou então como uma ação de graças pelo dia afora.

Não sei bem, mas do pouco conhecimento que tenho do trato direto com as pessoas em geral, vejo que é muito limitado o número das almas verdadeiramente contemplativas que mantêm e conservam um trato de íntima familiaridade com Deus que as prepare dignamente para a recepção de Cristo, na Eucaristia. Assim, também para estas, se torna necessária a oração vocal, o mais possível meditada, ponderada e refletida, como o deve ser o Terço.

Há muitas e belas orações que bem podem servir de preparação para receber Cristo na Eucaristia e para manter o nosso trato familiar de íntima união com Deus. Mas não me parece que encontremos alguma mais que se possa indicar e que melhor sirva para todos em geral, como a oração do Terço ou Rosário. Por exemplo, a oração da Liturgia das Horas é maravilhosa, mas não creio que possa ser acessível a todos, nem que alguns dos salmos recitados possam ser bem compreendidos por todos em geral. É que requer uma certa instrução e preparação que a muitos não se pode pedir.


Talvez por todos estes motivos e outros que nós não conhecemos, Deus, que é Pai e compreende melhor do que nós as necessidades dos Seus filhos, quis pedir a reza diária do Terço condescendendo até ao nível simples e comum de todos nós para nos facilitar o caminho do acesso a Ele.

Enfim, tendo presente o que nos tem dito, sobre a oração do Rosário ou Terço, o Magistério da Igreja ao longo dos anos e o que Deus, por meio da Sua Mensagem, tanto nos recomenda, podemos pensar que aquela é a fórmula de oração vocal que a todos, em geral, mais nos convém, e da qual devemos ter sumo apreço e na qual devemos pôr o melhor empenho para nunca a deixar. Porque melhor do que ninguém, sabem Deus e Nossa Senhora aquilo que mais nos convém e de que temos mais necessidade. E será um meio poderoso para nos ajudar a conservar a fé, a esperança e a caridade.

A oração do Terço é acessível a todos, pobres e ricos, sábios e ignorantes, grandes e pequenos.

Mesmo para as pessoas que não sabem ou não são capazes de recolher o espírito a meditar, o simples ato de tomar as contas na mão para rezar é já um lembrar-se de Deus, e o mencionar em cada dezena um mistério da vida de Cristo é já recordá-los, e esta recordação deixará acesa nas almas a terna luz da fé que sustenta a mecha que ainda fumega, não permitindo assim que se extinga de todo.

Pelo contrário, os que abandonam a oração do Terço e não tomam diariamente parte no Santo Sacrifício da Missa, nada têm que os sustente, acabando por se perderem no materialismo da vida terrena.

Assim, o Rosário ou Terço é a oração que Deus, por meio da Sua Igreja e de Nossa Senhora, nos tem recomendado com maior insistência para todos em geral, como caminho e porta de salvação: “Rezem o Terço todos os dias” (Nossa Senhora, 13 de Maio de 1917).
Referências
Retirado do livro “Apelos da Mensagem de Fátima”, Fátima, Secretariado dos Pastorinhos, 2000, pp. 115-124.

terça-feira, 21 de agosto de 2018

Católicos brutos também amam


Vez por outra, nossos leitores – muitos simpáticos e amistosos, outros nem tanto – questionam o nosso modo de escrever às vezes um tanto... rude, digamos assim. Já disseram que a nossa linguagem é chula, que não é certo sermos tão “violentos”, que deveríamos defender o Evangelho de forma “mais civilizada”, que cristão não pode ser grosseiro etc.
Sem dúvidas, a polidez e a afabilidade são muito importantes. Porém, sempre que for oportuno para a defesa da fé católica, é quase uma obrigação violar as normas de etiqueta.
A Igreja também precisa de fiéis insolentes, que ridicularizem os discursos e ações dos relativistas, dos blasfemos, dos hereges e dos sacrílegos. Sim, façamos troça dos inimigos da Igreja!
Por outro lado, é preciso evitar a grosseria gratuita e generalizada, o coice instintivo e sem propósito. Lembremo-nos do que disse São Paulo:
É com brandura que deve corrigir os adversários, na esperança de que Deus lhes conceda o arrependimento e o conhecimento da verdade, e voltem a si, uma vez livres dos laços do demônio, que os mantém cativos e submetidos aos seus caprichos. (II Tim 2,25-26)
Entretanto, a Bíblia deve ser considerada em seu todo, e cada passagem dentro de seu contexto. Quem nos dera que os ataques que a Igreja sofre fossem de tal ordem que nos permitisse sempre defendê-la com serenidade e gentileza!
O mesmo S. Paulo, por exemplo, era humilde e cortês na maior parte das vezes; mas, como todo macho viril, que tem sangue na veia (e não suco de morango), ele sabia baixar o porrete quando necessário. Diante de um escândalo que abalava a comunidade de Corinto, não mediu as palavras declarou que um tal pecador tinha que penar na mão do capeta:
Ouve-se dizer constantemente que se comete, em vosso meio, a luxúria, e uma luxúria tão grave que não se costuma encontrar nem mesmo entre os pagãos: há entre vós quem vive com a mulher de seu pai!... (...)
Em nome do Senhor Jesus (...), seja esse homem entregue a Satanás, para mortificação do seu corpo, a fim de que a sua alma seja salvano dia do Senhor Jesus. (I Cor, 5,1-5)
Nessas palavras do Apóstolo dos gentios podemos perceber o amor e a caridade, o zelo para que o pecado de um não arraste os demais membros da comunidade cristã para o erro. Ele deseja que o pecador sofra para que se salve, e não para que seja condenado. Um bom pastor sabe que precisa lutar pelas almas com unhas e dentes... E com palavras duras, se assim for necessário.
Mas os cristãos sentimentais só verão nessa passagem “julgamento”, “excesso de severidade”, “intolerância” ou qualquer outra expressão digna de gente frouxa.
UM DEUS QUE XINGA
Não há Ser mais doce no Universo do que o nosso Deus, Sua ternura é incomparável. Porém, diante das incessantes infidelidades do povo, que insistia em prestar culto aos falsos deuses, o Senhor não poupou impropérios: comparou o povo a uma esposa que se prostituiu, pra se deitar com qualquer um atrás das moitas (Jer 2,20).
Pela boca de Jeremias, Ele xingou Israel de “camela leviana” – o que, traduzindo para linguagem corrente, podemos dizer que é o equivalente a “vaca vadia” ou “cachorra safada”. Mandou na lata que os idólatras eram similares a uma “jumenta selvagem” no cio (Jer 2,24).
Quem levantará a voz pra dizer que o Altíssimo tinha que pegar mais leve, que Ele foi muito indelicado?
UM SANTO DESBOCADO
“Mas Ele é Deus, Ele pode. Porém nós, seus servos, devemos ser sempre amáveis com nossos adversários”. Ah tá. Vai dizer isso pra São Thomas More...
thomas_more_lutero
Diante das imensas abobrinhas que Martinho Lutero havia dito sobre um tratado teológico escrito pelo Rei Henrique VIII, o santo já não via mais utilidade em rebater com argumentos. E escreveu a Lutero uma resposta com tantos palavrões que deixariam até a Dercy Golçalves de cabelo em pé:
“Enquanto continuardes decidido a dizer essas desavergonhadas mentiras, a outros será permitido que, em defesa de Sua Majestade Britânica, joguem de volta na vossa boca cheia de merda, verdadeiramente o depósito de toda merda, a sujeira e merda inteiras que vossa execrável podridão vomitou, e esvaziar todos os esgotos e privadas na vossa coroa despida da dignidade de coroa sacerdotal, em prejuízo da qual decidistes bancar o palhaço contra nada menos que a coroa real.” (1)
E não parou por aí! Em outra ocasião, S. Thomas More afirmou que Lutero era um “monge louco e cafajeste de mente imunda” (2).
Não é demais lembrar que estamos falando de um mártir. O cara era chanceler do rei da Inglaterra, tinha a vida feita, mas foi condenado à morte porque se recusou a apoiar o divórcio do monarca, permanecendo fiel até o fim à Santa Igreja.
E aí, alguém se candidata a passar um sabão na boca desse santo boca-suja?

terça-feira, 14 de agosto de 2018

CUIDADO!!! O diabo quer que você ache o pecado algo natural e belo.


Além de tentar arrancar do coração humano as virtudes sobrenaturais infundidas por Deus em sua alma, o trabalho do diabo tem ido além.

A que Pio XII queria se referir, nesse discurso, ao falar do “organismo misterioso de Cristo”?
Esse Pontífice, que escreveu a bela encíclica Mystici Corporis, “sobre o Corpo Místico de Jesus Cristo e nossa união nele com Cristo”;
Podia muito bem estar falando da Igreja, que é “muito mais excelente que quaisquer outras sociedades humanas”.
Mas, dado o contexto – a desestruturação presente em todo o mundo;

Também é provável que tenha querido falar da sociedade humana como um todo.

Mas, por que chamar a sociedade de “organismo misterioso de Cristo”?
Porque, como atesta Santo Tomás de Aquino, verdadeiramente, Cristo é cabeça de todos os homens:

“Cristo é a cabeça de todos os homens, mas em graus diversos.
Assim, primária e principalmente, é a cabeça daqueles que atualmente lhe estão unidos pela glória.
Em segundo lugar, dos que lhe estão unidos pela caridade.
Em terceiro, dos que lhe estão unidos pela fé.
Em quarto, dos que lhe estão unidos só em potência sem ainda terem sido reduzidos ao ato, mas que a este devem ser reduzidos, segundo a divina predestinação.
O quinto, enfim, os que lhe estão unidos em potência e nunca serão reduzidos a ato, como os homens que vivem neste mundo e que não são predestinados.
Mas que, partindo deste mundo, deixam totalmente de ser membros de Cristo, por já não poderem ser unidos a Cristo.”

Ao assumir a natureza humana, Jesus procurou salvar todos os homens.
“Como não há, não houve, nem haverá homem algum cuja natureza não foi assumida por Cristo Jesus, nosso Senhor;
Assim não há homem algum, não houve, nem haverá pelo qual ele não tenha sofrido”, diz uma declaração magisterial do século IX.
Mas, como “o cálice da salvação humana”, “se não for bebido, não salva”;

O sacrifício de Cristo, embora útil a todos, pode ser ineficaz, não por defeito do resgate operado por Nosso Senhor, mas por ingratidão dos homens.

Por isso, o demônio se esforça por transformar aqueles que receberam, pelos méritos de Cristo, a herança eterna, em rebeldes e moradores do inferno.

Em nossos tempos, porém, além de tentar o homem com a falta de fé, com o desespero e com o ódio;
Tentando arrancar de seu coração as virtudes sobrenaturais infundidas por Deus em sua alma, o trabalho do diabo tem ido além.
A própria seiva natural tem sido impiedosamente sugada de suas veias e passam a ser aceitos comportamentos que;
Em si mesmos, não só entram em choque com preceitos religiosos, mas com a própria realidade das coisas.

Como não deplorar, por exemplo, que o aborto e a eutanásia sejam amplamente aceitos por legislações civis mundo afora?
Como não enxergar na promoção de um “estilo de vida homossexual”;
Uma profunda disfunção cultural, que coloca o prazer acima da própria preservação da espécie?
Como não se espantar com o agigantamento descontrolado do “Estado-babá”;
Que não só distribui vales e bolsas aos seus cidadãos, que bem podem ser chamados de súditos;

Mas chega a arrogar para si o direito de educar as crianças e os jovens?

O “inimigo”, indica o Santo Padre, é “astuto”.
Obscurecendo a compreensão da lei natural, torna praticamente impossível a obra de evangelização entre os homens.
Afinal, como se pode ensinar que Deus é um pai amoroso;
Que “de tal modo amou o mundo, que lhe deu seu Filho único, para que todo o que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna”;

Se se aceita que uma mãe que mata seu filho permaneça impune ou, pior, receba toda a assistência do Estado para assassiná-lo?

Ou se se entrega aos políticos a responsabilidade de criar as crianças;
Eliminando lenta e gradualmente as figuras paternas e maternas de seus imaginários?
Como se podem ensinar as verdades eternas, cujo fio condutor é a Palavra (o λόγος) que “se fez carne”;
A uma sociedade que sequer entende a finalidade primária do ato conjugal?

Por esses e outros fatos, é preciso concordar com o Papa:
Está-se diante de uma verdadeira “desagregação intelectual, moral, social, da unidade do organismo misterioso de Cristo”, que chega a parecer “decapitado”.

A solução é recuperar como guia e senhor Aquele que é “a cabeça de todos os homens”;
E procurar, com a oração e com a pregação do Evangelho, integrar todos no Corpo Místico de Cristo, que é a Igreja.
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Fonte: Associação Apostolado do Sagrado Coração de Jesus, via Padre Paulo Ricardo 
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