quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Muito marketing e catequese pouca - Pe. Zezinho, scj

 Pe. Zezinho, scj

Os termos poderiam ser depreciativos não fossem expressões semelhantes encontradas em documentos da igreja. A catequese já foi chamada de catequese de badulaques, lentejoulas miçangas e paetês, catequese light, festiva, arroz de festa, individualista, personalista, seletiva, superficial, parcial, sem lastro, fora de foco. Nada disso, porém, tocou os que a praticam. Não acham que é com eles. Prosseguem impávidos na sua catequese poderosamente pessoal e sem abrangência, porque não acham que qualquer irmão na fé tenha o direito de lhes dizer a eles que não estão evangelizando corretamente nem dando aos seus ouvintes, telespectadores e leitores a doutrina abrangente da fé. Seu enfoque parcial e pessoal é de tal monta que falta sempre uma parte essencial da Bíblia, do catecismo e dos documentos oficiais da Igreja. Não a aceitam ou não sintonizam com ela, então omitem. A maioria gosta imenso de falar de si e de dar testemunho de própria conversão e do próprio encontro com Deus. Isso entre nós e entre todas as igrejas. Falam mais dos santos vivos do que dos santos já salvos e na glória. Desejam com isso mostrar que o céu já começou aqui, entre eles. Afunilam a doutrina dos salvos e dos santos, que sempre acaba apontando para o seu grupo o para a sua nova igreja. Exemplo disso são as preces por rádio e televisão de agora. O pregador sugere que os fiéis mandem pedidos de oração para a intercessão dos irmãos. Mas consciente ou inconscientemente diz o pregador " Eu vou orar por você". Não é mais a Igreja que intercede, é ele o mais novo intercessor e seu nome brilha nos céus da mais uma nova igreja. É maior o marketing da pessoa do pregador-intercessor do que da Igreja. Ele então distribui ou vende CDs, medalhas " comigo ninguém pode", ou "moedas consagradas", óleo de Jerusalém, vidros com água do Rio Jordão.

Dá-se o mesmo com os autores de textos ou canções. Não é incomum perceber que autores musiquem a parte de louvor de um salmo e omitam a parte sócio-política do mesmo. Um exemplo seria o salmo 35. Dos seus 28 versículos, selecionam os número 10 e o 28. Ignoram os outros 26 que não são de louvor e que clamam por justiça. Do salmo 31 que tem 25 versículos, escolhem do 1 ao 4 e do 20 ao 25, Os outros 16, por serem contundentes demais, são omitidos. Fazem o mesmo com as encíclicas, profecias e documentos da Igreja. Divulgam o que lhes agrada e omitem os textos de conotação que lhes desagrada. Se o papa quer falar do social e do político, na Solicitudo Rei Socialis, que fale. Eles não o divulgam. Mas, uma encíclica sobre a Eucaristia, sim, esta eles comentam!

Isso, do lado dos que não aceitam a pregação de justiça e direitos humanos como faziam os profetas. Preferem não entrar em controvérsias sociais ou políticas. A isso se chama de igreja light.

Mas há o lado pesado, revolucionário, transformador, heavy, provocador e nitidamente político, que prefere a denúncia política. Deste lado há os compositores ou pregadores que omitem o louvor e ficam com as passagens fortes de Isaias, Amós, Oseias, Jeremias e dos evangelhos. Também são parciais e também omitem a abrangência. Focalizam no político. Parecem profundos, mas por omitir a oração pessoal e o diálogo com Deus, também são de superfície. Flutuam na política partidária que não escondem de ninguém. (Continua).

http://www.padrezezinhoscj.com/
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