Jesus se fez
alimento
Naquele tempo,
35 Disse Jesus às
multidões: “Eu sou o pão da vida.
Quem vem a mim não terá mais fome,
e quem crê em mim nunca mais terá sede.
Quem vem a mim não terá mais fome,
e quem crê em mim nunca mais terá sede.
36 Contudo, eu
vos disse que me vistes, mas não credes.
37 Todo aquele
que o Pai me dá, virá a mim,
e quem vem a mim eu não
lançarei fora,
38 porque eu
desci do céu não para fazer a minha vontade,
mas a vontade daquele que me
enviou.
39 E esta é a
vontade daquele que me enviou:
que eu não perca
nenhum daqueles que ele me deu,
mas os ressuscite no último dia.
mas os ressuscite no último dia.
40 Esta é a
vontade do meu Pai:
quem vê o Filho e nele crê tenha a vida eterna.
quem vê o Filho e nele crê tenha a vida eterna.
E eu o ressuscitarei no
último dia”.
Reflexão
João 6,37-40: Fazer a vontade daquele
que me enviou. Depois da conversa com a Samaritana, Jesus tinha dito aos
discípulos: "O meu alimento é fazer a vontade do Pai que está no céu!" (Jo
4,34). Aqui, na conversa com o povo a respeito do pão do céu, Jesus toca no
mesmo assunto: “Eu desci do céu, não para fazer a minha vontade, e sim
para fazer a vontade daquele que me enviou. E a vontade daquele que me enviou é
esta: que eu não perca nenhum daqueles que ele me deu, mas que eu os ressuscite
no último dia. Sim, esta é a vontade do meu Pai: que toda pessoa que vê o Filho
e nele acredita, tenha a vida eterna, e eu o ressuscitarei no último dia”
Este é o
alimento que o povo deve buscar: fazer a vontade do Pai do céu. É este o pão que
sustenta a pessoa na vida e lhe dá rumo. Aí começa a vida eterna, vida que é
mais forte que a morte! Se estivessem realmente dispostos a fazer a vontade do
Pai, não teriam dificuldade em reconhecer o Pai presente em
Jesus.
João 6,41-43: Os judeus
murmuram. O evangelho de amanhã começa com o versículo 44 (Jo
6,44-51) e salta os versículos 41 a 43. No versículo 41, começa a conversa com
os judeus, que criticam Jesus. Damos aqui uma breve explicação do significado da
palavra judeus no evangelho de João para evitar que uma leitura
superficial alimente em nós cristãos o sentimento do anti-semitismo. Antes de
tudo, é bom lembrar que Jesus era Judeu e continua sendo judeu (Jo 4,9). Judeus
eram seus discípulos e discípulas. As primeiras comunidades cristãs eram todas
de judeus que aceitavam Jesus como o Messias. Só depois, pouco a pouco, nas
comunidades do Discípulo Amado, gregos e pagãos começam a ser aceitos em pé de
igualdade com os judeus. Eram comunidades mais abertas. Mas tal abertura não era
aceita por todos. Alguns cristãos vindos do grupo dos fariseus queriam manter a
“separação” entre judeus e pagãos (At 15,5).
A situação ficou mais crítica
depois da destruição de Jerusalém no ano 70. Os fariseus se tornam a corrente
religiosa dominante dentro do judaísmo e começam a definir as diretrizes
religiosas para todo o povo de Deus: suprimir o culto em língua grega; adotar
unicamente o texto bíblico em hebraico; definir a lista dos livros sagrados
eliminando os livros que estavam só na tradução grega da Bíblia: Tobias, Judite,
Ester; Baruc, Sabedoria, Eclesiástico e os dois livros dos Macabeus; segregar os
estrangeiros; não comer nenhuma comida, suspeita de impureza ou de ter sido
oferecida aos ídolos. Todas estas medidas assumidas pelos fariseus repercutiam
nas comunidades dos judeus que aceitavam Jesus como Messias. Estas comunidades
já tinham caminhado muito. A abertura para os pagãos era irreversível. A Bíblia
em grego já era usada há muito tempo. Não podiam voltar atrás. Assim,
lentamente, cresce um distanciamento mútuo entre cristianismo e judaísmo. As
autoridades judaicas nos anos 85-90 começam a discriminar os que continuavam
aceitando Jesus de Nazaré como Messias (Mt 5, 11-12; 24,9-13). Quem teimava em
permanecer na fé em Jesus era expulso da sinagoga (Jo
9,34).
Muitos das comunidades cristãs sentiam medo desta
expulsão (Jo 9,22), já que significava perder o apoio de uma instituição forte e
tradicional como a sinagoga. Os que eram expulsos perdiam os privilégios legais
que os judeus tinham conquistado ao longo dos séculos dentro do império. As
pessoas expulsas perdiam até a possibilidade de ter um enterro decente. Era um
risco muito grande. Esta situação conflituosa do fim do primeiro século
repercute na descrição do conflito de Jesus com os fariseus. Quando o evangelho
de João fala em judeus não está falando do
povo judeu como tal, mas está pensando muito mais naquelas poucas autoridades
farisaicas que estavam expulsando os cristãos das sinagogas nos anos 85-90,
época em que o evangelho foi escrito. Não podemos permitir que esta afirmações
sobre os façam crescer o anti-semitismo entre os cristãos.
1) Anti-semitismo: olhe bem dentro de você e arranque
qualquer resto de anti-semitismo.
2) Comer o pão do céu é crer em Jesus. Como isto me ajuda
a viver melhor a eucaristia?
Comentário feito por Balduíno de Ford ( ? – c. 1190),
abade cisterciense: O Sacramento do altar, II, 3 (a partir da trad. SC 93, pp.
255s.)«Eu sou o pão da
vida»
Cristo diz «Quem vem a Mim não mais terá fome e quem crê em Mim jamais terá sede» [...]. E o salmista diz: «O pão, que lhe robustece as forças», e «o vinho, que alegra o coração do homem» (103, 15). Para os que crêem n'Ele, Cristo é alimento e bebida, pão e vinho. Pão que fortifica e robustece [...], bebida e vinho que alegra [...]. Tudo o que em nós é forte e sólido, jubiloso e alegre para cumprirmos os mandamentos de Deus, suportarmos o sofrimento, executarmos a obediência e defendermos a justiça, tudo isso é força deste pão e alegria deste vinho. Felizes os que agem com força e com alegria! E, dado que ninguém o pode fazer sozinho, felizes aqueles que avidamente desejam praticar o que é justo e honesto, e pôr em todas as coisas a força e a alegria dadas por Aquele que disse: «Felizes os que têm fome e sede de justiça» (Mt 5, 6). Se Cristo é o pão e a bebida que asseguram agora a força e a alegria dos justos, não o será Ele muito mais no céu, quando aos justos Se der por completo?
Notemo-lo, nas palavras de Cristo [...], este alimento que fica para a vida eterna é chamado «pão do céu», verdadeiro pão, pão de Deus, pão da vida. [...] Pão de Deus para o distinguir do pão que é feito e preparado pelo padeiro [...]; pão da vida, para o distinguir desse pão perecível que não é a vida nem a dá, apenas a conserva, com dificuldade e por algum tempo apenas. Este, pelo contrário, é a vida, dá a vida, conserva uma vida que nada deve à morte.
Cristo diz «Quem vem a Mim não mais terá fome e quem crê em Mim jamais terá sede» [...]. E o salmista diz: «O pão, que lhe robustece as forças», e «o vinho, que alegra o coração do homem» (103, 15). Para os que crêem n'Ele, Cristo é alimento e bebida, pão e vinho. Pão que fortifica e robustece [...], bebida e vinho que alegra [...]. Tudo o que em nós é forte e sólido, jubiloso e alegre para cumprirmos os mandamentos de Deus, suportarmos o sofrimento, executarmos a obediência e defendermos a justiça, tudo isso é força deste pão e alegria deste vinho. Felizes os que agem com força e com alegria! E, dado que ninguém o pode fazer sozinho, felizes aqueles que avidamente desejam praticar o que é justo e honesto, e pôr em todas as coisas a força e a alegria dadas por Aquele que disse: «Felizes os que têm fome e sede de justiça» (Mt 5, 6). Se Cristo é o pão e a bebida que asseguram agora a força e a alegria dos justos, não o será Ele muito mais no céu, quando aos justos Se der por completo?
Notemo-lo, nas palavras de Cristo [...], este alimento que fica para a vida eterna é chamado «pão do céu», verdadeiro pão, pão de Deus, pão da vida. [...] Pão de Deus para o distinguir do pão que é feito e preparado pelo padeiro [...]; pão da vida, para o distinguir desse pão perecível que não é a vida nem a dá, apenas a conserva, com dificuldade e por algum tempo apenas. Este, pelo contrário, é a vida, dá a vida, conserva uma vida que nada deve à morte.
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