sábado, 23 de fevereiro de 2013

Sábado da 1ª Semana Quaresma

Amai os vossos inimigos

Mateus 5,43-48

Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos:43 Vós ouvistes o que foi dito: 'Amarás o teu próximo e odiarás o teu inimigo!'
44 Eu, porém, vos digo: Amai os vossos inimigos
e rezai por aqueles que vos perseguem!
45 Assim, vos tornareis filhos do vosso Pai que está nos céus,porque ele faz nascer o sol sobre maus e bons,e faz cair a chuva sobre justos e injustos.
46 Porque, se amais somente aqueles que vos amam, que recompensa tereis?Os cobradores de impostos não fazem a mesma coisa?
47 E se saudais somente os vossos irmãos, o que fazeis de extraordinário?Os pagãos não fazem a mesma coisa?48 Portanto, sede perfeitos como o vosso Pai celeste é perfeito.'
 

Reflexão

No evangelho de ontem vimos como Jesus interpretou o mandamento “Não Matarás” para que a sua observância leve à prática do amor. Além de “Não Matarás” (Mt 5,21), Jesus citou outros quatro mandamentos da antiga lei: não cometer adultério (Mt 5,27), não jurar falso (Mt 5,33), olho por olho, dente por dente (Mt 5,38) e, no evangelho de hoje: “Amarás o próximo e odiarás o teu inimigo” (Mt 5,43). Assim, ao todo, por cinco vezes, ele criticou e completou a maneira antiga de observar estes mandamentos e apontou um caminho novo para atingir o objetivo da lei que é a prática do amor (Mt 5,22-26; 5, 28-32; 5,34-37; 5,39-42; 5,44-48).

Amar os inimigos. No evangelho de hoje, Jesus cita a antiga lei que dizia: “Amarás o próximo e odiarás o teu inimigo”. Este texto não se encontra tal qual no Antigo Testamento. Trata-se mais da mentalidade reinante, segundo a qual o povo não via nenhum problema no fato de uma pessoa ter ódio ao seu inimigo. Jesus discorda e diz: “Mas eu digo Amai os vossos inimigos e orai por aqueles que vos perseguem!” E ele dá o motivo: “Pois, se amais somente aos que vos amam, que recompensa vocês tereis? Os cobradores de impostos não fazem a mesma coisa? E se saudais somente vossos irmãos, o que é que fazeis de extraordinário? Os pagãos não fazem a mesma coisa? Portanto, sede perfeitos como é perfeito vosso Pai que está no céu." E Jesus deu a prova. Na hora de ser crucificado observou o que ensinou.

Pai, perdoa! Eles não sabem o que fazem! Um soldado prendeu o pulso de Jesus no braço da cruz, colocou um prego e começou a bater. Deu várias pancadas. O sangue espirrava. O corpo de Jesus se contorcia de dor. O soldado, mercenário, ignorante, alheio ao que estava fazendo e ao que estava acontecendo ao redor, continuava batendo como se fosse um prego na parede da casa dele para pendurar um quadro. Neste momento Jesus rezou pelo soldado que o torturava e dirigiu esta prece ao Pai: “Pai, perdoa! Eles não sabem o que estão fazendo!” Amou o soldado que o matava. Por mais que quisessem, a desumanidade não conseguiu apagar em Jesus a humanidade e o amor. Eles o prenderam, xingaram cuspiram no rosto dele, deram soco na cara, fizeram dele um rei palhaço com coroa de espinhos na cabeça, flagelaram, torturaram, o obrigaram andar pelas ruas como um criminoso, teve de ouvir os insultos das autoridades religiosas, no calvário o deixaram totalmente nu à vista de todos e de todas. Mas o veneno da desumanidade não conseguiu alcançar a fonte do amor e da humanidade que brotava de dentro de Jesus. A água do amor que jorrava de dentro era mais forte que o veneno do ódio que vinha de fora. Olhando aquele soldado ignorante e bruto, Jesus teve dó dele e rezou por ele e por todos: “Pai perdoa!” E ainda arrumou uma desculpa: “Eles não sabem o que estão fazendo!” Jesus se fez solidário com aqueles que o torturavam e maltratavam. Era como o irmão que vem com seus irmãos assassinos diante do juiz e ele, vítima dos próprios irmãos, diz ao juiz: “São meus irmãos, sabe, são uns ignorantes. Perdoa. Eles vão melhorar!” Amou o inimigo!

Ser perfeito como o Pai do céu é perfeito. Jesus não quer simplesmente virar a mesa, pois aí nada mudaria. Ele quer mudar o sistema da convivência humana. O Novo que ele quer construir vem da nova experiência que ele tem de Deus como Pai cheio de ternura que acolhe a todos! As palavras de ameaça contra os ricos não podem ser ocasião para os pobres se vingarem. Jesus manda ter a atitude contrária: "Amai os vossos inimigos!" O amor verdadeiro não pode depender do que eu recebo do outro. O amor deve querer o bem do outro independentemente do que ele ou ela faz por mim. Pois assim é o amor de Deus por nós.

Para um confronto pessoal
1) Amar os inimigos. Será que sou capaz de amar os meus inimigos?
2) Contemplar em silêncio Jesus que, na hora de ser morto, amava o inimigo que o matava.

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