sábado, 28 de abril de 2012

De um povo-resto


O riso Kulina espelha a alegria de viver que muita gente procura e tão raramente encontra.

Um povo tão reduzido vivendo do que a terra dá, sabiamente ensina que viver é arte antiga.

Ele soube se adaptar ao meio hostil desta mata e assim a transformou no seu lugar neste mundo.

Entre si se organizaram os clãs de famílias extensas de tal modo que nenhum sofresse privação.

E como ser livre e irmão é sua meta primeira, não fizeram distinção entre maior e menor.

Líder não manda, propõe.
Sabe reunir o povo e de conversa em conversa acha sempre solução.

Criança tem privilégio e não sofre humilhação.
Mulher é a companheira do homem, sem maldição.

E há para os casos difíceis lugar para discussão nas reuniões das noites de lua quando a palavra é livre.

Povo que vive feliz, que foi que branco te fez, de querer te amedrontar com outro modo de ser?

Fica firme no teu chão, nunca deixes de sorrir, ergue teu braço e tua mão, não te deixes iludir.

Segura tua terra sagrada, aumenta teu povo sofrido, levanta tua cabeça e não omitas tua voz.

Um dia, serás mensageiro de um novo amanhecer, e quando tu fores ouvido então terás conseguido completar tua tarefa de povo-resto-primeiro!


Roberto E. Zwetsch

do livro: Madiha - O cheiro da terra

Nenhum comentário:

Postar um comentário