quinta-feira, 27 de junho de 2013

5ª-feira da 12ª Semana Tempo Comum



Como fazer a vontade do Pai?



Mateus 7,21-29

Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos:
2l Nem todo aquele que me diz: 'Senhor, Senhor',
entrará no Reino dos Céus, mas o que põe em prática
a vontade de meu Pai que está nos céus.

22 Naquele dia, muitos vão me dizer:
'Senhor, Senhor, não foi em teu nome que profetizamos?
Não foi em teu nome que expulsamos demônios?
E não foi em teu nome que fizemos muitos milagres?'

23 Então eu lhes direi publicamente: 'Jamais vos conheci.
Afastai-vos de mim, vós que praticais o mal.

24 Portanto, quem ouve estas minhas palavras e as põe em prática,
é como um homem prudente, que construiu sua casa sobre a rocha.

25 Caiu a chuva, vieram as enchentes, os ventos deram contra a casa,
mas a casa não caiu, porque estava construída sobre a rocha.

26 Por outro lado, quem ouve estas minhas palavras e não as põe em prática,
é como um homem sem juízo, que construiu sua casa sobre a areia.

27 Caiu a chuva, vieram as enchentes, os ventos sopraram e deram contra a casa,
e a casa caiu, e sua ruína foi completa!'

28 Quando Jesus acabou de dizer estas palavras,
as multidões ficaram admiradas com seu ensinamento.
29 De fato, ele as ensinava como quem tem autoridade e não como os mestres da lei.


Reflexão 

O Evangelho de hoje traz a parte final do Sermão da Montanha: (1) não basta falar e cantar, é preciso viver e praticar (Mt 7,21-23). (2) A comunidade construída em cima do fundamento da nova Lei do Sermão da Montanha ficará em pé na hora da tempestade (Mt 7,24-27). (3) O resultado das palavras de Jesus nas pessoas é uma consciência mais crítica com relação aos líderes religiosos, os escribas (Mt 7,28-29). 

Este final do Sermão da Montanha desenvolve algumas oposições ou contradições que continuam atuais até nos dias de hoje:
(1) Há pessoas que falam continuamente de Deus, mas se esquecem de fazer a vontade de Deus; usam o nome de Jesus, mas não traduzem em vida sua relação com o Senhor (Mt 7,21).
(2) Há pessoas que vivem na ilusão de estarem trabalhando para o Senhor, mas no dia do encontro definitivo com Ele, descobrem, tragicamente, que nunca o conheceram (Mt 7,22-23). As duas parábolas finais do Sermão da Montanha, da casa construída sobre a rocha (Mt 7,24-25) e da casa construída sobre a areia (Mt 7,26-27), ilustram estas contradições. Por meio delas Mateus denuncia e, ao mesmo tempo, tenta corrigir a separação entre fé e vida, entre falar e fazer, entre ensinar e praticar. 


Mateus 7,21: Não basta falar, é preciso praticar. O importante não é falar bonito sobre Deus ou saber explicar bem a Bíblia para os outros, mas é fazer a vontade do Pai e, assim, ser uma revelação do seu rosto e da sua presença no mundo. A mesma recomendação foi dada por Jesus àquela mulher que elogiou Maria, sua mãe. Jesus respondeu: “Felizes os que ouvem a Palavra e a põem em prática” (Lc 11,28).

Mateus 7,22-23: Os dons devem estar a serviço do Reino, da comunidade. Havia pessoas com dons extraordinários como, por exemplo, o dom da profecia, do exorcismo, das curas, mas elas usavam os dons para si mesmas, fora do contexto da comunidade. No julgamento, elas ouvirão uma sentença dura de Jesus: "Afastem-se de mim vocês que praticam a iniqüidade!". Iniqüidade é o oposto de justiça. É fazer com Jesus o que alguns doutores faziam com a lei: ensinavam mas não praticavam (Mt 23,3). Paulo dirá a mesma coisa com outras palavras e argumentos: “Ainda que eu tivesse o dom da profecia, o conhecimento de todos os mistérios e de toda a ciência; ainda que eu tivesse toda a fé, a ponto de transportar montanhas, se não tivesse o amor, eu não seria nada. Ainda que eu distribuísse todos os meus bens aos famintos, ainda que entregasse o meu corpo às chamas, se não tivesse o amor, nada disso me adiantaria”. (1Cor 13,2-3).


Mateus 7,24-27: A parábola da casa na rocha. Ouvir e praticar, esta é a conclusão final do Sermão da Montanha. Muita gente procurava sua segurança nos dons extraordinários ou nas observâncias. Mas a segurança verdadeira não vem do prestígio nem das observâncias, não vem de nada disso. Ela vem de Deus! Vem do amor de Deus que nos amou primeiro (1Jo 4,19). Seu amor por nós, manifestado em Jesus ultrapassa tudo (Rom 8,38-39). Deus se torna fonte de segurança, quando procuramos praticar a sua vontade. Aí, Ele será a rocha que nos sustenta na hora das dificuldades e das tempestades. 

Mateus 7,28-29: Ensinar com autoridade. O evangelista encerra o Sermão da Montanha dizendo que a multidão ficou admirada com o ensinamento de Jesus, porque "ele ensinava com autoridade, e não como os escribas". O resultado do ensino de Jesus é a consciência mais crítica do povo com relação às autoridades religiosas da época. Suas palavras simples e claras brotavam da sua experiência de Deus, da sua vida entregue ao Projeto do Pai. O povo estava admirado e aprovava os ensinamentos de Jesus. 


Comunidade: casa na rocha. No livro dos Salmos, frequentemente encontramos a expressão: “Deus é a minha rocha e a minha fortaleza... Meus Deus, rocha minha, meu refúgio, meu escudo, força que me salva...”(Sl 18,3). Ele é a defesa e a força de quem nele acredita e busca a justiça (Sl 18,21.24). As pessoas que confiam neste Deus, tornam-se, por sua vez, uma rocha para os outros. Assim, o profeta Isaías faz um convite ao povo que estava no cativeiro: "Vocês que estão à procura da justiça e que buscam a Deus! Olhem para a rocha da qual foram talhados, para a pedreira da qual foram extraídos. Olhem para Abraão, seu pai, e para Sara, sua mãe” (Is 51,1-2). O profeta pede para o povo não esquecer o passado. O povo deve lembrar como Abraão e Sara pela fé em Deus se tornaram rocha, começo do povo de Deus. Olhando para esta rocha, o povo devia criar coragem para lutar e sair do cativeiro. Do mesmo modo, Mateus exorta as comunidades para que tenham como alicerce a mesma rocha (Mt 7,24-25) e possam, dessa maneira, elas mesmas ser rocha para fortalecer os seus irmãos e irmãs na fé. Este é o sentido do nome que Jesus deu a Pedro: “Você é Pedro e sobre esta pedra construirei a minha Igreja” (Mt 16,18). Esta é a vocação das primeiras comunidades, chamadas a unir-se a Jesus, a pedra viva, para tornarem-se, também elas, pedras vivas pela escuta e pela prática da Palavra (Pd 2,4-10; 2,5; Ef 2,19-22).

Para um confronto pessoal
1) Como a nossa comunidade equilibra oração e ação, louvor e prática, falar e fazer, ensinar e praticar? O que deve melhorar na nossa comunidade, para que ela seja rocha, casa segura e acolhedora para todos?
2) Qual a rocha que sustenta a nossa Comunidade? Qual o ponto em que Jesus mais insiste?

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