quinta-feira, 13 de junho de 2013

5ª-feira da 10ª Semana Tempo Comum



O amor de Jesus é exigente

Mateus 5,20-26

Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos:20 Se a vossa justiça não for maior que a justiça dos mestres da Lei e dos fariseus,
vós não entrareis no Reino dos Céus.

21 Vós ouvistes o que foi dito aos antigos:
'Não matarás! Quem matar será condenado pelo tribunal'.
22 Eu, porém, vos digo:

todo aquele que se encoleriza com seu irmão será réu em juízo;
quem disser ao seu irmão: 'patife!' será condenado pelo tribunal;
quem chamar o irmão de 'tolo' será condenado ao fogo do inferno.
23 Portanto, quando tu estiveres levando a tua oferta para o altar,

e ali te lembrares que teu irmão tem alguma coisa contra ti,24 deixa a tua oferta ali diante do altar, e vai primeiro reconciliar-te com o teu irmão.
Só então vai apresentar a tua oferta.
25 Procura reconciliar-te com teu adversário, 

enquanto caminha contigo para o tribunal.
Senão o adversário te entregará ao juiz,
o juiz te entregará ao oficial de justiça, e tu serás jogado na prisão.26 Em verdade eu te digo: dali não sairás, enquanto não pagares o último centavo. 
Reflexão 

O texto do evangelho de hoje está dentro da unidade maior de Mt 5,20 até Mt 5,48. Nela Mateus mostra como Jesus interpretava e explicava a Lei de Deus. Por cinco vezes ele repetiu a frase: "Antigamente foi dito, eu, porém, lhes digo!" (Mt 5,21.27.33.38.43). Na opinião de alguns fariseus, Jesus estava acabando com a lei. Mas era exatamente o contrário. Ele dizia: “Não pensem que vim acabar com a Lei e os Profetas. Não vim acabar, mas sim dar-lhes pleno cumprimento (Mt 5,17). Frente à Lei de Moisés, Jesus tem uma atitude de ruptura e de continuidade. Ele rompe com as interpretações erradas que se fechavam na prisão da letra, mas reafirma categoricamente o objetivo último da lei: alcançar a justiça maior que é o Amor.

Nas comunidades para as quais Mateus escreve o seu Evangelho havia opiniões diferentes frente à Lei de Moisés. Para alguns, ela não tinha mais sentido. Para outros, ela devia ser observada até nos mínimos detalhes. Por isso, havia muitos conflitos e brigas. Uns chamavam os outros de imbecil e de idiota. Mateus tenta ajudar os dois grupos a entender melhor o verdadeiro sentido da Lei e traz alguns conselhos de Jesus para ajudar a enfrentar e superar os conflitos que surgem dentro da família e dentro da comunidade.

 Mateus 5,20: A justiça de vocês deve ser maior que a justiça dos fariseus. Este primeiro versículo dá a chave geral de tudo que segue no conjunto de Mt 5,20-48. O evangelista vai mostrar às comunidades como elas devem praticar a justiça maior que supera a justiça dos escribas e dos fariseus e que levará à observância plena da lei. Em seguida, depois desta chave geral sobre a justiça maior, Mateus traz cinco exemplos bem concretos de como praticar a Lei de tal maneira que a sua observância leve à prática perfeita do amor. No primeiro exemplo do evangelho de hoje, Jesus revela o que Deus queria quando entregou a Moisés o quinto mandamento “Não Matarás!”. 

Mateus 5,21-22: Não Matar. “Vocês ouviram o que foi dito aos antigos: Não mate! Quem matar será condenado pelo tribunal" (Ex 20,13) Para observar plenamente este quinto mandamento não basta evitar o assassinato. É preciso arrancar de dentro de si tudo aquilo que, de uma ou de outra maneira, possa levar ao assassinato, como por exemplo, raiva, ódio, xingamento, desejo de vingança, exploração, etc. “Todo aquele que fica com raiva do seu irmão, se torna réu perante o tribunal”. Ou seja, quem fica com raiva do irmão já merece o mesmo castigo de condenação pelo tribunal que, na antiga lei, era reservado para o assassino! E Jesus vai mais longe ainda. Ele quer arrancar a raiz do assassinato: Quem diz ao seu irmão: 'imbecil', se torna réu perante o Sinédrio; e quem chama o irmão de 'idiota', merece o fogo do inferno. Com outras palavras, eu só observei plenamente o mandamento Não Matar se consegui tirar de dentro do meu coração qualquer sentimento de raiva que leva a insultar o irmão. Ou seja, se cheguei à perfeição do amor.

Mateus 5,23-24: O culto perfeito que Deus quer. “Portanto, se você for até o altar para levar a sua oferta, e aí se lembrar de que o seu irmão tem alguma coisa contra você, deixe a oferta aí diante do altar, e vá primeiro fazer as pazes com seu irmão; depois, volte para apresentar a oferta”. Para poder ser aceito por Deus e estar unido a ele, é preciso estar reconciliado com o irmão, com a irmã. Antes da destruição do Templo do ano 70, quando os cristãos ainda participavam das romarias a Jerusalém para fazer suas ofertas no altar do Templo, eles sempre se lembravam desta frase de Jesus. Agora, nos anos 80, no momento em que Mateus escreve, o Templo e o Altar já não existiam. A própria comunidade passou ser o Templo e o Altar de Deus (1Cor 3,16).

Mateus 5,25-26: Reconciliar. Um dos pontos em que o Evangelho de Mateus mais insiste é a reconciliação, pois nas comunidades daquela época, havia muitas tensões entre grupos radicais com tendências diferentes, sem diálogo. Ninguém queria ceder diante do outro. Mateus ilumina esta situação com palavras de Jesus sobre a reconciliação que pedem acolhimento e compreensão. Pois o único pecado que Deus não consegue perdoar é a nossa falta de perdão aos outros (Mt 6,14). Por isso, procure a reconciliação, antes que seja tarde demais!


O ideal da justiça maior
Por cinco vezes, Jesus cita um mandamento ou um costume da lei antiga: Não matar (Mt 5,21), Não cometer adultério (Mt 5,27), Não jurar falso (Mt 5,33), Olho por olho, dente por dente (Mt 5,38), Amar o próximo e odiar o inimigo (Mt 5,43). E por cinco vezes, ele critica a maneira antiga de observar estes mandamentos e aponta um caminho novo para atingir a justiça, o objetivo da lei (Mt 5,22-26; 5, 28-32; 5,34-37; 5,39-42; 5,44-48). A palavra Justiça aparece sete vezes no Evangelho de Mateus (Mt 3,15; 5,6.10.20; 6,1.33; 21,32). O ideal religioso dos judeus da época era "ser justo diante de Deus". Os fariseus ensinavam: "A pessoa alcança a justiça diante de Deus quando chega a observar todas as normas da lei em todos os seus detalhes!" Este ensinamento gerava uma opressão legalista e trazia muitas angústias para as pessoas de boa vontade, pois era muito difícil alguém observar todas as normas (Rom 7,21-24). Por isso, Mateus recolhe palavras de Jesus sobre a justiça mostrando que ela deve ultrapassar a justiça dos fariseus (Mt 5,20). Para Jesus, a justiça não vem daquilo que eu faço para Deus observando a lei, mas sim vem do que Deus faz por mim, me acolhendo com amor como filho ou filha. O novo ideal que Jesus propõe é este: "Ser perfeito com o Pai do céu é perfeito!" (Mt 5,48). Isto quer dizer: eu serei justo diante de Deus, quando procuro acolher e perdoar as pessoas da mesma maneira como Deus me acolhe e me perdoa gratuitamente, apesar dos meus muitos defeitos e pecados.
Para um confronto pessoal
1) Quais os conflitos mais freqüentes na nossa família? E na nossa comunidade? É fácil a reconciliação na família e na comunidade? Sim ou não? Por que?
2) De que maneira os conselhos de Jesus podem ajudar a melhorar o relacionamento dentro da nossa família e da comunidade?

Nenhum comentário:

Postar um comentário