Pelos seus frutos vós os
conhecereis
Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos:
15 Cuidado com os falsos profetas:
Eles vêm até vós vestidos com peles de ovelha, mas por dentro são lobos ferozes.
16 Vós os conhecereis pelos seus frutos.
Por acaso se colhem uvas de espinheiros ou figos de urtigas?
17 Assim, toda árvore boa produz frutos bons,
e toda árvore má, produz frutos maus.
18 Uma árvore boa não pode dar frutos maus,
nem uma árvore má pode produzir frutos bons.
19 Toda árvore que não dá bons frutos é cortada e jogada no fogo.
20 Portanto, pelos seus frutos vós os conhecereis.
Reflexão
Estamos chegando
às recomendações finais do Sermão da Montanha. Comparando o evangelho de Mateus
com o de Marcos percebe-se uma grande diferença na maneira de os dois
apresentarem o ensinamento de Jesus. Mateus insiste mais no conteúdo do
ensinamento e o organizou em cinco grande discursos, dos quais o Sermão da
Montanha é o primeiro (Mt 5 a 7). Marcos, por mais de quinze vezes, diz que
Jesus ensinava, mas raramente
diz o que ele ensinava. Apesar destas diferenças, os dois concordam num ponto:
Jesus ensinava muito. Ensinar era o que Jesus mais fazia (Mc 2,13; 4,1-2; 6,34).
Era o costume dele (Mc 10,1). Mateus se interessava pelo conteúdo. Será que
Marcos não se interessava pelo conteúdo? Depende do que entendemos por conteúdo!
Ensinar não é só uma questão de comunicar verdades para o povo aprender de
memória. O conteúdo não está só nas palavras, mas também nos gestos e no próprio
jeito de Jesus se relacionar com as pessoas. O conteúdo nunca está desligado da
pessoa que o comunica. Ela, a pessoa, é a raiz do conteúdo. A bondade e o amor
que transparecem nas palavras e gestos de Jesus fazem parte do conteúdo. São o
seu tempero. Conteúdo bom sem bondade é como leite derramado. Não convence e não
à conversão.
As recomendações
finais e o resultado do Sermão da Montanha na consciência do povo ocupam o
evangelho de hoje (Mt 7,15-20) e o de amanhã (Mt 7,21-29). (A seqüência dos
evangelhos diários da semana nem sempre é a mesma dos próprios
evangelhos.)
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Mateus 7,13-14: Escolher o caminho certo
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Mateus 7,15-20: O profeta se conhece pelos
frutos
-
Mateus 7,21-23: Não só falar, também
praticar
-
Mateus 7,24-27: Construir a casa na
rocha
-
Mateus 7,28-29: A nova consciência do
povo
Mateus 7,15-16ª : Cuidado com os
falsos profetas. No tempo de Jesus, havia profetas de todo tipo,
pessoas que anunciavam mensagens apocalípticas para envolver o povo nos vários
movimentos daquela época: essênios, fariseus, zelotes e outros (cf. At 5,36-37).
No tempo em que Mateus escreve também havia profetas que anunciavam mensagens
diferentes da mensagem proclamada pelas comunidades. As cartas de Paulo
mencionam estes movimentos e tendências (cf 1Cor 12,3; Gal 1,7-9; 2,11-14;6,12).
Não deve ter sido fácil para as comunidades fazer o discernimento dos espíritos.
Daí a importância das palavras de Jesus sobre os falsos profetas. A advertência
de Jesus é muito forte: "Cuidado com os falsos profetas: eles vêm
a vocês vestidos com peles de ovelha, mas por dentro são lobos
ferozes”. A mesma imagem é usada quando Jesus envia os
discípulos e as discípulas para a missão: “Mando vocês como
cordeiros no meio de lobos” (Mt 10,16 e Lc
10,3). A oposição entre lobo voraz e manso cordeiro é irreconciliável, a não ser
que o lobo se converta e perca a sua agressividade como sugere o profeta Isaías
(Is 11,6; 65,25). O que importa aqui no nossos texto é o dom do discernimento.
Não é fácil discernir os espíritos. Às vezes, acontece que interesses pessoais
ou grupais levam as pessoas a proclamar como falsos aqueles profetas que anunciam a verdade que
incomoda. Isto aconteceu com o próprio Jesus. Ele foi eliminado e morto como
falso profeta pelas autoridades religiosas da época. De vez em quando, o mesmo
aconteceu e continua acontecendo na nossa igreja.
Mateus 7,16b-20 : A comparação da
árvore e seus frutos. Para ajudar no
discernimento dos espíritos, Jesus usa a comparação do fruto: “Vocês os conhecerão pelos frutos”. Um critério
semelhante já tinha sido sugerido pelo livro do Deuteronômio (Dt 18,21-22). E
Jesus acrescenta: “Uma árvore boa não pode dar frutos maus, e uma
árvore má não pode dar bons frutos. 19 Toda árvore que
não der bons frutos, será cortada e jogada no fogo”. No evangelho de
João, Jesus completa a comparação: “Todo ramo que não dá fruto em
mim, o Pai o corta. Os ramos que dão fruto, ele os poda para que dêem mais fruto
ainda. O ramo que não fica unido à videira não pode dar
fruto. Esses ramos são ajuntados, jogados no fogo e
queimados." (Jo 15,2.4.6)
Para um confronto pessoal
Para um confronto pessoal
1) Falsos profetas! Conhece algum caso em que uma
pessoa boa e honesta que proclamava uma verdade incômoda foi condenada como
falso profeta?
2) A julgar pelos frutos da árvore da sua vida
pessoal, como você se define: falso ou verdadeiro?
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