segunda-feira, 4 de março de 2013

2ª-feira da 3ª Semana Quaresma

Jesus continuou o seu caminho
Lucas 4,24-30

Jesus, vindo a Nazaré, disse ao povo na sinagoga:24 'Em verdade eu vos digo que nenhum profeta é bem recebido em sua pátria.
25 De fato, eu vos digo: no tempo do profeta Elias,quando não choveu durante três anos e seis mesese houve grande fome em toda a região, havia muitas viúvas em Israel.
26 No entanto, a nenhuma delas foi enviado Elias,senão a uma viúva que vivia em Sarepta, na Sidônia.
27 E no tempo do profeta Eliseu, havia muitos leprosos em Israel.Contudo, nenhum deles foi curado, mas sim Naamã, o sírio.'28 Quando ouviram estas palavras de Jesus, todos na sinagoga ficaram furiosos.29 Levantaram-se e o expulsaram da cidade. Levaram-no até ao alto do montesobre o qual a cidade estava construída, com a intenção de lançá-lo no precipício.30 Jesus, porém, passando pelo meio deles, continuou o seu caminho.
 


Reflexão

O evangelho de hoje (Lc 4,24-30) faz parte de um conjunto mais amplo (Lc 4,14-32). Jesus tinha apresentado o seu programa na sinagoga de Nazaré por meio de um texto de Isaías que falava dos pobres, presos, cegos e oprimidos (Is 61,1-2) e que refletia a situação do povo da Galiléia no tempo de Jesus. Em nome de Deus, Jesus tomou posição e definiu sua missão: anunciar a Boa Nova aos pobres, proclamar a libertação aos presos e a recuperação da vista aos cegos, restituir a liberdade aos oprimidos. Terminada a leitura, ele atualizou o texto e disse: “Hoje se cumpriu esta escritura nos ouvidos de vocês!” (Lc 4,21).. Todos os presentes ficaram admirados (Lc 4,16-22ª). Mas logo em seguida, houve uma reação de descrédito. O povo na sinagoga ficou escandalizado e já não queria saber de Jesus. Dizia: “Não é este o filho de José?” (Lc 4,22b) Por que ficaram escandalizados? Qual o motivo daquela reação tão inesperada?

É que Jesus citou o texto de Isaías só até onde diz: "proclamar um ano de graça da parte do Senhor", e cortou o final da frase que dizia: “e proclamar um dia de vingança do nosso Deus” (Is 61,2). O povo de Nazaré ficou bravo porque Jesus omitiu a frase sobre a vingança. Eles queriam que a Boa Nova da libertação dos oprimidos fosse uma ação de vingança da parte de Deus contra os opressores. Neste caso, a vinda do Reino seria apenas uma virada da mesa e não uma mudança ou conversão do sistema. Jesus não aceita este modo de pensar. A sua experiência de Deus como Pai ajudou-o a entender melhor o sentido das profecias. Descartou a vingança. O povo de Nazaré não aceitou esta proposta e começou a diminuir a autoridade de Jesus: “Não é este o filho de José?”

Lucas 4,24: Nenhum profeta é bem aceito em sua pátria. O povo de Nazaré ficou com ciúme de Jesus por ele não ter feito nenhum milagre em Nazaré como tinha feito em Cafarnaum. Jesus responde: “Nenhum profeta é bem recebido em sua pátria!” No fundo, eles não aceitavam a nova imagem de Deus que Jesus lhes comunicava através desta nova interpretação mais livre de Isaías. A mensagem do Deus de Jesus ultrapassava os limites da raça dos judeus e se abria para acolher os excluídos e toda a humanidade.

Lucas 4,25-27: Duas histórias do Antigo Testamento. Para ajudar a comunidade a superar o escândalo e entender o universalismo de Deus, Jesus usou duas histórias bem conhecidas do AT: uma de Elias e outra de Eliseu. Por meio destas histórias ele criticava o fechamento do povo de Nazaré. Elias foi enviado para a viúva estrangeira de Sarepta (1 Rs 17,7-16). Eliseu foi enviado para atender ao estrangeiro da Síria (2 Rs 5,14).

Lucas 4,28-30: Queriam mata-lo, mas ele prosseguia o seu caminho. A apelo de Jesus não adiantou. Ao contrário! O uso destas duas passagens da Bíblia provocou mais raiva ainda. A comunidade de Nazaré chegou ao ponto de querer matar Jesus. E assim, no momento em que apresentou o seu projeto de acolher os excluídos, Jesus mesmo foi excluído! Mas ele manteve a calma. A raiva dos outros não conseguiu desviá-lo do seu caminho. Lucas mostra assim como é difícil superar a mentalidade do privilégio e do fechamento. Mostrava ainda que a polêmica abertura para os pagãos já vinha desde Jesus. Jesus teve as mesmas dificuldades que as comunidades estavam tendo no tempo de Lucas.
 
 
Para um confronto pessoal
1. Será que o programa de Jesus está sendo o meu programa, o nosso programa? Minha atitude é a de Jesus ou do povo de Nazaré?
2. Quais os excluídos que deveríamos acolher melhor na nossa comunidade?
 

Nenhum comentário:

Postar um comentário