Do Portal
Pró-Vida de Anápolis
João Paulo II morreu aos 84 anos em 2 de abril de 2005. Em 2002, o jornalista Mario Prata escrevia criticando a obstinação do pontífice em governar a Igreja com aquela idade e com seu precário estado de saúde:
-
As obras de Bento XVI
Ao formular esses juízos, os pastores devem levar em conta o valor absoluto daqueles preceitos morais negativos que declaram moralmente inaceitável a escolha de uma determinada ação intrinsecamente má e incompatível com a dignidade da pessoa; tal escolha não pode ser resgatada pela bondade de qualquer fim, intenção, consequência ou circunstância. Portanto, seria totalmente falsa e ilusória qualquer defesa dos direitos humanos políticos, econômicos e sociais que não compreendesse a enérgica defesa do direito à vida desde a concepção até à morte natural (cf.Christifideles laici, 38). Além disso, no quadro do empenho pelos mais fracos e os mais indefesos, quem é mais inerme que um nascituro ou um doente em estado vegetativo ou terminal? Quando os projetos políticos contemplam, aberta ou veladamente, a descriminalização do aborto ou da eutanásia, o ideal democrático – que só é verdadeiramente tal quando reconhece e tutela a dignidade de toda a pessoa humana – é atraiçoado nas suas bases (cf. Evangelium vitæ, 74). Portanto, caros Irmãos no episcopado, ao defender a vida «não devemos temer a oposição e a impopularidade, recusando qualquer compromisso e ambiguidade que nos conformem com a mentalidade deste mundo» (ibidem, 82).
Anápolis, 28 de fevereiro de 2013.
João Paulo II morreu aos 84 anos em 2 de abril de 2005. Em 2002, o jornalista Mario Prata escrevia criticando a obstinação do pontífice em governar a Igreja com aquela idade e com seu precário estado de saúde:
Há uma semana vi o nosso papa na televisão. Sem
ironia nenhuma, ele estava babando. Lendo um texto, todo curvado, denotando
dores, articulando com extrema dificuldade, o papa babava. Será que nenhuma
pessoa importante da Igreja Católica Apostólica Romana vai tomar uma
providência? Deixar que o homem descanse em paz? João Paulo II está com 82 anos
e é o nosso papa há 24 anos.
Comprem uma casinha numa montanha da Polônia e
coloquem o homem lá, com todas as mordomias que ele merece. Que ele passe seus
últimos dias cuidando de outras ovelhas. Aposentem quem não tem mais
condições.
Bento XVI anunciou sua renúncia aos 85 anos em
11 de fevereiro de 2013. Em seu anúncio, disse:
Depois de ter examinado repetidamente a minha
consciência diante de Deus, cheguei à certeza de que as minhas forças, devido à
idade avançada, já não são idôneas para exercer adequadamente o ministério
petrino. Estou bem consciente de que este ministério, pela sua essência
espiritual, deve ser cumprido não só com as obras e com as palavras, mas também
e igualmente sofrendo e rezando. Todavia, no mundo de hoje, sujeito a rápidas
mudanças e agitado por questões de grande relevância para a vida da fé, para
governar a barca de São Pedro e anunciar o Evangelho, é necessário também o
vigor quer do corpo quer do espírito; vigor este, que, nos últimos meses, foi
diminuindo de tal modo em mim que tenho de reconhecer a minha incapacidade para
administrar bem o ministério que me foi confiado.
A notícia da renúncia de Bento XVI não foi,
porém, capaz de agradar à jornalista Barbara Gancia, que escreveu em 15 de
fevereiro uma severa crítica ao que ela considera covardia e “frouxidão”:
Sinto muito, mas derrotismo por parte de quem
deveria zelar por um rebanho de mais de 1 bilhão de fiéis tem limite.
E o poder simbólico da resiliência? Que
mensagem de perseverança Bento 16 nos deixa? Muito conveniente exigir todo tipo
de sacrifício do fiel e depois exibir publicamente tamanha frouxidão.
Porém, renunciar ou prosseguir no pontificado
até a morte não constituem o cerne da questão. O que há em comum entre Mario
Prata e Barbara Gancia é que ambos não concordam com a doutrina de Cristo
pregada pelos dois pontífices: a castidade, o respeito à vida intrauterina, tudo
isso seriam valores ultrapassados, que a Igreja insiste em anunciar. É isso que
eles deploram.
“A quem compararei esta geração?”
João Batista e Jesus tiveram comportamentos
diferentes. O primeiro submeteu-se a uma rigorosa ascese, alimentando-se de
gafanhotos e mel silvestre (Mt 3,4) em preparação para o Messias. O segundo não
exigiu de seus discípulos nenhum jejum extraordinário, uma vez que estavam com
ele, o Noivo, festejando as núpcias com a Igreja (Mt 9,15). Mas nem João nem
Jesus foram bem aceitos.
“A quem compararei esta geração? Ela é como
crianças sentadas nas praças, a desafiarem-se mutuamente: ‘Nós tocamos flauta e
não dançastes! Entoamos lamentações e não batestes no peito!’ Com efeito, veio
João, que não come nem bebe, e dizem: ‘Um demônio está nele’. Veio o Filho do
Homem, que come e bebe, e dizem: ‘Eis aí um glutão e beberrão, amigo de
publicanos e pecadores. Mas a Sabedoria foi justificada pelas suas obras” (Mt
11,16-19).
Na comparação acima, crianças mal-humoradas
recusavam-se a participar de qualquer brincadeira, fosse de um casamento, fosse
de um enterro. De modo análogo, os judeus rejeitavam todas as ofertas divinas:
tanto a penitência de João quanto a condescendência de Jesus. Mas as boas obras
davam testemunho da sabedoria de Jesus e da de seu precursor, João
Batista.
-
João Paulo II e Bento XVI, com
comportamentos diferentes diante da doença e da idade, mas idênticos quanto ao
Evangelho anunciado, não foram capazes de agradar a “esta geração”. No entanto,
pelas suas obras identificamos a sabedoria de ambos.
As obras de Bento XVI
Dando prosseguimento ao que fizera seu
antecessor, Bento XVI foi um defensor intransigente da cultura da vida. Combateu
o relativismo ético e afirmou a existência de princípios não negociáveis,
fundados na lei natural universal e imutável. “A adesão a esta lei escrita nos
corações – disse o Papa – é o pressuposto de qualquer colaboração social
construtiva”. Em nome dessa lei, Bento XVI não fez concessões ao aborto, à
eutanásia, à anticoncepção, à manipulação de embriões humanos nem ao
reconhecimento das uniões homossexuais. Foi sob o seu pontificado que a
Congregação para a Doutrina da Fé escreveu a instrução Dignitas personae (2008),
que trata das questões mais recentes de bioética reafirmando a dignidade da
pessoa humana e do matrimônio.
Na luta contra o abuso sexual de crianças e
adolescentes, o Papa não apenas investigou e puniu com vigor os responsáveis,
mas teve o mérito de combater a raiz de tais males: o homossexualismo nos
seminários. Em 4 de novembro de 2005, a Congregação para a Educação Católica
publicou, com a aprovação do Papa Bento XVI, uma instrução afirmando que a
Igreja “não pode admitir ao Seminário e às Ordens sacras aqueles que praticam a
homossexualidade, apresentam tendências homossexuais profundamente radicadas ou
apoiam a chamada cultura gay”.
Nós, brasileiros, temos, em particular, duas
dívidas para com esse pontífice. A primeira foi sua viagem missionária ao Brasil
em 2007, na qual fortaleceu a identidade católica do nosso povo e canonizou o
primeiro santo brasileiro: Santo Antônio de Sant’Ana Galvão. A segunda foi sua
mensagem aos Bispos do Regional Nordeste V em visita “ad limina apostolorum” em
28 de outubro de 2010, ou seja, pouco antes do segundo turno das eleições
presidenciais que teriam por desfecho trágico para a causa da vida a eleição da
candidata do PT, Dilma Rousseff. Prevendo a vitória de um partido favorável à
“cultura da morte”, Bento XVI advertiu solenemente os Bispos:
Quando, porém, os direitos fundamentais da
pessoa ou a salvação das almas o exigirem, os pastores têm o grave dever de
emitir um juízo moral, mesmo em matérias políticas (cf. GS, 76).
Ao formular esses juízos, os pastores devem levar em conta o valor absoluto daqueles preceitos morais negativos que declaram moralmente inaceitável a escolha de uma determinada ação intrinsecamente má e incompatível com a dignidade da pessoa; tal escolha não pode ser resgatada pela bondade de qualquer fim, intenção, consequência ou circunstância. Portanto, seria totalmente falsa e ilusória qualquer defesa dos direitos humanos políticos, econômicos e sociais que não compreendesse a enérgica defesa do direito à vida desde a concepção até à morte natural (cf.Christifideles laici, 38). Além disso, no quadro do empenho pelos mais fracos e os mais indefesos, quem é mais inerme que um nascituro ou um doente em estado vegetativo ou terminal? Quando os projetos políticos contemplam, aberta ou veladamente, a descriminalização do aborto ou da eutanásia, o ideal democrático – que só é verdadeiramente tal quando reconhece e tutela a dignidade de toda a pessoa humana – é atraiçoado nas suas bases (cf. Evangelium vitæ, 74). Portanto, caros Irmãos no episcopado, ao defender a vida «não devemos temer a oposição e a impopularidade, recusando qualquer compromisso e ambiguidade que nos conformem com a mentalidade deste mundo» (ibidem, 82).
Essas palavras de Bento XVI devem estar sempre
em nossa mente. Nenhum cristão, lembrando-se delas, poderá votar em partidos
como o PT, que defende a descriminalização do aborto e exige dos seus filiados a
adesão à causa abortista.
Por tudo o que nos ensinou, por tudo o que fez
e sofreu por nós, Deus lhe pague, Santo Padre!
Anápolis, 28 de fevereiro de 2013.
Pe. Luiz Carlos Lodi da Cruz
Presidente do Pró-Vida de
Anápolis
Fonte: http://vozdaigreja.blogspot.com/2013/02/joao-paulo-ii-ou-bento-xvi.html#ixzz2MzOkFkJI
Nenhum comentário:
Postar um comentário