segunda-feira, 18 de março de 2013

2ª-feira da 5ª Semana Quaresma



De agora em diante não peques mais.
João 8,1-11

Naquele tempo:
1 Jesus foi para o monte das Oliveiras.
2 De madrugada, voltou de novo ao Templo. Todo o povo se reuniu em volta dele.
Sentando-se, começou a ensiná-los.
3 Entretanto, os mestres da Lei e os fariseus trouxeram uma mulher
surpreendida em adultério. Colocando-a no meio deles,
4 disseram a Jesus: 'Mestre, esta mulher foi surpreendida em flagrante adultério.
5 Moisés na Lei mandou apedrejar tais mulheres. Que dizes tu?'
6 Perguntavam isso para experimentar Jesus e para terem motivo de o acusar.
Mas Jesus, inclinando-se,começou a escrever com o dedo no chão.
7 Como persistissem em interrogá-lo, Jesus ergueu-se e disse:
'Quem dentre vós não tiver pecado, seja o primeiro a atirar-lhe uma pedra.'
8 E tornando a inclinar-se, continuou a escrever no chão.
9 E eles, ouvindo o que Jesus falou, foram saindo um a um, a começar pelos mais velhos;
e Jesus ficou sozinho,com a mulher que estava lá, no meio do povo.
10 Então Jesus se levantou e disse: 'Mulher, onde estão eles? Ninguém te condenou?'
11 Ela respondeu: 'Ninguém, Senhor.'
Então Jesus lhe disse:
'Eu também não te condeno. Podes ir, e de agora em diante não peques mais.'

Opcional

João 8,12-20

Naquele tempo:12 Disse Jesus aos fariseus: 'Eu sou a luz do mundo.
Quem me segue, não andará nas trevas, mas terá a luz da vida.'13 Então os fariseus disseram:'O teu testemunho não vale, porque estás dando testemunho de ti mesmo.'14 Jesus respondeu: 'Ainda que eu dê testemunho de mim mesmo,
o meu testemunho é válido, porque sei de onde venho e para onde vou.Mas vós não sabeis donde venho, nem para onde vou. 
15 Vós julgais segundo a carne, eu não julgo ninguém,  
16 e se eu julgo, o meu julgamento é verdadeiro,porque não estou só, mas comigo está o Pai, que me enviou.  
17 Na vossa Lei está escrito que o testemunho de duas pessoas é verdadeiro.  
18 Ora, eu dou testemunho de mim mesmoe também o Pai, que me enviou, dá testemunho de mim.'  
19 Perguntaram então: 'Onde está o teu Pai?'Jesus respondeu: 'Vós não conheceis nem a mim, nem o meu Pai.Se me conhecêsseis, conheceríeis também o meu Pai.'  
20 Jesus disse estas coisas, enquanto estava ensinando no Templo, perto da sala do tesouro. E ninguém o prendeu, porque a hora dele ainda não havia chegado.
 

Reflexão

No Evangelho de hoje, vamos meditar sobre o encontro de Jesus com a mulher que ia ser apedrejada. Pela sua pregação e pelo seu jeito de agir, Jesus incomodava as autoridades religiosas. Por isso, elas procuravam todos os meios possíveis para acusá-lo e eliminá-lo. Assim, levam até ele uma mulher, pega em flagrante de adultério. Sob a aparência de fidelidade à lei, usam a mulher para ter argumentos contra Jesus. Também hoje, sob a aparência de fidelidade às leis da igreja, muitas pessoas são marginalizadas: divorciados, aidéticos, prostitutas, mães solteiras, homossexuais, etc. Vejamos como Jesus reage:

João 8,1-2: Jesus e o povo. Depois da discussão sobre a origem do Messias, descrita no fim do capítulo 7 (Jo 7,37-52), “cada um tinha voltado para casa” (Jo 7,53). Jesus não tinha casa em Jerusalém. Por isso, foi para o Monte das Oliveiras. Lá havia um Horto, onde ele costumava passar a noite em oração (Jo 18,1). No dia seguinte, antes do nascer do sol, Jesus já estava novamente no templo. O povo também veio bem cedo para poder escutá-lo. Eles sentavam no chão ao redor de Jesus e ele os ensinava. O que será que Jesus ensinava? Deve ter sido muito bonito, pois o povo vinha antes do nascer do sol para poder escutá-lo!

João 8,3-6a: Os escribas armam uma cilada. De repente, chegam os escribas e os fariseus, trazendo consigo uma mulher pega em flagrante de adultério. Eles a colocam no meio da roda. Conforme a lei, esta mulher deveria ser apedrejada (Lv 20,10; Dt 22,22.24). Eles perguntam: "E qual é a sua opinião?" Era uma cilada. Se Jesus dissesse: "Apliquem a lei", eles diriam: “Ele não é tão bom como parece, porque mandou matar a pobre da mulher!” Se dissesse: "Não matem", diriam: "Ele não é tão bom como parece, porque nem sequer observa a lei!" Sob a aparência de fidelidade a Deus, eles manipulam a lei e usam a pessoa da mulher para poder acusar Jesus.

João 8,6b-8: Reação de Jesus: escreve no chão. Parecia um beco sem saída. Mas Jesus não se apavora nem fica nervoso. Pelo contrário. Calmamente, como quem é dono da situação, ele se inclina e começa a escrever no chão com o dedo. Quem fica nervoso, são os adversários. Eles insistem para que Jesus dê a sua opinião. Então, Jesus se levanta e diz: "Quem for sem pecado seja o primeiro a jogar pedra!" E inclinando-se tornou a escrever no chão. Jesus não discute a lei. Apenas muda o alvo do julgamento. Em vez de permitir que eles coloquem a luz da lei em cima da mulher para poder condená-la, pede que eles se examinem a si mesmos à luz do que a lei exige deles. A ação simbólica da escritura no chão esclarece tudo. A palavra da Lei de Deus tem consistência. Uma palavra escrita no chão não tem consistência. A chuva e o vento a apagam logo. O perdão de Deus apaga o pecado identificada e denunciado pela lei.

João 8,9-11: Jesus e a mulher. O gesto e a resposta de Jesus derrubaram os adversários. Os fariseus e os escribas se retiram envergonhados, um depois do outro, a começar pelos mais velhos. Aconteceu o contrário do que eles esperavam. A pessoa condenada pela lei não era a mulher, mas eles mesmos que pensavam ser fiéis à lei. No fim, Jesus ficou sozinho com a mulher no meio da roda. Jesus se levanta e olha para ela: "Mulher, onde estão eles? Ninguém te condenou!" Ela responde: "Ninguém, Senhor!" E Jesus: "Nem eu te condeno! Vai, e de agora em diante não peques mais!"

Jesus não permite que alguém use a lei de Deus para condenar o irmão ou a irmã, quando ele mesmo ou ela mesma é pecador ou pecadora. Este episódio, melhor do que qualquer outro ensinamento, revela que Jesus é a luz que faz aparecer a verdade. Ele faz aparecer o que existe de escondido dentro das pessoas, no mais íntimo de cada um de nós. À luz da sua palavra, os que pareciam os defensores da lei, se revelam cheios de pecado e eles mesmos o reconhecem, pois vão embora, a começar pelos mais velhos. E a mulher, considerada culpada e merecedora da pena de morte, está de pé diante de Jesus, absolvida, redimida e dignificada (cf. Jo 3,19-21).
 
 
Para um confronto pessoal
1) Procure colocar-se na pele da mulher: quais eram os sentimentos dela naquele momento?
2) Que passos nossa comunidade pode e deve dar para acolher os excluídos?
 
 
Reflexão de João 8,12-20:
 

EU SOU A LUZ DO MUNDO


Eu sou a luz do mundo. Quem me segue não andará na treva, mas terá a luz da vida. Esta aqui a chave de todo esclarecimento das palavras e da missão de Jesus. Nesta expressão de São João que, mesmo desvinculada do seu contexto mais amplo (8,12-20), desempenha uma função essencial: faz pensar. Faz pensar, antes de tudo, nos adversários imediatos que, logo em seguida, tentam neutralizá-la, mas também põe na balança a nossa fé: Você sabe de onde veio e para onde vai? Você já encontrou sentido para a sua vida? Você faz diferença entre Deus Pai, Deus Filho e Deus Espírito Santo? Você tem em si a Luz de Jesus? O que você distingue nos acontecimentos da sua vida como sendo vindo da luz que é Cristo?
Jesus ao dizer Eu sou…, quer mostrar a todos nós a importância decisiva da sua pessoa para o mundo inteiro. É bom lembrar que o lugar onde Jesus pronuncia solenemente esta auto-afirmação é a sala do Tesouro do Templo (8,20). Lá, durante as Festas, eram acesos os grandes candelabros, cuja luz chegava a iluminar toda a cidade de Jerusalém.
Esse ambiente, densamente repleto de ressonâncias messiânicas, é o lugar em que Jesus se declara luz do mundo. O motivo da luz, de acordo com as profecias messiânicas, indica felicidade, libertação, alegria: “Levanta, resplandece porque a tua luz vem vindo, a glória de Javé brilha sobre ti” (Is 60,1).
Por trás da afirmação de Jesus, podemos ver os textos proféticos que se referem ao Servo de Deus constituído para ser a luz das nações (Is 49,6:) Pouca coisa é que sejas o meu servo, para restaurares as tribos de Jacó e reconduzires os sobreviventes de Israel. Também te estabeleci como luz das nações, a fim de que a minha salvação chegue até as extremidades da terra; cfr. Is 42,6).
Esses textos que exprimem a missão do servo nos convidam a percorrer o caminho de um novo êxodo que liberta da treva e da opressão. Por isso eles ajudam a compreender que também a missão de Jesus não se reduz ao povo de Israel, mas está totalmente aberta para o mundo das nações.
Por esse motivo, Jesus convida a percorrer o mesmo caminho e acrescenta, logo em seguida, uma expressão não menos significativa do que a primeira: Quem me segue não andará na treva, mas terá a luz da vida. A dimensão universal da “luz” tem sua incidência concreta na experiência humana, também universal (a expressão quem me segue é singular, mas indica totalidade), revelando a necessidade de uma decisão pessoal.
Está em jogo o sentido da história: quem acolhe a luz encontra efetivamente o caminho da vida, e o caminho certo é aquele do “seguimento”. Vale lembrar que seja a “luz” seja a “treva” possuem dimensões universais (cfr 1,5) bem como muitos outros contrastes do evangelho de João (vida-morte, verdade-mentira, espírito-carne, etc.).
No entanto, esses contrastes não são fruto da fantasia, mas surgem da experiência humana, porque é lá que é preciso decidir se enveredar pelo caminho da luz, do projeto de Deus e da vida, ou se percorrer o caminho dos projetos humanos auto-referenciais. Não há outra escolha senão entre dois caminhos: auto-suficiência humana e gratuidade divina.
Para o evangelista, todo ser humano realiza suas escolhas dentro do horizonte da história humana, assim como Jesus se manifesta como “luz do mundo” em sua própria humanidade. De fato, é muito significativo observar que o símbolo da luz ocorre só nos primeiros 12 capítulos e é quase sempre aplicado a Jesus em sua realidade histórica.
Portanto, ainda hoje, numa história repleta de ambigüidades, a decisão do “seguimento” não só obtém a luz da vida, mas revela ao mesmo tempo uma formidável dose de otimismo: a luz e a treva continuam se opondo como outrora, mas a Luz, no fim das contas, acaba resplandecendo gratuitamente para todos. Isso faz pensar e muito!
Jesus é a Luz que veio ao mundo para nos tirar das trevas. A luz revela, clareia, mostra e esclarece. A treva é a ignorância, a confusão, a desesperança e o desamor. Com Jesus nós temos a Luz da vida e o entendimento para todos os fatos que nos acontecem enquanto aqui vivermos. A partir desta realidade nós então encontraremos sentido para o nosso viver. Se tivermos uma experiência com Jesus, nós também, como Ele, iremos perceber de onde viemos e para onde vamos. Encontraremos razão para a nossa existência, porque deixaremos de viver segundo a carne, mas guiados pelo Espírito Santo e o nosso testemunho também será válido.
O próprio Jesus é quem nos confidencia: Se me conhecêsseis, conheceríeis também o meu Pai. Conhecer a Jesus é, portanto, a condição imprescindível para que possamos sair das trevas e ter a Luz da vida. Deus Pai é quem nos dá testemunho da Luz de Jesus, através das Suas obras em nós e por nosso intermédio. O Pai está onde Jesus se encontra e vice-versa, por isso, não precisamos perguntar onde encontrá-Los, mas entrar em comunhão com Eles, conduzidos pelo Seu Amor que é o Espírito Santo. Aí então, sairemos da ignorância, da confusão, da desesperança e do desamor para entrarmos no reino dos céus. Que Deus nos dê esta graça de vermos o caminho afim de lá chegarmos.
Espírito de luz, não me deixes caminhar nas trevas, e sim, na luz que dá vida – Jesus.


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