sábado, 3 de setembro de 2011

Sejamos comunicação


Senhor, dá-nos o Dom da comunicação.
Que sejamos comunicação porque nascemos para isso da mesma boca de Deus.

Que sejamos comunicação porque a tua palavra se comunica em nossa própria carne.

Que sejamos comunicação porque fomos marcados pelo próprio testemunho do teu espírito.

Faze com que nos comuniquemos: falemos a verdade, contra toda mentira.
Gritemos a esperança, contra toda tristeza.
Façamos a mensagem suprema do amor, contra todo egoísmo.

Saibamos acalmar a gritaria do próprio coração alvoroçado.
Saibamos senhorear os meios de comunicação porque os filhos de Deus não podem ser escravos.

Senhor, não podemos deixar-nos isolar, surdos ou mudos, nem pelo medo,
nem pelo lucro, nem pela ordem dos dominadores.

Faze com que juntemos nossas bocas num grito de justiça, por sobre o mar dos vários mundos, por sobre os montes das estruturas todas.

Fale o povo pelo rádio, fale pela imprensa, fale na TV.
A verdade fale ao povo. A verdade.

Do alto dos telhados, no coração do mundo.
Em torno do tumulto que atordoa os humanos, forjemos o espaço da humana liberdade para a notícia do Reino.
Gritemos o Evangelho.

Senhor, dá-nos o dom de ser palavra transmissora da Palavra, verbos do Verbo,
que se encarna sempre na vizinhança de Nazaré, nas periferias de Belém, às margens do lago, na multidão faminta.

Nas ruas da cidade, onde gritam o mercado, a festa e os clarins do império.
Diante do sinédrio e do pretório.
Na cruz que eles carregam sobre os ombros do Servo sofredor.
Na silenciada vida do sepulcro.
Na vida vencedora da manhã de domingo.

E, se um dia, não pudermos falar mais com palavras, falemos com a vida em pé de testemunho.
Falemos com os olhos aos irmãos assombrados.
Oremos, sobretudo, aos ouvidos do Pai.
E, talvez, protestemos com a maior palavra do sangue, proclamada como anúncio da Páscoa.


Pedro Casaldáliga

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