segunda-feira, 19 de março de 2012

A diferença entre a Bíblia católica e a protestante

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Entenda por que a Bíblia dos protestantes tem menos livros

Demoraram alguns séculos para que a Igreja Católica chegasse à forma final da Bíblia, com os 72 livros como temos hoje. Em vários Concílios, ao longo da história, a Igreja, assistida pelo Espírito Santo (cf. Jo 16,12-13) estudou e definiu o Índice (cânon) da Bíblia; uma vez que nenhum de seus livros traz o seu Índice. Foi a Igreja Católica quem berçou a Bíblia. Garante-nos o Catecismo da Igreja e o Concílio Vaticano II que: “Foi a Tradição apostólica que fez a Igreja discernir que escritos deviam ser enumerados na lista dos Livros Sagrados” (Dei Verbum 8; CIC,120). Portanto, sem a Tradição da Igreja não teríamos a Bíblia. Santo Agostinho dizia: “Eu não acreditaria no Evangelho, se a isso não me levasse a autoridade da Igreja Católica” (CIC,119).

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Por que a Bíblia católica é diferente da protestante? Esta tem apenas 66 livros porque Lutero e, principalmente os seus seguidores, rejeitaram os livros de Tobias, Judite, Sabedoria, Baruc, Eclesiástico (ou Sirácida), 1 e 2 Macabeus, além de Ester 10,4-16; Daniel 3,24-20; 13-14. A razão disso vem de longe. No ano 100 da era cristã, os rabinos judeus se reuniram no Sínodo de Jâmnia (ou Jabnes), no sul da Palestina, a fim de definir a Bíblia Judaica. Isto porque nesta época começavam a surgir o Novo Testamento com os Evangelhos e as cartas dos Apóstolos, que os judeus não aceitaram. Nesse Sínodo, os rabinos definiram como critérios para aceitar que um livro fizesse parte da Bíblia, o seguinte: (1) Deveria ter sido escrito na Terra Santa; (2) Escrito somente em hebraico, nem aramaico e nem grego; (3) Escrito antes de Esdras (455-428 a.C.); (4) Sem contradição com a Torá ou lei de Moisés. Esses critérios eram puramente nacionalistas, mais do que religiosos, fruto do retorno do exílio da Babilônia em 537aC. Por esses critérios não foram aceitos na Bíblia judaica da Palestina os livros que hoje não constam na Bíblia protestante, citados anteriomente. Mas a Igreja católica, desde os Apóstolos, usou a Bíblia completa. Em Alexandria no Egito, cerca de 200 anos antes de Cristo, já havia uma influente colônia de judeus, vivendo em terra estrangeira e falando o grego. O rei do Egito, Ptolomeu, queria ter todos os livros conhecidos na famosa biblioteca de Alexandria; então mandou buscar 70 sábios judeus, rabinos, para traduzirem os Livros Sagrados hebraicos para o grego, entre os anos 250 e 100 a.C, antes do Sínodo de Jâmnia (100 d.C). Surgiu, assim, a versão grega chamada Alexandrina ou dos Setenta, que a Igreja Católica sempre seguiu. Essa versão dos Setenta, incluiu os livros que os judeus de Jâmnia, por critérios nacionalistas, rejeitaram. Havia, dessa forma, no início do Cristianismo, duas Bíblias judaicas: a da Palestina (restrita) e a Alexandrina (completa – Versão dos LXX). Os Apóstolos e Evangelistas optaram pela Bíblia completa dos Setenta (Alexandrina), considerando inspirados (canônicos) os livros rejeitados em Jâmnia. Ao escreverem o Novo Testamento, utilizaram o Antigo Testamento, na forma da tradução grega de Alexandria, mesmo quando esta era diferente do texto hebraico. O texto grego “dos Setenta” tornou-se comum entre os cristãos; e portanto, o cânon completo, incluindo os sete livros e os fragmentos de Ester e Daniel, passaram para o uso dos cristãos. Das 350 citações do Antigo Testamento que há no Novo, 300 são tiradas da Versão dos Setenta, o que mostra o uso da Bíblia completa pelos Apóstolos. Verificamos também que nos livros do Novo Testamento há citações dos livros que os judeus nacionalistas da Palestina rejeitaram. Por exemplo: Rom 1,12-32 se refere a Sb 13,1-9; Rom 13,1 a Sb 6,3; Mt 27,43 a Sb 2, 13.18; Tg 1,19 a Eclo 5,11; Mt 11,29s a Eclo 51,23-30; Hb 11,34 a 2 Mac 6,18; 7,42; Ap 8,2 a Tb 12,15. Nos séculos II a IV, houve dúvidas na Igreja sobre os sete livros por causa da dificuldade do diálogo com os judeus. Mas a Igreja, ficou com a Bíblia completa da Versão dos Setenta, incluindo os sete livros. Após a Reforma Protestante, Lutero e seus seguidores rejeitaram os sete livros já citados. É importante saber também que muitos outros livros, que todos os cristãos têm como canônicos, não são citados nem mesmo implicitamente no Novo Testamento. Por exemplo: Eclesiastes, Ester, Cântico dos Cânticos, Esdras, Neemias, Abdias, Naum, Rute. Outro fato importantíssimo é que nos mais antigos escritos dos santos Padres da Igreja (patrística) os livros rejeitados pelos protestantes (deutero-canônicos) são citados como Sagrada Escritura. Assim, São Clemente de Roma, o quarto Papa da Igreja, no ano de 95 escreveu a Carta aos Coríntios, citando Judite, Sabedoria, fragmentos de Daniel, Tobias e Eclesiástico; livros rejeitados pelos protestantes. Ora, será que o Papa S. Clemente se enganou, e com ele a Igreja? É claro que não. Da mesma forma, o conhecido Pastor de Hermas, no ano 140, faz amplo uso de Eclesiástico, e de Macabeus II; Santo Hipólito (†234), comenta o Livro de Daniel com os fragmentos deuterocanônicos rejeitados pelos protestantes, e cita como Sagrada Escritura Sabedoria, Baruc, Tobias, 1 e 2 Macabeus. Fica assim, muito claro, que a Sagrada Tradição da Igreja e o Sagrado Magistério sempre confirmaram os livros deuterocanônicos como inspirados pelo Espírito Santo. Vários Concílios confirmaram isto: os Concílios regionais de Hipona (ano 393); Cartago II (397), Cartago IV (419), Trulos (692). Principalmente os Concílios ecumênicos de Florença (1442), Trento (1546) e Vaticano I (1870) confirmaram a escolha. No século XVI, Martinho Lutero (1483-1546) para contestar a Igreja, e para facilitar a defesa das suas teses, adotou o cânon da Palestina e deixou de lado os sete livros conhecidos, com os fragmentos de Esdras e Daniel. Lutero, quando estava preso em Wittenberg, ao traduzir a Bíblia do latim para o alemão, traduziu também os sete livros (deuterocanônicos) na sua edição de 1534, e as Sociedades Biblícas protestantes, até o século XIX incluíam os sete livros nas edições da Bíblia. Neste fato fundamental para a vida da Igreja (a Bíblia completa) vemos a importância da Tradição da Igreja, que nos legou a Bíblia como a temos hoje. Disse o último Concílio: “Pela Tradição torna-se conhecido à Igreja o Cânon completo dos livros sagrados e as próprias Sagradas Escrituras são nelas cada vez mais profundamente compreendidas e se fazem sem cessar, atuantes.” (DV,8). Se negarmos o valor indispensável da Igreja Católica e de sua Sagrada Tradição, negaremos a autenticidade da própria Bíblia. Note que os seguidores de Lutero não acrescentaram nenhum livro na Bíblia, o que mostra que aceitaram o discernimento da Igreja Católica desde o primeiro século ao definir o Índice da Bíblia. É interessante notar que o Papa São Dâmaso (366-384), no século IV, pediu a S.Jerônimo que fizesse uma revisão das muitas traduções latinas que havia da Bíblia, o que gerava certas confusões entre os cristãos. São Jerônimo revisou o texto grego do Novo Testamento e traduziu do hebraico o Antigo Testamento, dando origem ao texto latino chamado de Vulgata, usado até hoje.
Foto Felipe Aquino
felipeaquino@cancaonova.com

Resumindo:
A Bíblia dos evangélicos não possui o Livro de Judite, Tobias, Sabedoria, Eclesiástico, Baruc, I Macabeus e II Macabeus. Além disso, o Livro de Daniel na Bíblia protestante, não tem os capítulos 13 e 14, e os versículos 24 a 90 do capítulo 3. Não tem também os capítulos 11 a 16 de Ester.

Como saber se a minha Bíblia é católica ou protestante?

 A Bíblia é um livro confiável que foi guardado através dos tempos por pessoas sérias e comprometidas com o Reino de Deus. O grande problema é que depois da Reforma Protestante, Lutero fez uma enorme confusão, retirando da Sagrada Escritura, sete livros. Isso depois de mais de um milênio.
Desde então, a Bíblia Católica e a Bíblia Protestante são diferentes. Além destes sete livros, que vamos estudar mais adiante, existem outros aspectos que diferenciam uma bíblia da outra. Nesse trecho vamos entender o porque disso,  saber porque a Bíblia Católica é a mais confiável e verificar se a Bíblia que você tem em casa é católica ou protestante. É importante dizer a você, e eu preciso dizer isso, que embora não pareça, ter uma bíblia protestante ao invés de uma bíblia católica, se constitui em um certo risco para a sua fé. Mas não seria tudo a palavra de Deus?
Sim, mas a bíblia católica é a palavra de Deus seguramente traduzida e interpretada, com todos os livros que desde sempre foram interpretados como inspirados pela Igreja. Já as bíblias protestantes não tem essa segurança

Para que você entenda as diferenças vamos enumerá-las:
1. Imprimatur – Esse termo significa “imprima-se”. Ele é dado sempre por um Bispo ou Cardeal, que depois que ler toda aquela tradução, deixa ali o atestado de que aquela tradução condiz com a Palavra que foi e é guardada por séculos e séculos. Ali, naquele imprimatur, você tem a certeza que a tradução foi corretamente feita, baseado naquilo que é atestadamente mais antigo e confiável. Isso não quer dizer que só foram Católicos que fizeram aquela tradução. A Igreja quando faz uma tradução procura os melhores especialistas. Por exemplo, existem traduções em que católicos, protestantes e judeus trabalharam juntos. Quando o resultado chega na mão do Bispo ou Cardeal, ele vai estudar tudo e dar a palavra final, ou seja: O imprimatur.
É importante saber que existem várias traduções confirmadas pela Igreja Católica (ou seja, todas com o imprimatur). Algumas são voltadas para um público mais simples, em que os tradutores optam por termos de mais fácil compreensão. Outras são voltadas para pessoas que desejam estudar a palavra. Eu particularmente gosto muito das versões da TEB e da CNBB (apesar de que a Bíblia mais aconselhável para estudo é a Biblia de Jerusalém).
Você pode encontrar o “imprimatur” logo nas primeira páginas da Bíblia. No caso da Bíblia da CNBB, a própria logomarca atesta a sua veracidade, tendo em vista que a CNBB é a Conferência Nacional dos Bispos dos Brasil.
2. Histórico – Em todos os livros da Sagrada Escritura de uma Bíblia Católica, você vai encontrar um resumo histórico daquele livro. A Igreja Católica faz questão que haja esse resumo, para que o leitor possa se situar dentro do contexto histórico no qual esse livro foi escrito e assim evite interpretar aquele livro de uma forma errada.
Ali você vai ver em que ano aquele livro foi escrito, quem era o autor, como vivia o povo de Deus naquela época, e basicamente você encontra também ali os tópicos mais importantes. Além disso você tem uma série de informações sobre o gênero literário daquele livro e outras mais. Na Bíblia protestante nem sempre você encontra isso.
3. Rodapés – A Bíblia Católica tem no rodapé de cada página, explicações e referências de determinados versículos. Isso serve para sabermos os versículos que se relacionam, os significados de determinadas palavras e explicações de alguns trechos que possam parecer difíceis. É importante saber que se você tiver uma Bíblia tamanho grande (aquelas que geralmente uns católicos põem na estante aberta e só abrem para limpar), considerada bíblia de estudo, você terá maiores referências para pesquisa. A Bíblia Protestante não tem, pois acha que as pessoas que lêem a bíblia não precisam de ajuda

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