sábado, 31 de março de 2012

A arte de resolver conflitos


Boa Dia Amigos!!

"Violência gera violência, os fracos julgam e condenam, porém os fortes perdoam e compreendem."
Augusto Cury

Reflitam!

O trem atravessava sacolejando os subúrbios de Tóquio numa modorrenta tarde de primavera.

Um dos vagões estava quase vazio: apenas algumas mulheres e idosos e um jovem lutador de Aikidô.

O jovem olhava, distraído, pela janela, a monotonia das casas sempre iguais e dos arbustos cobertos de poeira.

Chegando a uma estação as portas se abriram e, de repente, a quietude foi rompida por um homem que entrou cambaleando, gritando com violência palavras sem nexo.

Era um homem forte, com roupas de operário. Estava bêbado e imundo.

Aos berros, empurrou uma mulher que carregava um bebê ao colo e ela caiu sobre uma poltrona vazia. Felizmente nada aconteceu ao bebê.

O operário furioso agarrou a haste de metal no meio do vagão e tentou arrancá-la. Dava para ver que uma das suas mãos estava ferida e sangrava.

O trem seguiu em frente, com os passageiros paralisados de medo e o jovem se levantou.

O lutador de Aikidô estava em excelente forma física. Treinava oito horas todos os dias, há quase três anos.

Gostava de lutar e se considerava bom de briga. O problema é que suas habilidades marciais nunca haviam sido testadas em um combate de verdade. Os alunos são proibidos de lutar, pois sabem que Aikidô é a arte da reconciliação.

Aquele cuja mente deseja brigar perdeu o elo com o Universo.

Por isso o jovem sempre evitava envolver-se em brigas, mas no fundo do coração, porém, desejava uma oportunidade legítima em que pudesse salvar os inocentes, destruindo os culpados.

Chegou o dia! Pensou consigo mesmo. Há pessoas correndo perigo e se eu não fizer alguma coisa é bem possível que elas acabem se ferindo.

O jovem se levantou e o bêbado percebeu a chance de canalizar sua ira.

Ah! Rugiu ele. Um valentão! Você está precisando de uma lição de boas maneiras!

O jovem lançou-lhe um olhar de desprezo.

Pretendia acabar com a sua raça, mas precisava esperar que ele o agredisse primeiro, por isso o provocou de forma insolente.

Agora chega! Gritou o bêbado. Você vai levar uma lição. E se preparou para atacar.

Mas, antes que ele pudesse se mexer, alguém deu um grito: Hei!

O jovem e o bêbado olharam para um velhinho japonês que estava sentado em um dos bancos.

Aquele minúsculo senhor vestia um quimono impecável e devia ter mais de setenta anos...

Não deu a menor atenção ao jovem, mas sorriu com alegria para o operário, como se tivesse um importante segredo para lhe contar.

Venha aqui. - Disse o velhinho, num tom coloquial e amistoso. Venha conversar comigo. - Insistiu, chamando-o com um aceno de mão.

O homenzarrão obedeceu, mas perguntou com aspereza: Por que diabos vou conversar com você?

O velhinho continuou sorrindo. O que você andou bebendo? Perguntou, com olhar interessado.

Saquê. - Rosnou de volta o operário. - E não é da sua conta!

Com muita ternura, o velhinho começou a falar da sua vida, do afeto que sentia pela esposa, das noites que sentavam num velho banco de madeira, no jardim, um ao lado do outro.

Ficamos olhando o pôr-do-sol e vendo como vai indo o nosso caquizeiro, comentou o velho mestre.

Pouco a pouco o operário foi relaxando e disse: É, é bom. Eu também gosto de caqui...

São deliciosos. - Concordou o velho, sorrindo. E tenho certeza de que você também tem uma ótima esposa.

Não, falou o operário. Minha esposa morreu.

Suavemente, acompanhando o balanço do trem, aquele homenzarrão começou a chorar.

Eu não tenho esposa, não tenho casa, não tenho emprego. Eu só tenho vergonha de mim mesmo.

Lágrimas escorriam pelo seu rosto. E o jovem estava lá, com toda sua inocência juvenil, com toda a sua vontade de tornar o mundo melhor para se viver, sentindo-se, de repente, o pior dos homens.

O trem chegou à estação e o jovem desceu. Voltou-se para dar uma última olhada. O operário escarrapachara-se no banco e deitara a cabeça no colo do velhinho, que afagava com ternura seus cabelos emaranhados e sebosos.

Enquanto o trem se afastava, o jovem ficou meditando... O que pretendia resolver pela força foi alcançado com algumas palavras meigas. E aprendeu, através de uma lição viva, a arte de resolver conflitos.

Redação do Momento Espírita com base em conto do livro Histórias da alma, histórias do coração, de Christina Feldman e Jack Kornfield, ed. Pioneira.
Disponível no livro Momento Espírita, v. 3, ed. Fep.
Em 19.04.2011

Queridos Amigos!!

Jamais existira paz enquanto os homens pensarem que podem resolver com quem grita mais ou quem é mais forte... Só o diálogo é que nos leva para o caminho da compreensão, do respeito, do amor ao próximo e para a paz!!

Um forte abraço!!
Velho Sábio!!

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