Falar de mídia sem falar deles seria omissão. Falar deles na mídia, sem falar de limites seria ingenuidade. Brancos ou negros, são nomes que marcaram época, alguns desde a infância. Judy Garland, Frank Sinatra, Marilyn Monroe, Elvis Presley, Os Beatles, Madonna e Michael Jackson ganharam fortunas com a beleza, a voz, com a cintura e com os pés. Deixaram o seu recado. E pagaram um alto preço pelo caminho que trilharam.
Mas os críticos são unânimes em dizer que Michael Jackson na era digital de altíssima tecnologia, foi o mais expressivo e o mais revolucionário de todos. Tornou a música visual, mas do que Elvis que a tornou corporal. Todos foram rebeldes, todos deixaram suas marcas, e alguns deles tiveram vidas e mortes trágicas. Não seria exagero dizer que a fama os matou. É preciso ter força interior e um projeto de vida maior do que a fama e a mídia para derrotá-las. Mídia e fama são como tsunamis. Avolumam-se e engolem quem não sabe dos limites ou das margens. Não tem para onde fugir.
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Michael Jackson foi mais uma das vítimas da falta de limites e margens da mídia. No palco, ele foi poderoso. Buscava o melhor e o bem feito. Profissionalíssimo, era um perfeccionista. Não havia erros. Nas finanças e na mídia, imbatível até o dia em que começaram a lhe cobrar o preço de sua não conformidade com seja lá o crime de que o acusam. A justiça diz não ter achado provas.
Forte na arte, na vida era de uma fragilidade que dava dó. Quando morreu, a 25 de junho, com o médico ao lado, supostamente de overdose de remédio, tinha dominado, como nenhum outro astro jamais o fizera, as técnicas da mídia. Daqui a vinte anos ele ainda soará inovador e criativo. Ninguém melhor do que ele conjugou o sonoro com o visual. O menino punido pelo pai, pressionado até à exaustão para ser perfeito tornou-se um dos maiores artistas de toda a historia humana. Teve os instrumentos e fez uso deles. Chegou a quase 2 bilhões de pessoas.
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Cantor e dançarino de vastos recursos, ele mudou a mensagem do corpo e recriou a dança popular. Mereceu o título de artista pop. Mercadejou e mercantilizou bem. Fez o mundo dançar. Encarnou a festa do corpo e do som. E ele sabia disso! Dominava os passos, o som e os ritmos, mas parecia não ter domínio sobre sua corporeidade: não se aceitava, embora usasse o corpo de maneira esplendida. Mexeu com ele e com o corpo de bilhões de pessoas, mas acabou, também, mexendo demais no próprio corpo. Tanto interferiu que o deformou. Na época do botox e do silicone, sirva de exemplo o que se deu com ele. Ma é conselho que o desespero pela estética mais do que a busca da ética não será seguido. Não importam as conseqüências. Quem persegue o corpo perfeito acabará injetando substâncias químicas nele. O preço? Pagam o que for preciso para por alguns anos desfilarem como reis e rainhas da era da estética... Michael Jackson disse que tinha motivos. Respeitemos sua angústia, mas lembremos aos que acham ter motivos que, mais cedo ou mais tarde, o corpo reage.
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Dele se pode afirmar que, se soube atuar com o corpo, não soube situar-se com ele. Festejou a vida, mas não soube vivê-la. Quis dela mais do que a vida pode dar. Era figura altamente controvertida. Processado, tido como vítima inocente, às vezes visto como monstro, julgado à revelia pela mídia que antes o exaltara, inocentado, explorado, perdeu parte da sua enorme fortuna para resolver seus gigantescos problemas. (Continua)
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