domingo, 4 de março de 2012

O Terço é a Palavra de Deus


Rosário: oração da paz e da família
Em uma entrevista à revista Veja, o prof. Jeremy Rifkin afirma que “todas as noites um bilhão de pessoas vão para a cama com fome”. Fome de pão, fome de arroz, fome de frutas e verduras.
É uma dor muito doida a da fome! Mas há outros tipos de fome: a fome de compreensão, de diálogo, de perdão. E uma fome ainda mais intensa: a fome de Deus. Quantas pessoas vão para a cama diariamente com fome de Deus!
Por essas pessoas podemos ter duas atitudes: rezar por elas e/ou ajudá-las a rezar. A oração é o maior dos alimentos para matar a fome de Deus.
UM DOCUMENTO

No dia 16 de outubro do ano de 2002, quando completava o 24.º aniversário de pontificado, João Paulo II deu à Igreja um grande presente: a Carta Apostólica sobre o Rosário da Virgem Maria, propondo que de outubro de 2002 a outubro de 2003 se celebrasse o Ano do Rosário.

HISTÓRIA DO ROSÁRIO

No século XII, nos mosteiros católicos, em diferentes horas do dia, costumava-se rezar os 150 salmos bíblicos. Alguns monges, por serem analfabetos, substituíam os salmos por 150 ave-marias, dividindo-as em três grupos de cinqüenta e contando as ave-marias em nós feitos nos cordões.
No século XIV, um monge dividiu as 150 ave-marias em 15 dezenas e, a partir do século seguinte, começou-se a meditar em cada dezena algum momento da vida de Jesus.
O Papa Pio V, em 1569, definiu o rosário com a estrutura que tivemos até nossos dias, isto é, 15 mistérios, dezenas de ave-marias, pai-nosso etc.
Leão XIII, no século XIX, promoveu a devoção do rosário e dedicou o mês de outubro a Nossa Senhora do Rosário.
João Paulo II recomendou: “Que a oração do rosário volte a ser a oração da família, que é a igreja doméstica.” (06/06/1987); “O rosário é a grande oração contemplativa, muito útil às pessoas de hoje, preocupadas com tantas coisas” (25/04/1987).
A história do Rosário demonstra tratar-se de uma oração de todo o povo cristão.
O Rosário passou a ser rezado por ricos e pobres, por gente da cidade e do campo, de todas as idades e profissões.
São Vicente de Paula afirmava que, depois da Santa Missa, o que mais faz descer graças é o Rosário.
Pio IX, momentos antes de morrer, afirmou: “o Rosário dará aos que o rezam os rios de paz de que nos fala a Sagrada Escritura”.
Rosário vem de rosa. Cada Ave-Maria bem rezada é uma rosa, uma flor que vai formando o buquê que entregamos à nossa Mãe.
O Rosário é um tesouro a descobrir. Dê um terço de presente, ensine alguém a rezá-lo. Dê-se esse presente, se você ainda não o tem.

MISTÉRIOS DO ROSÁRIO

O movimento das capelinhas do Instituto Secular Schöenstatt é um dos grandes promotores do rosário nas famílias

Os mistérios, contemplados no Rosário, apresentam as etapas fundamentais da vida de Jesus Cristo:
anúncio da encarnação, nascimento, adolescência, missão na vida pública, paixão, morte, ressurreição e ascensão. Eles destacam também os fatos principais da vida de Maria Santíssima.
O rosário, em sua estrutura tradicional, contemplava três séries de mistérios: mistérios da alegria (gozosos), da glória (gloriosos) e da dor (dolorosos). Quando rezávamos uma série desses mistérios, dizíamos que tínhamos rezado “um terço”.
João Paulo II, em outubro de 2002, completou a reflexão dos mistérios, acrescentando os “mistérios luminosos”, que dão especial relevo à vida de Jesus, valorizando a solidariedade entre os casais, a Igreja missionária, o Reino de Deus e a Eucaristia.

MISTÉRIOS LUMINOSOS OU DA LUZ
1 - Batismo de Jesus (Mt 3,13-17).
2 - Auto-revelação de Jesus nas bodas de Caná (Jo 2, 1-11).
3 - Jesus anuncia o Reino de Deus com o convite à conversão (Mc 1, 14-15).
4 - Transfiguração de Jesus (Lc 9, 28-36).
5 - Instituição da Eucaristia (Mt 26, 26-28).
Cristo é a luz do mundo. “Quem me segue...” - disse Jesus - “terá a luz da vida” (Jo 8,12).
Nós, cristãos, somos “filhos da luz” (cf. Ef 5,8). E os discípulos de Jesus são chamados a levar a luz de Cristo ao mundo inteiro.
O rosário, tradicionalmente dividido em três partes (daí o nome do terço), passa agora a compreender quatro partes. Com esta mudança, vemos ressaltadas melhor as características de Jesus.

ROSÁRIO E CONTEMPLAÇÃO

Rezar o Rosário todo, ou uma de suas partes, é reservar um tempo de silêncio e de serenidade para mergulhar na contemplação do mistério d’Aquele que “é a nossa paz”.
Paulo VI afirmou: “Sem contemplação, o Rosário é um corpo sem alma e sua recitação corre o perigo de tornar-se uma repetição mecânica de fórmulas já condenadas por Jesus: “Na oração não multipliqueis palavras como os gentios que imaginam que serão ouvidos graças ao seu palavreado” (Mt 6,7).


Rosário vem de rosa. Cada Ave-Maria bem rezada é uma rosa, uma flor que vai formando o buquê que entregamos à nossa Mãe.

O Rosário é um tesouro a descobrir. Dê um terço de presente, ensine alguém a rezá-lo. Dê-se esse presente, se você ainda não o tem.


INCENTIVOS E PROMESSAS

A reza do terço é a prática que nossa Senhora mais recomendou em suas aparições.
1858: em Lourdes, Nossa Senhora rezou o terço com Bernardette.
1917: em Fátima, pediu: “Rezem o terço todos os dias”.
1981: em Medjugorje, Ela repete seguidamente: “Rezem o terço!”.
Nossa Senhora prometeu ao Beato Alain De La Roche que todos aqueles que rezarem o Rosário terão: Sua proteção na vida – uma morte feliz – uma grande glória no céu e, aos que propagarem a devoção do Rosário, promete socorrer em todas as necessidades.
Em 1953, um avião com 25 passageiros voava de Dublin, na Irlanda, para Birminghan, na Inglaterra. Tudo normal a bordo. Mas, pouco antes da chegada, um dos motores, e em seguida o outro, entram em pane. A comissária, em atitude de completa calma, avisa os passageiros do perigo, dando as necessárias instruções. Em seguida, num gesto decidido, ajoelha-se no meio do corredor do avião e exclama: “Minhas senhoras e meus senhores, eu acho que chegou a hora de juntarmos nossas mãos para a oração.”
Dizendo isso, tirou o seu Rosário do bolso, rezou em voz alta o ato de contrição, pediu proteção e iniciou a reza.
As primeiras pessoas, que chegaram ao local do acidente, mal conseguiram acreditar no que viram. Um a um os passageiros arrastam-se para fora daqueles destroços sem ferimento algum, ilesos. Milagre? Homens sem fé diriam ser mero acaso. Mas a perícia inglesa foi obrigada a concluir: “Isso aí é, simplesmente, milagre!”
Seja como for, disse um dos passageiros, sabemos que foi, sem dúvida alguma, a boa Mãe do Céu que quis recompensar a confiança da corajosa aeromoça.

CONVITE

Que bom seria se, a partir deste ano, acolhendo o convite do papa, os cristãos individualmente e as famílias procurassem recuperar esta maravilhosa tradição que pode contribuir muito na construção de uma sólida espiritualidade individual e familiar.
O Rosário foi para muitas famílias, e continua sendo para outras, a oração da família e a oração pela família. Muitos lembram aqueles encontros com saudade. Com certeza, favorecia a união e a espiritualidade familiar. É preciso não perder, ou recuperar, esta preciosa herança.
A família que reza o Rosário segue o exemplo da família de Nazaré: põe Jesus no centro, partilha com Ele alegrias e sofrimentos, coloca nas suas mãos necessidades e projetos, de Jesus recebe a esperança e a força dos pequenos.
Rezar o Rosário com os filhos, educando-os desde a tenra idade para este momento diário de espiritualidade familiar, pode não trazer a solução de todos os problemas, mas é uma ajuda espiritual que não se deve subestimar.
Peçamos à mãe, que o Filho nos atenderá! Ou como dizia um santo: “Planta Maria, colhe Jesus”.

O ROSÁRIO É A PALAVRA DE DEUS

Havia uma senhora muito simples, que vendia verduras na vizinhança. Certo dia, Tia Teca, conhecida por todos, foi vender suas verduras na casa de um senhor e lá perdeu o Rosário. Passados alguns dias, Tia Teca retornou à casa dele.
Esse veio logo zombar:
- Você perdeu seu Deus?
Ela, humildemente, respondeu:
- Eu ? Perder o meu Deus? Nunca!
Então ele pegou o Rosário e disse:
- Não é este o seu Deus?
- Graças a Deus, o senhor encontrou o meu Rosário.
Muito obrigada!
- Por que você não troca este cordão com estas sementinhas pela Bíblia?
- Por que a Bíblia eu não sei ler, mas com o Rosário eu medito toda a Palavra de Deus e guardo-a no meu coração.

Ele perguntou:
- Medita a Palavra de Deus? Como assim? Poderia me explicar?
- Posso sim. - Respondeu Tia Teca, mostrando o Rosário.
- Quando eu pego na Cruz, lembro-me que o Filho de Deus, pregado na cruz, derramou todo o seu sangue para salvar a humanidade. Este primeiro grão me lembra que há um só Deus Onipotente.

Os três seguintes me lembram as três pessoas da Santíssima Trindade:
Pai, Filho e Espírito Santo. O quinto grão me faz lembrar a oração que o Senhor mesmo nos ensinou, o Pai-nosso.
- É, nisso você tem razão.
– Disse o senhor.
– Mas a Bíblia não é só isso!
- Certamente que não.

Mas lembre-se de que o Rosário tem quatro séries de mistérios, já que, o Papa João Paulo II acrescentou mais uma série, chamando-os: “mistérios luminosos”. Eles dão especial relevo à vida de Jesus entre o povo. De manhã, quando me levanto para iniciar minha luta do dia-a-dia, eu rezo os Mistérios Gozosos, lembrando-me do humilde lar de Maria em Nazaré, que também refletem sobre a chegada e a infância de Jesus;  Ao meio dia, no meu cansaço e fadiga do trabalho, eu rezo os Mistérios Dolorosos, que me fazem lembrar a dura caminhada de Jesus Cristo para o Calvário, e sobre a paixão e morte na cruz; Quando chega o final do dia, com as lutas vencidas, eu rezo os Mistérios Gloriosos, que me fazem lembrar que Jesus venceu a morte para dar a Salvação a toda humanidade, e que também nos levam a refletir sobre a ressurreição e ascensão de Jesus e a coroação de Maria. Cada quarto do Rosário, que possui cinco mistérios, me faz lembrar as Cinco Chagas de N. S. Jesus Cristo, cravado na cruz.
- E veja bem, cada mistério tem dez Ave-Marias, que recordam os Dez mandamentos que Deus mesmo escreveu nas Tábuas da Lei que entregou a Moisés.
- Diga-me agora, meu amigo: onde está a idolatria?

Ele, depois de ouvir tudo isso, disse:

- EU NÃO SABIA DISSO. ENSINA-ME, TIA TECA, A REZAR O ROSÁRIO!”

Entrevista com o Papa
Por que o Rosário é chamado de “compêndio do Evangelho”?
João Paulo II: Porque os mistérios contemplados no Rosário: infância, vida pública, paixão, morte e ressurreição de Jesus, são a essência do Evangelho.
Qual é a atitude que prevalece nos mistérios gozosos?
JP II: É a alegria que se irradia do evento da Encarnação. Essa alegria está presente já na Anunciação (“Alegra-te, cheia de graça”), na visita a Isabel (João “estremeceu de alegria” no ventre da mãe), mas explode no nascimento (O Anjo aos pastores: “vos anuncio uma grande alegria”).
Qual é o sentido dos mistérios dolorosos?
JP II: Os mistérios dolorosos são o cume, o ponto mais alto da revelação do amor que Cristo tem para com os homens e constituem a fonte da salvação da humanidade.
Esses mistérios “levam a reviver a morte de Cristo e a penetrar no abismo do amor de Deus pelo homem”.

Qual o sentido dos mistérios gloriosos?
JP II: A contemplação do rosto de Cristo não pode parar na imagem do Crucificado. Ele é o Ressuscitado! Contemplando o Ressuscitado, o cristão “descobre novamente as razões da própria fé e revive a alegria daqueles que viram o Ressuscitado.”
Por que o Rosário é conhecido como oração da paz?
JP II: A razão é bem simples e concreta: as dificuldades apresentadas neste início de milênio levam-nos a concluir que somente uma intervenção do Alto é capaz de orientar os corações daqueles que vivem em situações de conflito e daqueles que regem os destinos das nações.
O Rosário é, por natureza, uma oração voltada para a paz, pois consiste na contemplação de Cristo, Príncipe da paz e nossa paz (Ef 2,14).
O Rosário é a oração da paz também pelos frutos de caridade que produz.
Em anos recentes, diariamente e sobretudo nos meses de maio e outubro, muitas famílias rezavam o terço. Será que poderíamos chamar o Rosário de “Oração da família”?
JP II: Com certeza! Desde sempre o Rosário foi oração da família e pela família. Muitos problemas das famílias de hoje derivam do fato de ser cada vez mais difícil juntar os pais e os filhos e os raros momentos em que isso acontece acabam sendo absorvidos pela televisão.
A retomada da recitação do Rosário inseriria na vida diária da família imagens bem diferentes: as do mistério que salva, Jesus Cristo. A família que reza unida reproduz, em certa medida, o clima da família de Nazaré (RVM 41).
Pe. Sóssio Pezzella

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