quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

O que sei sobre o Universo - Pe. Zezinho, scj

 Pe. Zezinho, scj

Foi na Igreja Católica que aprendi a contemplar o Universo. Até meus 16 anos eu achava aquilo tudo um monte de estrelinhas cintilantes. Nunca me importei com elas. A leitura de alguns textos bíblicos na liturgia, algumas canções do Movimento Gen, alguns livros de espiritualidade e a fala de pregadores em retiros e missas, foram me enchendo de curiosidade por saber mais sobre aquelas luzes. Não poderiam ser frutos do acaso!
Comecei a mergulhar mais de cheio na Bíblia, sobretudo, no Gênesis e nos Salmos. Dali nasceriam mais tarde uns 200 poemas e canções sobre a criação e sobre ecologia. Gosto, sobretudo, do Salmo 8. É estupendo. Sem maior conhecimento de psicologia, de biologia ou de sociologia, sem luneta nem telescópios, o autor sabia da vastidão do Universo e da profundidade que há num ser humano.
De canto em canto e de prece em prece comecei a agradecer a Deus por morar aqui neste canto da Via Láctea. O que é o homem para que Deus se importe com esse minúsculo ser vivo (Sl 8,4-5), mas inteligente? O que é a minúscula Terra onde moramos, para que Deus tenha feito o que fez por ela, dispondo as rotações e os equinócios de tal forma que ela pega calor e frio com impressionante regularidade? De onde veio a água que temos? Por que a precisão de horas, minutos e dias? Alguém queria a vida aqui! Não foi acaso!
A leitura de escritores de renome e de cientistas insuspeitos na sua busca, levaram-me a ouvir os que não crêem em Deus e nos que o amam e louvam. Todos eles me ensinaram alguma coisa. O ateu confesso Karl Sagan (1920-1984) me ensinou mais sobre Deus do que muita gente religiosa. O que ele me mostrou sobre o Universo me aproximou ainda mais do Deus, em quem ele gostaria de crer (livro:Bilhões e Bilhões). Era certamente mil vezes mais bem informado do que eu, mas o universo que aumentou a minha fé, o deixou perplexo. É que sabia mais do que eu e tinha mais interrogações do que eu. Eu me contentei com o pouco que sabia. Foi suficiente para eu concluir. Respeito as dúvidas dele. Já deve estar satisfeito agora que conhece Deus, porque ele deve ter ido para o céu, de tanto que amou esta obra de Deus.
Não posso julgá-lo. Só sei que o universo o ensinou a amar o ser humano. A mim ensinou a amar também o Criador que ainda não sei como é. Só sei que Ele existe e que não se parece com nada do que já vi. Ele é mais do que tudo o que possamos descrever ou imaginar.
O que sei sobre o Universo é que é gigantesco e desafia todos os estudiosos. Quanto mais descobrimos sobre os bilhões e trilhões de corpos siderais, tanto mais perplexos ficamos. Estamos nos primeiros passos de uma quase infinita estrada de bilhões e bilhões de anos luz. Ou seja: nem sequer começamos...
Sei muito pouco sobre a criação quase infinita e menos ainda sobre o Criador infinito, mas, depois de ler mais de 50 livros sobre o assunto, já sei o suficiente para saber que estou aqui porque Alguém aqui me quis, neste planeta, neste tempo, nesta era e netsa hora...
Como tenho mais de 60 anos, imagino que não tenha muitos anos para desfrutar minha estadia por aqui. Certamente será menos do que os anos que já vivi e nem sempre aproveitei para adorar e louvar o meu Senhor. Mas tenho suficiente humildade para reconhecer que é muito mais o que não sei do que o que sei. E é uma das razões pelas quais sou ecumênico. Minha Igreja não sabe tudo. Mas ela pelo menos admite! (CIC 37).
Sei que um pregador encontra Jesus quando fala como aprendiz e nunca como dono da verdade. Tive a sorte de conhecer professores e pregadores humildes das mais diversas Igrejas cristãs. Eles olhavam para o Universo como eu olho: como aprendizes. Quando eu morrer, se Deus me levar para o seu céu, então saberei como isso tudo era imenso! E saberei que não eram apenas estrelinhas cintilantes... Quem sabe descobrirei que havia vidas inteligentes e seres que louvavam a Deus em algum outro canto da criação!... Um dia, como Paulo, verei isso com clareza e sem as imperfeições da ciência e das Igrejas de hoje (1 Cor 13,12).
Agora, olho pelo telescópio e pelos microscópios e louvo a Deus por ter visto um pouco dos detalhes da sua obra, mas não brinco de escolhido. Ele sabe se me escolheu ou não. Eu apenas tento aprender mais e mais sobre Ele. Ninguém vai me ouvir num púlpito, gritando que nós somos os inteligentes e os escolhidos e os outros todos são cegos. Minha santa mãe, a Igreja Católica, não aceitaria isso! Se outras igrejas aceitam, então elas têm um sério problema de fé e outro de humildade (Rom 2,6)...

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