terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Jesus e a sociedade de consumo - Pe. Zezinho, scj

 Pe. Zezinho, scj


As Igrejas perderam poder e relevância. Algumas delas, num heróico e, às vezes, atrevido e desesperado esforço de marketing da fé tentam arrebanhar multidões, não importa se os métodos são éticos para conseguir relevância.

Mas teria Jesus perdido a importância e a relevância? No curto espaço de setenta anos o mundo se viu ameaçado pela catástrofe nuclear; vale dizer extinção, a começar das bombas em Hiroshima e Nagasaki e as milhares de outras estocadas hoje em países perigosamente instáveis.

A apressada sociedade de consumo derrotou a bem mais lenta sociedade ecológica. Sujam-se e poluem-se os mares, os ares, o solo, o subsolo. Exaurem-se os recursos com tamanha velocidade que já não se imagina a Terra capaz de se recuperar. Corridas armamentistas, financeiras, fiscais e o dinheiro e migrar como barata desestabilizam até as mais fortes economias. Os preços sobem e, enquanto os ricos precisam de cada vez mais dinheiro para manter suas conquistas e seu conforto, os pobres se vêem cada dia mais impotentes diante do custo de vida. No Brasil um pobre que telefona em maio para uma consulta gratuita junto a um órgão do estado tem vaga para outubro; mas, se puder pagar 160 reais por uma endoscopia, tem vaga na manhã seguinte.

O essencial está cada dia mais caro. A tecnologia gerou a tecnocracia. A tecnocracia que poderia administrar a tecnologia em favor da ecologia e da vida optou pela fórmula suicida; subjugou a natureza de tal forma que esta já não se recompõe na velocidade suficiente com que é ferida. A tecnologia, hoje, mais tira e extrai do que repõe; isto por culpa de uma tecnocracia consumista e imediatista que se rege pelo lucro agora já.

Jesus deixa de ser relevante numa sociedade que não aprendeu a preservar a vida. Ele soa como inimigo do progresso consumista. Jesus propõe pobreza e frugalidade! E o capitalismo não vive sem consumismo!

Jesus propunha que seus discípulos aparecessem quando fosse necessário anunciar uma mensagem

Jesus propunha que seus discípulos aparecessem quando fosse necessário anunciar uma mensagem. Mas quando se tratasse de sua vida pessoal não deveriam aparecer. Ao contrário, deveriam silenciar-se e esconder-se. Por isso Jesus pediu a muitos que ele curara, que não divulgasse o fato. Propôs que quem desse esmola não divulgasse a esmola que deu, quem orasse não o fizesse com ostentação em público e se trancasse no seu quarto. O mesmo Jesus que disse: "brilhe vossa luz diante dos homens", mandou anunciar o Evangelho de cima do telhado. E aconselhou-nos a não fazer marketing das nossas caridades e não orar de maneira exibicionista. É fácil compreender que um pregador da fé deve aparecer quando preciso, mas na maioria das vezes não deve ostentar nem piedade, nem sabedoria, nem caridade. O mensageiro não deve ser maior do que a mensagem que leva!

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