domingo, 6 de novembro de 2011

Comentário do Evangelho



O "Sermão da montanha" é o programa do Reino dos Céus. É o Reino proclamado por João Batista (Mt 3,2) e, depois, pelo próprio Jesus (Mt 4,17). Em Mateus, Jesus faz a sua proclamação no alto de uma montanha, como momento inaugural de seu ministério na Galiléia. Moisés, no alto da montanha, recebeu de Deus as tábuas da Lei e Mandamentos. Agora é Jesus que, no seu anúncio do programa do Reino, transmite as oito bem-aventuranças aos discípulos que vêm a ele, no alto. O estado de felicidade associado à prática destas bem-aventuranças enche de esperança e atrai quem ouve Jesus. Nas bem-aventuranças encontramos valores universais, que podem ser entendidos e acolhidos por todos. Outras bem-aventuranças são encontradas nos evangelhos: "Todas as gerações me chamarão de bem-aventurada..." (Lc 1,48); "Bem-aventurados os que escutam a palavra de Deus e a praticam..." (Lc 11,28); "Bem-aventurado quem não se escandalizar de mim..." (Mt11,6); "Bem-aventurados os que não viram e creram...", e várias outras mais. Estas bem-aventuranças ultrapassam o decálogo de Moisés. Elas não são mandamentos sob a forma imperativa, mas a oferta de um estado de felicidade a ser vivido por aqueles que comungam com a vontade de Deus. Elas orientam para práticas a serem assumidas por aqueles que buscam a vida. Entre a pobreza e a justiça, estão as demais bem-aventuranças. A pobreza é a forma concreta de libertar-se da submissão aos interesses dos ricos e poderosos, colocando sua vida a serviço da Vida. O apelo à justiça, marcante em Mateus, é o fundamento das demais bem-aventuranças, pelas quais podermos transformar este mundo em um mundo de fraternidade, justiça e paz. As quatro primeiras bem-aventuranças, nesta proclamação de Jesus, dirigem-se aos que sofrem a opressão e exploração do sistema social, anunciando a intervenção libertadora de Deus. São os pobres, que choram, submissos à opressão e à exploração, e que esperam pela justiça. As quatro últimas apontam para aqueles que se empenham em uma prática transformadora do mundo. São os misericordiosos que se solidarizam com os sofredores, com o coração desapegado das riquezas e livres para servir aos mais necessitados. Promovem a vida e a paz, comprometendo-se com a luta pela implantação da justiça característica do Reino dos Céus, no seguimento de Jesus. Os bem-aventurados não são um "pequeno resto", mas sim "uma multidão imensa... de todas as tribos, nações línguas e povos" (primeira leitura), semelhantes a Jesus, o Filho de Deus (segunda leitura).

José Raimundo Oliva

OraçãoPai, move-me pelo Espírito a trilhar o caminho da santidade, colocando minha vida em tuas mãos e buscando viver as bem-aventuranças proclamadas por teu Filho Jesus.

O programa do Reino dos Céus

Nenhum comentário:

Postar um comentário