Ninguém sabe, Deus silencioso,
ninguém imagina que vós sofreis a dor e
a tortura, a fome e a exclusão o frio e a sede,
o medo e o desprezo que
ferem as criaturas inocentes.
Em todos os tempos, Deus amoroso,
enfrentais calado a injustiça e a violência
de quem desconhece vossa bondade,
não vos quer ver inclinado,
até debaixo das criaturas abandonadas,
então crê que as elevais
à altura de vosso olhar.
Sofreis injustiças com coragem,
Deus humilde,
quando vos culpam e apontam,
caluniam por cobranças e controles e
acusam por castigos e tragédias
que jamais sequer pensais.
Vós, Deus sereno, compassivo
condenado injustamente, sofreis violência,
enquanto velais até por cada animalzinho
que confiante dorme sob o cobertor da noite,
seguro de vossa suave presença de paz.
Vosso diálogo com todos os seres,
Deus comunicador, espalha-se pelas ondas
de todos os sons na natureza.
É inatingível só à sintonia dos cruéis e
preservado do desprezo e da maldade.
Mas vos conhecem todas as pombas brancas
que abrem asas sem medo
de voar em vossa paz!
Maria Inês Carniato
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