sábado, 1 de outubro de 2011

Mensagens do dia, com Pe. Zezinho - As dores de comunicar

As dores de comunicar
 Pe. Zezinho, scj


Reunir discípulos, arrebanhar votos, ter ibope altíssimo, repercutir e movimentar multidões não é sinônimo de estar certo. Lenine, Hitler, Stalin e Fidel Castro que o digam. John Lennon, Madonna e Elvis Presley e Michael Jackson que os secunde! Lula que os complemente! Os números podem trazer euforia, mas nem sempre trazem sabedoria.

Que não pairem dúvidas e que ninguém esqueça! Comunicar, criar um partido, criar e manter uma faculdade, uma emissora de rádio ou de televisão, falar ou aparecer todos os dias com o mais nobre dos intuitos é expor-se à idolatria, à admiração e à crítica. A idolatria só faz piorar quando se trata de criar uma nova igreja, um movimento e espalhar a fé. Se o pregador não tomar cuidado, um grande número de seguidores troca o Deus que ele comunica pelo deus que ele se tornou: inquestionável. E ai de quem ousar apontar o mínimod efeito no mais novo ídolo da fé na praça...

Quem pensa que o incenso dói menos do que as pauladas ainda não entendeu o espírito da coisa... Seremos sempre avaliados de maneira inadequada, ou porque nos puseram acima do padrão, ou porque decidiram que nada do que fazemos é ou pode ser bom. Depois, vem a emulação, a cópia, o apossar da frase, história ou idéia do outro e vendê-la como se própria fosse; vêm a competição, a concorrência, as invejas, as vaidades feridas, os boatos, o diz-que-diz-que, a aleivosia, o falar por trás, a intenção manifesta de diminuir de destruir o colega de microfone ou de púlpito. Isso em todas as igrejas. Se a política faz companheiros estranhos, a fé também os faz! Quando fazer milhões de adeptos se torna mais importante do que anunciar a verdade de uma igreja o pregador enlouquece nas palavras e no preço!

E, se não bastassem os negativistas, há também os passadores de mel, o incensadores profissionais, para quem tudo o que fazemos é super-hiper-ultra, os bajuladores que não nos permitem ver nossos limites. Se político não recebe os dados certos, se líder de grupo religioso não ouve o que deveria ouvir por parte dos seus assessores. Vai tudo mais ou menos no reino dos pequenos, e nada vai mal no reino do maioral!

Entre o céu e o inferno, entre a rasteira e o macaco hidráulico, o comunicador nunca sabe seu verdadeiro desempenho, porque estatísticas são fáceis de criar, manipular e interpretar. Em alguns casos, os holofotes nele, o personagem central o cegam. Ele não vê mais a realidade. Só valem as luzes do seu palco!

Finalmente, há o próprio: o comunicador que se chama presidente, diretor, professor, fundador, pregador, cantor, apresentador ou catequista. É preciso uma gigantesca dose de pauladas no correr dos anos e uma gigantesca dose de humildade para que os holofotes não nos ceguem. Em alguns casos, dinheiro a rodo, contribuições estratosféricas para quem ontem mesmo mal conseguia salário mínimo, marketing falso e exagerado da pessoa do pregador, canonização em vida pelos seus seguidores, desespero por vendagem, luta por manter adeptos e contribuintes, complexo de perseguição toda vez que algum amigo faz uma crítica; ingenuidade de achar que porque fez sucesso nossa obra ou canção não pode ser mudada, nariz empinado, mágoas enormes contra quem apenas alertou para algum erro ou desvio... Os maiores problemas dos comunicadores são eles mesmos... Incluo-me. A grande maioria não aceita críticas ao seu trabalho, especialmente quando tem resultados.

Sem ascese não dá! Temos este tesouro em vasos de barro! Comunicar dói. E se nunca doeu em você, que já comunica há muitos anos, reveja a sua comunicação. Estranhe seu ibope de 90%!

http://www.padrezezinhoscj.com/
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