sexta-feira, 6 de setembro de 2013

6ª-feira da 22ª Semana Tempo Comum



Vinho novo em odres novos


Lucas 5,33-39

Naquele tempo:
33 Os fariseus e os mestres da Lei disseram a Jesus:
'Os discípulos de João, e também os discípulos dos fariseus,
jejuam com freqüência e fazem orações. Mas os teus discípulos comem e bebem.'
34 Jesus, porém, lhes disse:
'Os convidados de um casamento podem fazer jejum
enquanto o noivo está com eles?
35 Mas dias virão em que o noivo será tirado do meio deles.
Então, naqueles dias, eles jejuarão.'

36 Jesus contou-lhes ainda uma parábola:
'Ninguém tira retalho de roupa nova para fazer remendo em roupa velha;
senão vai rasgar a roupa nova, e o retalho novo não combinará com a roupa velha.

37 Ninguém coloca vinho novo em odres velhos; porque, senão, o vinho novo
arrebenta os odres velhos e se derrama; e os odres se perdem.

38 Vinho novo deve ser colocado em odres novos.
39 E ninguém, depois de beber vinho velho,  deseja vinho novo;
porque diz: o velho é melhor.'



Reflexão

No evangelho de hoje vemos de perto um conflito entre Jesus e as autoridades religiosas da época, escribas e fariseus (Lc 5,3). Desta vez, o conflito é sobre a prática do jejum. Lucas CTA vários conflitos em relação às práticas religiosas da época: o perdão dos pecados (Lc 5,21-25), comer com os pecadores (Lc 5,29-32), o jejum (Lc 5,33-36), e dois conflitos sobre a observância do sábado (Lc 6,1-5 e Lc 6,6-11).
 
Lucas 5,33: Jesus não insiste sobre a prática do jejum. Aqui o conflito se dá sobre a prática do jejum. O jejum é um costume muito antigo, praticado em quase todas as religiões. O próprio Jesus segue este costume durante quarenta dias (Mt 4,2). Mas não insiste com os discípulos para que façam o mesmo. Deixa-os livres. Por isso, os discípulos de João Batista e dos fariseus, que eram obrigados a jejuar, querem saber por qual motivo Jesus não insiste sobre o jejum.
 
Lucas 5,34-35: Quando o esposo está com eles não tem necessidade de jejuar. Jesus responde com uma comparação. Quando o esposo está entre seus amigos, isto é, durante a festa das bodas, eles não devem jejuar. Jesus se considera o esposo. Durante o tempo em que Jesus se encontra no meio de seus discípulos, é a festa de casamento. Quando depois, o esposo não estará mais, aí então, se quiserem, podem jejuar. Jesus alude à sua morte. Ele sabe e tem consciência que se quiser continuar por este caminho de liberdade, as autoridades o matarão. No Antigo Testamento, várias vezes, o próprio Deus se apresenta como o esposo do povo (Is 49,15; 54,5.8; 62,4-5; Os 2,16-25). No Novo Testamento, Jesus é considerado o esposo de seu povo (Ef 5,25). O apocalipse fala da celebração das bodas do Cordeiro com sua esposa, a Jerusalém celeste (Ap 19,7-8; 21,2.9).
 
Lucas 5,36-39: Vinho novo em odres novos! Estas palavras da roupa nova com remendo velho e do vinho novo em odres velhos devem ser entendias como uma luz que lança clareza sobre vários conflitos narrados por Lucas, antes e depois da discussão sobre o jejum. Esclarecem a atitude de Jesus em relação aos conflitos com as autoridades religiosas. Em nossos dias seriam comparados aos conflitos quais: o casamento entre pessoas divorciadas, a amizade com prostitutas e homossexuais, comungar sem ser casado na igreja, não participar da missa aos domingos, não jejuar na sexta-feira santa, etc. Não se cose um retalho novo numa roupa velha. Porque quando se lava o retalho novo se aperta e rasga ainda mais a roupa velha. Ninguém coloca vinho novo em odres velhos, porque o vinho novo com sua fermentação arrebenta com o odre velho. Vinho novo em odres novos! A religião defendida pelas autoridades religiosas era com uma roupa velha, como um odre velho. Não se pode comparar a novidade trazida por Jesus com os costumes antigos. Ou um, ou outro! O vinho novo que Jesus traz arrebenta com o odre velho. É necessário saber separar as duas coisas. Muito provavelmente, Lucas traz estas palavras de Jesus para orientar as comunidades dos anos 80. Havia uma grupo de judeus cristãos que queriam reduzir a novidade de Jesus ao judaísmo de antes. Jesus não é contra o que é “antigo”. Mas não quer que o antigo se imponha sobre o novo, lhe impedindo de se manifestar. Seria como se a Igreja católica reduzisse a mensagem do Concilio Vaticano II à igreja antes do Concílio, como hoje muitas pessoas parecem querer fazer.
 
 
Para uma avaliação pessoal
1. Quais são os conflitos sobre práticas religiosas que hoje mais trazem sofrimento às pessoas e são motivo de muita discussão e polêmica? Qual é a imagem de Deus que está por trás de todos estes preconceitos, normas e proibições?
2. Como entender hoje a frase de Jesus: “Não inserir remendo novo numa roupa velha”? Qual é a mensagem que podes tirar disto em tua vida e para a vida da tua comunidade?

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