O Santo Padre encontrou-se na tarde deste sábado, 6 de junho, na Sala
Paulo VI, no Vaticano, com os seminaristas, noviços, noviças, e os jovens que
estão no caminho vocacional. Em sua reflexão, o Papa Francisco chamou a atenção
para um perigo constante, ou seja, a cultura do provisório:
"Eu não culpo vocês. Reprovo esta cultura do provisório que não nos
faz bem, pois uma escolha definitiva hoje é muito difícil. Na minha época era
mais fácil, porque a cultura favorecia uma escolha definitiva tanto para a vida
matrimonial, quanto para a vida consagrada ou sacerdotal, mas nesta época não é
fácil uma escolha definitiva. Nós somos vítimas desta cultura do
provisório".
O Papa frisou que o chamado é primeiramente uma alegria que não nasce do
possuir o último modelo de smartphone, de moto ou carro:
"Digo realmente a vocês que me sinto mal quando vejo um sacerdote
ou uma religiosa com um carro chique. Não pode ser assim! Reconheço que o carro
seja necessário, pois nos ajuda a nos mover com facilidade. Comprem um carro
mais simples. E se você gostou do carro bonito, pense nas muitas crianças que
morrem de fome. Somente isso".
O Santo Padre destacou que a "alegria nasce do sentir-se dizer:
Você é importante para mim. É isso que Deus nos faz entender. Ao nos chamar,
Deus nos diz: Você é importante para mim, eu te quero bem, conto contigo.
Entender isso é o segredo de nossa alegria. Sentir-se amados por Deus, sentir
que para Ele não somos números, mas pessoas. Sentir que é Ele quem nos chama.
Tornar-se sacerdote, religioso e religiosa não é antes de tudo uma escolha
nossa, mas a resposta a um chamado e um chamado de amor".
"Essa alegria é contagiosa. Não pode haver santidade na
tristeza", disse o Santo Padre que deu uma forte indicação aos jovens
sobre o voto de castidade, "um caminho que amadurece na paternidade e
maternidade pastoral":
"Vocês, seminaristas e religiosas consagrem o seu amor a Jesus, um
grande amor; o coração é para Jesus e isso nos leva a fazer o voto de
castidade, o voto de celibato. Mas os votos de castidade e do celibato não
terminam no momento do voto, continua. Quando um sacerdote não é pai de sua
comunidade, quando uma religiosa não é mãe de todos aqueles com os quais
trabalha, se tornam tristes. Este é o problema. A raiz da tristeza na vida
pastoral é a falta de paternidade e maternidade que vem da maneira de viver mal
esta consagração, que nos deve levar à fertilidade. Não se pode pensar num
sacerdote ou numa religiosa que não são fecundos: isso não é católico! Isso não
é católico! Esta é a beleza da consagração: é a alegria, a alegria".
Enfim, o Papa convidou os presentes a saírem de si mesmos para encontrar
Jesus na oração e sair para encontrar os outros, e acrescentou: "Eu desejo
uma Igreja missionária":
"Deem sua contribuição em favor de uma Igreja assim: fiel ao
caminho que Jesus quer. Não aprendem conosco, que não somos mais jovens; não
aprendam conosco aquele esporte que nós, os velhos, muitas vezes fazemos: o
esporte da reclamação. Não aprendam conosco o culto da reclamação. É uma deusa
que se lamenta sempre. Sejam positivos, cultivem a vida espiritual e, ao mesmo
tempo, sejam capazes de encontrar as pessoas, especialmente as desprezadas e
desfavorecidas. Não tenham medo de sair e caminhar contracorrente. Sejam
contemplativos e missionários. Tenham sempre Nossa Senhora com vocês. Rezem o
Terço, por favor. Não o abandonem. Tenham sempre Maria em sua casa e rezem por
mim, porque eu também preciso de orações, pois sou um pobre pecador".
Fonte: Rádio Vaticano
Da redação do Portal Ecclesia.
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