quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

À Sua imagem e semelhança (2) - Pe. Zezinho, scj

 Pe. Zezinho, scj

ORANDO
Mais Miguel, o que defende os direitos de Deus;
menos serpente venenosa que, diabólica, ensina afrontar Deus.
Mais anjo bom do que anjo mau,
mais submisso do que rebelde: é o que espero que meu coração consiga ser.
Educa meu ser rebelde, Senhor!
Faz meu coração semelhante ao de Jesus. Igual, jamais será, mas espero que ele lembre Jesus.
É o que te peço nesta prece de filho...
bilhões de outros, existe um pequeno eu que sou eu. Fora de mim, todo mundo é outro. Por isso, não é o mundo, nem meu grupo, nem minha Igreja que precisam se ajustar aos meus sonhos, ideais e caprichos, e sim eu que preciso cantar minha canção em sintonia com todos. Enquanto não aprendermos a usar mais a palavra NÓS do que a palavra EU, estaremos longe da idéia da Criação. Deus não criou o mundo por causa de mim. Criou-me por causa dele e do mundo!
A maioria dos católicos costuma escrever as palavras Deus e Criação com D e C maiúsculos toda vez que expressam a sua fé em Deus. Quando nos referimos à sua obra colocamos o que Ele fez em maiúsculo. É para distinguir das criações humanas que são quase nada diante da Criação que Deus operou. Há que haver o respeito pela obra Dele se queremos que respeitem a nossa!
Toda vez que eu digo que Deus me criou, de certa forma estou me apossando do meu lugar na Criação. É bom, é salutar, é bonito que todo indivíduo possa usar essa expressão: "Fui criado. Estou sendo criado por Deus". Mas se a pessoa ficar só nisso, perderá de vista o objetivo da Criação. Deus não me pôs sozinho neste planeta.
Não me criou isolado numa ilha, distante de tudo e de todos: criou-me com os outros e para os outros. Por isso, toda vez que qualquer um de nós falar da Criação, precisa tomar muito cuidado com essas palavras - "EU" e "ME". Toda vez que falar de Deus, precisa moderar no uso da palavra EU. Eu e Jesus, eu e Deus, Deus me..., Jesus me... Podem se tornar uma faca de dois gumes. De tanto usar a primeira pessoa esquecemos porque Ele criou os outros. Desenvolvemos uma mística religiosa egoísta e fechada onde nos sentimos eleitos e escolhidos acima dos outros; onde o outro, coitado, ainda não chegou aonde chegamos; onde tudo só tem sentido se passar pela nossa experiência pessoal. A experiência do outro passa a valer menos do que a nossa. Por mais linda que seja a poesia, a canção e a oração do outro, não nos interessam. Só vale o que nosso grupo produziu. Falamos que é sintonia, mas na verdade é presunção de eleito. Nada pode ser bom se não passar pelo crivo do "eu e meu Deus". O que Deus fez pelos outros fica menos interessante do que o que Ele fez por mim e pelos meus amigos. Podemos até de vez em quando dizer isso, mas não podemos ficar nisso.
Logo a seguir tem que vir, "Criou-nos, amou-nos, escolheu-nos, chamou-nos". Criou-me no meio dos outros, com os outros e para os outros. A razão fundamental da nossa existência, não somos nós mesmos: é o outro. Viemos de um outro, unimos nosso ser ao de um outro ou uma outra. Se quisermos geraremos outros e voltaremos para o grande Outro que é Deus.
É porque dois outros, que são nosso pai e nossa mãe, se amaram que nós nascemos. Vivemos com nossos irmãos, que são outros; com amigos na escola, no trabalho, que são outros. Passamos na rua a todo momento cruzando pelo outro. No comércio servimos o outro; na indústria fabricamos para o outro; na estrada dirigimos perto do outro ou cruzamos com o outro... Nossa vida é cheia de outros e não teria nenhum sentido sair vida afora dizendo: "Eu sou, Deus me criou, Deus me fez". Seria "eu" demais onde o coletivo é que faz sentido!
Eu por eu, Deus poderia ter ficado sem criar. Se criou, é porque apostou em relacionamentos. "Me" e "eu" só são palavras bonitas quando ligadas à palavra "nós" e à palavra "outro". A razão de eu existir é o outro. Deus é um outro, meu pai é um outro, minha mãe é um outro ser. A razão de eu querer continuar vivo são os outros: uma pessoa que eu amo, um filho, um amigo, a namorada, o namorado, a mulher, o marido, os avós, nossa igreja...
O outro é o que dá sentido à minha vida. Pode também ser a causa da minha desgraça. Vou ter que saber conviver com essa pessoa. Se errei, ferindo-a, vou ter que saber pedir perdão. Se acertei, vou ter que saber passar isso a ela, para que amanhã essa mesma pessoa faça a mesma coisa que estou fazendo. Estamos irremediavelmente ligados a um outro. Não há como viver sem o outro. Por isso, o Deus que nos criou, criou-nos uns para os outros.
Oremos para entender essas coisas...

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