domingo, 26 de fevereiro de 2012
A seca
Sou poeta nordestino, nasci com um dom divino, da poesia dou fã, quero com grande prazer meus versos oferecer para a Família Cristã.
Como camponês versista nas folhas desta revista com razão quero dizer que é muito triste o Nordeste quando o nosso Pai Celeste não manda as nuvens chover.
Nós vemos que a natureza nos nega a sua beleza com esta transformação, o sol se torna inclemente, cada dia mais ardente queimando a face do chão.
Deste quadro eu não me esqueço, sou sertanejo e conheço meu sertão em carne e osso, sou caboclo do roçado muito tenho trabalhado com a canga no pescoço.
Logo que a seca aparece o povo todo padece
Sofrendo rigores mil, a tal doença enxaqueca
Não dói como dói a seca no Nordeste do Brasil.
O sabiá da floresta que é cantor da grandes festa, foge não sei para onde, pois quando o inverno não vem, com o desgosto que tem este maestro se esconde.
Finalmente, meus amigos, castigos e mais castigos e sofrimentos fatais não são coisas para um, o sofrimento é comum do povo e dos animais.
Tudo sofre e não desiste mas a tristeza mais triste que nos faz entristecer é quando com fome diz, o pequenino petiz "mamãe eu quero comer!"
Neste estilo popular quero o tema terminar
Porque não suporto a dor, leiam os versos singelos apresentando os flagelos do Nordeste sofredor.
Patativa do Assaré (Antônio Gonçalves da Silva)
Fez estes versos especialmente para a revista
Família Cristã - Agosto de 2001
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