domingo, 5 de fevereiro de 2012

Comentário do Evangelho




Início do ministério de Jesus

Marcos, em seu evangelho, marca o início do ministério de Jesus com duas narrativas de milagres, articuladas entre si, as quais caracterizam a nova prática vivida por Jesus. A saída da sinagoga, onde havia um espírito impuro, é, logo, seguida da entrada na casa de Simão Pedro e André. Com a concisa afirmação "logo que saíram da sinagoga, foram... para a casa de Simão...", Marcos indica que Jesus abandona a sinagoga, e seu ministério se dá em um novo espaço, na casa. É a casa o lugar onde se reúne a nova comunidade e que se torna o centro de irradiação da missão. Depois disso, a presença de Jesus nas sinagogas é mencionada apenas três vezes: para expulsar os demônios, para questionar a prática excludente farisaica e para revelar qual é a verdadeira sabedoria de Deus. A sinagoga é o lugar onde Jesus encontra os espíritos impuros. A casa, com a mulher libertada de seu abatimento, é o lugar do serviço característico das novas comunidades. A presença de Deus, agora, não está aprisionada no único Templo em Jerusalém (destruído no ano 70), nem nos espaços de culto das sinagogas que acompanhavam os judeus no interior da Judeia, ou dispersos fora dela. Com Jesus, Deus está presente no coração da vida, na casa, onde se reúne a família e que é centro de produção artesanal ou agrícola para as trocas necessárias para a sobrevivência. A casa é lugar de encontro vital, de iniciativas, de irradiação e comunhão de vida, em qualquer região, em qualquer povo. Nos Atos dos Apóstolos também se evidencia este deslocamento do eixo da sinagoga para as casas. São as "igrejas domésticas" das primeiras comunidades. A comunicação da vida plena, por Jesus, se dá no convívio diário, nas relações fraternas cheias de amor, seja no ambiente familiar, seja em uma comunidade mais abrangente.
O evangelista, ao insistir em muitas curas e exorcismos, tem a intenção de remover do leitor a visão de Jesus como um milagreiro. Pelas características variadas destas narrativas de milagres, o leitor começa a perceber o seu sentido simbólico. Em sua essência elas indicam o contraste maior existente entre a proposta libertadora e vivificante de Jesus e a proposta opressora e excludente da sinagoga e da tradição do Templo, em um contexto de carências e sofrimento do povo. O povo acorre a Jesus que, depois de atendê-lo, retira-se, de madrugada para orar. Querem retê-lo junto a si. Jesus o rejeita, decidido a ir anunciar sua mensagem libertadora e vivificante por toda a Galileia. A primeira leitura retrata, na pessoa de Jó, o sofrimento de um pobre excluído. O livro de Jó revela que o sofrimento não é castigo de Deus, conforme se afirmava na Doutrina da Retribuição, mas resulta, principalmente, da injustiça dos poderosos deste mundo. Na segunda leitura Paulo faz apologia de sua dedicação à pregação do evangelho.


José Raimundo Oliva

Oração
Pai, faze minha vida espelhar-se no testemunho de Jesus, o primeiro a pôr em prática seus próprios ensinamentos, mostrando como é possível vivenciá-los.

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