Fanzina, pequena, mulher do meu povo
rosto de camponesa do interior
Pele queimada, rugas ligeiras no rosto sofrido
Passos firmes, pés decididos a caminhar
Por estradas distantes na direção da estrela da manhã dos pobres
Além das fronteiras de Estados e Impérios
Além das cercas e muros da morte!
Mãos a serviço sempre
Armas em punho no mutirão da terra livre
Liberta para sempre.
Presença fiel na casa onde o gemido se faz e onde a labutaé tanta que precisa das mãos de alguém disposto a servir.
Maria-enfeite-flor, trabalhando a alegria
a ser levantada, escudo, no tempo da dor.
Mulher segredo e mistério
É povo na carne, divina no sonho!
Projeto maior que seu ventre, mais vasto que a noite e o dia. É nela que a gente projeta os títulos e as tintas do amor filial.
Diante dela dobram-se os homens-poderes
E, como crianças, suspiram, suplicam e clamam!
Mulher que na voz traz os sons e suspiros da raça
Que se move e se arrasta no vale do pranto.
Ouvidos abertos de mãe que escuta a palavra do filho ensaiada ainda
Bem dentro da boca, lá no coração!
Maria que educa e se educa com o filho
menino-divino nos rumos do Reino
Projeto e Promessa, real já no hoje
De amor e justiça aos pobres
Pisados nos pés dos tiranos.
Maria-mulher, unida ao filho,
No corpo e na graça!
Os gêmeos de Deus,
Maria-Jesus
Zé Vicente
Referência: Tempos urgentes
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