sábado, 26 de maio de 2012

A Política, os crentes e os ateus - Pe. Zezinho, scj

 Pe. Zezinho, scj

O Brasil não é um país só de religiosos. Nossas leis são para todos. Mas é um país onde todos podem se manifestar. Por enquanto ainda são pequenas as chances de algum ditador se apossar do governo da nação. Mas não se deve baixar a guarda. Há e haverá quem o queira. Basta prestar atenção aos discursos de quem faria qualquer coisa para chegar ou para não apear do poder. Pelo que sabemos país algum governado por anjos...

Mas um fato é constatável. Crentes estão falando, tomando partido e negociando em favor de suas igrejas. E também brigando entre si, em busca de emissoras e outras vantagens políticas. Verdade ou mentira, está nos jornais e está em programas por eles conduzidos. Não disfarçam suas lutas intestinas por mais veículos e mais poder. Isso inclui as mais diversas igrejas que desejam mais espaço e mais mídia.

Por outro lado, os políticos sabem que qualquer ateu confesso que deseje os votos para governar terá que enfrentar os religiosos que somam mais de 90% da população. Teimar em ateísmo e governar ignorando os apelos das igrejas ou centros de fé, a menos que se trate de ditadura, seria suicídio político. Por isso assiste-se com um pé atrás a performance religiosa de quem ontem mesmo dizia não ter certeza de que Deus existe. Como, porém, a alma humana da meia-volta, pode-se questionar o momento, mas não se pode duvidar da sinceridade de quem hoje age como crente durante uma campanha. Converteu-se a Deus ou às urnas?

E há o crente que fica nas aparências. Para ele basta que o candidato pareça religioso. Escolhe sem ligar os fatos. Não se dá conta de a fé vai além das palavras. Votar em quem agora parece crente e se afirma convertido é navegar na maionese. Parecer não é ser! Políticos para todos os cargos que fazem uso de palavras cheias de unção para alcançar a vereança, a Câmara, o Senado, o Governo e a Presidência ainda precisam provar que de fato respeitarão os 90% de crentes do país.

O mesmo deverá fazer o candidato religioso. Respeitará a minoria descrente? E o que fará na hora de assinar um documento que 90% dos crentes rejeitam, mas a minoria descrente apóia? E a questão do aborto é apenas uma delas. Se Deus não é o autor da vida, quem é?

Política, ateísmo e teísmo nem sempre se afinam. É preciso muita nobreza, veracidade e capacidade de diálogo para governar um país com estas estatísticas. A julgar pela última campanha política fica difícil saber se quem mentiu sobre tantas outras coisas não mentirá também sobre os temas que são caros aos religiosos.

Chamar todo os crentes de fanáticos e obscurantistas não vai resolver, porque também entre os não crentes há fanáticos políticos com idéias mais do que ultrapassadas. Ainda bem temos eleições de 2 em 2 anos e um parlamento que, se levássemos a sério nos representaria!...

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