No Evangelho de hoje, Jesus retorna a Nazaré, a cidade em que foi criado, e se pôs a falar aos homens da cidade na sinagoga. Apesar de maravilhados com as palavras de Jesus, esses homens não receberam a graça dos milagres de Jesus em suas vidas. Não tinham o coração aberto para receberem tais milagres, e por isso ficaram bastante furiosos quando Jesus afirmou, baseado em duas passagens do Antigo Testamento, que a graça vem para aqueles que abrem o coração ao novo, à Boa Nova.
Recentemente tenho convivido com pessoas que me conheceram há uns 6-10 anos. Numa época em que eu ainda estava aprendendo muitas coisas, e passava mais tempo observando do que falando. Após alguns anos afastado, voltei a ter contato com algumas daquelas pessoas, e foi interessante perceber que olhavam para mim e continuaram me tratando como se eu ainda fosse aquele menino passivo, introspectivo, de poucas palavras que conheceram anos atrás. Lendo o Evangelho de hoje, me identifiquei com o que Jesus passou no seu retorno à Nazaré. Jesus havia crescido, evoluído em corpo, alma e divindade durante os anos em que passou afastado da sua cidade (anos estes que não são citados na Bíblia). E como é revoltante quando queremos trazer algo novo para as pessoas que cresceram conosco, e elas não nos dão credibilidade... A vontade que dá é de fazer o que Jesus fez: denunciar a falta de abertura daquelas pessoas, e seguir o caminho para outro lugar.
Acredito que seja essa a sensação de muitos padres, que retornam a sua terra natal para celebrar suas primeiras missas. Muitos de seus vizinhos, que acham que já conhecem aquele menino, nem prestam muita atenção ao que ele diz, por achar que o filho de seu José não vai ter muito o que acrescentar à sua vida... E no fim das contas parece ser isso mesmo, uma sensação de superioridade em relação àquele(a) menino(a), que pode até ter crescido em tamanho, mas que não pode ter se desenvolvido tanto como pessoa. É como se fosse vergonhoso aprender ou receber alguma coisa de alguém que você considera igual ou "menor" que você.
Você acompanhou o crescimento de algum sobrinho, irmão ou primo mais novo? Você não tem a sensação de que conhece tudo ou quase tudo daquela pessoa? Engano seu... E se essa pessoa passar alguns anos longe, aí é que você não vai mais conhecê-la mesmo...
Por isso, a lição de hoje é: não se ache superior a ninguém. Esteja aberto a novas possibilidades. Não é motivo de vergonha aprender ou receber algo de uma pessoa que você considere menos experiente que você.
Jailson Ferreira
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