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segunda-feira, 1 de julho de 2013

2ª-feira da 13ª Semana Tempo Comum



Exigências para seguir Jesus.

Mateus 8,18-22

Naquele tempo;
18 Vendo uma multidão ao seu redor,
Jesus mandou passar para a outra margem do lago.
19 Então um mestre da Lei aproximou-se e disse:
'Mestre, eu te seguirei aonde quer que tu vás.'
20 Jesus lhe respondeu:
'As raposas têm suas tocas e as aves dos céus têm seus ninhos;
mas o Filho do Homem não tem onde reclinar a cabeça.'

21 Um outro dos discípulos disse a Jesus:
'Senhor, permite-me que primeiro eu vá sepultar meu pai.'
22 Mas Jesus lhe respondeu:
'Segue-me, e deixa que os mortos sepultem os seus mortos.'

Reflexão

Desde a 10ª Semana do Tempo Comum até à 12ª Semana, por três semanas, meditamos os capítulos de 5 a 8 do evangelho de Mateus. Continuando a meditação do capítulo 8, o evangelho de hoje apresenta as condições para seguir Jesus. Jesus decide passar para outro lado do lago, e uma pessoa pede para poder segui-lo (Mt 8,18-22).

Mateus 8,18: Jesus ordena passar para outra margem do lago. Recebeu e curou todos os doentes que as pessoas tinham lhe trazido (Mt 8,16). Muitas pessoas estavam ao redor dele. Vendo esta multidão, Jesus decidiu passar para outra margem do lago. No evangelho de Marcos, do qual Mateus tirou grande parte das suas informações, o contexto é diferente. Jesus tinha acabado de fazer o discurso sobre as parábolas (Mc 4,3-34) e disse: “Vamos para o outro lado!" (Mc 4,35), e, como já estava no barco (cfr. Mc 4,1-2), os discípulos o levaram para o outro lado. Jesus estava tão cansado que começou a dormir sobre uma almofada (Mc 4,38).

Mateus 8,19: Um doutor da Lei quer seguir Jesus. Na hora em que Jesus decide atravessar o lago, um doutor da lei se aproxima e diz: “Mestre, eu te seguirei aonde quer que tu vás”. Um texto paralelo de Lucas (Lc 9,57-62) trata o mesmo tema, porém de maneira ligeiramente diferente. Para Lucas, Jesus tinha decidido ir para Jerusalém onde teria sido condenado e morto. Indo para Jerusalém, entrou no território da Samaria (Lc 9,51-52), onde três pessoas pedem para segui-lo (Lc 9,57.59.61). No evangelho de Mateus, que escreve para os judeus convertidos, a pessoa que quer seguir Jesus é um doutor da lei. Mateus insiste sobre o fato que uma autoridade dos judeus reconhece o valor de Jesus e pede para seguí-lo. Em Lucas, que escreve para os pagãos convertidos, as pessoas que querem seguir Jesus são samaritanos. Lucas põe o acento sobre a abertura ecumênica de Jesus que aceita também os não judeus que querem ser discípulos.
Mateus 8,20: A resposta de Jesus ao doutor da Lei. A resposta de Jesus é igual seja em Mateus seja em Lucas, e é uma resposta muito exigente que não deixa dúvidas: “As raposas tem suas tocas e as aves dos céus tem seus ninhos; mas o Filho do homem não tem onde reclinar a cabeça”. Quem quiser ser discípulo de Jesus deve saber o que está fazendo. Deve examinar as exigências e calcular bem, antes de tomar uma decisão (cfr. Lc 14,28-32). “Do mesmo modo, portanto, se alguém de vós não renunciar a todas as suas posses, não pode ser meu discípulo” (Lc 14,33).

Mateus 8,21: Um discípulo pede para poder sepultar seu pai. Logo em seguida, alguém que já era seu discípulo, lhe pede a licença para sepultar seu pai, que acabava de falecer: “Senhor, permite-me que primeiro eu vá sepultar meu pai”. Com outras palavras, pede que Jesus atrasasse a travessia do lago após a sepultura do pai. Sepultar os pais era um dever sagrado dos filhos (cfr. Tb 4,3-4).
Mateus 8,22: A resposta de Jesus. Novamente, a resposta de Jesus é muito exigente. Jesus não atrasa sua viagem rumo à outra margem do lago e diz ao discípulo: “Segue-me deixa que os mortos sepultem os seus mortos”. Quando Elias chamou Eliseu lhe permitiu saudar os parentes (1Rs 19,20). Jesus é muito mais exigente. Para entender todo o alcance da resposta de Jesus é bom lembrar que a expressão “Deixa os mortos sepultar seus mortos” era um provérbio popular usado pelas pessoas para indicar que não era necessário gastar energias com coisas que não tinham futuro e que nada tinham a ver com a vida. Um provérbio assim não deve ser tomado literalmente. É preciso considerar o objetivo pelo qual foi usado. Assim, no nosso caso, por meio do provérbio Jesus acentua a exigência radical da vida nova à qual chama e que exige abandonar tudo para segui-lo. Seguir Jesus. Como também os rabinos da época, Jesus reúne discípulos e discípulas. Todos eles “seguem Jesus”. Seguir esta a palavra que se usava para indicar a relação entre o discípulo e o mestre.
Para os primeiros cristãos “Seguir Jesus” significava três coisas importantes relacionadas entre si: 
a) Imitar o exemplo do Mestre: Jesus era o modelo a ser imitado e a ser recriado na via do discípulo e da discípula (Jo 13,13-15). A convivência cotidiana permitia um confronto constante. Na "escola de Jesus" se aprendia só uma disciplina: o Reino, e este Reino se reconhecia na vida e na prática de Jesus. 
b) Participar do destino do Mestre: Quem seguia Jesus devia comprometer-se como ele a enfrentar as dificuldades e as provações (Lc 22,28), inclusive as perseguições (Mt 10,24-25) e a cruz (Lc 14,27). Devia estar disposto a morrer com ele (Jo 11,16).
c) Assumir em nós a vida de Jesus: Após a Páscoa, a luz da ressurreição, a vida de discípulo assume uma terceira dimensão: "Vivo, mas não sou eu, é Cristo quem vive em mim" (Gl 2,20). Trata-se da dimensão mística do ser discípulo, fruto da ação do Espírito. Os cristãos buscavam assumir em suas vidas o caminho de Jesus que morreu em defesa da vida e ressuscitou graças ao poder de Deus (Fl 3,10-11).

Para uma avaliação pessoal
1. Ser discípulo. Discípula, de Jesus. Seguir Jesus. Como estou vivendo a realidade de ser discípulo de Jesus?
2. As raposas tem suas tocas e as aves do céu seu ninho, mas o Filho do homem não tem onde reclinar a cabeça. Como viver hoje esta exigência?

domingo, 30 de junho de 2013

Solenidade de São Pedro e São Paulo



Quem é Jesus pra você?
Mateus 16,13-19

Naquele tempo:
13 Jesus foi à região de Cesaréia de Filipe e ali perguntou aos seus discípulos:
"Quem dizem os homens ser o Filho do Homem?"
14 Eles responderam: "Alguns dizem que é João Batista; outros que é Elias;
Outros ainda, que é Jeremias ou algum dos profetas".
15 Então Jesus lhes perguntou: "E vós, quem dizeis que eu sou?"
16 Simão Pedro respondeu: "Tu és o Messias, o Filho do Deus vivo".
17 Respondendo, Jesus lhe disse: "Feliz es tu, Simão, filho de Jonas, 
porque não foi um ser humano que te revelou isso, mas o meu Pai que está no céu.
18 Por isso eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra
construirei a minha Igreja, e o poder do inferno nunca poderá vencê-la.
19 Eu te darei as chaves do Reino dos Céus:
tudo o que tu ligares na terra será ligado nos céus;
tudo o que tu desligares na terra será desligado nos céus".

Reflexão

A Igreja une em uma só solenidade a memória dos Apóstolos Pedro e Paulo. O que os une é a missão comum de evangelizar até os confins do mundo, sendo testemunhas de Cristo até a morte na mesma cidade de Roma.

Pedro, o Apóstolo escolhido por Jesus para ser a rocha, isto é, o sinal da firmeza na fé e da unidade no ensinamento, foi de maneira especial preparado para dirigir a Igreja após a ausência física de Cristo. Sobre Pedro é colocada a missão de ser guia da Igreja, continuadora da obra de salvação até o fim dos tempos.

Paulo, perseguidor convertido, é pregador incansável da única verdade que é Cristo. Encontra-se com Pedro pelo menos duas vezes, reconhecendo nele a missão de ser guia da Igreja, representante autorizado de Cristo.

O que faz destes dois Apóstolos colunas da Igreja não é nenhum mérito pessoal. Ambos pecadores, um homem rude, outro soberbo doutor, ambos, porém, tocados pela graça divina e feitos novos homens em vista de uma missão sem a qual não seríamos hoje cristãos. A Igreja fundada por Jesus Cristo foi colocada sob a responsabilidade de Pedro, mostrando que é Deus quem age por meio dos seus escolhidos. 

Por isso, Roma é, nas palavras de Santo Irineu: “a maior e a mais antiga Igreja, conhecida por todos, ... fundada e constituída pelos gloriosíssimos Apóstolos Pedro e Paulo”, e acrescenta: "Com esta Igreja, pela sua superioridade, deve conciliar-se a Igreja universal, ou seja, os fiéis que estão em toda a parte”. Nesta solenidade celebramos o dia do Papa, o bispo de Roma, sucessor de São Pedro. Significa celebrar a bondade de Jesus, Bom Pastor, que não deixa suas ovelhas descuidadas, mas deixa um guia seguro, sob a assistência do Espírito Santo, que conduz à Verdade e ao caminho da salvação. Ouçamos o Papa, na certeza de que é a doce voz de Cristo na terra.

 Estamos na parte narrativa entre o Sermão das Parábolas (Mt 13) e o Sermão da Comunidade (Mt 18). Nestas partes narrativas que ligam entre si os cinco Sermões, Mateus costuma seguir a sequência do Evangelho de Marcos. De vez em quando, ele cita outras informações, também conhecidas por Lucas. E aqui e acolá, ele traz textos que só aparecem no evangelho de Mateus, como é o caso da conversa entre Jesus e Pedro do evangelho de hoje. Este texto recebe interpretações diversas e até opostas nas várias igrejas cristãs.

Naquele tempo, as comunidades cultivavam uma ligação afetiva muito forte com as lideranças que tinham dado origem à comunidade. Por exemplo, as comunidades de Antioquia na Síria cultivavam a sua ligação com a pessoa de Pedro. As da Grécia, com a pessoa de Paulo. Algumas comunidades da Ásia, com a pessoa do Discípulo Amado e outras com a pessoa de João do Apocalipse. Uma identificação com estes líderes da sua origem ajudava as comunidades a cultivar melhor a sua identidade e espiritualidade. Mas também podia ser motivo de briga, como no caso da comunidade de Corinto (1 Cor 1,11-12).

Mateus 16,13-16: As opiniões do povo e dos discípulos a respeito de Jesus. Jesus faz um levantamento da opinião do povo a respeito da sua pessoa, o Filho do Homem. As respostas são variadas: João Batista, Elias, Jeremias, algum dos profetas. Quando Jesus pergunta pela opinião dos discípulos, Pedro se torna porta-voz e diz: “Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo!” A resposta não é nova. Anteriormente, os discípulos já tinham dito a mesma coisa (Mt 14,33). No Evangelho de João, a mesma profissão de fé é feita por Marta (Jo 11,27). Ela significa que em Jesus se realizam as profecias do Antigo Testamento.

Mateus 16,17: A resposta de Jesus a Pedro: "Feliz você, Pedro!"   Jesus proclama Pedro “Feliz!”, porque recebeu uma revelação do Pai. Aqui também a resposta de Jesus não é nova. Anteriormente, Jesus tinha louvado o Pai por ele ter revelado o Filho aos pequenos e não aos sábios (Mt 11,25-27) e tinha feito a mesma proclamação de felicidade aos discípulos por estarem vendo e ouvindo coisas novas que, antes deles, ninguém conhecia nem tinha ouvido falar (Mt 13,16). 

Mateus 16,18-20: As atribuições de Pedro: Ser pedra e tomar conta das chaves do Reino.
1. Ser Pedra: Pedro deve ser pedra, isto é, deve ser fundamento firme para a igreja a ponto de ela poder resistir contra as portas do inferno. Com estas palavras de Jesus a Pedro, Mateus anima as comunidades perseguidas da Síria e da Palestina que viam em Pedro a liderança marcante da sua origem. Apesar de fraca e perseguida, a comunidade tem fundamento firme, garantido pela palavra de Jesus. A função de ser pedra como fundamento da fé evoca a palavra de Deus ao povo no exílio: “Vocês que buscam a Deus e procuram a justiça, olhem para a rocha (pedra) de onde foram talhados, olhem para a pedreira de onde foram extraídos. Olhem para Abraão seu pai e para Sara sua mãe. Quando os chamei, eles eram um só, mas se multiplicaram por causa da minha bênção”. (Is 51,1-2). Indica que em Pedro existe um novo começo do povo de Deus.
2. As chaves do Reino: Pedro recebe as chaves do Reino. O mesmo poder de ligar e desligar é dado também às comunidades (Mt 18,18) e aos outros discípulos (Jo 20,23). Um dos pontos em que o evangelho de Mateus mais insiste é a reconciliação e o perdão. É uma das tarefas mais importantes dos coordenadores e coordenadoras das comunidades. Imitando Pedro, devem ligar e desligar, isto é, fazer com que haja reconciliação, aceitação mútua, construção da fraternidade, até setenta vezes sete (Mt 18,22).

As chaves na antiguidade no Antigo Testamento eram que abriam, fisicamente, as muralhas da cidade ou as portas do templo ou as do palácio do rei. Por isso, elas eram, às vezes, bem grandes e consistiam de um pedaço de madeira tendo na extremidade alguns pinos de ferro, que eram ajustados aos orifícios da tranca. Então, eram, às vezes, bem grandes e eram levadas ao ombro. "Porei sobre os seus ombros a chave da casa de Davi: quando ele abrir, ninguém fechará; quando ele fechar, ninguém abrirá." (Is 22,22). No Novo Testamento e ainda hoje, a chave é usada metaforicamente, para dar a alguém o poder de fazer entrar a quem quiser na cidade, no edifício, no Reino. Então, Pedro, nessa passagem, recebe o enorme poder de impedir ou permitir alguém de entrar no Reino dos Céus, poder que é reforçado com a expressão "atar ou desatar".

PEDRO ERA UM SANTO BEM HUMANO 
ELE ERA "PESCADOR", "PECADOR" E NADA DE "DOUTOR".

Como pescador, foi encontrado por Jesus entre as barcas e redes na beira do Mar da Galileia, bem perto da sua casa. Como todo pescador naquele tempo e naquelas paragens, quase nada sabia. A Bíblia não diz nada a esse respeito como para indicar que saber ou não saber não faz diferença para Deus, que pode mudar a matéria-prima ao seu talento. Mas Pedro era também "pecador". A negação de Pedro naquela noite de quinta-feira, à beira da fogueira, é um crime comparado ao de Judas. Só que Judas entrou na tangente do desespero e Pedro, no caminho da conversão. Diz a Bíblia: "E Pedro se lembrou da palavra de Jesus... E começou a chorar."

Há duas virtudes que devemos imitar de São Pedro ao pé desse evangelho: a "humildade" e a "confiança na misericórdia de Deus". A sua humildade ele manifestou, por exemplo, quando ao ser crucificado revelou o desejo de ser posto de cabeça para baixo, por não merecer a posição de Cristo. A "confiança na misericórdia de Deus" ele revelou quando, ao trair feiamente seu amigo, teve a coragem de chorar e arrepender-se humildemente.

Vittorio Messori, uma vez fez a seguinte pergunta a João Paulo II: “Por que Jesus não poderia ser somente um sábio, como Sócrates? Ou um profeta, como Maomé? Ou um iluminado, como Buda? É realmente possível sustentar ainda a certeza inaudita de que este judeu condenado à morte numa aldeia obscura é o Filho de Deus, da mesma natureza que o Pai? Esta pretensão cristã não tem paralelo com nenhuma outra crença religiosa.”

E o Papa sabiamente respondeu: “Cristo é absolutamente original, único e não repetível! É o único mediador entre Deus e os homens... todo o mundo dos homens, toda a história da humanidade encontra nele a sua expressão perante Deus. E não diante de um Deus longe, inalcançável, mas perante um Deus que está nele, antes, que é ele mesmo. Isto não existe em nenhuma outra religião, e muito menos, em nenhuma outra filosofia. A originalidade de Cristo nos assinalada pelo apóstolo desde que Pedro confessou: “Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo”. Cristo está no centro da fé e da vida dos cristãos, no centro de seu testemunho, que não poucas vezes chegou até a efusão do seu sangue”. (Cruzando o limiar da Esperança).

Para um confronto pessoal
1. Quais as opiniões que na nossa comunidade existem sobre Jesus? Estas diferenças na maneira de viver e expressar a fé enriquecem a comunidade ou prejudicam a caminhada?
2. Que tipo de pedra é a nossa comunidade? Qual a missão que resulta disso para nós?
3. E pra você? quem é Jesus?
 
Solenidade de São Pedro e São Paulo
A solenidade de são Pedro e de são Paulo é uma das mais antigas da Igreja, sendo anterior até mesmo à comemoração do Natal. Já no século IV havia a tradição de, neste dia, celebrar três missas: a primeira na basílica de São Pedro, no Vaticano; a segunda na basílica de São Paulo Fora dos Muros e a terceira nas catacumbas de São Sebastião, onde as relíquias dos apóstolos ficaram escondidas para fugir da profanação nos tempos difíceis.

E mais: depois da Virgem Santíssima e de são João Batista, Pedro e Paulo são os santos que têm mais datas comemorativas no ano litúrgico. Além do tradicional 29 de junho, há: 25 de janeiro, quando celebramos a conversão de São Paulo; 22 de fevereiro, quando temos a festa da cátedra de São Pedro; e 18 de novembro, reservado à dedicação das basílicas de São Pedro e São Paulo. 
 
Antigamente, julgava-se que o martírio dos dois apóstolos tinha ocorrido no mesmo dia e ano e que seria a data que hoje comemoramos. Porém o martírio de ambos deve ter ocorrido em ocasiões diferentes, com são Pedro, crucificado de cabeça para baixo, na colina Vaticana e são Paulo, decapitado, nas chamadas Três Fontes. Mas não há certeza quanto ao dia, nem quanto ao ano desses martírios.

A morte de Pedro poderia ter ocorrido em 64, ano em que milhares de cristãos foram sacrificados após o incêndio de Roma, enquanto a de Paulo, no ano 67. Mas com certeza o martírio deles aconteceu em Roma, durante a perseguição de Nero.

Há outras raízes ainda envolvendo a data. A festa seria a cristianização de um culto pagão a Remo e Rômulo, os mitológicos fundadores pagãos de Roma. São Pedro e são Paulo não fundaram a cidade, mas são considerados os "Pais de Roma". Embora não tenham sido os primeiros a pregar na capital do império, com seu sangue "fundaram" a Roma cristã. Os dois são considerados os pilares que sustentam a Igreja tanto por sua fé e pregação como pelo ardor e zelo missionários, sendo glorificados com a coroa do martírio, no final, como testemunhas do Mestre. 
 
São Pedro é o apóstolo que Jesus Cristo escolheu e investiu da dignidade de ser o primeiro papa da Igreja. A ele Jesus disse: "Tu és Pedro e sobre esta pedra fundarei a minha Igreja". São Pedro é o pastor do rebanho santo, é na sua pessoa e nos seus sucessores que temos o sinal visível da unidade e da comunhão na fé e na caridade.

São Paulo, que foi arrebatado para o colégio apostólico de Jesus Cristo na estrada de Damasco, como o instrumento eleito para levar o seu nome diante dos povos, é o maior missionário de todos os tempos, o advogado dos pagãos, o "Apóstolo dos Gentios".

São Pedro e são Paulo, juntos, fizeram ressoar a mensagem do Evangelho no mundo inteiro e o farão para todo o sempre, porque assim quer o Mestre.
Reflexão (Frei Raniero Cantalamessa)

E vós, quem dizeis que eu sou?
Existe, na cultura e na sociedade de hoje, um fato que pode nos introduzir na compreensão do Evangelho deste domingo, e é a pesquisa de opinião. Ela é praticada em todos os âmbitos, mas, sobretudo no político e comercial. Também Jesus um dia quis fazer uma pesquisa de opinião, mas com fins, como veremos muito diferentes: não políticos, mas educativos. Chegado à região da Cesaréia de Filipo, ou seja, a região mais ao norte de Israel, em uma pausa de tranqüilidade, na qual estava a sós com os apóstolos, Jesus lhes dirigiu, à queima-roupa, a pergunta: «Quem dizem os homens ser filho do Homem?».

É como se os apóstolos não esperassem outra coisa para poder finalmente falar sobre todas as vozes que circulavam a propósito dele. Respondem: «Uns afirmam que é João Batista, outros que é Elias, outros, ainda, que é Jeremias ou um dos profetas». Mas para Jesus não interessava medir o nível de sua popularidade ou seu índice de simpatia entre o povo. Seu propósito era bem diferente. Então Ele lhes pergunta: «E vós, quem dizeis que eu sou?».

Esta segunda pergunta, inesperada, deixa-os desconcertados. Entrecruzam-se silêncio e olhares. Se na primeira pergunta se lê que os apóstolos responderam todos juntos, em coro, esta vez o verbo é singular; só “respondeu” um, Simão Pedro: «Tu és o Cristo, o filho do Deus vivo!».

Entre as duas respostas há um salto abismal, uma “conversão”. Se antes, para responder bastava olhar ao redor e ter escutado as opiniões das pessoas, agora é preciso olhar para dentro, escutar uma voz bem diferente, que não vem da carne nem do sangue, mas do Pai que está nos céus. Pedro foi objeto de uma iluminação “do alto”.

Trata-se do primeiro autêntico reconhecimento, segundo os evangelhos, da verdadeira identidade de Jesus de Nazaré. O primeiro ato público de fé em Cristo, da história! Pensemos no sulco deixado por um barco: vai se movimentando até perder-se no horizonte, mas começa com uma ponta, que é a ponta do barco. Assim acontece com a fé em Jesus Cristo. É um sulco que foi movimentando-se na história, até chegar aos “últimos confins da terra”. Mas começa com uma ponta. E esta ponta é o ato de fé de Pedro: “Tu és o Cristo, o Filho de Deus vivo”. Jesus usa outra imagem, vertical, não horizontal: rocha, pedra. “Tu és Pedro e sobre esta pedra edificarei minha Igreja”.

Jesus muda o nome de Simão, como se faz na Bíblia quando se recebe uma missão importante: chama-o de “Cefas”, Rocha. A verdadeira rocha, a “pedra angular” é, e continua sendo ele mesmo, Jesus. Mas, uma vez ressuscitado e ascendido ao céu, esta “pedra angular”, ainda que presente e operante, é invisível. É necessário um sinal que a represente, que torne visível e eficaz na história este “fundamento firme” que é Cristo. E este será precisamente Pedro, e, depois dele, aquele que o substituir, o Papa, sucessor de Pedro, como cabeça do colégio dos apóstolos.

Mas voltemos à idéia da pesquisa. A pesquisa de Jesus, como vimos, desenvolve-se em dois momentos, comporta duas perguntas fundamentais: primeiro, “quem dizem os homens ser o filho do Homem?”; segundo, “quem dizeis vós que sou eu?”. Jesus não parece dar muita importância ao que as pessoas pensam dele; interessa-lhe saber o que pensam seus discípulos. E o faz com esse “e vós, quem dizeis que sou eu?”. Não permite que se escondam atrás das opiniões dos outros, mas quer que digam sua própria opinião.

A situação se repete, quase identicamente, nos dias de hoje. Também hoje, “as pessoas”, a opinião pública, têm suas idéias sobre Jesus. Jesus está na moda. vejamos o que acontece no mundo da literatura e do espetáculo. Não passa um ano sem que saia uma novela ou um filme com a própria visão, torcida e dessacralizada, de Cristo. O caso do Código Da Vinci, de Dan Brown, foi o mais clamoroso e está tendo muitos imitadores.

Depois estão os que ficam a meio caminho. Como as pessoas de seu tempo, crêem que Jesus é “um dos profetas”. Uma pessoa fascinante, que se encontra ao lado de Sócrates, Gandhi, Tolstoi. Estou certo de que Jesus não despreza estas respostas, porque se diz dele que “não apaga a chama fumegante e não quebra o caniço rachado”, ou seja, sabe valorizar todo esforço honesto por parte do homem. Mas há uma resposta que não se enquadra, nem sequer na lógica humana. Gandhi ou Tolstoi nunca disseram “eu sou o caminho, a verdade e a vida”, ou também “quem ama seu pai ou sua mãe mais que a mim não é digno de mim”.

Com Jesus não se pode ficar na metade do caminho: ou é o que diz ser, ou é o maior louco exaltado da história. Não há meio termo. Existem edifícios e estruturas metálicas (creio que uma é a torre Eiffel de Paris) feitas de tal maneira que se traslada certo elemento, se derruba tudo. Assim é o edifício da fé cristã, e esse ponto neurálgico é a divindade de Jesus Cristo. Mas deixemos as respostas das pessoas e vamos aos não-crentes. Não basta crer na divindade de Cristo, é necessário também testemunhá-la. Quem o conhece e não dá testemunho dessa fé, mas a esconde, é mais responsável diante de Deus do que quem não tem essa fé. Em uma cena do drama “O pai humilhado”, de Claudel, uma moça judia, linda, mas cega, aludindo ao duplo significado da luz, pergunta a seu amigo cristão: “Vós que vedes, que uso fizestes da luz?”. É uma pergunta dirigida a todos nós que nos confessamos crentes.
Tu és Pedro
A entrega das chaves a Pedro. Sobre isso, a tradição católica sempre foi baseada em fundar a autoridade do Papa sobre toda a Igreja. Alguém poderia dizer: mas o que tem a ver o Papa com tudo isto? Eis a resposta da teologia católica. Se Pedro deve funcionar como “fundamento” e “rocha” da Igreja, continuando a existir a Igreja deve continuar a existir também o fundamento. É impensável que as prerrogativas quase solenes (“a ti darei as chaves do reino dos céus”) se referissem somente aos primeiros vinte ou trinta anos da vida da Igreja e que elas seriam cessadas com a morte do apóstolo. O papel de Pedro se prolonga, portanto em seus sucessores.

Por todo primeiro milênio, este ofício de Pedro foi reconhecido universalmente por todas as Igrejas, ainda que interpretado de forma diversa no Oriente e no Ocidente. Os problemas e as divisões nasceram com o milênio há pouco terminado. E hoje, também nós católicos, admitimos que não são nascidos todos por culpa dos outros, dos considerados “cismáticos”: antes os orientais, depois os protestantes. A primazia instituída por Cristo, como todas as coisas humanas, foi exercitada ora bem ora menos bem. Ao poder espiritual se mesclou, pouco a pouco, um poder político e terreno, e com isso os abusos. O próprio Papa João Paulo II, na carta sobre o ecumenismo, Ut unum sint, indicou a possibilidade de rever as formas concretas com as quais é exercida a primazia do Papa, de modo a tornar novamente possível em torno a isso a concórdia de todas as Igrejas. Como católicos, não podemos não desejar que se prossiga com sempre maior coragem e humildade sobre esta estrada da conversão e da reconciliação, de modo a incrementar a colegialidade desejada pelo Concílio.

Aquilo que não podemos desejar é que o próprio ministério de Pedro, como sinal e fator da unidade da Igreja, seja menor. Seria uma forma de nos privar de um dos dons mais preciosos que Cristo deu à sua Igreja, além de contradizer sua vontade precisa. Pensar que basta à Igreja ter a Bíblia e o Espírito Santo com o qual interpretá-la, para poder viver e difundir o Evangelho, é como dizer que bastaria aos fundadores dos Estados Unidos escreverem a constituição americana e mostrar em si mesmos o espírito com o qual devia ser interpretada, sem prever algum governo para o país. Existiria ainda os Estados Unidos?

Uma coisa que podemos fazer para aplainar a estrada de reconciliação entre as Igrejas é reconciliar-nos com a nossa Igreja. “Tu és Pedro e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja”: Jesus disse a “minha” Igreja, no singular, não as “minhas” Igrejas. Ele pensou e quis uma só Igreja, não uma multiplicidade de Igrejas independentes ou, pior, em luta entre igrejas. “Minha”, além de singular, é também um adjetivo possessivo. Jesus reconhece, portanto a Igreja como “sua”; disse “a minha Igreja” como um homem diria: “a minha esposa”, ou “o meu corpo”. Identifica-se com ela, não se envergonha dela. Sobre os lábios de Jesus, a palavra “Igreja” não tem nenhum daqueles significados negativos que acrescentamos.

Naquela expressão de Cristo, um forte chamado a todos os crentes a reconciliarem-se com a Igreja. Renegar a Igreja é como renegar a própria mãe. “Não pode ter Deus por pai – dizia São Cipriano – quem não tem a Igreja por mãe”. Seria um belo fruto da festa dos santos apóstolos Pedro e Paulo se começássemos a dizer também nós, da Igreja Católica à qual pertencemos: “a minha Igreja!”

sábado, 29 de junho de 2013

Sábado da 12ª Semana Tempo Comum



Jesus cura à distância e perto

Mateus 8,5-17

Naquele tempo:
5 Quando Jesus entrou em Cafarnaum,
um oficial romano aproximou-se dele, suplicando:
6 'Senhor, o meu empregado está de cama, lá em casa,
sofrendo terrivelmente com uma paralisia.'
7 Jesus respondeu: 'Vou curá-lo.'
8 O oficial disse: 'Senhor, eu não sou digno de que entres em minha casa.
Dize uma só palavra e o meu empregado ficará curado.
9 Pois eu também sou subordinado e tenho soldados debaixo de minhas ordens.
E digo a um : 'Vai!', e ele vai; e a outro: 'Vem!', e ele vem;
e digo ao meu escravo: 'Faze isto!', e ele faz.'
10 Quando ouviu isso, Jesus ficou admirado, e disse aos que o seguiam:
'Em verdade, vos digo: nunca encontrei em Israel alguém que tivesse tanta fé.
11 Eu vos digo: muitos virão do Oriente e do Ocidente,
e se sentarão à mesa no Reino dos Céus, junto com Abraão, Isaac e Jacó,

12 enquanto os herdeiros do Reino serão jogados para fora, nas trevas,
onde haverá choro e ranger de dentes.'

13 Então, Jesus disse ao oficial: 'Vai! e seja feito como tu creste.'
E naquela mesma hora o empregado ficou curado.
14 Entrando Jesus na casa de Pedro, viu a sogra dele deitada e com febre.
15 Tocou-lhe a mão, e a febre a deixou. Ela se levantou, e pôs-se a servi-lo.
16 Quando caiu a tarde, levaram a Jesus muitas pessoas possuídas pelo demônio.
Ele expulsou os espíritos, com sua palavra, e curou todos os doentes,
17 para que se cumprisse o que foi dito pelo profeta Isaías:
'Ele tomou as nossas dores e carregou as nossas enfermidades.'

Reflexão 

O evangelho de hoje dá seqüência à descrição das atividades de Jesus para mostrar como ele praticava a Lei de Deus, proclamada no Monte das Bem-aventuranças. Após a cura do leproso do evangelho de ontem (Mt 8,1-4), segue agora a descrição de várias outras curas: 

Mateus 8,5-7: O pedido do centurião e a resposta de Jesus. Ao analisar os textos do evangelho, sempre é bom prestar atenção nos pequenos detalhes. O centurião é um pagão, um estrangeiro. Ele não pede nada, mas apenas informa a Jesus que seu empregado está doente e que sofre horrivelmente. Atrás desta atitude do povo frente à Jesus está a convicção de que não era necessário pedir as coisas a Jesus. Bastava comunicar-lhe o problema. Ele, Jesus, faria o resto. Atitude de ilimitada confiança! De fato, a reação de Jesus é imediata: “Vou com você para curar o seu empregado!”

Mateus 8,8: A reação do centurião. O centurião não esperava um gesto tão imediata e tão generoso. Não esperava que Jesus fosse até à casa dele. E a partir dá sua experiência como capitão tira um exemplo para expressar a fé e a confiança que tinha em Jesus. Ele disse: "Senhor, eu não sou digno de que entres em minha casa. Dize uma só palavra e meu empregado ficará curado. Pois eu também obedeço a ordens e tenho soldados sob minhas ordens. E digo a um: vá, e ele vai; e a outro: venha, e ele vem; e digo ao meu empregado: faça isso, e ele faz”. Esta reação de um estrangeiro diante de Jesus revela como era a opinião do povo a respeito de Jesus. Jesus era alguém no qual eles podiam confiar e que não rejeitaria quem a ele recorresse ou quem a ele revelasse seus problemas. Esta é a imagem de Jesus que o evangelho de Mateus até hoje comunica a nós, seus leitores e leitoras do século XXI. 

Mateus 8,10-13: O comentário de Jesus. O oficial ficou admirado com a reação de Jesus. Jesus ficou admirado com a reação do oficial: "Eu garanto a vocês: nunca encontrei uma fé igual a essa em ninguém de Israel!” E Jesus previu o que já estava acontecendo na época em que Mateus escrevia o seu evangelho: “Eu digo a vocês: muitos virão do Oriente e do Ocidente, e se sentarão à mesa no Reino do Céu junto com Abraão, Isaac e Jacó. Enquanto os herdeiros do Reino serão jogados nas trevas exteriores onde haverá choro e ranger de dentes." A mensagem de Jesus, a nova Lei de Deus proclamada no alto da Montanha das Bem-aventuranças, é uma resposta aos desejos mais profundos do coração humano. Os pagãos sinceros e honestos como o centurião e tantos outros que virão do Oriente ou do Ocidente, percebem em Jesus a resposta aos seus anseios e a acolhem. A mensagem de Jesus não é, em primeiro lugar, uma doutrina ou uma moral, nem um rito ou um conjunto de normas, mas uma experiência profunda de Deus que responde ao que o coração humano deseja. Se hoje muitos se afastam da igreja ou procuram outras religiões, a culpa nem sempre é deles, mas pode ser de nós que não sabemos viver nem irradiar a mensagem de Jesus. 

Mateus 8,14-15: A cura da sogra de Pedro. Jesus entrou na casa de Pedro e curou a sogra dele. Ela estava doente. Na segunda metade do primeiro século, quando Mateus escreve, a expressão “Casa de Pedro” evocava a Igreja, construída sobre a rocha que era Pedro. Jesus entra nesta casa e cura a sogra de Pedro: “Jesus tocou a mão dela, e a febre a deixou. Ela se levantou, e começou a servi-los”. O verbo usado em grego é diakonew, servir. Uma mulher se torna diaconisa na Casa de Pedro. Era o que estava acontecendo nas comunidades daquele tempo. Na carta aos Romanos, Paulo menciona a diaconisa Febe da comunidade de Cencréia (Rm 16,1). Temos muito a aprender dos primeiros cristãos.

Mateus 8,16-17: A realização da profecia de Isaías. Mateus diz que “chegando a noite”, levaram a Jesus muitas pessoas que estavam possuídas pelo demônio. Por que só à noite? É que no evangelho de Marcos, de onde Mateus tirou sua informação, tratava-se de um dia de sábado (Mc 1,21), e o sábado terminava no momento em que aparecia a primeira estrela no céu. Aí, o povo podia sair de casa, carregar peso e levar os doentes até Jesus. E “Jesus, com a sua palavra, expulsou os espíritos e curou todos os doentes! Usando um texto de Isaías, Mateus ilumina o significado deste gesto de Jesus: “Para que se cumprisse o que fora dito pelo profeta Isaías: "Ele tomou as nossas enfermidades e carregou as nossas doenças." Deste modo, Mateus ensina que Jesus era o Messias-Servo, anunciado por Isaías (Is 53,4; cf. Is 42,1-9; 49,1-6; 50,4-9; 52,13-53,12). Mateus fazia o que fazem hoje as nossas comunidades: usa a Bíblia para iluminar e interpretar os acontecimentos e descobrir neles a presença da palavra criadora de Deus.

Para um confronto pessoal
1) Compara a imagem que você tem de Jesus com a do centurião e do povo que andava atrás de Jesus.
2) A Boa Nova de Jesus não é, em primeiro lugar, uma doutrina ou uma moral, nem um rito ou um conjunto de normas, mas uma experiência profunda de Deus que responde ao que o coração humano deseja. Como a Boa Nova de Jesus repercute em você, na sua vida e no seu coração?

sexta-feira, 28 de junho de 2013

6ª-feira da 12ª Semana Tempo Comum



Eu quero, fica limpo

Mateus 8,1-4

Tendo Jesus descido do monte, numerosas multidões o seguiam.
2 Eis que um leproso se aproximou e se ajoelhou diante dele, dizendo:
'Senhor, se queres, tu tens o poder de me purificar.'
3 Jesus estendeu a mão, tocou nele e disse:
'Eu quero, fica limpo.'
No mesmo instante, o homem ficou curado da lepra.
4 Então Jesus lhe disse:
'Olha, não digas nada a ninguém, mas vai mostrar-te ao sacerdote,
e faze a oferta que Moisés ordenou, para servir de testemunho para eles.'


Reflexão 

Nos capítulos 5 a 7 ouvimos as palavras da nova Lei proclamada por Jesus no alto da Montanha. Agora, nos capítulos 8 e 9, Mateus mostra como Jesus praticava aquilo que acabava de ensinar. Nos evangelhos de hoje (Mt 8,1-4) e de amanhã (Mt 8,5-17), vamos ver de perto os seguintes episódios que revelam como Jesus praticava a lei: a cura de um leproso (Mt 8,1-4), a cura do servo do centurião romano (Mt 8,5-13), a cura da sogra de Pedro (Mt 8,14-15) e a cura de inúmeros doentes (Mt 8,14-17). 

Mateus 8,1-2: O leproso pede: “Senhor, basta querer para eu ser curado!”  Um leproso chega perto de Jesus. Era um excluído. Quem tocasse nele também ficava impuro! Por isso, os leprosos deviam viver afastados (Lv 13,45-46). Mas aquele leproso teve muita coragem. Ele transgrediu as normas da religião para poder entrar em contato com Jesus. Chegando perto, ele diz: Se queres, podes curar-me! Ou seja: “Não precisa tocar-me! Basta o senhor querer para eu ficar curado!” Esta frase revela duas doenças: 1) a doença da lepra que o tornava impuro; 2) a doença da solidão a que era condenado pela sociedade e pela religião. Revela também a grande fé do homem no poder de Jesus. 


Mateus 8,3: Jesus tocou nele e disse: Quero! Seja purificado. Profundamente compadecido, Jesus cura as duas doenças. Primeiro, para curar a solidão, antes de dizer qualquer palavra, ele toca no leproso. É como se dissesse: “Para mim, você não é um excluído. Não tenho medo de ficar impuro tocando em você. Eu te acolho como irmão!” Em seguida, cura a lepra dizendo: Quero! Seja curado! O leproso, para poder entrar em contato com Jesus, tinha transgredido as normas da lei. Da mesma forma, Jesus, para poder ajudar aquele excluído e, assim, revelar um novo rosto de Deus, transgride as normas da sua religião e toca no leproso. 

Mateus 8,4: Jesus manda o homem conversar com os sacerdotes. Naquele tempo, para um leproso poder ser readmitido na comunidade, ele precisava ter um atestado de cura confirmado por um sacerdote. É como hoje. O doente só sai do hospital com o documento assinado pelo médico de plantão. Jesus obrigou o fulano a buscar o documento, para que ele pudesse conviver normalmente. Obrigou as autoridades a reconhecer que o homem tinha sido curado. Jesus não só cura, mas também quer que a pessoa curada possa conviver. Reintegra a pessoa na convivência fraterna. O evangelho de Marcos acrescenta que o homem não se apresentou aos sacerdotes. Pelo contrário, “assim que partiu, (o leproso) começou a divulgar a notícia, de modo que Jesus já não podia entrar publicamente numa cidade. Permanecia fora, em lugares desertos (Mc 1,45). Por que Jesus já não podia entrar publicamente numa cidade? É que ele tinha tocado no leproso e tornou-se impuro perante as autoridades religiosas e perante a lei da época. Por isso, agora, o próprio Jesus era um impuro e devia viver afastado de todos. Já não podia entrar nas cidades. Mas Marcos mostra que o povo pouco se importava com estas normas oficiais, pois de toda a parte vinham a Jesus! Subversão total! O recado que Marcos nos dá é este: para levar a Boa Nova de Deus ao povo, não se deve ter medo de transgredir normas religiosas que são contrárias ao projeto de Deus e que impedem a fraternidade e a vivência do amor. Mesmo que isto traga dificuldades para a gente, como trouxe para Jesus. 

Em Jesus, tudo é revelação daquilo que o anima por dentro! Ele não só anuncia a Boa Nova do Reino. Ele mesmo é uma amostra, um testemunho vivo do Reino, uma revelação de Deus. Nele aparece aquilo que acontece quando um ser humano deixa Deus reinar, tomar conta de sua vida. 


Para um confronto pessoal
1) Em nome da Lei de Deus, os leprosos eram excluídos e não podiam conviver. Na nossa igreja existem costumes e normas não escritas que, até hoje, marginalizam pessoas e as excluem da convivência e da comunhão. Você conhece pessoas assim? Qual a sua opinião a respeito disso?
2) Jesus teve coragem de tocar no leproso. Você teria essa coragem?

quinta-feira, 27 de junho de 2013

5ª-feira da 12ª Semana Tempo Comum



Como fazer a vontade do Pai?



Mateus 7,21-29

Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos:
2l Nem todo aquele que me diz: 'Senhor, Senhor',
entrará no Reino dos Céus, mas o que põe em prática
a vontade de meu Pai que está nos céus.

22 Naquele dia, muitos vão me dizer:
'Senhor, Senhor, não foi em teu nome que profetizamos?
Não foi em teu nome que expulsamos demônios?
E não foi em teu nome que fizemos muitos milagres?'

23 Então eu lhes direi publicamente: 'Jamais vos conheci.
Afastai-vos de mim, vós que praticais o mal.

24 Portanto, quem ouve estas minhas palavras e as põe em prática,
é como um homem prudente, que construiu sua casa sobre a rocha.

25 Caiu a chuva, vieram as enchentes, os ventos deram contra a casa,
mas a casa não caiu, porque estava construída sobre a rocha.

26 Por outro lado, quem ouve estas minhas palavras e não as põe em prática,
é como um homem sem juízo, que construiu sua casa sobre a areia.

27 Caiu a chuva, vieram as enchentes, os ventos sopraram e deram contra a casa,
e a casa caiu, e sua ruína foi completa!'

28 Quando Jesus acabou de dizer estas palavras,
as multidões ficaram admiradas com seu ensinamento.
29 De fato, ele as ensinava como quem tem autoridade e não como os mestres da lei.


Reflexão 

O Evangelho de hoje traz a parte final do Sermão da Montanha: (1) não basta falar e cantar, é preciso viver e praticar (Mt 7,21-23). (2) A comunidade construída em cima do fundamento da nova Lei do Sermão da Montanha ficará em pé na hora da tempestade (Mt 7,24-27). (3) O resultado das palavras de Jesus nas pessoas é uma consciência mais crítica com relação aos líderes religiosos, os escribas (Mt 7,28-29). 

Este final do Sermão da Montanha desenvolve algumas oposições ou contradições que continuam atuais até nos dias de hoje:
(1) Há pessoas que falam continuamente de Deus, mas se esquecem de fazer a vontade de Deus; usam o nome de Jesus, mas não traduzem em vida sua relação com o Senhor (Mt 7,21).
(2) Há pessoas que vivem na ilusão de estarem trabalhando para o Senhor, mas no dia do encontro definitivo com Ele, descobrem, tragicamente, que nunca o conheceram (Mt 7,22-23). As duas parábolas finais do Sermão da Montanha, da casa construída sobre a rocha (Mt 7,24-25) e da casa construída sobre a areia (Mt 7,26-27), ilustram estas contradições. Por meio delas Mateus denuncia e, ao mesmo tempo, tenta corrigir a separação entre fé e vida, entre falar e fazer, entre ensinar e praticar. 


Mateus 7,21: Não basta falar, é preciso praticar. O importante não é falar bonito sobre Deus ou saber explicar bem a Bíblia para os outros, mas é fazer a vontade do Pai e, assim, ser uma revelação do seu rosto e da sua presença no mundo. A mesma recomendação foi dada por Jesus àquela mulher que elogiou Maria, sua mãe. Jesus respondeu: “Felizes os que ouvem a Palavra e a põem em prática” (Lc 11,28).

Mateus 7,22-23: Os dons devem estar a serviço do Reino, da comunidade. Havia pessoas com dons extraordinários como, por exemplo, o dom da profecia, do exorcismo, das curas, mas elas usavam os dons para si mesmas, fora do contexto da comunidade. No julgamento, elas ouvirão uma sentença dura de Jesus: "Afastem-se de mim vocês que praticam a iniqüidade!". Iniqüidade é o oposto de justiça. É fazer com Jesus o que alguns doutores faziam com a lei: ensinavam mas não praticavam (Mt 23,3). Paulo dirá a mesma coisa com outras palavras e argumentos: “Ainda que eu tivesse o dom da profecia, o conhecimento de todos os mistérios e de toda a ciência; ainda que eu tivesse toda a fé, a ponto de transportar montanhas, se não tivesse o amor, eu não seria nada. Ainda que eu distribuísse todos os meus bens aos famintos, ainda que entregasse o meu corpo às chamas, se não tivesse o amor, nada disso me adiantaria”. (1Cor 13,2-3).


Mateus 7,24-27: A parábola da casa na rocha. Ouvir e praticar, esta é a conclusão final do Sermão da Montanha. Muita gente procurava sua segurança nos dons extraordinários ou nas observâncias. Mas a segurança verdadeira não vem do prestígio nem das observâncias, não vem de nada disso. Ela vem de Deus! Vem do amor de Deus que nos amou primeiro (1Jo 4,19). Seu amor por nós, manifestado em Jesus ultrapassa tudo (Rom 8,38-39). Deus se torna fonte de segurança, quando procuramos praticar a sua vontade. Aí, Ele será a rocha que nos sustenta na hora das dificuldades e das tempestades. 

Mateus 7,28-29: Ensinar com autoridade. O evangelista encerra o Sermão da Montanha dizendo que a multidão ficou admirada com o ensinamento de Jesus, porque "ele ensinava com autoridade, e não como os escribas". O resultado do ensino de Jesus é a consciência mais crítica do povo com relação às autoridades religiosas da época. Suas palavras simples e claras brotavam da sua experiência de Deus, da sua vida entregue ao Projeto do Pai. O povo estava admirado e aprovava os ensinamentos de Jesus. 


Comunidade: casa na rocha. No livro dos Salmos, frequentemente encontramos a expressão: “Deus é a minha rocha e a minha fortaleza... Meus Deus, rocha minha, meu refúgio, meu escudo, força que me salva...”(Sl 18,3). Ele é a defesa e a força de quem nele acredita e busca a justiça (Sl 18,21.24). As pessoas que confiam neste Deus, tornam-se, por sua vez, uma rocha para os outros. Assim, o profeta Isaías faz um convite ao povo que estava no cativeiro: "Vocês que estão à procura da justiça e que buscam a Deus! Olhem para a rocha da qual foram talhados, para a pedreira da qual foram extraídos. Olhem para Abraão, seu pai, e para Sara, sua mãe” (Is 51,1-2). O profeta pede para o povo não esquecer o passado. O povo deve lembrar como Abraão e Sara pela fé em Deus se tornaram rocha, começo do povo de Deus. Olhando para esta rocha, o povo devia criar coragem para lutar e sair do cativeiro. Do mesmo modo, Mateus exorta as comunidades para que tenham como alicerce a mesma rocha (Mt 7,24-25) e possam, dessa maneira, elas mesmas ser rocha para fortalecer os seus irmãos e irmãs na fé. Este é o sentido do nome que Jesus deu a Pedro: “Você é Pedro e sobre esta pedra construirei a minha Igreja” (Mt 16,18). Esta é a vocação das primeiras comunidades, chamadas a unir-se a Jesus, a pedra viva, para tornarem-se, também elas, pedras vivas pela escuta e pela prática da Palavra (Pd 2,4-10; 2,5; Ef 2,19-22).

Para um confronto pessoal
1) Como a nossa comunidade equilibra oração e ação, louvor e prática, falar e fazer, ensinar e praticar? O que deve melhorar na nossa comunidade, para que ela seja rocha, casa segura e acolhedora para todos?
2) Qual a rocha que sustenta a nossa Comunidade? Qual o ponto em que Jesus mais insiste?

quarta-feira, 26 de junho de 2013

4ª-feira da 12ª Semana Tempo Comum



Pelos seus frutos vós os conhecereis

Mateus 7,15-20

Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos:
15 Cuidado com os falsos profetas:
Eles vêm até vós vestidos com peles de ovelha, mas por dentro são lobos ferozes.

16 Vós os conhecereis pelos seus frutos.
Por acaso se colhem uvas de espinheiros  ou figos de urtigas?

17 Assim, toda árvore boa produz frutos bons,
e toda árvore má, produz frutos maus.

18 Uma árvore boa não pode dar frutos maus,
nem uma árvore má pode produzir frutos bons.

19 Toda árvore que não dá bons frutos é cortada e jogada no fogo.
20 Portanto, pelos seus frutos vós os conhecereis.

Reflexão 

Estamos chegando às recomendações finais do Sermão da Montanha. Comparando o evangelho de Mateus com o de Marcos percebe-se uma grande diferença na maneira de os dois apresentarem o ensinamento de Jesus. Mateus insiste mais no conteúdo do ensinamento e o organizou em cinco grande discursos, dos quais o Sermão da Montanha é o primeiro (Mt 5 a 7). Marcos, por mais de quinze vezes, diz que Jesus ensinava, mas raramente diz o que ele ensinava. Apesar destas diferenças, os dois concordam num ponto: Jesus ensinava muito. Ensinar era o que Jesus mais fazia (Mc 2,13; 4,1-2; 6,34). Era o costume dele (Mc 10,1). Mateus se interessava pelo conteúdo. Será que Marcos não se interessava pelo conteúdo? Depende do que entendemos por conteúdo! Ensinar não é só uma questão de comunicar verdades para o povo aprender de memória. O conteúdo não está só nas palavras, mas também nos gestos e no próprio jeito de Jesus se relacionar com as pessoas. O conteúdo nunca está desligado da pessoa que o comunica. Ela, a pessoa, é a raiz do conteúdo. A bondade e o amor que transparecem nas palavras e gestos de Jesus fazem parte do conteúdo. São o seu tempero. Conteúdo bom sem bondade é como leite derramado. Não convence e não à conversão. 

As recomendações finais e o resultado do Sermão da Montanha na consciência do povo ocupam o evangelho de hoje (Mt 7,15-20) e o de amanhã (Mt 7,21-29). (A seqüência dos evangelhos diários da semana nem sempre é a mesma dos próprios evangelhos.)
- Mateus 7,13-14: Escolher o caminho certo
- Mateus 7,15-20: O profeta se conhece pelos frutos
- Mateus 7,21-23: Não só falar, também praticar
- Mateus 7,24-27: Construir a casa na rocha
- Mateus 7,28-29: A nova consciência do povo

Mateus 7,15-16ª : Cuidado com os falsos profetas. No tempo de Jesus, havia profetas de todo tipo, pessoas que anunciavam mensagens apocalípticas para envolver o povo nos vários movimentos daquela época: essênios, fariseus, zelotes e outros (cf. At 5,36-37). No tempo em que Mateus escreve também havia profetas que anunciavam mensagens diferentes da mensagem proclamada pelas comunidades. As cartas de Paulo mencionam estes movimentos e tendências (cf 1Cor 12,3; Gal 1,7-9; 2,11-14;6,12). Não deve ter sido fácil para as comunidades fazer o discernimento dos espíritos. Daí a importância das palavras de Jesus sobre os falsos profetas. A advertência de Jesus é muito forte: "Cuidado com os falsos profetas: eles vêm a vocês vestidos com peles de ovelha, mas por dentro são lobos ferozes”. A mesma imagem é usada quando Jesus envia os discípulos e as discípulas para a missão: “Mando vocês como cordeiros no meio de lobos” (Mt 10,16 e Lc 10,3). A oposição entre lobo voraz e manso cordeiro é irreconciliável, a não ser que o lobo se converta e perca a sua agressividade como sugere o profeta Isaías (Is 11,6; 65,25). O que importa aqui no nossos texto é o dom do discernimento. Não é fácil discernir os espíritos. Às vezes, acontece que interesses pessoais ou grupais levam as pessoas a proclamar como falsos aqueles profetas que anunciam a verdade que incomoda. Isto aconteceu com o próprio Jesus. Ele foi eliminado e morto como falso profeta pelas autoridades religiosas da época. De vez em quando, o mesmo aconteceu e continua acontecendo na nossa igreja.

Mateus 7,16b-20 : A comparação da árvore e seus frutos. Para ajudar no discernimento dos espíritos, Jesus usa a comparação do fruto: “Vocês os conhecerão pelos frutos”. Um critério semelhante já tinha sido sugerido pelo livro do Deuteronômio (Dt 18,21-22). E Jesus acrescenta: “Uma árvore boa não pode dar frutos maus, e uma árvore má não pode dar bons frutos. 19 Toda árvore que não der bons frutos, será cortada e jogada no fogo”. No evangelho de João, Jesus completa a comparação: “Todo ramo que não dá fruto em mim, o Pai o corta. Os ramos que dão fruto, ele os poda para que dêem mais fruto ainda. O ramo que não fica unido à videira não pode dar fruto. Esses ramos são ajuntados, jogados no fogo e queimados." (Jo 15,2.4.6)

Para um confronto pessoal
1) Falsos profetas! Conhece algum caso em que uma pessoa boa e honesta que proclamava uma verdade incômoda foi condenada como falso profeta?
2) A julgar pelos frutos da árvore da sua vida pessoal, como você se define: falso ou verdadeiro?

terça-feira, 25 de junho de 2013

3ª-feira da 12ª Semana Tempo Comum



Difícil o caminho que leva à vida!

Mateus 7,6.12-14

Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos:
6 Não deis aos cães as coisas santas, nem atireis vossas pérolas aos porcos;
para que eles não as pisem com os pés e, voltando-se contra vós, vos despedacem.

12 Tudo quanto quereis que os outros vos façam, fazei também a eles.
Nisto consiste a Lei e os Profetas.

13 Entrai pela porta estreita, porque larga é a porta
e espaçoso é o caminho que leva à perdição, e muitos são os que entram por ele!

14 Como é estreita a porta e apertado o caminho que leva à vida!
E são poucos os que o encontram!


Reflexão

O texto do Evangelho de hoje faz parte do capítulo 7 de Mateus que trata da nova maneira de viver em comunidade dos discípulos de Jesus. 


Mateus 7, 6: “Não deis as coisas santas aos cães”. No mundo hebraico, cães e porcos são símbolos de impureza, vício e desprezo (cfr. Lv 11,2.7). Imagens que a cultura ocidental dos primeiros séculos assumiu como metáfora de todo excesso, da ignorância e até de tentação demoníaca. Jesus aconselha que “as coisas santas, as pérolas”, os seja o tesouro do reino, a Palavra de Deus, a fé não sejam pisados por pessoas e coisas negativas. Que o coração do cristão não seja invadido pelo vício e pelo mal. É um apelo a viver a plenitude da mensagem do amor em comunidade e a defender estes valores. Mas ao mesmo tempo, Jesus não pede um fechamento egoísta na defesa destes valores. Eles devem ser apresentados também aos outros para que “vejam as vossas boas obras e glorifiquem o Pai que está no céu”.

Mateus 7, 12: A nova convivência comunitária: a Regra de Ouro. A Lei e os Profetas, afirma Jesus no Evangelho de hoje, podem ser resumidos nesta frase: “Tudo quanto quereis que os outros vos faça, fazei também a eles” (Mt.7,11-12). Em outro texto, também muito conhecido, ao doutro da Lei que lhe pede qual seja o maior mandamento, Jesus responde: "Amarás o Senhor teu Deus com todo o coração, com toda a tua alma e com toda a tua mente. E o segundo é semelhante ao primeiro: Amaras o teu próximo como a ti mesmo" (Mt.22,37.39). As duas afirmações de Jesus são complementares: de fato que os homens querem para si a não ser serem amados? O mandamento do Amor é realmente inserido em nós e seria suficiente voltara para o próprio coração para encontrá-lo. 


Mateus 7, 13-14: Recomendações finais: escolher o caminho seguro. Mas eis de depois Jesus acrescenta: “Como é estreita a porta e apertado o caminho que Eva à vida! E são poucos os que a encontram”. Se, de fato, é fácil constatar que o único verdadeiro desejo de todo homem é o amor, é também mais fácil constatar a verdade daquilo que afirma São Paulo: “Eu ao faço o bem que quero, mas o mal que não quero” (Rm .7,19). “Entrai pela porta estreita” (Mt.7,13), exorta, pois, Jesus. Esta "porta estreita" é evidentemente a cruz: amor, de fato, é renegar a si mesmo, esquecer de si mesmo e cuidar do outro.


Para uma avaliação pessoal
1. Como avalio o Reino de Deus, a Palavra de Deus e a minha fé? Como algo descartável ou algo que dá firmeza à minha vida?
2. No meu dia-a-dia como aplico a Regra de Ouro nas minhas relações com os outros?

segunda-feira, 24 de junho de 2013

24.06 - Evangelho da Natividade de São João Batista, Solenidade



NASCEU PARA PREPARAR O CAMINHO DO SENHOR

Lucas 1,57-66.80

Completou-se o tempo da gravidez de Isabel, e ela deu à luz um filho.58 Os vizinhos e parentes ouviram dizer como o Senhor tinha sido misericordiosopara com Isabel, e alegraram-se com ela.59 No oitavo dia, foram circuncidar o menino,e queriam dar-lhe o nome de seu pai, Zacarias.60 A mãe porém disse: 'Não! Ele vai chamar-se João.'61 Os outros disseram: 'Não existe nenhum parente teu com esse nome!'62 Então fizeram sinais ao pai,perguntando como ele queria que o menino se chamasse.63 Zacarias pediu uma tabuinha, e escreveu: 'João é o seu nome.'64 No mesmo instante, a boca de Zacarias se abriu,sua língua se soltou, e ele começou a louvar a Deus.65 Todos os vizinhos ficaram com medo,e a notícia espalhou-se por toda a região montanhosa da Judéia.66 E todos os que ouviam a notícia, ficavam pensando: 'O que virá a ser este menino?'De fato, a mão do Senhor estava com ele.
80 O menino crescia e seu espírito se fortalecia. Ele vivia nos desertos, até o dia de se apresentar publicamente diante de Israel.


Reflexão

Nos capítulos 1 e 2 do seu evangelho, Lucas descreve o anúncio e o nascimento de dois meninos, João e Jesus, que vão ocupar um papel importante na realização do projeto de Deus. O que Deus iniciou no AT começa a ser realizado por meio deles. Por isso, nestes dois capítulos, Lucas evoca muitos fatos e pessoas do AT e ele chega a imitar o estilo do AT. É para sugerir que com o nascimento destes dois meninos a história faz a grande curva e inicia a realização das promessas de Deus por meio de João e de Jesus e com a colaboração dos pais Isabel e Zacarias e Maria e José.

* Existe certo paralelismo entre o anúncio e o nascimento dos dois meninos:
1. O anúncio do nascimento de João (Lc 1,5-25) e de Jesus (Lc 1,26-38)
2. As duas mães grávidas se encontram e experimentam a presença de Deus (Lc 1,27-56)
3. O nascimento de João (Lc 1,57-58) e de Jesus (Lc 2,1-20)
4. A circuncisão na comunidade de João (Lc 1,59-66) e de Jesus (Lc 2,21-28)
5. O canto de Zacarias (Lc 1,67-79) e o canto de Simeão com a profecia de Ana (Lc 2,29-32)
6. A vida oculta de João (Lc 1,80) e de Jesus (Lc 2,39-52)


Lucas 1,57-58: Nascimento de João Batista. Completou-se para Isabel o tempo do parto e ela deu à luz um filho. Os vizinhos e parentes ouviram dizer como o Senhor tinha sido bom para Isabel, e se alegraram com ela”. Como tantas mulheres do AT, Isabel era estéril: Como Deus teve piedade de Sara (Gn 16,1; 17,17; 18,12), de Raquel (Gn 29,31) e de Ana (1Sam 1,2.6.11) transformando a esterilidade em fecundidade, assim Ele teve piedade de Isabel, e ela concebeu um filho. Grávida, Isabel escondeu-se durante cinco meses. Quando, depois de cinco meses, o povo pôde verificar no corpo dela como Deus tinha sido bom para Isabel, todos se alegraram com ela. Este ambiente comunitário em que todos se envolvem com a vida dos outros, tanto na alegria como na dor, é o ambiente em que João e Jesus nasceram, cresceram e receberam a sua formação. Um ambiente assim marca a personalidade das pessoas pelo resto da sua vida. É este ambiente comunitário que mais nos falta hoje.

Lucas 1,59: Dar o nome no oitavo. No oitavo dia, foram circuncidar o menino, e queriam dar-lhe o nome de seu pai, Zacarias”. O envolvimento da comunidade na vida da família de Zacarias, Isabel e João é tanto que os parentes e vizinhos chegam a interferir até na escolha do nome do menino. Querem dar ao menino o nome do pai: Zacarias!” Zacarias quer dizer: Deus se lembrou. Talvez quisessem expressar a gratidão a Deus por Ele ter se lembrado de Isabel e de Zacarias e por ter-lhes dado um filho na velhice. 

Lucas 1,60-63: O nome dele será João! Mas Isabel intervém e não permite os parentes tomarem a dianteira na questão do nome. Lembrando o anúncio do nome pelo anjo a Zacarias (Lc 1,13), ela diz: "Não! Ele vai se chamar João". Num lugar pequeno como Ain Karem na serra da Judéia, o controle social é muito forte. E quando uma pessoa sai fora dos costumes normais do lugar, ela é criticada. Isabel não seguiu os costumes do lugar e escolheu um nome fora dos padrões normais. Por isso, os parentes e vizinhos reclamam: "Você não tem nenhum parente com esse nome!" Os parentes não cedem com facilidade e fazem sinais ao pai para saber dele como quer que o menino seja chamado. Zacarias pediu uma tabuinha, e escreveu: "O nome dele é João." Todos ficaram admirados, pois deviam ter percebido algo do mistério que Deus que envolvia o nascimento do menino.

É esta percepção que o povo teve do mistério de Deus presente nos fatos tão comuns da vida, que Lucas quer comunicar a nós, seus leitores e leitoras. Na sua maneira de descrever os acontecimentos, Lucas não é como o fotógrafo que só registra o que os olhos podem ver. Ele é como quem usa o Raio-X que registra aquilo que os olhos não podem ver. Lucas lê os fatos com o Raio-X da fé que revela o que o olhar comum não percebe.

Lucas 1,64-66: A notícia do menino se espalha. No mesmo instante, a boca de Zacarias se abriu, sua língua se soltou, e ele começou a louvar a Deus. Todos os vizinhos ficaram com medo, e a notícia se espalhou por toda a região montanhosa da Judéia. E todos os que ouviam a notícia, ficavam pensando: "O que será que esse menino vai ser?" De fato, a mão do Senhor estava com ele”. A maneira de Lucas descrever os fatos evoca as circunstâncias do nascimento de pessoas que no AT tiveram um papel importante na realização do projeto de Deus e cuja infância já parecia marcada pelo destino privilegiado que iam ter: Moisés (Ex 2,1-10), Sansão (Jz 13,1-4 e 13,24-25), Samuel (1Sam 1,13-28 e 2,11).

* Quanto mais conhecimento você conseguir acumular do Antigo Testamento, mais evocações vai descobrir nos escritos de Lucas. Os dois primeiros capítulos do seu Evangelho não são histórias no sentido em que nós hoje entendemos a história. Funcionam mais como espelho para ajudar os leitores e leitoras a descobrir que João e Jesus tinham vindo realizar as profecias do Antigo Testamento. Lucas quer mostrar como Deus, através dos dois meninos, veio atender às mais profundas aspirações do coração humano. De um lado, Lucas mostra que o Novo realiza o que o Antigo prefigurava. De outro lado, ele mostra que o novo ultrapassa o antigo e não corresponde em tudo ao que o povo do Antigo Testamento imaginava e esperava. Na atitude de Isabel e Zacarias, de Maria e José, Lucas apresenta um modelo de como se converter e acreditar no Novo que está chegando.



A Igreja celebra o nascimento de João como algo sagrado, e é o único nascimento que se festeja: celebramos o nascimento de João e o de Cristo e o seu nascimento foi motivo de alegria para muitos.

Quando São João Batista nasceu, a Virgem Maria estava em sua casa. Quanta alegria e doçura reinavam naquele lar. Os dias da Virgem em casa de Zacarias foram de grande gozo para todos. Maria dava um novo sentido aos pequenos sucessos quotidianos. Esta alegria contagiosa, de que participavam vizinhos e parentes.Os vizinhos e os parentes ouviram dizer que Deus a cumulara com sua misericórdia e com ela se alegraram.

Os vizinhos e parentes se alegraram por Isabel ter sido agraciada por Deus: Não temas, Zacarias, porque a tua súplica foi ouvida, e Isabel, tua mulher, vai te dar um filho, ao qual porás o nome de João. Terás alegria e regozijo, e muitos se alegrarão com o seu nascimento. Pois ele será grande diante do Senhor; não beberá vinho, nem bebida embriagante; ficará pleno do Espírito Santo ainda no seio de sua mãe (Lc 1, 13-15).

Hoje, infelizmente, muitos se enchem de inveja e de ódio, quando ficam sabendo que uma pessoa recebeu alguma graça ou que está progredindo na vida. Essa é a atitude de pessoas amigas e discípulas do demônio.

 
Tu sabes quais são os sinais para saber se uma pessoa é invejosa?

1º Alegrar-se com o mal alheio. Se você percebe que uma pessoa se alegra com a desgraça do próximo, que sente prazer por qualquer insucesso ou fracasso do próximo, então já descobriu uma pessoa invejosa. Em 1 Pd 2, 1 diz: Rejeitai… qualquer espécie de inveja. Cuidado com esse tipo de gente; isto é, cuidado com a pessoa que se alegra com o mal alheio, a mesma é pior que o diabo. Os invejosos são piores que o diabo, pois o diabo não inveja os outros diabos, ao passo que os homens não respeitam sequer os participantes da sua própria natureza.

2º Entristecer-se com o bem alheio. Se você percebe que uma pessoa se entristece, só porque viu alguém subir de cargo, tome cuidado, ela é invejosa e venenosa. O invejoso não consegue se controlar diante do sucesso do próximo, ele fica inquieto e se transforma num monstro: Enruga a testa, cerra os dentes, torce o nariz, fica com o semelhante azedo e olhos fixos no chão. A inveja quando não destrói o invejado, tira a paz do invejoso!

3º Reprimir os louvores dados aos outros. O invejoso não suporta ouvir ninguém ser elogiado, logo diz algo contra a pessoa que foi elogiada; o mesmo encontra defeito em tudo. Aos olhos do invejoso qualquer defeito dos outros é grande. O invejoso também vê o bem, mas sempre com maus olhos. Até das pessoas santas o invejoso tenta tirar alguma coisa, não podendo negar o louvor aos santos, ele o faz com avareza e reserva. Quanta maldade!

4º Falar mal do próximo. A língua do invejoso se assemelha a uma metralhadora incontrolável; a sua inveja é tão grande, que ele fala mal do próximo publicamente e também em segredo; quanto aos defeitos dos outros, o invejoso sempre aumenta ou inventa. Da inveja nascem o ódio, a maledicência e a calúnia.

 
No Antigo Testamento a circuncisão era um rito instituído por Deus para assinalar como com uma marca e contra-senha os que pertenciam ao povo eleito. Deus mandou a circuncisão a Abraão como sinal da Aliança que estabelecia com ele e com toda a sua descendência (cfr Gn 17, 10-14), e prescreveu que se realizasse no oitavo dia do nascimento. O rito realizava-se na casa paterna ou na sinagoga, e além da operação sobre o corpo do menino, incluía bênçãos e a imposição do nome.

Com a instituição do batismo cristão cessou o mandamento da circuncisão. Os Apóstolos, no concílio de Jerusalém (cfr At 15, 1 ss.), declararam definitivamente abolida a necessidade do antigo rito para os que se incorporassem na Igreja.



A libertação da voz de Zacarias, no nascimento de João, é o mesmo que o rasgar-se do véu do templo, pela cruz de Cristo. Se se anunciasse a si mesmo, João não abriria a boca de Zacarias. Se solta a língua, porque nasce a voz; pois aos que disseram a João, já a prenunciar o Senhor. Com razão se soltou em seguida a sua língua, porque a fé desatou o que tinha atado a incredulidade. É um caso semelhante ao do apóstolo São Tomé, que tinha resistido a crer na Ressurreição do Senhor, e acreditou depois das provas evidentes que lhe deu Jesus ressuscitado (cfr Jo 20, 24-29). Com estes dois homens, Deus faz o milagre e vence a sua incredulidade; mas ordinariamente Deus exige-nos fé e obediência sem realizar novos milagres. Por isso repreendeu e castigou Zacarias, e censurou o apóstolo Tomé: Porque Me viste acreditaste; bem-aventurados os que sem ter visto acreditaram (Jo 20, 29).

As pessoas ali presentes compreenderam que estavam diante de algo sobrenatural, ainda que não tivessem um conhecimento completo do que estava a suceder: “… e por toda a região montanhosa da Judéia comentavam-se esses fatos”. E diziam: “Que virá a ser esse menino? ’ E, de fato, a mão do Senhor estava com ele”.

Que São João Batista abra os nossos olhos e a nossa língua, porque estamos cegos e mudos espiritualmente, os vícios nos cegaram, taparam e não conseguimos enxergar a e falar da grandeza de sua vida de santidade.

Como João Batista, Deus nos chama no seio de nossa mãeDeus conheceu-nos e amou-nos ainda antes que os nossos olhos pudessem contemplar as maravilhas da criação. Mas ainda antes, ele possui um nome divino: o nome com que Deus Pai o conhece e o ama desde sempre e para sempre. É assim para todos, sem excluir ninguém. Nenhum homem é anônimo para Deus! Aos seus olhos, todos temos o mesmo valor: todos diferentes, mas todos iguais, todos chamados a serem filhos no Filho. (...) Zacarias confirma aos parentes admirados o nome do filho, escrevendo-o numa tábua. O próprio Deus, através do seu anjo, indicara aquele nome, que em hebraico significa “Deus é favorável”. Deus é favorável ao homem: quer a sua vida, a sua salvação. Deus é favorável ao seu povo: quer fazer dele uma bênção para todas as nações da terra. Deus é favorável à humanidade: guia o seu caminho rumo à terra onde reinam paz e justiça. Tudo isto está inscrito naquele nome: João!” (Papa João Paulo II, Ucrânia: 24.06.2001).



João Batista veio aplainar os caminhos do Senhor. “Todo o ensinamento e a obra de João eram preparatórias da obra de Cristo, como a do aprendiz e do operário inferior é preparar a matéria para receber a forma que há de introduzir o principal artífice” (São Tomás de aquino).

Finalmente, com João Batista, o Espírito Santo inaugura, em prefiguração, aquilo que vai realizar com e em Cristo: restituir ao homem «a semelhança» divina. O batismo de João era para o arrependimento: o Batismo na água e no Espírito será um novo nascimento” (Catecismo: 720).


PAPA BENTO XVI: ANGELUS, Domingo, 24 de Junho de 2007
Solenidade da Natividade de São João Batista


Queridos irmãos e irmãs!
Hoje, 24 de Junho, a liturgia convida-nos a celebrar a solenidade do Nascimento de São João Batista, cuja vida está toda orientada para Cristo, como a da mãe d'Ele, Maria. João Batista foi o precursor, a "voz" enviada para anunciar o Verbo encarnado. Por isso, comemorar o seu nascimento significa na realidade celebrar Cristo, cumprimento das promessas de todos os profetas, dos quais o Batista foi o maior, chamado para "preparar o caminho" diante do Messias (cf. Mt 11, 9-10).

Todos os Evangelhos iniciam a narração da vida pública de Jesus com a narração do seu batismo no rio Jordão por obra de João. São Lucas situa a entrada em cena do Batista com uma moldura histórica solene. Também o meu livro Jesus de Nazaré se inspira no batismo de Jesus no Jordão, acontecimento que teve grande ressonância no seu tempo. De Jerusalém e de todas as partes da Judeia o povo acorria para ouvir João Batista e fazer-se batizar por ele no rio, confessando os próprios pecados (cf. Mc 1, 5). A fama do profeta batizador cresceu a tal ponto que muitos perguntavam se era ele o Messias. Mas ele ressalta o evangelista negou-o decididamente: "Eu não sou o Messias" (Jo 1, 20). Contudo, ele permanece a primeira "testemunha" de Jesus, tendo recebido a indicação do Céu: "Aquele sobre Quem vires o Espírito descer e permanecer é que batiza no Espírito Santo" (Jo 1, 33). Isto acontece precisamente quando Jesus, tendo recebido o batismo, saiu da água: João viu descer sobre Ele o Espírito como uma pomba. Foi então que "conheceu" a plena realidade de Jesus de Nazaré, e começou a dá-lo a "conhecer a Israel" (Jo 1, 31), indicando-o como Filho de Deus e redentor do homem: "Eis o cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo" (Jo 1, 29).

De profeta autêntico, João deu testemunho da verdade sem condescendências. Denunciou as transgressões dos mandamentos de Deus, também quando os protagonistas eram os poderosos.

Assim, quando acusou de adultério Herodes e Herodíades, pagou com a vida, selando com o martírio o seu serviço a Cristo, que é a Verdade em pessoa. Invoquemos a sua intercessão, juntamente com a de Maria Santíssima, para que também nos nossos dias a Igreja saiba manter-se sempre fiel a Cristo e testemunhar com coragem a sua verdade e o seu amor a todos.