Um convite à conversão
São Paulo, 09 de Março de 2015 (Zenit) Edson Sampel
O ideal seria que todos lêssemos e estudássemos a sensacional exortação Evangelii Gaudium, do papa Francisco, publicada em 2013. Como convite à leitura desse documento magnífico, que traça novos paradigmas religiosos, ou como resumo para os que não puderem lê-lo, transcrevi os trechos abaixo (Evangelii Gaudium, editora Paulinas), autênticas advertências do santo padre; um convite à conversão:
- “Sonho com uma ação missionária capaz de transformar tudo, para que os costumes, os estilos, os horários, a linguagem e toda a estrutura eclesial se tornem um canal proporcionado mais à evangelização do mundo que à autopreservação.” (p. 25).
- “(...) prefiro uma Igreja acidentada, ferida e enlameada por ter saído pelas estradas, a uma Igreja enferma pelo fechamento e a comodidade de se agarrar às próprias seguranças.” (p. 43).
- “Assim, mais cedo ou mais tarde, a desigualdade social gera uma violência, que as corridas armamentistas não resolvem nem poderão resolver jamais.” (p. 53).
- “Hoje se nota em muitos agentes pastorais, mesmo pessoas consagradas, uma preocupação exacerbada pelos espaços pessoais de autonomia e relaxamento, que leva a viver os próprios deveres como mero apêndice da vida, como se não fizessem parte da própria identidade.” (p. 67).
- “É impressionante como até aqueles que aparentemente dispõem de sólidas convicções doutrinais e espirituais acabam, muitas vezes, por cair em um estilo de vida que os leva a se agarrarem a seguranças econômicas ou a espaços de poder e de glória humana que se buscam por qualquer meio, em vez de dar a vida pelos outros na missão.” (p. 69).
- “Muitos tentam escapar dos outros, fechando-se na sua privacidade confortável ou no círculo reduzido dos mais íntimos, e renunciam ao realismo da dimensão social do evangelho.” (p. 75).
- “O isolamento, que é uma concretização do imanentismo, pode exprimir-se numa falsa autonomia que exclui Deus, mas pode também encontrar na religião uma forma de consumismo espiritual à medida do próprio individualismo doentio.” (p. 76).
- “O mundanismo espiritual, que se esconde por detrás de aparências de religiosidade e até mesmo de amor à Igreja, é buscar, em vez da glória do Senhor, a glória humana e o bem-estar pessoal.” (p. 79).
- “(...) alimenta-se a vanglória de quantos se contentam com ter algum poder e preferem ser generais de exércitos derrotados antes que simples soldados de um batalhão que continua a lutar.” (p. 81).
- “Cultivamos nossa imaginação sem limites e perdemos o contato com a dolorosa realidade do nosso povo fiel.” (p. 82).
- “Apesar de se notar uma maior participação de muitos nos ministérios laicais, este compromisso não se reflete na penetração dos valores cristãos no mundo social, político e econômico; limita-se muitas vezes a tarefas no seio da Igreja, sem um empenhamento real pela aplicação do evangelho na transformação da sociedade.” (pp. 85 e 86, sublinha de Sampel).
- “Na Igreja, as funções ‘não dão justificação à superioridade de uns sobre os outros’. Com efeito, uma mulher, Maria, é mais importante do que os bispos.” (p. 87, itálico do santo padre).
- “Deter-me-ei particularmente, e até com certa meticulosidade, na homilia e sua preparação, porque são muitas as reclamações relacionadas com este ministério importante, e não podemos fechar os ouvidos.” (pp. 112 e 113, sublinha de Sampel).
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