quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Roteiro Homilético

    2 de dezembro / 2012 – 1º Domingo do Advento/C



    Liturgia do domingo 
    O ano C é o ano de Lucas, evangelista da “manifestação da vontade de Deus e de seu amor pela humanidade” (Tt 3,4), evangelista dos pobres e dos pecadores, dos pagãos e dos valores humanísticos, como também das mulheres, especialmente, de N. Senhora. Seu evangelho faz de Jesus não apenas o Messias (Mc), o Mestre (Mt), mas o Fiel, que nos serve de modelo em nossa caminhada, o homem de oração, de ternura humana, de convivência fraterna, mas também o profeta por excelência, o novo Elias, o porta-voz credenciado do Altíssimo. Assim, o ano C será o ano da práxis cristão segundo o modelo de Cristo.
    Caminhar ao Encontro do Senhor que vem
    1ª Leitura (Jr 33,14-16): Um novo nome para Jerusalém: “Deus nossa justiça” – Reconfirmação da profecia messiânica de Jr 23,5-6 (possivelmente por um discípulo de Jeremias, no tempo pós-exílio). Focaliza Jerusalém-Judá (a cidade restaurada por ordem dos reis da Pérsia) e dá-lhe o nome messiânico de Jr 23,5-6. Identificação da comunidade com o Messias, o “rebento justo” de Davi. Direito, justiça, segurança. 33,15, cf 2Sm 7,1-16; Is 4,2-3.
    2ª Leitura (1Ts 3,12-4,2): Crescer sempre pela abundante caridade de Deus – fé em Cristo mostra a força da caridade dos cristãos, entre todos e para todos (3,12). O cristão vive na esperança do reencontro com Cristo. Seus dias valem muito! Mas sabe também que tudo pode ainda ser aperfeiçoado (4,1). Procura crescer sempre acatando as possibilidades que cada dia oferece, 3,12-13, cf. 1T s 4,9; 9,15; Rm 12,17-18; Gl 6,10; 2Ts 1,7.10; Zc 14,5; 4,1-2; cf 2Ts 3,6.12; Rm 12,1-2; 1Ts 4,7-8.
    Evangelho (Lc 21,25-28.34-36) A vinda do Filho do Homem – (Versão lucana do Sermão Apocalíptico; cf Mc 13) – A destruição de Jerusalém (ocorrida em 70 d.C.) ainda não era o fim (21,20-14). Haverá sinais maiores ainda, que aterrorizarão os homens em geral, porém, levarão os fiéis a olhar com mais esperança ainda para o Filho do Homem, que vem julgar e consumar a História. O cristão sabe que ele não está entregue ao caos. Também não se deixa surpreender. Fica firme, não porque “é o único jeito”, mas porque confia na palavra do Senhor. 21,25-28 cf Mt 24,29-31; Mc 13,24-27; Dn 7,13-14; At 1,9.11; 1Ts 5,1-11. 21,34-36 cf Lc 17,26-30; 8,14; 1Ts 5,3; Mc 13,33; Ap 6,17.
    Quando se aproxima uma visita esperada, a maioria das pessoas não dorme muito bem. Quando a visita é temida, as pessoas ficam inquietas. Quando é desejada, ficam agitadas... Porém, há uma diferença: a tensão do medo paralisa, a tensão do desejo desperta a criatividade. O evangelho de hoje alude as duas atitudes. Anuncia cataclismos cósmicos, que encherão os homens de medo (Lc 21,26). Mas para os cristãos tudo isso significa: “Coragem: vossa salvação chegou!” (Lc 21,28). Por isso, o cristão vive à espera “daquele dia” num espírito de “sóbria ebriedade”, fazendo coisas que ninguém faria, mas sabendo muito bem por quê.
    Ora, nós esperamos uma visita querida e ficaríamos muito penados se o visitante não nos encontrasse despertos para sua vontade, mas apenas ocupados com nossas próprias veleidades. Como a moça que espera seu namorado chegar não mais pensa em suas próprias coisas, mas está toda em função dele, assim nós já não vivemos para nós, mas para ele que por nós morreu e ressuscitou (para vir novamente até nós). Paulo descreve maravilhosamente essa realidade na sua carta escatalógica por excelência, a 1Ts (2ª leitura). Na ânsia pela vinda do Senhor, sempre podemos crescer mais, e é ele que nos deixa crescer, para que sua chegada seja preparada do modo mais perfeito possível.
    A idéia do crescimento é muito valiosa em nossa vida cristã. É o remédio contra o desespero e conta a acomodação: contra o desespero de quem acha que sempre será inaceitável para Deus; e contra a acomodação dos que dizem: “Ninguém é perfeito: portanto...” Não somos perfeitos, mas nem por isso a perfeição deixa de ser nossa vocação. O caminho do cristão não consiste em uma perfeição alcançada e acabada, mas numa contínua conversão para a santidade de Deus, que é sempre maior do que nós.  O importante é nunca ficarmos satisfeitos com o que fizemos e somos, mas cada dia de novo procurar voltar daquilo que foi errado e progredir naquilo que foi bom.

    “Deus-nossa-justiça”: O nome de nossa cidade?
    Hoje iniciamos, mais uma vez, um novo ano litúrgico. Cada ano litúrgico começa com o Advento – palavra que significa “vinda, chegada”, a chegada de Jesus Messias na festa de Natal, comemoração de seu nascimento.
    Desde o início deste novo ano, a liturgia suscita em nós a esperança da Justiça de Deus que vai chegar. Justiça não significa simplesmente aplicar as leis da sociedade, pois essas nem sempre são justas (muitas vezes são feitas para justificar o direito do mais forte). Na bíblia, justo é o que é bom e benfazejo conforme a vontade de Deus. A justiça é a vitória do projeto de Deus.
    Na época do profeta Jeremias (  leitura), Jerusalém era uma cidade em ruínas. Mas o profeta lhe anuncia um futuro melhor. A cidade chamar-se-á: "Deus nossa justiça". É Deus que o fará. Já o apóstolo Paulo, na leitura, nos deseja crescimento na justiça, para sermos encontrados irrepreensíveis, quando Jesus vier de novo.
    No evangelho, Jesus fala de "sinais terríveis no céu e na terra, anunciado a vinda do filho do Homem", isto é, Jesus mesmo, a quem Deus deu o poder sobre a humanidade (como aparece na visão do filho do Homem em Dn 7,13-14. Isso não nos deve assustar. Pelo contrário! Se estivermos comprometidos com a justiça do Reino de Deus, poderemos "ficar em pé" diante dele. Se estivermos colaborando para que a nossa cidade se possa chamar "justiça de Deus" - e não apenas "capital do boi" ou "das abóboras" -, a vinda do Filho do Homem será nossa grande alegria.
    Isso não acontecerá sem a nossa participação. Deus faz aliança conosco. Somos os seus parceiros.
    Neste tempo do Advento, de chegada de Deus até nós, vamos colaborar com ele realizar a nossa parte da aliança: justiça social, pão direito para todos; transformar os mecanismos falhos, as estruturas injustas de nossa sociedade; endireitar as relações com os nossos semelhantes, empenhar a nossa vida por nos tornarmos mutuamente irmãos de verdade, felizes, consolados, amparados.
Fonte: http://www.domtotal.com

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