sábado, 12 de maio de 2012

Amar para além do corpo - Pe. Zezinho, scj

 Pe. Zezinho, scj


A pessoa, que é mais do que um corpo, sente. O corpo registra.Toda pessoa bem casada sabe que o amor, se verdadeiro, transcende o corpo. O outro entra de cheio na relação e passa a ter status privilegiado. Tanto isso é verdade que quando o outro cai do pedestal é porque o amor diminuiu. O sentimento pode até continuar, mas o diálogo arrefece por quebra de admiração, de desejo e de confiança.

No começo, as pessoas se encantam e se enfatuam com o olhar, a pele, as medidas, sensualidade de um corpo que desperta desejos. Faz parte da busca de acasalamento. Somos animais. Mas não deixa de ser isca, para se fisgar algo ou ágüem maior do que aquele corpo. Os atrativos do corpo existem em função do atrativo da alma. Estes precisam ser descobertos porque não podem ser vistos. O corpo se exibe, mas não fala. A alma se esconde, mas dá sinais.

Na medida em transcorre o tempo, as relações se aprofundam, as responsabilidades se conjugam. Os atrativos da alma vão aparecendo e quem ama, com o tempo mostra-se cada dia mais encantado com a alma do outro ou da outra; mais do que com o corpo que passa a sofrer mudanças. Ela já não é mais aquele corpinho com tudo certo no lugar certo. Mas o amor chegou e cresceu e já não mede a pessoa apenas por seus contornos. Houve o mergulho de pessoa na pessoa. Estão vendo hoje o que não viram quando seus olhos se cruzaram pelas primeiras vezes.

Não é que ele despreze a beleza do corpo da sua amada e ela o do seu amado. É que os dois conhecem beleza ainda maior: a do sentimento, da cumplicidade, da gratidão, do interior que agora conhecem muito mais do que no tempo de namoro. A força de juntar seus corpos para a festa do prazer conjugal responsável, acaba juntando suas almas para outra festa, também essa de prazer responsável. Descobrem a pertença: ele não mais se imagina sem ela, ela não se vê sem ele. Melhor: ele não se imagina sem ser dela e ela não se imagina sem ser dele. É nessa beleza do matrimônio verdadeiramente vivido entre sacrifícios e renúncias, que se situa a cumplicidade espiritual. É claro que o corpo tem suas graças e belezas, por mais quilos que tenham acrescentado ao seu contorno. Mas a alma tem muito mais beleza.

Quando ambos não descobrem a graça interior um do outro, ou porque são cegos para o espírito ou porque imediatistas demais, o casamento está em perigo. Em alguns casos deixou de ser casamento. Quem não vê beleza interior no outro, ainda não descobriu o amor. Registrem essas reflexões para os casais em crise. Talvez os dois não tenham se olhado mais intimamente. Depois de tantos anos, talvez ainda continuem superficiais. Casamento sem profundidade é casamento de alto risco.

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