domingo, 24 de março de 2013

Domingo de Ramos e da Paixão do Senhor - Ano C




Procissão - Lc 19,28-40

Naquele tempo:
28 Jesus caminhava à frente dos discípulos, subindo para Jerusalém.
29 Quando se aproximou de Betfagé e Betânia, perto do monte chamado das Oliveiras,
 enviou dois de seus discípulos, dizendo:
30 'Ide ao povoado ali na frente. Logo na entrada encontrareis um jumentinho amarrado, que nunca foi montado. Desamarrai-o e trazei-o aqui.
31 Se alguém, por acaso, vos perguntar: 'Por que desamarrais o jumentinho?',
respondereis assim: 'O Senhor precisa dele'.'
32 Os enviados partiram e encontraram tudo exatamente como Jesus lhes havia dito.
33 Quando desamarravam o jumentinho, os donos perguntaram:
'Por que estais desamarrando o jumentinho?'
34Eles responderam: 'O Senhor precisa dele.'
35 E levaram o jumentinho a Jesus.
Então puseram seus mantos sobre o animal e ajudaram Jesus a montar.
36 E enquanto Jesus passava, o povo ia estendendo suas roupas no caminho.
37 Quando chegou perto da descida do monte das Oliveiras, a multidão dos discípulos, 
aos gritos e cheia de alegria, começou a louvar a Deus por todos os milagres que tinha visto.
38 Todos gritavam: 'Bendito o Rei, que vem em nome do Senhor!
Paz no céu e glória nas alturas!'
39 Do meio da multidão, alguns dos fariseus disseram a Jesus:
'Mestre, repreende teus discípulos!'
40 Jesus, porém, respondeu: 'Eu vos declaro: se eles se calarem, as pedras gritarão.'


Reflexão 1:
 
Este domingo sagrado celebra dois mistérios:
(1) a entrada solene do Senhor Jesus em Jerusalém para viver sua Passagem do mundo para o Pai e
(2) o Mistério de sua Paixão, morte e sepultura. Daí o título deste dia: domingo de Ramos e da Paixão. A procissão é de ramos; a missa é da paixão.

Que significa a entrada de Jesus em Jerusalém hoje? Ele é o descendente de Davi, o Filho de Davi e, portanto, o Messias prometido por Deus e esperado por Israel. Por isso o povo grita: “Bendito o Rei, que vem em nome do Senhor!” Jesus é saudado como o Rei de Israel, novo Davi, Messias que chega à Cidade de Davi! E Jesus, de fato, é Rei, é Messias! A festa de hoje é, em certo sentido, uma festa de Cristo Rei, Rei-Messias! É uma festa de exultação! Mas, estejamos atentos: ele entra na Cidade Santa montado não num cavalo, que simboliza poder e força, mas entra num jumentinho, usado pelos pobres nos serviços mais humildes e duros. Isto tem muito a nos dizer: Jesus é o Messias, mas um messias pobre, um messias servo, que “não veio para ser servido, mas para servir e dar a vida em resgate por muitos” (Mc. 10,45). O seu serviço é um só: “dar a vida em resgate por muitos”. Ele é o Messias-Servo Sofredor, do qual fala o profeta Isaías na primeira leitura da missa de hoje: "Ofereci as costas para me baterem e as faces para me arrancarem a barba; não desviei o rosto de bofetões e cusparadas... Mas o senhor Deus é meu Auxiliador, por isso sei que não serei humilhado". Ele é aquele que tomará sobre si as nossas faltas e será ferido pelas nossas feridas... Pois bem, é com este propósito que Jesus entra em Jerusalém hoje.

Quanto a nós, vamos com ele! Os ramos que trazemos nas mãos significam que reconhecemos Jesus como o Messias de Israel, prometido por Deus. Significam também que nos dispomos a segui-lo como o Servo que dá a vida na cruz. Levaremos estes ramos para casa. Devemos guardá-los num lugar visível durante todo o ano, para recordar nosso compromisso de seguir o Cristo num caminho de humildade e despojamento; segui-lo ainda quando não compreendermos bem os desígnios de Deus para nós... Seguir o Cristo, que confia no Pai até a morte e não se cansa de fazer da vida um serviço de amor. Seguir hoje em procissão com os ramos na mão significa proclamar diante do mundo que cremos nesse Jesus fraco, humilde, silencioso, crucificado... loucura para o mundo, mas sabedoria de Deus; fraqueza para o mundo, mas força de Deus!

Rejeitemos, então, por amor de Cristo, toda visão de um cristianismo de procura de curas, milagres, solução de problemas... um cristianismo que trai o Evangelho e renega a cruz de nosso Senhor Jesus Cristo... um cristianismo falso, que enche templos e esvazia o escândalo da cruz! Lembremo-nos de Jesus Cristo! “Fiel é esta palavra: se com ele morremos, com ele viveremos. Se com ele sofremos, com ele reinaremos!” (2 Tm. 2,11s).

Que tenhamos a coragem de proclamar com a vida e as palavras esse Jesus, porque se nos calarmos “as pedras gritarão”...


Reflexão 2 - Bento XVI

CIDADE DO VATICANO, domingo, 1º de abril de 2007 - Publicamos a homilia pronunciada por Bento XVI na celebração solene do Domingo de Ramos. Na missa que ele presidiu na Praça de São Pedro, no vaticano, participaram jovens de Roma e do mundo por ocasião da Jornada Mundial da Juventude, que neste ano tem o tema: «Que vos ameis uns aos outros assim como Eu vos amei» (Jo 13, 34).


Queridos irmãos e irmãs:

Na procissão do Domingo de Ramos, nós nos unimos à multidão de discípulos que, com alegria festiva, acompanhou o Senhor em sua entrada em Jerusalém. Com eles, louvamos o Senhor elevando a voz por todos os prodígios que vimos. Sim, também nós vimos e continuamos vendo os prodígios de Cristo: como ele leva homens e mulheres a renunciarem às comodidades da própria vida para colocar-se totalmente ao serviço dos que sofrem; como dá valor a homens e mulheres para opor-se à violência e à mentira, e dar espaço no mundo à verdade; como, no segredo, ele induz homens e mulheres a fazer o bem aos outros, a suscitar a reconciliação onde havia ódio, a criar a paz onde reinava a inimizade.

A procissão é, antes de tudo, um gozoso testemunho que nós oferecemos a Jesus Cristo, aquele que tornou o Rosto de Deus visível, e por quem o coração de Deus se abre a todos nós. No Evangelho de Lucas, a narração do início do cortejo nos arredores de Jerusalém está composta seguindo, em alguns momentos literalmente, o modelo do rito de coroação com que, segundo o Primeiro Livro dos Reis, Salomão foi declarado herdeiro da realeza de Davi (cf. 1 Reis 1, 33-35). Dessa forma, a procissão dos Ramos é também uma procissão de Cristo Rei: professamos a realeza de Jesus Cristo, reconhecemos Jesus como o Filho de Davi, o verdadeiro Salomão, o Rei da paz e da justiça. Reconhece-lo como Rei significa aceita-lo como quem nos indica o caminho, Aquele de quem nos fiamos e a quem seguimos. Significa aceitar, cada dia, sua palavra como critério válido para a nossa vida. Significa ver n’Ele a autoridade à qual nos submetemos. Nós nos submetemos a Ele porque sua autoridade é a autoridade da verdade.

Antes de tudo, a procissão dos Ramos é, como foi naquela ocasião para os discípulos, uma manifestação de alegria, porque podemos conhecer Jesus, porque Ele nos permite ser seus amigos e porque nos deu a chave da vida. Esta alegria, que se encontra na origem, é também expressão do nosso «sim» a Jesus e da nossa disponibilidade para caminhar com Ele até onde ele nos levar. A exortação do início da nossa liturgia interpreta justamente o sentido da procissão, que é também uma representação simbólica do que chamamos de «seguimento de Cristo»: «Peçamos a graça de segui-lo», nós dissemos. A expressão «seguimento de Cristo» é uma descrição de toda a existência cristã em geral. Em que consiste? O que quer dizer concretamente «seguir Cristo»?

No início, nos primeiros séculos, o sentido era muito simples e imediato: significa que essas pessoas haviam decidido deixar sua profissão, seus negócios, toda a sua vida para ir com Jesus. Significava empreender uma nova profissão: a de discípulo. O conteúdo fundamental dessa profissão consistia em ir com o mestre, confiar totalmente em seu guia. Dessa forma, o seguimento era algo exterior e ao mesmo tempo muito interior. O aspecto exterior consistia em caminhar detrás de Jesus em suas peregrinações pela Palestina; o interior, na nova orientação da existência, que já não tinha os mesmos pontos de referência nos negócios, na profissão, na vontade pessoal, mas que se abandonava totalmente na vontade do Outro. Colocar-se à disposição havia se convertido na razão de sua vida. A renúncia que isso implicava, o nível de desapego, nós o podemos reconhecer de maneira sumamente clara em algumas cenas dos Evangelhos.

Assim fica claro o que significa para nós o seguimento e sua verdadeira essência: trata-se de uma transformação interior da existência. Exige que eu já não me feche no meu eu, considerando minha auto-realização como a razão principal da minha vida. Exige entregar-me livremente ao Outro pela verdade, pelo amor, por Deus, que em Jesus Cristo me precede e me mostra o caminho. Trata-se da decisão fundamental de deixar de considerar a utilidade, o lucro, a carreira e o êxito como o objetivo último da minha vida, para reconhecer, no entanto, como critérios autênticos a verdade e o amor. Trata-se de optar entre viver somente para mim ou entregar-me a algo maior. É preciso levar em consideração que a verdade e o amor não são valores abstratos; em Jesus Cristo eles se converteram em uma Pessoa. Ao segui-lo, eu me coloco ao serviço da verdade e do amor. Ao perder-me, volto a me encontrar.

Voltemos à liturgia e à procissão dos Ramos. Nela, a liturgia prevê o canto do Salmo 24 (23), que também em Israel era um canto de procissão, utilizado para subir ao monte do templo. O Salmo interpreta a subida interior da que era imagem a subida exterior e nos explica o que significa subir com Cristo: «Quem subirá ao monte do Senhor?», pergunta o Salmo, e apresenta duas condições essenciais. Aqueles que sobem e querem chegar verdadeiramente até o cume, até a verdadeira altura, têm de ser pessoas que se perguntam por Deus. Pessoas que escrutam ao seu redor para buscar Deus, para buscar seu Rosto.

Queridos jovens amigos, que importante é precisamente isso hoje: não podemos nos deixar levar de um lado para o outro na vida; não podemos nos contentar com o que todos pensam, dizem e fazem. É preciso escrutar e buscar Deus. Não podemos deixar que a pergunta por Deus se dissolva em nossas almas, o desejo do que é maior, o desejo de conhecê-lo, seu Rosto...

Esta é outra condição sumamente concreta para a subida: só pode chegar ao lugar santo quem tem as «mãos limpas e o coração puro». Mãos limpas são aquelas que não comentem atos de violência. São mãos que não se sujaram com a corrupção, com os subornos. Coração puro, quando é puro o coração? Um coração é puro quando não finge e não se mancha com a mentira e com a hipocrisia. Um coração que é transparente como a água de um manancial, porque nele não há duplicidade. Um coração é puro quando não se extravia na embriaguez do prazer; um coração cujo amor é autêntico e não uma simples paixão do momento. Mãos limpas e coração puro: se caminhamos com Jesus, subimos e experimentamos as purificações que nos levam verdadeiramente a essa altura à qual o homem está destinado: a amizade com o próprio Deus.

O Salmo 24 (23), que fala da subida, conclui com uma liturgia de entrada ante a porta do templo: «Levantai, ó portas, os vossos dintéis! Levantai-vos, ó pórticos antigos, para que entre o rei da glória». Na antiga liturgia do Domingo de Ramos, o sacerdote, ao chegar ante a igreja, tocava fortemente com a cruz da procissão a porta, que ainda estava fechada e que nesse momento se abria. Era uma bela imagem do mistério do próprio Jesus Cristo que, com o madeiro de sua cruz, com a força do seu amor, tocou, desde o lado do mundo, a porta de Deus; do lado de um mundo que não conseguia ter acesso a Deus. Com a cruz, Jesus abriu totalmente a porta de Deus, a porta entre Deus e os homens. Agora ela está aberta. Mas o Senhor também toca desde o outro lado com a sua cruz: toca as portas do mundo, as portas dos nossos corações, que com tanta freqüência e em tão elevado número estão fechadas para Deus. E nos fala mais ou menos dessa forma: se as provas que Deus te dá de sua existência na criação não conseguirem abrir-te a Ele; se a palavra da Escritura e a mensagem da Igreja te deixam indiferente, então, olha pra mim, que sou o teu Senhor e o teu Deus.

Este é o chamado que nesse momento deixamos penetrar o nosso coração. Que o Senhor nos ajude a abrir a porta do coração, a porta do mundo, para que Ele, o Deus vivente, possa vir em seu Filho, ao nosso tempo, chegar à nossa vida. Amém.
 


Lucas 22,14-23,56
 
14 Quando chegou a hora, Jesus pôs-se à mesa com os apóstolos
15 e disse: 'Desejei ardentemente comer convosco esta ceia pascal, antes de sofrer.
16 Pois eu vos digo que nunca mais a comerei,
até que ela se realize no Reino de Deus'.
17 Então Jesus tomou um cálice, deu graças e disse:
'Tomai este cálice e reparti entre vós;
18 pois eu vos digo que, de agora em diante, não mais bebereis do fruto da videira, até que venha o Reino de Deus'. Fazei isto em memória de mim.
19 A seguir, Jesus tomou um pão, deu graças, partiu-o e deu-o aos discípulos, dizendo:
'Isto é o meu corpo, que é dado por vós. Fazei isto em memória de mim'.
20 Depois da ceia, Jesus fez o mesmo com o cálice, dizendo:
'Este cálice é a nova aliança no meu sangue, que é derramado por vós'.
Mas ai daquele por meio de quem o Filho do Homem é entregue.
21 'Todavia, a mão de quem me vai entregar está comigo, nesta mesa.
22 Sim, o Filho do Homem vai morrer, como está determinado.
Mas ai daquele homem por meio de quem ele é entregue.'
23 Então os apóstolos começaram a perguntar uns aos outros
qual deles haveria de fazer tal coisa.

24 Houve também uma discussão entre eles sobre
qual deles deveria ser considerado o maior.
25 Jesus, porém, lhes disse:
'Os reis das nações dominam sobre elas,
e os que têm poder se fazem chamar benfeitores.
26 Entre vós, não deve ser assim. Pelo contrário, o maior entre vós seja como o mais novo, e o que manda, como quem está servindo.
27 Afinal, quem é o maior: quem está sentado à mesa, ou quem está servindo?
Não é quem está sentado à mesa?
Eu, porém, estou no meio de vós como aquele que serve.
28 Vós ficastes comigo em minhas provações.
29 Por isso, assim como o meu Pai me confiou o Reino,
eu também vos confio o Reino.
30 Vós havereis de comer e beber à minha mesa no meu Reino,
e sentar-vos em tronos para julgar as doze tribos de Israel.

31 Simão, Simão! Olha que Satanás pediu permissão para vos peneirar como trigo.
32 Eu, porém, rezei por ti, para que tua fé não se apague.
E tu, uma vez convertido, fortalece os teus irmãos.'
33 Mas Simão disse: 'Senhor, eu estou pronto para ir contigo até mesmo à prisão e à morte!'
34 Jesus, porém, respondeu: 'Pedro, eu te digo que hoje, antes que o galo cante, três vezes tu negarás que me conheces.'

35 E Jesus lhes perguntou: 'Quando vos enviei sem bolsa, sem sacola, sem sandálias, faltou-vos alguma coisa?' Eles responderam: 'Nada.'
36 Jesus continuou: 'Agora, porém, quem tiver bolsa, deve pegá-la; do mesmo modo, quem tiver uma sacola; e quem não tiver espada, venda o manto para comprar uma.
37 Porque eu vos digo: É preciso que se cumpra em mim a palavra da Escritura:
`Ele foi contado entre os malfeitores'.
Pois o que foi dito a meu respeito tem de se realizar.'
38 Mas eles disseram: 'Senhor, aqui estão duas espadas.'
Jesus respondeu: 'Basta.'

39 Jesus saiu e, como de costume, foi para o monte das Oliveiras.
Os discípulos o acompanharam.
40 Chegando ao lugar, Jesus lhes disse: 'Orai para não entrardes em tentação.'
41 Então afastou-se a uma certa distância e, de joelhos, começou a rezar:
42 'Pai, se queres, afasta de mim este cálice;
contudo, não seja feita a minha vontade, mas a tua!'
43 Apareceu-lhe um anjo do céu, que o confortava.
44 Tomado de angústia, Jesus rezava com mais insistência.
Seu suor tornou-se como gotas de sangue que caíam no chão.
45 Levantando-se da oração, Jesus foi para junto dos discípulos
e encontrou-os dormindo, de tanta tristeza.
46 E perguntou-lhes: 'Por que estais dormindo?
Levantai-vos e orai para não entrardes em tentação.'

47 Jesus ainda falava, quando chegou uma multidão. Na frente, vinha um dos Doze, chamado Judas, que se aproximou de Jesus para beijá-lo.
48 Jesus lhe disse: 'Judas, com um beijo tu entregas o Filho do Homem?'
49 Vendo o que ia acontecer, os que estavam com Jesus disseram:
'Senhor, vamos atacá-los com a espada?'
50 E um deles feriu o empregado do Sumo Sacerdote, cortando-lhe a orelha direita.
51 Jesus, porém, ordenou: 'Deixai, basta!' E tocando a orelha do homem, o curou.
52 Depois Jesus disse aos sumos sacerdotes, aos chefes dos guardas do templo e aos anciãos, que tinham vindo prendê-lo:
'Vós saístes com espadas e paus, como se eu fosse um ladrão?
53 Todos os dias eu estava convosco no templo, e nunca levantastes a mão contra mim. Mas esta é a vossa hora, a hora do poder das trevas.'

54 Eles prenderam Jesus e o levaram, conduzindo-o à casa do Sumo Sacerdote.
Pedro acompanhava de longe.
55 Eles acenderam uma fogueira no meio do pátio e sentaram-se ao redor.
Pedro sentou-se no meio deles.
56 Ora, uma criada viu Pedro sentado perto do fogo; encarou-o bem e disse:
'Este aqui também estava com ele!'
57 Mas Pedro negou: 'Mulher, eu nem o conheço!'
58 Pouco depois, um outro viu Pedro e disse: 'Tu também és um deles.'
Mas Pedro respondeu: 'Homem, não sou .'
59 Passou mais ou menos uma hora, e um outro insistia:
'Certamente, este aqui também estava com ele, porque é galileu!' Mas Pedro respondeu:
60 'Homem, não sei o que estás dizendo!'
Nesse momento, enquanto Pedro ainda falava, um galo cantou.
61 Então o Senhor se voltou e olhou para Pedro. E Pedro lembrou-se da palavra que o Senhor lhe tinha dito: 'Hoje, antes que o galo cante, três vezes me negarás.'
62 Então Pedro saiu para fora e chorou amargamente.

63 Os guardas caçoavam de Jesus e espancavam-no;
64 cobriam o seu rosto e lhe diziam: 'Profetiza quem foi que te bateu?'
65 E o insultavam de muitos outros modos.

66 Ao amanhecer, os anciãos do povo, os sumos sacerdotes e os mestres da Lei reuniram-se em conselho e levaram Jesus ao tribunal deles.
67 E diziam: 'Se és o Cristo, dize-nos!'
Jesus respondeu: 'Se eu vos disser, não me acreditareis,
68 e, se eu vos fizer perguntas, não me respondereis.
69 Mas, de agora em diante, o Filho do Homem
estará sentado à direita do Deus Poderoso.'
70 Então todos perguntaram: 'Tu és, portanto, o Filho de Deus?'
Jesus respondeu: 'Vós mesmos estais dizendo que eu sou!'
71 Eles disseram: 'Será que ainda precisamos de testemunhas?
Nós mesmos o ouvimos de sua própria boca!'

23,1 Em seguida, toda a multidão se levantou e levou Jesus a Pilatos.
2 Começaram então a acusá-lo, dizendo: 'Achamos este homem fazendo subversão entre o nosso povo, proibindo pagar impostos a César e afirmando ser ele mesmo Cristo, o Rei.'
3 Pilatos o interrogou: 'Tu és o rei dos judeus?'
Jesus respondeu, declarando: 'Tu o dizes!'
4 Então Pilatos disse aos sumos sacerdotes e à multidão:
'Não encontro neste homem nenhum crime.'
5 Eles, porém, insistiam: 'Ele agita o povo, ensinando por toda a Judéia,
desde a Galiléia, onde começou, até aqui.'
6 Quando ouviu isto, Pilatos perguntou: 'Este homem é galileu?'
7 Ao saber que Jesus estava sob a autoridade de Herodes,
Pilatos enviou-o a este, pois também Herodes estava em Jerusalém naqueles dias.

8 Herodes ficou muito contente ao ver Jesus, pois havia muito tempo desejava vê-lo.
Já ouvira falar a seu respeito e esperava vê-lo fazer algum milagre.
9 Ele interrogou-o com muitas perguntas. Jesus, porém, nada lhe respondeu.
10 Os sumos sacerdotes e os mestres da Lei estavam presentes
e o acusavam com insistência.
11 Herodes, com seus soldados, tratou Jesus com desprezo, zombou dele,
vestiu-o com uma roupa vistosa e mandou-o de volta a Pilatos.
12 Naquele dia Herodes e Pilatos ficaram amigos um do outro, pois antes eram inimigos.

13 Então Pilatos convocou os sumos sacerdotes, os chefes e o povo, e lhes disse:
14 'Vós me trouxestes este homem como se fosse um agitador do povo. Pois bem!
Já o interroguei diante de vós e não encontrei nele nenhum dos crimes de que o acusais;
15 nem Herodes, pois o mandou de volta para nós.
Como podeis ver, ele nada fez para merecer a morte.
16 Portanto, vou castigá-lo e o soltarei.
18 Toda a multidão começou a gritar: 'Fora com ele! Solta-nos Barrabás!'
19 Barrabás tinha sido preso por causa de uma revolta na cidade e por homicídio.
20 Pilatos falou outra vez à multidão, pois queria libertar Jesus.
21 Mas eles gritavam: 'Crucifica-o! Crucifica-o!'
22 E Pilatos falou pela terceira vez: 'Que mal fez este homem? Não encontrei nele nenhum crime que mereça a morte. Portanto, vou castigá-lo e o soltarei.'
23 Eles, porém, continuaram a gritar com toda a força, pedindo que fosse crucificado.
E a gritaria deles aumentava sempre mais.
24 Então Pilatos decidiu que fosse feito o que eles pediam.
25 Soltou o homem que eles queriam - aquele que fora preso por revolta e homicídio -
e entregou Jesus à vontade deles.

26 Enquanto levavam Jesus, pegaram um certo Simão, de Cirene,
que voltava do campo, e impuseram-lhe a cruz para carregá-la atrás de Jesus.
27 Seguia-o uma grande multidão do povo
e de mulheres que batiam no peito e choravam por ele.
28 Jesus, porém, voltou-se e disse: 'Filhas de Jerusalém, não choreis por mim!
Chorai por vós mesmas e por vossos filhos!
29 Porque dias virão em que se dirá: 'Felizes as mulheres que nunca tiveram filhos, os ventres que nunca deram à luz e os seios que nunca amamentaram'.
30 Então começarão a pedir às montanhas:
'Caí sobre nós! e às colinas: 'Escondei-nos!'
31 Porque, se fazem assim com a árvore verde, o que não farão com a árvore seca?'
32 Levavam também outros dois malfeitores para serem mortos junto com Jesus.

33 Quando chegaram ao lugar chamado 'Calvário', ali crucificaram Jesus
e os malfeitores: um à sua direita e outro à sua esquerda.
34 Jesus dizia: 'Pai, perdoa-lhes! Eles não sabem o que fazem!'
Depois fizeram um sorteio, repartindo entre si as roupas de Jesus. Este é o Rei dos Judeus.
35 O povo permanecia lá, olhando. E até os chefes zombavam, dizendo:
'A outros ele salvou. Salve-se a si mesmo, se, de fato, é o Cristo de Deus, o Escolhido!'
36 Os soldados também caçoavam dele; aproximavam-se, ofereciam-lhe vinagre,
37 e diziam: 'Se és o rei dos judeus, salva-te a ti mesmo!'
38 Acima dele havia um letreiro: 'Este é o Rei dos Judeus.'

39 Um dos malfeitores crucificados o insultava, dizendo:
'Tu não és o Cristo? Salva-te a ti mesmo e a nós!'
40 Mas o outro o repreendeu, dizendo:
'Nem sequer temes a Deus, tu que sofres a mesma condenação?
41 Para nós, é justo, porque estamos recebendo o que merecemos;
mas ele não fez nada de mal.'
42 E acrescentou: 'Jesus, lembra-te de mim, quando entrares no teu reinado.'
43 Jesus lhe respondeu:
'Em verdade eu te digo: ainda hoje estarás comigo no Paraíso.'

44 Já era mais ou menos meio-dia e uma escuridão cobriu toda a terra
até às três horas da tarde,
45 pois o sol parou de brilhar. A cortina do santuário rasgou-se pelo meio,
46 e Jesus deu um forte grito: 'Pai, em tuas mãos entrego o meu espírito.'
Dizendo isso, expirou.
47 O oficial do exército romano viu o que acontecera e glorificou a Deus dizendo:
'De fato! Este homem era justo!'
48 E as multidões, que tinham acorrido para assistir, viram o que havia acontecido, e voltaram para casa, batendo no peito.
49 Todos os conhecidos de Jesus, bem como as mulheres que o acompanhavam desde a Galiléia, ficaram à distância, olhando essas coisas.

50 Havia um homem bom e justo, chamado José, membro do Conselho,
51 o qual não tinha aprovado a decisão nem a ação dos outros membros.
Ele era de Arimatéia, uma cidade da Judéia, e esperava a vinda do Reino de Deus.
52 José foi ter com Pilatos e pediu o corpo de Jesus.
53 Desceu o corpo da cruz, enrolou-o num lençol e colocou-o num túmulo escavado na rocha, onde ninguém ainda tinha sido sepultado.
54 Era o dia da preparação da Páscoa, e o sábado já estava começando.
55 As mulheres, que tinham vindo da Galiléia com Jesus, foram com José, para ver o túmulo e como o corpo de Jesus ali fora colocado.
56 Depois voltaram para casa e prepararam perfumes e bálsamos.
E, no sábado, elas descansaram, conforme ordenava a Lei.


Reflexão 1:
 
As narrativas da Paixão são preciosos testemunhos que as primeiras comunidades cristãs deixaram para a história. O evangelista Lucas sublinha o desenvolvimento dos fatos e procura compor um relato bem organizado. O primeiro ato da grande narrativa da Paixão é a ceia pascal que Jesus deseja comer pela última vez com seus amigos. "Desejei muito comer com vocês esta ceia pascal, antes de sofrer".

No contexto da ceia pascal e à mesa - lugar de comunhão e de fraternidade -, ocorrem duas situações de não‑comunhão, atestando que os discípulos ainda não haviam entendido a proposta do Mestre. Judas é excluído do grupo por não formar comunhão. Ele recebe a herança que lhe cabe (um pedaço de pão) e parte para a missão contrária à qual fora convidado. Enquanto o traidor partia para seu destino, no interior da comunidade dos discípulos, arma‑se a disputa pelos primeiros lugares. Jesus adverte que tal atitude não faz parte de uma autêntica comunidade eucarística, memorial da nova Aliança e do banquete do Reino, do qual participará quem for solidário e generoso no serviço. Os discípulos terão que dar continuidade à missão e haverão de passar pela provação da cruz. Advertindo Pedro, Jesus alerta o grupo sobre sua fraqueza humana, a falta de perseverança e o agir em vista dos próprios interesses. No Jardim das Oliveiras, Jesus se entrega à oração confiando ao Pai seus temores e seus medos. Todavia, pede que não se cumpra a própria vontade, mas a dEle. Nessa hora em que mais precisa da solidariedade e do apoio dos amigos de caminhada, os discípulos dormem. Estão completamente desligados da crucial situação pela qual o Mestre está passando. Por conseqüência, na hora da traição e da prisão, todos fogem, abandonando‑o nas mãos dos malvados. Um simples olhar de Jesus denuncia Pedro, que sai e chora amargamente sua queda. O silêncio dói mais que qualquer palavra.

Depois de ser preso e torturado pelos inimigos que agem nas sombras da noite, Jesus é acusado de blasfemar contra Deus. Diante da autoridade civil e religiosa, afirma sua identidade de Filho de Deus. O Sinédrio, vencido pelas respostas de Jesus e não encontrando nele matéria que o condenasse, busca motivos políticos para condená‑lo. Jesus é enviado a Pilatos. Este também não encontra causa suficiente para condená‑lo. Diante da falsidade de Herodes, o Mestre se mantém em silêncio. O retorno a Pilatos atesta sua absoluta inocência. Isso intriga ainda mais os chefes do povo, que exigem de Pilatos, a qualquer preço, a condenação de Jesus. O procurador romano, não sabendo o que fazer, lembrou‑se da tradição pascal e propôs a libertação de um prisioneiro, imaginando que Jesus seria preterido pelo povo. Sublevada por seus chefes, a multidão pediu a liberdade do bandido Barrabás e a condenação de Jesus à morte.

A caminho do Calvário, completamente esgotado em suas forças, Jesus não consegue carregar a "cruz da humanidade". É ajudado por um trabalhador e consolado pelas mulheres. Crucificado entre dois ladrões e injuriado por seus algozes, nada mais lhe resta. Sua identidade, fama e dignidade já haviam sido roubadas. Suspenso entre o céu e a terra, em um supremo gesto de Rei em favor dos servos, garante ao ladrão arrependido: "Hoje mesmo você estará comigo no Paraíso". Do alto da cruz, o Filho de Deus revela‑se como dom de Salvação. O sol se escurece, e Jesus, inteiramente obediente à vontade divina, faz de si mesmo oferenda perfeita entregando seu espírito ao Pai. O oficial do exército (um pagão), glorificando a Deus, declara: "De fato! Esse homem era justo!". A humanidade reconhece a inocência do justo sentenciado pela injustiça dos homens. E se abre para uma mudança de atitude.
 
 
Reflexão 2:
 
Com a chegada de Jesus a Jerusalém e os acontecimentos da semana santa, chegamos ao fim do “caminho” começado na Galileia. Tudo converge, no Evangelho de Lucas, para aqui, para Jerusalém: é aí que deve irromper a salvação de Deus. Em Jerusalém, Jesus vai realizar o último ato do programa enunciado em Nazaré: da sua entrega, do seu amor afirmado até à morte, vai nascer esse Reino de homens novos, livres, onde todos serão irmãos no amor; e, de Jerusalém, partirão as testemunhas de Jesus, a fim de que esse Reino se espalhe por toda a terra e seja acolhido no coração de todos os homens.

A morte de Jesus tem de ser entendida no contexto daquilo que foi a sua vida. Desde cedo, Jesus apercebeu-Se de que o Pai O chamava a uma missão: anunciar a Boa Nova aos pobres, sarar os corações feridos, pôr em liberdade os oprimidos. Para concretizar este projeto, Jesus passou pelos caminhos da Palestina “fazendo o bem” e anunciando a proximidade de um mundo novo, de vida, de liberdade, de paz e de amor para todos. Ensinou que Deus era amor e que não excluía ninguém, nem mesmo os pecadores; ensinou que os leprosos, os paralíticos, os cegos não deviam ser marginalizados, pois não eram amaldiçoados por Deus; ensinou que eram os pobres e os excluídos os preferidos de Deus e aqueles que tinham o coração mais disponível para acolher o Reino; e avisou os “ricos”, os poderosos, os instalados, de que o egoísmo, o orgulho, a auto-suficiência, o fechamento só podiam conduzir à morte.

O projeto libertador de Jesus entrou em choque – como era inevitável – com a atmosfera de egoísmo, de má vontade, de opressão que dominava o mundo. As autoridades políticas e religiosas sentiram-se incomodadas com a denúncia de Jesus: não estavam dispostas a renunciar a esses mecanismos que lhes asseguravam poder, influência, domínio, privilégios; não estavam dispostos a arriscar, a desinstalar-se e a aceitar a conversão proposta por Jesus. Por isso, prenderam Jesus, julgaram-n’O, condenaram-n’O e pregaram-n’O na cruz.

A morte de Jesus é a consequência lógica do anúncio do Reino: resultou das tensões e resistências que a proposta do “Reino” provocou entre os que dominavam este mundo.

Podemos também dizer que a morte de Jesus é o culminar da sua vida; é a afirmação última, porém mais radical e mais verdadeira (porque marcada com sangue), daquilo que Jesus pregou com palavras e com gestos: o amor, o dom total, o serviço.

Na cruz de Jesus, vemos aparecer o Homem Novo, o protótipo do homem que ama radicalmente e que faz da sua vida um dom para todos. Porque ama, este Homem Novo vai assumir como missão a luta contra o pecado, isto é, contra todas as causas objetivas que geram medo, injustiça, sofrimento, exploração, morte. Assim, a cruz contém o dinamismo de um mundo novo – o dinamismo do Reino.


Para além da reflexão geral sobre o sentido da paixão e morte de Jesus, convém ainda notar alguns dados que são exclusivos da versão lucana da paixão:
• No relato da instituição da Eucaristia, só Lucas põe Jesus a dizer: “fazei isto em memória de Mim” (cf. Lc. 22,19). A expressão não quer só dizer que os discípulos devem celebrar o ritual da última ceia e repetir as palavras de Jesus sobre o pão e sobre o vinho; mas quer, sobretudo, dizer que os discípulos devem repetir a entrega de Jesus, a doação da vida por amor.
• Só Lucas coloca no contexto da última ceia a discussão acerca de qual dos discípulos seria o “maior” e a resposta de Jesus (cf. Lc. 22,24 - 27). Jesus avisa os seus que “o maior” é “aquele que serve”; e apresenta o seu próprio exemplo de uma vida feita serviço e dom. Estas palavras soam a “testamento” e convocam os discípulos para fazerem da sua vida um serviço aos irmãos, ao jeito de Jesus.
• No jardim das Oliveiras, só Lucas faz referência ao aparecimento do anjo e ao “suor de sangue” (cf. Lc. 22,42 - 44). Esta cena acentua a fragilidade humana de Jesus que, no entanto, não condiciona a sua submissão total ao projeto do Pai; e sublinha a presença de Deus, que não abandona nos momentos de prova aqueles que acolhem, na obediência, a sua vontade.
• Também no relato da paixão aparece a ideia fundamental que perpassa pela obra de Lucas: Jesus é o Deus que veio ao nosso encontro, a fim de manifestar a todos os homens, em gestos concretos, a bondade e a misericórdia de Deus. Essa ideia está presente no gesto de curar o guarda ferido por Pedro no Jardim do Getsemani (cf. Lc. 22,51); está também presente nas palavras de Jesus na cruz: “Pai, perdoai-lhes porque não sabem o que fazem” – Lc 23,34 (é desconcertante o amor de um Filho de Deus que morre na cruz pedindo desculpa ao Pai para os seus assassinos); está, ainda, presente nas palavras que Jesus dirige ao criminoso que morre numa cruz, ao seu lado: “hoje mesmo estarás comigo no paraíso” – Lc 23,43 (é desconcertante a bondade de um Deus que faz de um assassino o primeiro santo canonizado da sua Igreja).
• Todos os sinópticos falam da requisição de Simão de Cirene para levar a cruz de Jesus (cf. Mt. 27,32; Mc. 15,21); no entanto, só Lucas refere que Simão transporta a cruz “atrás de Jesus” (cf. Lc. 23,26). Este dado serve a Lucas para apresentar o modelo do discípulo: é aquele que toma a cruz de Jesus e O segue no seu caminho de entrega e de dom da vida (“se alguém quer vir após Mim, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz dia após dia e siga-Me” – Lc. 9,23; cf. 14,27).



♦ Celebrar a paixão e morte de Jesus é abismar-se na contemplação de um Deus a quem o amor tornou frágil… Por amor, Ele veio ao nosso encontro, assumiu os nossos limites, experimentou a fome, o sono, o cansaço, conheceu a mordedura das tentações, tremeu perante a morte, suou sangue antes de aceitar a vontade do Pai; e, estendido no chão, esmagado contra a terra, atraiçoado, abandonado, incompreendido, continuou a amar. Desse amor resultou vida plena, que Ele quis repartir conosco “até ao fim dos tempos”: esta é a mais espantosa história de amor que é possível contar; ela é a boa notícia que enche de alegria o coração dos crentes.

♦ Contemplar a cruz onde se manifesta o amor e a entrega de Jesus significa assumir a mesma atitude e solidarizar-se com aqueles que são crucificados neste mundo: os que sofrem violência, os que são explorados, os que são excluídos, os que são privados de direitos e de dignidade… Significa denunciar tudo o que gera ódio, divisão, medo, em termos de estruturas, valores, práticas, ideologias.

Significa evitar que os homens continuem a crucificar outros homens. Significa aprender com Jesus a entregar a vida por amor… Viver deste jeito pode conduzir à morte; mas o cristão sabe que amar como Jesus é viver a partir de um dinâmica que a morte não pode vencer: o amor gera vida nova e introduz na nossa carne os dinamismos da ressurreição.

Conselho do Dia


Este é o conselho que a Imitação de Cristo nos dá para hoje:
Filho, muitas vezes arde o fogo, mas não sobe a chama sem fumo. Assim também os desejos de alguns se abrasam pelas coisas celestiais, e, contudo, não estão livres da tentação e dos afetos carnais. Por isso não fazem unicamente pela glória de Deus o que, aliás, com tanto desejo lhe pedem. Tal é também muitas vezes teu desejo, que manifestastes com tanta ansiedade; pois não é puro nem perfeito o que está contaminado de algum interesse próprio. ( Do desejo da vida eterna e quantos bens estão prometidos aos que combatem) 

Fonte: Imitação de Cristo

SANTO DO DIA - 24/03/2013

24/03
Dom Oscar Romero
"Sem efusão de sangue não há remissão.¨ Hb 9,22b
Hoje é um dia especialíssimo para nós, na América Latina. No dia 24 de Março de 1980, o Arcebispo de San Salvador, Dom Oscar Romero, foi morto no altar, misturando seu sangue com as ofertas que estava apresentando a Deus, pelo povo sofrido. Seu último sermão, gravado na maior clareza possível, naquele instante da Morte, foi um apelo de justiça e paz. E quando terminou a gravação, ouviram-se também na fita os tiros, que lhe arrebataram a vida terrena.
Eu mesmo me comovi diante dessa gravação, porque se tratava de um grande amigo meu, com quem me encantara e que se correspondia comigo. Escreveu-me um bilhete, que recebi depois que ele fora assassinado. Ele mesmo, no entanto, profetizara: ¨Ressuscitarei em meio ao meu povo. Vivo dentro do povo".

Todo verdadeiro santo continua ressuscitado e vivo no meio do povo. 

LITURGIA DO DOMINGO DE RAMOS - 24/03/2013


DOMINGO DE RAMOS

A celebração de hoje (24/03/2013), consta de duas partes. A primeira corresponde à comemoração da entrada do Senhor em Jerusalém como Messias (evangelho da benção dos ramos), despojado de todo triunfalismo e montando um jumentinho em atitude humilde e pacífica. A segunda parte corresponde à celebração da Eucaristia e oferece, na liturgia da Palavra, uma porta de entrada para a celebração da  Semana Santa. Jesus, sendo de condição divina quis igualar-se a nós entregando a sua vida por nós (evangelho) e garantindo-nos vida e esperança (1ª leitura). Por isso Ele foi elevado sobre todas as coisas (2ª leitura), e toda língua proclamará Jesus como Senhor.

Evangelho ( Benção dos Ramos e Procissão) : Lucas 19, 28-40

28 Depois de dizer essas coisas, Jesus partiu na frente deles, subindo para Jerusalém. 29 Quando Jesus se aproximou de Betfagé e de Betânia, perto do chamado monte das Oliveiras, enviou dois discípulos, 30 dizendo: «Vão até o povoado em frente. Quando vocês entrarem aí, vão encontrar, amarrado, um jumentinho que nunca foi montado. Desamarrem o animal e o tragam. 31 Se alguém lhes perguntar: 'Por que vocês o estão desamarrando?'vocês responderão:'Porque o Senhor precisa dele'.» 32 Os discípulos foram, e encontraram as coisas como Jesus havia dito. 33 Quando eles estavam desamarrando o jumentinho, os donos perguntaram: «Por que vocês estão desamarrando o jumentinho?» 34 Os discípulos responderam: «Porque o Senhor precisa dele.» 35 Então levaram o jumentinho a Jesus. Colocaram os próprios mantos sobre o jumentinho e fizeram Jesus montar. 36 Enquanto caminhavam, as pessoas estendiam os próprios mantos pelo caminho. 37 Quando Jesus estava junto à descida do monte das Oliveiras, toda a multidão de discípulos começaram, alegres, a louvar a Deus em voz alta, por todos os milagres que tinham visto. 38 E dizia: «Bendito seja aquele que vem como Rei, em nome do Senhor! Paz no céu e glória no mais alto do céu.» 39 No meio da multidão, alguns fariseus disseram a Jesus: «Mestre, manda que teus discípulos se calem.» 40 Jesus respondeu: «Eu digo a vocês: se eles se calarem, as pedras gritarão.»




Dia: 24/03/2013
Primeira Leitura: Isaías 50, 4-7

RAMOS E PAIXÃO DO SENHOR
(vermelho, creio, prefácio próprio - II semana do saltério)




Livro do Profeta Isaías:

4O Senhor Deus deu-me língua adestrada, para que eu saiba dizer palavras de conforto à pessoa abatida; ele me desperta cada manhã e me excita o ouvido, para prestar atenção como um discípulo.
5O Senhor abriu-me os ouvidos; não lhe resisti nem voltei atrás. 
6Ofereci as costas para me baterem e as faces para me arrancarem a barba; não desviei o rosto de bofetões e cusparadas.
7Mas o Senhor Deus é meu auxiliador, por isso não me deixei abater o ânimo, conservei o rosto impassível como pedra, porque sei que não sairei humilhado. 

- Palavra do Senhor. 
- Graças a Deus.


Salmo (Salmos 21)

— Meu Deus, meu Deus, por que me abandonastes? 
— Meu Deus, meu Deus, por que me abandonastes?

— Riem de mim todos aqueles que me veem,/ torcem os lábios e sacodem a cabeça:/ “Ao Senhor se confiou, ele o liberte/ e agora o salve, se é verdade que ele o ama!”
— Cães numerosos me rodeiam furiosos,/ e por um bando de malvados fui cercado./ Transpassaram minhas mãos e os meus pés/ e eu posso contar todos os meus ossos. 
— Eles repartem entre si as minhas vestes/ e sorteiam entre si a minha túnica./ Vós, porém, ó meu Senhor, não fiqueis longe,/ ó minha força, vinde logo em meu socorro! 
— Anunciarei o vosso nome a meus irmãos/ e no meio da assembleia hei de louvar-vos!/ Vós, que temeis ao Senhor Deus, dai-lhe louvores,/ glorificai-o, descendentes de Jacó,/ e respeitai-o, toda a raça de Israel!


Segunda leitura (Filipenses 2,6-11)


Carta de São Paulo apóstolo aos Filipenses:

6Jesus Cristo, existindo em condição divina, não fez do ser igual a Deus uma usurpação,7mas ele esvaziou-se a si mesmo, assumindo a condição de escravo e tornando-se igual aos homens. Encontrado com aspecto humano, 8humilhou-se a si mesmo, fazendo-se obediente até a morte, e morte de cruz. 9Por isso, Deus o exaltou acima de tudo e lhe deu o Nome que está acima de todo nome.
10Assim, ao nome de Jesus, todo joelho se dobre no céu, na terra e abaixo da terra, 11e toda língua proclame: “Jesus Cristo é o Senhor”, para a glória de Deus Pai.

- Palavra do Senhor.
- Graças a Deus.


Evangelho (Lucas 22,1423,56)

Lc 22, 14 Chegada que foi a hora, Jesus pôs-se à mesa, e com ele os apóstolos. 15 Disse-lhes: Tenho desejado ardentemente comer convosco esta Páscoa, antes de sofrer. 16 Pois vos digo: não tornarei a comê-la, até que ela se cumpra no Reino de Deus. 17 Pegando o cálice, deu graças e disse: Tomai este cálice e distribuí-o entre vós. 18 Pois vos digo: já não tornarei a beber do fruto da videira, até que venha o Reino de Deus. 19 Tomou em seguida o pão e depois de ter dado graças, partiu-o e deu-lho, dizendo: Isto é o meu corpo, que é dado por vós; fazei isto em memória de mim. 20Do mesmo modo tomou também o cálice, depois de cear, dizendo: Este cálice é a Nova Aliança em meu sangue, que é derramado por vós... 21 Entretanto, eis que a mão de quem me trai está à mesa comigo. 22 O Filho do Homem vai, segundo o que está determinado, mas ai daquele homem por quem ele é traído! 23 Perguntavam então os discípulos entre si quem deles seria o que tal haveria de fazer.
Lc 22, 56 Uma criada percebeu-o sentado junto ao fogo, encarou-o de perto e disse: Também este homem estava com ele.


sábado, 23 de março de 2013

Programação do Domingo de Ramos em nossa Paróquia



Programação deste Domingo de Ramos em nossa Paróquia começa as 06h30min da manhã com a Bênção dos Ramos na capela de São Joaquim, no Bairro de Boa Passagem e logo apos seguirá em Procissão até a Matriz de Nossa senhora de Fátima no conjunto Vila do Príncipe, onde acontecerá  a celebração da segunda parte corresponde à celebração da Eucaristia. E lembrando mais uma vez que ainda em nossa Paróquia será celebrada mais duas Missa com a Benção dos Ramos em Lajinhas as 09h00min e as 19h00min no Conjunto Samanaú.

CURSO PARA MINISTROS EXTRAORDINÁRIOS DA PARÓQUIA DE FÁTIMA


 A Paróquia de Fátima, Zona Norte de Caicó está realizando o Curso de Formação para Ministros Extraordinários da Sagrada Comunhão – MESCs. O curso está sendo ministrado na Igreja Matriz de Fátima, no Conj. Vila do Príncipe. Que teve início no dia 02  março e hoje é a  4ª aula com o tema Os mandamentos da Lei de Deus  neste sábados, das 14 às 16 horas.

Dia 23/Mar- Os mandamentos da Lei de Deus.
Palestrante: Diác. Manoel Cassiano


OS DEZ MANDAMENTOS DA LEI DE DEUS.

Na Sagrada Escritura:

Êxodo 20, 1-17
Então Deus pronunciou todas estas palavras:
Eu sou o Senhor teu Deus, que te tirei da terra do Egito, dessa casa da escravidão.
Não terás outros deuses perante Mim. Não farás para ti nenhuma imagem esculpida, nem figura que existe lá no alto do céu, ou cá em baixo, na terra, ou nas águas debaixo da terra. Não te prostrarás diante delas nem lhes prestarás culto, porque Eu, o Senhor teu Deus, sou um Deus cioso: castigo a ofensa dos pais nos filhos até à terceira e quarta geração daqueles que Me ofendem; mas uso de misericórdia até à milésima geração com aqueles que me amam e guardam os meus mandamentos.
Não invocarás em vão o Nome do Senhor teu Deus, porque o Senhor não deixa sem castigo quem invocar o seu Nome em vão.
Recorda-te do dia do Sábado para o santificar. Durante seis dias trabalharás e farás todos os trabalhos. Mas o sétimo dia é o Sábado do Senhor teu Deus. Não farás nele nenhum trabalho, nem tu, nem o teu filho ou tua filha, nem o teu servo nem a tua serva, nem teu gado, nem o estrangeiro que vive em tua cidade. Porque em seis dias o Senhor fez o Céu e a Terra, o mar e o que eles contêm: mas ao sétimo descansou.
Por isso o Senhor abençoou o dia de Sábado e o consagrou . 
Honra pai e mãe, a fim de prolongares os teus dias na terra que o Senhor teu Deus te vai dar.
Não matarás.
Não cometerás adultério.
Não roubarás.
Não levantarás falso testemunho contra o teu próximo.
Não cobiçarás a casa do teu próximo.
Não desejarás a mulher do teu próximo, nem o seu servo nem a sua serva, o seu boi ou o seu jumento, nem nada do que lhe pertença.

Deuteronômio 5, 6-21

Eu sou o Senhor teu Deus, que te tirei da terra do Egito, dessa casa da escravidão.
Não terás outros deuses diante de Mim....
Não invocarás em vão o Nome do Senhor teu Deus....
Guarda o dia do Sábado para o santificar
Honra teu pai e tua mãe...
Não matarás.
Não cometerás adultério.
Não roubarás.
Não levantarás falso testemunho contra o teu próximo.
Não desejarás a mulher do teu próximo; Não cobiçarás… nada que pertença ao teu próximo.

OS DEZ MANDAMENTOS DA LEI DE DEUS
Eu sou o Senhor teu Deus:
Primeiro: Amar a Deus sobre todas as coisas.
Segundo: Não invocar o santo nome de Deus em vão.
Terceiro: Guardar os Domingos e festas de guarda.
Quarto: Honrar pai e mãe.
Quinto: Não matar.
Sexto: Não pecar conta à castidade.
Sétimo: Não furtar.
Oitavo: Não levantar falsos testemunhos.
Nono: Não desejar a mulher do próximo.
Décimo: Não cobiçar as coisas alheias.

Estes dez mandamentos
resumem-se em dois que são:
Amar a Deus sobre todas as coisas
E ao próximo como a nós mesmos.
 «Mestre, que devo fazer de bom para alcançar a vida eterna?» (Mt 19,16)
        Ao jovem que lhe faz esta pergunta, Jesus responde: «Se queres entrar na vida, observa os mandamentos», e acrescenta: «Vem e segue-me» (Mt 19,16-21). Seguir Jesus implica observar os mandamentos. A Lei não é abolida, mas o homem é convidado a encontrá-la na pessoa do divino Mestre, que em si mesmo a cumpre perfeitamente, lhe revela o pleno significado e atesta a sua perenidade.
        CONHEÇA COMO SEGUIR OS 10 MANDAMENTOS.
        Clique no Link abaixo:

O Segredo que salva as famílias


Quero partilhar com você um segredo que descobri: O santo terço rezado em família pode vencer o divórcio no mundo! Mesmo que comece com você rezando sozinho, em sua casa, até que os outros venham.
Sim, desde que conheci, através da Canção Nova as 5 pedrinhas, eu já sabia que era Nossa Senhora quem as tinha ensinado ao mundo e também ao Monsenhor Jonas, nosso pai-fundador.
Nestes dois últimos anos tive o presente de me aproximar das mensagens que Nossa Senhora tem dado a nós através de suas aparições em Medjugorje e quero partilhar com você e te convidar para vivermos o que ela nos ensina, em oração pela santificação das famílias e vitória sobre o divórcio que assola nosso mundo.
Tenho estado em contato e ouvido histórias das crianças e adolescentes que sofrem o mal do divórcio e assim perdem o que tem de mais sagrado para educação de sua fé: a Família.
Quero ir partilhando com você aos poucos o que podemos fazer juntos.
Hoje quero falar do altar: Nossa Senhora nos pede para montarmos um altar em nossas casas e ele deve conter:
  1. A Bíblia Sagrada – que deve ser lida diariamente mesmo que um pequeno trecho
  2. A Cruz
  3. O terço
  4. Uma imagem de Nossa Senhora
  5. Água Benta
  6. Uma vela
Você quer ajudar nossas crianças a salvarem suas famílias? Querem vocês mesmos salvarem seus casamentos? Vamos caminhar descobrindo este SEGREDO de Maria!!! Eis a maior Catequese!!!
Um abraço,
Rosení Valdez
Membro consagrada da Comunidade Canção Nova
Setor de Produção Infanto-juvenil

Conselho do Dia


Este é o conselho que a Imitação de Cristo nos dá para hoje:
2. Oh! Quantas e quão graves tribulações sofreram os apóstolos, os mártires, os confessores, as virgens e todos quantos quiseram seguir as pisadas de Cristo! Odiaram suas almas neste mundo, para possuí-las eternamente no outro. Oh! Que vidas austeras e mortificadas levaram os Santos Padres no deserto! Que contínuas e graves tentações suportaram! Quantas vezes foram atormentados pelo inimigo! Quantas orações fervorosas ofereceram a Deus! Que rigorosas abstinências praticaram! Que zelo e fervor tiveram em seu adiantamento espiritual! Que guerra fizeram para subjugar os vícios! Com que pura e reta intenção buscaram a Deus! Durante o dia trabalhavam e passavam as noites em orações ainda que trabalhando não interrompessem um momento a oração mental. ( Dos exemplos dos Santos Padres) 

Fonte: Imitação de Cristo

Sábado da 5ª Semana Quaresma



Viram o que Jesus fizera, creram nele.
João 11,45-56

Naquele tempo:45 Muitos dos judeus que tinham ido à casa de Mariae viram o que Jesus fizera, creram nele.46 Alguns, porém, foram ter com os fariseus e contaram o que Jesus tinha feito.47 Então os sumos sacerdotes e os fariseus reuniram o Conselho e disseram:'O que faremos? Este homem realiza muitos sinais.48 Se deixamos que ele continue assim, todos vão acreditar nele,e virão os romanos e destruirão o nosso Lugar Santo e a nossa nação.'49 Um deles, chamado Caifás, sumo sacerdote em função naquele ano, disse:'Vós não entendeis nada.50 Não percebeis que é melhor um só morrer pelo povo do que perecer a nação inteira?'51 Caifás não falou isso por si mesmo. Sendo sumo sacerdote em função naquele ano, profetizou que Jesus iria morrer pela nação.52 E não só pela nação, mas também para reunir os filhos de Deus dispersos.53 A partir desse dia, as autoridades judaicas tomaram a decisão de matar Jesus.54 Por isso, Jesus não andava mais em público no meio dos judeus.Retirou-se para uma região perto do deserto, para a cidade chamada Efraim.Ali permaneceu com os seus discípulos.55 A Páscoa dos judeus estava próxima.Muita gente do campo tinha subido a Jerusalém para se purificar antes da Páscoa.56 Procuravam Jesus e, ao reunirem-se no Templo, comentavam entre si:'O que vos parece? Será que ele não vem para a festa?'
 


Reflexão

O evangelho de hoje traz a parte final do longo relato da ressurreição de Lázaro em Betânia, na casa de Marta e Maria (João 11,1-56). A ressurreição de Lázaro é o sétimo sinal (milagre) de Jesus no evangelho de João e é também o ponto alto e decisivo da revelação que ele vinha fazendo de Deus e de si mesmo.

A pequena comunidade de Betânia, onde Jesus gostava de hospedar-se, reflete a situação e o estilo de vida das pequenas comunidades do Discípulo Amado no fim do primeiro século lá na Ásia Menor. Betânia quer dizer "Casa dos pobres". Eram comunidades pobres de gente pobre. Marta quer dizer "Senhora" (coordenadora): uma mulher coordenava a comunidade. Lázaro significa "Deus ajuda": a comunidade pobre esperava tudo de Deus. Maria significa "amada de Javé": era a discípula amada, imagem da comunidade. O episódio da ressurreição de Lázaro comunicava esta certeza: Jesus traz vida para a comunidade dos pobres. Jesus é fonte de vida para todos que nele acreditam.

João 11,45-46: A repercussão do sétimo Sinal no meio do povo. Depois da ressurreição de Lázaro (Jo 11,1-44), vem a descrição da repercussão deste sinal no meio do povo. O povo estava dividido. “Muitos judeus, que tinham ido à casa de Maria e que viram o que Jesus fez, acreditaram nele”. Mas outros “foram ao encontro dos fariseus e contaram o que Jesus tinha feito. Estes últimos fizeram a denúncia. Para poder entender esta reação negativa de uma parte do povo é preciso levar em conta que a metade da população de Jerusalém dependia em tudo do Templo para poder viver e sobreviver. Por isso, dificilmente eles iriam apoiar um desconhecido profeta da Galiléia que criticava o Templo e as autoridades. Isto também explica como alguns se prestavam para ser informantes das autoridades.

João 11,47-53: A repercussão do sétimo Sinal no meio das autoridade. A notícia da ressurreição de Lázaro fez crescer a popularidade de Jesus. Por isso, os líderes religiosos convocam o conselho, o sinédrio, a autoridade máxima, para discernir o que fazer. Pois, “esse homem está realizando muitos sinais. Se deixamos que ele continue assim, todos vão acreditar nele; os romanos virão e destruirão o Templo e toda a nação”. Eles tinham medo dos romanos. De fato, o passado, desde a invasão romano em 64 antes de Cristo até à época de Jesus, já tinha mostrado várias vezes que os romanos reprimiam com toda a violência qualquer tentativa de rebelião popular (cf Atos 5,35-37). No caso de Jesus, a reação romana poderia levar à perda de tudo, inclusive do Templo e da posição privilegiada dos sacerdotes. Por isso, Caifás, o sumo sacerdote, decide: “É melhor um só homem morrer pelo povo, do que a nação inteira perecer”. E o evangelista faz este bonito comentário: “Caifás não falou isso por si mesmo. Sendo sumo sacerdote nesse ano, profetizou que Jesus ia morrer pela nação. E não só pela nação, mas também para reunir juntos os filhos de Deus que estavam dispersos”. Assim, a partir deste momento, os líderes, preocupados com o crescimento da liderança de Jesus e motivados pelo medo dos romanos, decidem matar Jesus.

João 11,54-56: A repercussão do sétimo Sinal na vida de Jesus. O resultado final é que Jesus tinha que viver como clandestino. “Ele não andava mais em público entre os judeus. Retirou-se para uma região perto do deserto. Foi para uma cidade chamada Efraim, onde ficou com seus discípulos”. A páscoa estava próxima. Nessa época do ano, a população de Jerusalém triplicava por causa do grande número de peregrinos e romeiros. A conversa de todos era em torno de Jesus: "Que é que vocês acham? Será que ele não vem para a festa?" Da mesma maneira, na época em que foi escrito o evangelho, no fim do primeiro século, época da perseguição do imperador Domiciano (81 a 96), as comunidades cristãs que traziam a vida para os outros viam-se obrigadas a viver na clandestinidade.

Uma chave para entender o sétimo sinal da ressurreição de Lázaro. Lázaro estava doente. As irmãs Marta e Maria mandaram chamar Jesus: "Aquele a quem amas está doente!" (Jo 11,3.5). Jesus atende ao pedido e explica aos discípulos: "Essa doença não é mortal, mas é para a glória de Deus, para que por nela seja glorificado o Filho de Deus!" (Jo 11,4) No evangelho de João, a glorificação de Jesus acontece através da sua morte (Jo 12,23; 17,1). Uma das causas da sua condenação à morte vai ser a ressurreição de Lázaro (Jo 11,50; 12,10). Muitos judeus estavam na casa de Marta e Maria para consolá-las da perda do irmão. Os judeus, representantes da Antiga Aliança, só sabem consolar. Não trazem vida nova.. Jesus é que vai trazer vida nova! Assim, de um lado, a ameaça de morte contra Jesus! De outro lado, Jesus chegando para vencer a morte! É neste contexto de conflito entre vida e morte, que se realiza o sétimo sinal da ressurreição de Lázaro.

Marta diz que crê na ressurreição. Os fariseus e a maioria do povo também acreditavam na Ressurreição (At 23,6-10; Mc 12,18). Acreditavam, mas não a revelavam. Era apenas fé na ressurreição no fim dos tempos e não na ressurreição presente na história, aqui e agora. Esta fé antiga não renovava a vida. Pois não basta crer na ressurreição que vai acontecer no final dos tempos, mas tem que crer que a Ressurreição já está presente aqui e agora na pessoa de Jesus e naqueles que acreditam em Jesus. Sobre estes a morte já não tem mais nenhum poder, porque Jesus é a "ressurreição e a vida". Mesmo sem ver o sinal concreto da ressurreição de Lázaro, Marta confessa a sua fé: "Eu creio que tu és o Cristo, o filho de Deus que vem ao mundo" (Jo 11,27).

Jesus manda tirar a pedra. Marta reage: "Senhor, já cheira mal! É o quarto dia!"(Jo 11,39). Novamente, Jesus a desafia apelando para a fé na ressurreição, aqui e agora, como um sinal da glória de Deus: "Não te disse que, se creres, verás a glória de Deus?" (Jo 11,40). Retiraram a pedra. Diante do sepulcro aberto e diante da incredulidade das pessoas, Jesus se dirige ao Pai. Na sua prece, primeiro, faz ação de graças: "Pai, dou-te graças, porque me ouviste. Eu sabia que tu sempre me ouves!" (Jo 11,41-42). Jesus conhece o Pai e confia nele. Mas agora ele pede um sinal por causa da multidão que o rodeia, para que possa acreditar que ele, Jesus, é o enviado do Pai. Em seguida, ele grita em alta voz, grito criador: "Lázaro, vem para fora!" E Lázaro veio para fora (Jo 11,43-44). É o triunfo da vida sobre a morte, da fé sobre a incredulidade! Um agricultor comentou: "A nós cabe retirar a pedra! E aí Deus ressuscita a comunidade. Tem gente que não quer tirar a pedra, e por isso a comunidade deles não tem vida!"
 
 
Para um confronto pessoal
1) O que significa para mim, bem concretamente, crer na ressurreição?
2) Parte do povo aceitava Jesus, parte não aceitava. Hoje, parte do povo aceita a renovação da igreja, e parte não aceita. E eu?

SANTO DO DIA - 23/03/2013

23/03
São Turíbio de Mongrovejo
Até os quarenta e dois anos, a carreira de Turíbio (1538-1606) poderia dezer-se que era normal, sob todos os aspectos. Com um tio cônego (tonsurado para poder gozar uma pensão eclesiástica, mas sem receber ordens, como então era corrente), que o protegia, estudara em várias universidades e preparava, em Oviedo, o doutorado em direito. Também ele recebera a tonsura, sem passar, porém mais adiante no serviço da Igreja: estava assim já preparado para ingressar naquela incipiente burocracia de "letrados", a que dera origem a centralização do Estado moderno.

Seguindo o processo normal das coisas, recebeu uma nomeação para o Santo Ofício em Granada. Sua vida particular distinguia-se pela limpeza, mais não parece ter excedido nunca o simplesmente honesto. Nada poderia fazer suspeitar até então o santo e o grande fundador de igrejas.

Mas a indicação de seu nome, por Filipe II, para arcebispo de Lima, deu uma dimensão totalmente nova à sua vida; evoca, em certos aspectos, a transformação que a nomeação para arcebispo de Cantorbery operou em Beckett.

Recebeu uma por uma todas as ordens, com a idade de quarenta e um anos, e a partir deste momento nasce um dos maiores apóstolos da história da Igreja. Calcula-se que percorreu a pé, ou a cavalo, mais de 40 mil quilômetros, visitando até os últimos lugarejos de sua diocese, nunca das geografias mais difíceis do mundo, desde as quebradas com neve perpétua dos Andes, até os desertos tórridos do Pacífico. Segundo seus próprios cálculos, teria administrado pessoalmente o sacramento da confirmação a noventa mil pessoas.

Como chefe da principal Igreja da América, dedicou-se, inflexivelmente, a aplicar a reforma de Trento. Isto levou-o a enfrentar-se repetidas vezes com os vice-reis, com o Conselho das Índias e com o próprio rei, imbuídos de idéias regalistas. Não cedeu: os dez concílios diocesanos e os três provinciais que celebrou formaram a estrutura legal da Igreja da América espanhola até o século XX.

Com razão foi chamado "apóstolo do Peru", e "outro Ambrósio". 

LITURGIA DIÁRIA - 23/03/2013



Dia: 23/03/2013
Primeira Leitura: Ezequiel 37, 21-28

V SEMANA DA QUARESMA*
(roxo, pref. da paixão I - ofício do dia


Leitura da Profecia de Ezequiel.

21Assim diz o Senhor Deus: “Eu mesmo vou tomar os israe­litas do meio das nações para onde foram, vou recolhê-los de toda a parte e reconduzi-los para a sua terra.
22Farei deles uma nação única no país, nos montes de Israel, e apenas um rei reinará sobre todos eles. Nunca mais formarão duas nações, nem tornarão a dividir-se em dois reinos. 23Não se mancharão mais com os seus ídolos e nunca mais cometerão infames abominações. Eu os libertarei de todo o pecado que cometeram em sua infidelidade, e os purificarei. Eles serão o meu povo e eu serei o seu Deus.
24Meu servo Davi reinará sobre eles, e haverá para todos eles um único pastor. Viverão segundo meus preceitos e guardarão minhas leis, pondo-as em prática. 25Habitarão no país que dei a meu servo Jacó, onde moraram vossos pais; ali habitarão para sempre, também eles, com seus filhos e netos, e o meu servo Davi será o seu príncipe para sempre.
26Farei com eles uma aliança de paz, será uma aliança eterna. Eu os estabelecerei e multiplicarei, e no meio deles colocarei meu santuário para sempre. 27Minha morada estará junto deles. Eu serei o seu Deus e eles serão o meu povo. 28Assim as nações saberão que eu, o Senhor, santifico Israel, por estar o meu santuário no meio deles para sempre”.

- Palavra do Senhor.
- Graças a Deus.


Salmo (Jeremias 31,10-13)

— O Senhor nos guardará qual pastor a seu rebanho. 
— O Senhor nos guardará qual pastor a seu rebanho. 

— Ouvi, nações, a palavra do Senhor e anunciai-a nas ilhas mais distantes: “Quem dispersou Israel, vai congregá-lo, e o guardará qual pastor a seu rebanho!” 
— Pois, na verdade, o Senhor remiu Jacó e o libertou do poder do prepotente. Voltarão para o monte de Sião, entre brados e cantos de alegria afluirão para as bênçãos do Senhor:
— Então a virgem dançará alegremente, também o jovem e o velho exultarão; mudarei em alegria o seu luto, serei consolo e conforto após a guerra.


Evangelho (João 11,45-56)

— O Senhor esteja conosco.
— Ele está no meio de nós.
— Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo + segundo João.
— Glória a vós, Senhor.

Naquele tempo, 45muitos dos judeus que tinham ido à casa de Maria e viram o que Jesus fizera, creram nele. 46Alguns, porém, foram ter com os fariseus e contaram o que Jesus tinha feito. 47Então os sumos sacerdotes e os fariseus reuniram o Conselho e disseram: “Que faremos? Este homem realiza muitos sinais. 48Se deixamos que ele continue assim, todos vão acreditar nele, e virão os romanos e destruirão o nosso Lugar Santo e a nossa nação”. 
49Um deles, chamado Caifás, sumo sacerdote em função naquele ano, disse: “Vós não enten­deis nada. 50Não percebeis que é melhor um só morrer pelo povo do que perecer a nação inteira?” 51Caifás não falou isso por si mesmo. Sendo sumo sacerdote em função naquele ano, profetizou que Jesus iria morrer pela nação. 52E não só pela nação, mas também para reunir os filhos de Deus dispersos. 53A partir desse dia, as autoridades judaicas tomaram a decisão de matar Jesus. 
54Por isso, Jesus não andava mais em público no meio dos judeus. Retirou-se para uma região perto do deserto, para a cidade chamada Efraim. Ali permaneceu com os seus discípulos. 55A Páscoa dos judeus estava próxima. Muita gente do campo tinha subido a Jerusalém para se purificar antes da Páscoa. 56Procuravam Jesus e, ao reunirem-se no Templo, comentavam entre si: “Que vos parece? Será que ele não vem para a festa?” 

- Palavra da Salvação. 
- Glória a vós, Senhor.

O Evangelho do Dia - 23/03/2013

Ano C - DIA 23/03

O plano para matar Jesus - Jo 11,45-56

Muitos judeus que tinham ido à casa de Maria e viram o que Jesus fizera, creram nele. Alguns, porém, foram contar aos fariseus o que Jesus tinha feito. Os sumos sacerdotes e os fariseus reuniram o sinédrio e discutiam: “Que vamos fazer? Este homem faz muitos sinais. Se deixarmos que ele continue, todos vão acreditar nele; os romanos virão e destruirão o nosso Lugar Santo e a nossa nação”. Um deles, chamado Caifás, sumo sacerdote naquele ano, disse: “Vós não entendeis nada! Não percebeis que é melhor um só morrer pelo povo do que perecer a nação inteira?” Caifás não falou isso por si mesmo. Sendo sumo sacerdote naquele ano, profetizou que Jesus iria morrer pela nação; e não só pela nação, mas também para reunir os filhos de Deus dispersos. A partir desse dia, decidiram matar Jesus. Por isso, Jesus não andava mais em público no meio dos judeus. Ele foi para uma região perto do deserto, para uma cidade chamada Efraim. Lá permaneceu com os seus discípulos. A Páscoa dos judeus estava próxima. Muita gente da região tinha subido a Jerusalém para se purificar antes da Páscoa. Eles procuravam Jesus e, reunidos no templo, comentavam: “Que vos parece? Será que ele não vem para a festa?”


Leitura Orante

Oração Inicial


Preparo-me para a Leitura Orante,
com todos os que navegam pela rede da internet,
invocando o Espírito Santo:
Espírito de verdade,
a ti consagro a mente e meus pensamentos:
ilumina-me.
Que eu conheça Jesus Mestre
e compreenda o seu Evangelho.
Ó Jesus Mestre, Verdade, Caminho e Vida,
tem piedade de nós.

1- Leitura (Verdade)


O que diz o texto do dia?
Leio atentamente o texto, na Bíblia: Jo 11,45-56, e observo pessoas, palavras, relações, lugares.

O Conselho Superior se sentia ameaçado por Jesus. Vejo isto nesta afirmação: "Esse homem está fazendo muitos milagres! Se deixarmos que ele continue fazendo essas coisas, todos vão crer nele. Aí as autoridades romanas agirão contra nós e destruirão o Templo e o nosso país." Era uma ameaça, segundo eles, também contra o Templo e o país. Consequências: planos para matar Jesus e Ele se retirou e era procurado.

2- Meditação (Caminho)


O que o texto diz para mim, hoje?
Olhando para Jesus, entendo que sempre que sou coerente, fiel, posso sofrer ameaças e até passar por julgamentos e condenações. Pergunto-me agora: como reajo? Como Jesus? Ou cedo às tentações? Prefiro deixar de lado o Projeto de Deus e me ajustar ao que interessa a outros? Os bispos, em Aparecida, falaram de “uma missão para comunicar vida” como fez Jesus: "A vida se acrescenta dando-a e se enfraquece no isolamento e na comodidade. De fato, os que mais desfrutam da vida são os que deixam da margem a segurança e se apaixonam na missão de comunicar vida aos demais. O Evangelho nos ajuda a descobrir que um cuidado enfermiço da própria vida depõe contra a qualidade humana e cristã dessa mesma vida. Vive-se muito melhor quando temos liberdade interior para doá-la "Quem aprecia sua vida terrena, a perderá" (Jo 12,25). Aqui descobrimos outra profunda lei da realidade: "que a vida se alcança e amadurece à medida que é entregue para dar vida aos outros. Isso é, definitivamente, a missão." (DAp 360).


3- Oração (Vida)


O que o texto me leva a dizer a Deus?
Oração oficial da CF 2013
Pai santo, vosso Filho Jesus,
conduzido pelo Espírito
e obediente à vossa vontade,
aceitou a cruz como prova de amor à humanidade.
Convertei-nos e, nos desafios deste mundo,
tornai-nos missionários
a serviço da juventude.
Para anunciar o Evangelho como projeto de vida,
enviai-nos, Senhor;
para ser presença geradora de fraternidade,
enviai-nos, Senhor;
para ser profetas em tempo de mudança,
enviai-nos, Senhor;
para promover a sociedade da não violência,
enviai-nos, Senhor;
para salvar a quem perdeu a esperança,
enviai-nos, Senhor;
para...

4- Contemplação (Vida e Missão)


Qual meu novo olhar a partir da Palavra?
Meu novo olhar é de atenção àquilo que pode ser uma manipulação da minha coerência de vida com o Evangelho. Minha opção é por Jesus Cristo.

Bênção


- Deus nos abençoe e nos guarde. Amém.
- Ele nos mostre a sua face e se compadeça de nós. Amém.
- Volte para nós o seu olhar e nos dê a sua paz. Amém.
- Abençoe-nos Deus misericordioso, Pai e Filho e Espírito Santo. Amém.

Sugestões:
- Campanha da Fraternidade 2013 - Veja informações no blog:http://comunicacatequese.blogspot.com.br/
- Veja a mensagem do Papa Bento XVI para a Quaresma em http://paulinascomunica.blogspot.com/
- Faça o Retiro de Quaresma e Páscoa seguindo o blog http://viverecomunicarcristo.blogspot.com

Ir. Patrícia Silva, fsp

sexta-feira, 22 de março de 2013

Conselho do Dia


Este é o conselho que a Imitação de Cristo nos dá para hoje:
Jesus: Grande coisa é o amor! E um bem verdadeiramente inestimável que por si só torna suave o que é difícil e suporta sereno toda a adversidade. Porque leva a carga sem lhe sentir o peso e torna o amargo doce e saboroso. O amor de Jesus é generoso, inspira grandes ações e nos excita sempre à mais alta perfeição. O amor tende sempre para as alturas e não se deixa prender pelas coisas inferiores. O amor deseja ser livre e isento de todo apego mundano, para não ser impedido no seu afeto íntimo nem se embaraçar com algum incômodo. Nada mais doce do que o amor, nada mais forte, nada mais delicioso, nada mais perfeito ou melhor no céu e na terra; porque o amor procede de Deus, e em Deus só pode descansar, acima de todas as criaturas. ( Dos admiráveis efeitos do amor divino) 

Fonte: Imitação de Cristo