quarta-feira, 7 de outubro de 2015

O Deputado Nelter Queiroz fez o registro na seção da assembleia legislativa de um artigo do Padre joão Medeiros Filho com o Titulo: Precisamos de sites para o bem



O Deputado Nelter Queiroz fez o registro na seção de hoje na assembleia legislativa de um artigo do Padre joão Medeiros Filho, publicado no Tribuna do Norte no dia 29/09/2015 com o Titulo: Precisamos de sites para o bem

Leia este artigo que foi lida por ele na integra abaixo.


PADRE JOÃO MEDEIROS FILHO
(pe.medeiros@hotmail.com)

O site Ashley Madison era muito visitado, pois apresentava um slogan convidativo e tentador para muitos: “A vida é curta. Curta um caso” (“Life is short. Have an affair”). Era uma espécie de lupanário virtual, dentro dos lares e nos ambientes de trabalho. Esse instrumento de luxúria e infidelidade chegou a atrair trinta milhões de pagantes (de ambos os sexos), que o acessavam cotidiana ou periodicamente.

Em meados deste ano, hackers invadiram-no e divulgaram os dados de seus clientes. Foi um vexame e um Deus nos acuda. Os consultórios de médicos e terapeutas lotaram, os confessionários voltaram a ter filas e aumentou a venda de ansiolíticos, tranquilizantes e antidepressivos. Houve turbulências conjugais, dando azo a separações, divórcios e até ao suicídio de alguns usuários. O presidente da empresa Match Trish foi obrigado a se demitir. Diria Cícero, o tribuno romano: “O tempora, o mores”! E pasmem! São Paulo era a cidade com maior número de inscritos e cadastrados, chegando a mais de trezentos mil participantes assíduos! Muitos buscavam ali uma aventura tão excitante quanto frequentar “as casas de recursos” nos tempos em que a AIDS ainda não despontara.

Mas, o mundo virtual não é real. O que todos ficaram sabendo, após a invasão dos hackers, é que as sedutoras mulheres, de voz aveludada e propostas picantes, eram centenas de robôs programados para entreter os frequentadores do site. A tentação humana e a ilusão que dela decorre, não é apenas uma narrativa mitológica do Éden. A serpente faz-se presente hoje na internet e visita os lares, locais de trabalho etc. O “paraíso” pode caber na palma da mão num pequeno aparelho que enche de volúpia nossos pobres irmãos. A verdade é que muitos se apaixonaram pela interlocutora, sonhando com uma vida luxuriosa ao lado dela, uma “noite de amor”, um fim de semana ou férias em alguma ilha do Pacífico, longe do cônjuge e de qualquer padrão moral...

A tecnologia criou uma maneira insólita de “pular a cerca”. E esta tem duas faces: aquela da carente fantasia de quem parte em busca de aventuras e a outra, a da concupiscência e fome insaciável por dinheiro e faturamento, isento de impostos e livre de doenças. Era um novo prostíbulo à disposição até de menores.

Dizem que o melhor da festa é esperar por ela. Surfando nessa onda, homens e mulheres davam vazão às suas carências e desvios, ligando o computador à procura de uma paquera apimentada. Como tudo é virtual, vale qualquer tipo de blefe: o feio se faz de lindo; a velhusca passa por miss; o brutamonte se disfarça em príncipe encantado...

Convém perguntar: onde estão os sites do bem? Aqueles que estimulam o relacionamento entre os que podem ajudar e quem realmente necessita de auxílio. Vemos uma tecnologia a serviço da degradação. Precisamos criar algo que seja capaz de atenuar a dor e o sofrimento do outro. Queremos sites voltados para a solidariedade, assumindo a educação de uma criança pobre, o tratamento de câncer de uma mãe sem recursos, ou, quem sabe, capazes de socorrer com emprego um dos milhares de refugiados sírios que vagam pelos países da Europa em busca de uma vida mais digna.

O mundo seria muito mais justo e feliz, se todos nós estivéssemos convencidos de que a solidariedade é uma ótima receita para se fazer o bem ao próximo, e também a si mesmo. O Ashley Madison faturou milhões de dólares com fantasias libidinosas dos usuários. Tais recursos poderiam ter sido canalizados para boas causas. O referido site oferece agora meio milhão de dólares a quem identificar os hackers que quebraram os seus segredos, expondo a mazela de tanta gente. Cristo já advertira no seu Evangelho: “Não há nada escondido que não venha a ser descoberto, ou oculto que não venha a ser conhecido. O que disserem nas trevas será ouvido à luz do dia, e o que sussurrarem aos ouvidos dentro de casa, será proclamado dos telhados” (Lc 12, 2-3). Tudo é fruto e resultado de um mundo sem Deus. E sem Ele, para compensar, o homem cria uma sociedade do “ter, do poder e do prazer”. Tudo efêmero! “Mutatis mutandis”, caberia lembrar o Eclesiastes (Ecl 1, 2): Ilusão das ilusões, tudo é ilusão. Queremos sites do bem. Desafio para a sociedade contemporânea!


Nenhum comentário:

Postar um comentário