Seguir Jesus exige rupturas
Ao passar para a outra margem, Jesus quer não só evitar as multidões, mas também ampliar seu ministério às populações gentílicas vizinhas.
Mateus aborda o tema do seguimento de Jesus com dois casos opostos. Primeiro, alguém que não é discípulo aproxima-se de Jesus. É um escriba. Outras vezes eles vinham com armadilhas. Agora se pode pensar que o escriba esteja bem intencionado. Ele afirma-se disposto a seguir Jesus. Diante de tal ímpeto de disponibilidade, Jesus mostra cautela. Afirma seu estilo de vida despojado, itinerante, sem segurança, que nem as raposas e as aves têm. Não se sabe a reação do escriba. Parece ter desistido, como o caso do jovem rico em outra narrativa (Mt 19,16-22).
No segundo caso trata-se de um discípulo que pede tempo para enterrar o pai. A resposta negativa de Jesus, tomada ao pé da letra, parece um tanto rude. Pode-se ver aí uma simbologia, na qual "o pai" deste discípulo significa a tradição do judaísmo, que tem na família a célula de reprodução do "povo eleito", superior e separado dos demais. Esta resposta de Jesus completa a anterior: seguir Jesus significa uma ruptura pura e simples com as antigas tradições mortas, que não favorecem a vida, e a adesão ao amor vivificante do Pai.
José Raimundo Oliva
Oração
Pai, confronta-me, cada dia, com as exigências do discipulado, e reforça minha disposição para enfrentá-las com a tua graça.
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