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terça-feira, 29 de maio de 2012

Em nome do nosso filho! - Pe. Zezinho, scj

 Pe. Zezinho, scj

Que podemos orar uns pelos outros parece claro. Que os salvos em Cristo, que já estão no céu, também intercedem por nós diante do Cristo, está claro, pelo menos, para os católicos. Para os irmãos que acham que a ressurreição ainda não aconteceu e que os mortos estão dormindo até o último dia, não há intercessão. Resta a eles pedir aos seus santos da terra que orem por eles a Jesus ou ao Pai, em nome de Jesus.
No caso dos católicos, é doutrina da nossa Igreja que se pode falar diretamente ao Pai em nome de Jesus, ou a Jesus para pedir alguma graça. E isto pode ser feito tanto por nós aqui da terra , como pelos que estão no céu. Maria, portanto, a mãe do Cristo, faz quase a mesma prece que nós. Ela também pede ao Filho ou ao Pai em nome do Filho. A diferença está no jeito de falar. Nós temos que dizer : - " Em nome do Vosso filho Jesus" . Maria é a única que pode dizer:- " Em nome do Nosso Filho Jesus".
Não faz sentido dizer que quem foi mãe na terra deixou de ser mãe no céu. Ela continua a mãe de Jesus, tanto quanto Jesus continua o Cristo. A dimensão será outra, mas o fato permanece. Foi escolhida e está no céu com o seu Filho.
Se Jesus não tivesse tido poder de salvar sua mãe, salvaria a quem? Se padre e pastor podem orar pelos seus fiéis e o fazem, porque a mãe de Jesus não o faria? Porque está dormindo, como querem alguns irmãos? Mas a doutrina cristã sobre o céu contempla a ressurreição. Paulo diz que nem todos dormiremos. Seremos transformados (1 Cor 15,01) Desfeito o corpo mortal receberemos um corpo glorioso. Estaremos muito vivos... Ou será que o ladrão perdoado por Cristo e com garantia de que no mesmo dia estaria com Jesus no paraíso foi enganado e só está dormindo? Jesus teria mentido para ele? Foi para o céu ou não foi? Está vivo em Cristo ou não está? (Lc 23, 43) Se Jesus lhe prometeu o paraíso para o mesmo dia é porque quem morre em Cristo não fica dormindo à espera do último dia !
Se esperamos ir para o céu, será para louvar a Deus eternamente, mas nem por isso nos será tirado o direito de interceder. É fácil pegar uma passagem bíblica que diz que os falecidos não podem orar pelos outros. Na parábola de Jesus até o mau rico que estava no inferno intercedeu pelos seus parentes. Imaginem então, alguém do céu... ( Lc, 16,19)
Eu não tenho dificuldade nenhuma de pedir aos do céu que orem por mim. Eu sei que eles estão vivos e bem acordados. Para eles o céu já aconteceu. Estão lá orando por nós. Maria também.

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segunda-feira, 28 de maio de 2012

Jesus e a Santíssima Trindade - Pe. Zezinho, scj

 Pe. Zezinho, scj


Mas, quando vier o Consolador, que eu da parte do Pai vos hei de enviar, aquele Espírito de verdade, que procede do Pai, ele testificará de mim. (Jo 15, 26)

Deveria ser tema assimilado por todos os cristãos. Era de se esperar que sobre este dogma não houvesse dúvidas, uma vez que não há como declarar-se cristão sem professar esta verdade: Jesus faz parte da Santíssima Trindade. Ele é o Filho eterno que se encarnou há vinte séculos atrás.

Não é o que se ouve no rádio, na televisão e em alguns púlpitos. Pregadores das mais diversas igrejas cristãs não poucas vezes subordinam Jesus ao Cristo, ou o Cristo ao Pai de quem é anunciado como criatura, ou ainda, ao Espírito Santo por quem ele é iluminado como alguém inferior. A linguagem traz, de começo a idéia de Ário ( 250 a 336) de que Jesus não tinha uma alma humana. Para Ário somente o Pai é eterno. O Filho se formou depois, criado pelo Pai. Para Ário, o Filho teve um começo, senão não seria Filho.

Contra Ário, o nosso credo reza: " gerado do Pai antes de todos os séculos, Deus de Deus, luz da luz, Deus verdadeiro de Deus verdadeiro, gerado, mas não criado, consubstancial ao Pai.

Ouve-se, contudo, da parte de alguns pregadores com insuficiente leitura e estudo da fé, que o Cristo se encarnou em Jesus; que o Filho de Deus desceu sobre Jesus e ele se tornou o Cristo; que, depois da morte, Jesus "voltou a ser o Filho eterno"; que por um tempo Jesus deixara de ser, ao despojar-se da sua divindade; que Jesus era um humano deificado; que a divindade abandonou Jesus na hora da morte; que em Jesus havia duas pessoas e duas naturezas.

De onde tiram suas idéias? Da própria cabeça posto que muitos não estudaram suficiente teologia nem da sua igreja nem das outras. Simplesmente pegam de um microfone e pregam o que eles acham que devem dizer sobre Jesus. Outros, mais estudiosos, fundamentam suas afirmações apoiando-se em algum autor famoso. Um pregador muito conhecido na nossa mídia ensinou ao falar da eucaristia o que John Scotus Erigena ( 820-887) ensinara. Disse que não há presença de Cristo no altar, e que a missa é apenas uma recordação do sacrifício expiatório de Cristo, mas que naquele altar absolutamente nada acontecia.

Uma longa oração de 45 minutos, feita por uma fiel pentecostal no rádio, chamava Jesus de pai, e o proclamava como filho do Espírito Santo. Entre os católicos sabe-se de no mínimo três pregadores que terminam suas preces de maneira triteísta: IEm nome do Deus Pai, do Deus Filho e do Deus Espírito Santo. Não fala de um só Deus, mas de três deuses unidos...

Para um cristão deve ser doutrina clara: Jesus é o Cristo esperado, Filho eterno que se encarnou. Este homem Jesus antes de encarnação sempre esteve no seio da Trindade. Agora, o humano Jesus, glorificado está no céu, com a promessa de que um dia voltará. Não tinha deixado de ser Deus quando aqui se encarnou e não deixou de ser homem quando voltou para o céu. Portanto, a pessoa que é o Filho de Deus está no céu com duas naturezas, a divina que sempre teve e a, agora glorificada natureza humana, que assumiu ao encarnar-se. Aquele corpo que atravessou portas fechadas (Jo 20,26) e que se transfigurou no monte Tabor (Mt 17,2), que Tomé tocou embora estivesse ressuscitado (Jo 20,27) era algo que os discípulos não conheciam. A catequese o chama de corpo glorioso, corpo que Paulo afirma que um dia nós teremos.

Transformará o nosso corpo abatido, para ser conforme o seu corpo glorioso, segundo o seu eficaz poder de sujeitar também a si todas as coisas. (Fp 3,21)

Difícil de entender? Difícil de explicar? Maravilhoso seria se tudo fosse explicável. Deus não é!

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domingo, 27 de maio de 2012

Devoção de católico - Pe. Zezinho, scj

 Pe. Zezinho, scj


O amor é tanto que comemoramos anúncio, concepção, nascimento, momentos da vida, morte e ressurreição de Jesus. Também comemoramos concepção, nascimento, momentos de vida e morte de Maria, a mãe dele. Amor suscita memórias.
A um desses irmãos aguerridos de outra igreja, quando tive chance de explicar, expliquei o porquê desses nomes e dessas datas. Se ele se satisfez, não sei, mas parou de discordar. Aceito ouvir as explicações deles, mas quero o direito de explicar os meus porquês. Não sou um crente visceral; sou crente cristão católico que estuda. Por isso celebramos os mistérios e vivências de ontem e neles, nossos mistérios e nossas vivências.
Anunciação, a 25 de março, por conta do anúncio feito pelo anjo a Maria. Ela seria mãe de alguém especial. Está nos evangelhos. Imaculada Conceição a 8 de dezembro, porque, para nós, o primeiro instante de uma vida é sagrado. O primeiro instante da vida da mãe de Jesus para nós e motivo de festa. Está na Tradição. Natal a 25 de dezembro porque o nascimento de Jesus fez a diferença no mundo. Está nos evangelhos. Natividade de Maria a 8 de setembro porque , se o menino que dela não foi um menino qualquer, ela também não foi menina qualquer. Está na Tradição. Além de festejarmos sua concepção imaculada festejamos seu nascimento.
Nossa Senhora das Luzes ou da Candelária no dia 2 de fevereiro; das Dores, dia 15 de setembro, um dia depois do dia da santa cruz porque ela estava lá aos pés do filho que morria. A iluminada é também iluminadora. Por isso oramos a ela para que ore por nós durante nossa vida e na hora em que estivermos morrendo. Ela viveu isso como Filho!
Durante o ano temos mais de 40 dias especiais, nos quais lembramos algum mistério da vida de Jesus ou da vida de Maria associada à de Jesus. Ascensão alguns dias depois da Páscoa porque ali Jesus se despediu prometendo que voltaria, mas nunca mais foi visto com os olhos da carne. Assunção, porque seremos todos levados para o céu para onde não podemos ir por próprias forças, mas lembrando que Maria morreu de morte bem mais serena do que a nossa e que, para ela o céu não trazia dúvidas. Foi passagem serena. Já tinha tido o céu no ventre. Nossa assunção é bem menos festiva. Morrer ainda nos assusta, isto porque não temos a correta dimensão de céu em nós.
Assim, as doutrinas e dogmas que cercam Jesus e seus santos, sobretudo Maria, para nós são festas maiores ou menores, a depender do enfoque devocional desta ou daquela cidade ou paróquia.
Pergunte a um católico devidamente instruído na fé e ele saberá responder porque ora, quem ora, como ora e porque celebra algum dogma ou acontecimento. Os que lêem menos sabem menos. Mas está tudo lá nos livros oficiais da Igreja. Creio e sei porque creio, celebro e sei o que celebro. Perguntei a um grupo de católicos atuantes qual a diferença entre ascensão e assunção e entre N.Sra da Conceição e Natividade de N.Sra. Tiveram dificuldade de responder. Em algum lugar de sua formação alguém se esqueceu de mergulhar nos porquês de nossa devoção.
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Agiu coerentemente o pároco de uma ativa comunidade católica quando escalou uma equipe de jovens para explicar em letras grandes num painel à entrada do templo, a cada festa , o que ela significava e, se fosse a vida de algum santo, o resumo de sua vida, atuação e pensamentos. A mesma equipe foi encarregada de colocar uma breve placa de explicação diante de cada imagem que havia no templo, com a corresponde citação bíblica. Resgatou conceitos e fundamentou suas celebrações.
Deixa a desejar a paróquia ou templo que por anos a fio apenas mostra imagens e celebra festas sem jamais explicar a catequese que elas expressam. Resultado: temos sido uma igreja mal vivida porque mal explicada!

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sábado, 26 de maio de 2012

Olhar para Maria - Pe Zezinho scj


 Pe Zezinho scj

Olho para as imagens de Maria mas não falo com elas. Maria não está lá.

Vou ao templo a ela dedicado, mas não falo olhando para a sua imagem. Maria não está lá.

Tenho imagens dela no meu escritório e no quarto,
mas não falo com suas imagens. Maria não está lá.

Canto sobre Maria e para Maria, sem olhar para sua imagem. Maria não está lá.

Em geral, olho a escultura, depois perco os olhos no infinito, às vezes os fecho e imagino Maria, lá onde ela está, no colo infinito de Deus, ao lado de seu divino Filho.

Então eu lhe digo coisas. E peço que interceda por mim, porque, de Jesus e de orar e interceder, Maria entende mais.

Não sou um cristão mariano, sou um cristão Cristocêntrico, mas exatamente por colocar o Cristo Jesus o tempo todo no centro da minha fé tornei-me também mariano.

Percebo Maria, porque, quem está perto de Jesus nunca está longe de Maria, assim como quem está perto de Maria nunca está longe de Jesus.

A um amigo de outra religião que me perguntou por que sou cristão falei de Jesus. Sou cristão por causa dele, não por causa dos seus santos. Mas sou-lhe grato pelos santos que ele nos deu.

A outro amigo que me perguntou por que fiz tantas canções para Maria, respondi que nunca ouvi dizer que um filho não gostasse de ver sua mãe elogiada.

Maria não é deusa, mas nunca ninguém neste mundo esteve tão perto de Deus quanto ela. Afinal, o Filho de Deus morou no seu ventre por nove meses e esteve lado a lado com ele por mais de trinta anos. Maria é cristocêntrica. Ela aponta o tempo todo para o centro que é Jesus e este, para a Santíssima Trindade.

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A Política, os crentes e os ateus - Pe. Zezinho, scj

 Pe. Zezinho, scj

O Brasil não é um país só de religiosos. Nossas leis são para todos. Mas é um país onde todos podem se manifestar. Por enquanto ainda são pequenas as chances de algum ditador se apossar do governo da nação. Mas não se deve baixar a guarda. Há e haverá quem o queira. Basta prestar atenção aos discursos de quem faria qualquer coisa para chegar ou para não apear do poder. Pelo que sabemos país algum governado por anjos...

Mas um fato é constatável. Crentes estão falando, tomando partido e negociando em favor de suas igrejas. E também brigando entre si, em busca de emissoras e outras vantagens políticas. Verdade ou mentira, está nos jornais e está em programas por eles conduzidos. Não disfarçam suas lutas intestinas por mais veículos e mais poder. Isso inclui as mais diversas igrejas que desejam mais espaço e mais mídia.

Por outro lado, os políticos sabem que qualquer ateu confesso que deseje os votos para governar terá que enfrentar os religiosos que somam mais de 90% da população. Teimar em ateísmo e governar ignorando os apelos das igrejas ou centros de fé, a menos que se trate de ditadura, seria suicídio político. Por isso assiste-se com um pé atrás a performance religiosa de quem ontem mesmo dizia não ter certeza de que Deus existe. Como, porém, a alma humana da meia-volta, pode-se questionar o momento, mas não se pode duvidar da sinceridade de quem hoje age como crente durante uma campanha. Converteu-se a Deus ou às urnas?

E há o crente que fica nas aparências. Para ele basta que o candidato pareça religioso. Escolhe sem ligar os fatos. Não se dá conta de a fé vai além das palavras. Votar em quem agora parece crente e se afirma convertido é navegar na maionese. Parecer não é ser! Políticos para todos os cargos que fazem uso de palavras cheias de unção para alcançar a vereança, a Câmara, o Senado, o Governo e a Presidência ainda precisam provar que de fato respeitarão os 90% de crentes do país.

O mesmo deverá fazer o candidato religioso. Respeitará a minoria descrente? E o que fará na hora de assinar um documento que 90% dos crentes rejeitam, mas a minoria descrente apóia? E a questão do aborto é apenas uma delas. Se Deus não é o autor da vida, quem é?

Política, ateísmo e teísmo nem sempre se afinam. É preciso muita nobreza, veracidade e capacidade de diálogo para governar um país com estas estatísticas. A julgar pela última campanha política fica difícil saber se quem mentiu sobre tantas outras coisas não mentirá também sobre os temas que são caros aos religiosos.

Chamar todo os crentes de fanáticos e obscurantistas não vai resolver, porque também entre os não crentes há fanáticos políticos com idéias mais do que ultrapassadas. Ainda bem temos eleições de 2 em 2 anos e um parlamento que, se levássemos a sério nos representaria!...

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sexta-feira, 25 de maio de 2012

Amar é diferente - Pe. Zezinho, scj

 Pe. Zezinho, scj


Com sua exposição de corpos, de nudez frontal, de sexo explícito e de solicitações ousadas e atrevidas de sexo em novelas, em programas de televisão e no cinema, em provocações visuais a cada esquina, o mundo atual jogou sobre as cabeças de homens e mulheres e adolescentes uma noção de corpo e de sexo que não envolve alteridade nem diálogo. E sexo deveria ser diálogo.

Nada disso é novo. Está descrito no livro do na descrição das lascívias de Sodoma e Gomorra. (Gn 18,2026; Dt 29,23) Entre os gregos já se agia desta forma. Só não havia os recursos midiáticos de agora. Para muitos, é coisa da hora, daquela noite, daquela semana, daqueles momentos. São atos que não se tornam relações. Ele quer prazer e por enquanto serve o corpo dela; ela quer prazer ou dinheiro e por enquanto serve o corpo dele, ou de mais pessoas. Da mesma forma que na Grécia e em Roma 400 a 300 aC, em muitos ambientes de agora, sexo não vincula. São encontros sem diálogo afetivo e relações sem vínculo.

Para muitos jovens e adultos uma coisa é o envolvimento físico, outra o amor. Transa ainda não é diálogo, relação sexual ou relações sexuais ainda não são relações estáveis nem relações de matrimônio. Não há entrega. O que há são prestações. Leva-se o produto antecipadamente, mas sem garantia de ficar com ele. Experimenta-se sem garantia de pagar. É o mundo da emoção, do prazer, da sensação e, também, o da satisfação momentânea; beija-se, abraça-se como se come um chocolate. Havendo coisa melhor comerão aquela nova coisa...

O amor é bem outra coisa. Quem ama mira acima e para além da genitália. No amor o sexo não ocupa o centro da relação. O verbo do amor é cuidar e assumir. No amor, transar fica para depois. Aquele que ama não se fixa apenas no prazer, nem somente na aparência, nem se fixa no momento. Contempla um possível depois, porque amor é sentimento que leva ao outro e que o eleva. É ternura que invade e pervade os dois de tal maneira que ela, a mulher, se torna um pouco ele e ele, o homem, se torna um pouco ela. Nenhum se imagina sem o outro e nenhum se vê dando-se dessa forma a outra pessoa.

Por isso e muito mais é que o sexo é repetitivo e o amor é criativo. Há muito mais criatividade num "eu te amo" do que naquelas revistas de banca de esquina. Mas quem vai ensinar isso a quem nunca parou para pensar nos valores que tem para dar aos outros? Será ouvido? Um dos maiores dramas de nosso tempo é o que atingiu Sodoma e Gomorra. Sexo sem alteridade! Ligue sua televisão e conclua!

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quinta-feira, 24 de maio de 2012

Agora doze mil pedaços - Pe. Zezinho, scj

 Pe. Zezinho, scj


Faz pensar, o fato de que mais de doze mil pedaços até agora recolhidos da nave que se desintegrou tenham caído em lugares abertos, vegetação rasteira, parques, quintais e nenhum sobre pessoas ou casas. Pelo menos, nada disso foi noticiado até agora. Há quem fale em milagre. Se não é, teria tudo para ser. Por que Deus poupou todo mundo aqui de baixo e não a eles lá em cima, só Ele sabe. Mas nós podemos, cada um segundo a sua fé, orar pelos que morreram e agradecer por milhares de pessoas que não foram atingidas pelos estilhaços. Ainda bem.

Faz pensar também, a confiança que os técnicos da NASA tinham no seu trabalho, a ponto de garantir que aquele incidente de lançamento não teria maiores conseqüências e agora admitem que teve. Acreditavam em sua obra, mesmo sabendo que no passado morreram outros tantos por causa de pequena avaria num dos foguetes. Os construtores de avião sabem que uma pequena peça pode comprometer o vôo de uma enorme aeronave. Vivem procurando soluções antecipadas. Ora, uma nave espacial é muito mais delicada, a velocidade é incomparável, a reentrada na atmosfera é um perigo permanente. Se não possuem uma nave de resgate, porque não a possuem? Se possuem, porque não a acionaram para ir buscar os astronautas, se tinha havido um incidente na subida? Apostaram no seu conhecimento e na sua obra. Foi risco calculado. Só que, calculado com as vidas dos astronautas e não com as dos técnicos em terra!

Agora, todos oramos por eles e os consideramos mártires da ciência. Aqui na minha mente questionadora e inquisitiva, digo que a cidadania deles foi pisoteada. Não é possível nem sequer imaginar que aqueles técnicos todos não tivessem, nem por um minuto, pensado no problema da nave que subiu avariada. Não houve chance de verificar, já que os astronautas lá em cima podem sair da nave? Porque não falam disso? Não vão falar? Na cabeça de cidadãos que nada sabem sobre naves espaciais, mas sabem que uma missão como esta custa milhões de dólares, fica uma interrogação. Não podiam ter gastado uns milhões a mais e trazido aqueles astronautas vivos numa outra aeronave? Porque será que não o fizeram? Perguntar não ofende, espero!

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Novenas, rosários e cultos - Pe. Zezinho, scj

 Pe. Zezinho, scj

Números podem ajudar e podem nos desviar da fé. Praticar sete, treze, nove ou três são práticas pedagógicas, mas não podem ser vistas de maneira cabal e absoluta. Seria triste um católico ensinar que se alguém não orar exatamente 50 vezes as Ave Marias de uma parte do rosário não receberá a graça que pede. Seria trágico ensinar que a cada sete velas virtuais que um católico apaga na internet, ele se livra de sete maldições. Isso é superstição. Não tem nada a ver com cristianismo. Entrou como impureza e ganga bruta no meio do ouro da catequese! Se o padre ensina isso, seja corrigido por algum colega que estudou mais do que ele!

No passado remoto atribuía-se excessiva importância números. Ainda hoje algumas correntes de fé fazem uso do número na prática da fé. Cinco Pai Nossos, 50 Ave Marias, 5 Glória ao Pai ; 7 dias de jejum libertador, 3 dias ,7 dias , 9 dias , 13 dias , 40 dias passam a ter significados excessivamente vinculantes. Acabam escravizando. Seria como dizer que um livro não ensina porque o aluno não leu cinco das suas páginas...Ele pode ter perdido aqueles ensinamentos, mas aprendeu!

Correntes, novenas, tríduos, são propostas pedagógicas que se baseiam
na repetição. Condenar pura e simplesmente essa prática é ignorar o quanto para o povo a repetição faz sentido. Mas repetir sem catequese é charlatanismo. Passa a impressão de que Deus ouve pelo muito falar ou pelo muito repetir, pratica doutrina coisa que Jesus já condenou. Jesus deixa claro que não é por aí que se chega ao Pai

E, orando, não useis de vãs repetições, como os gentios, que pensam que por muito falarem serão ouvidos. (Mt 6: 7)

Ele prefere coisas mais objetivas e menos sensacionais.

Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! pois que dizimais a hortelã, o endro e o cominho, e desprezais o mais importante da lei, o juízo, a misericórdia e a fé; deveis, porém, fazer estas coisas, e não omitir aquelas. (Mt 23, 23)

E, quando orares, não sejas como os hipócritas; pois se comprazem em orar em pé nas sinagogas, e às esquinas das ruas, para serem vistos pelos homens. Em verdade vos digo que já receberam o seu galardão. (Mateus 6, 5)

Mas tu, quando orares, entra no teu aposento e, fechando a tua porta, ora a teu Pai que está em secreto; e teu Pai, que vê em secreto, te recompensará publicamente. (Mateus 6, 6)

Alguns pregadores esqueceram esta essencialidade da fé e partiram para a exigência dos números que escravizam. O povo tem necessidade de orar junto e as igrejas dependem de cultos. Uma igreja sem culto morreria em poucos meses. Mas o que caracteriza uma igreja é sua doutrina e seu jeito de adorar a Deus. O culto oficial é, portanto algo fundamental numa igreja.

Além do culto oficial há as devoções que não são obrigatórias, mas que ajudam os fiéis. Ninguém é obrigado a rezar nem as 200 Ave Marias que formam o terço do rosário de preces que um piedoso pregador difundiu homenageando a participação de Maria no seu papel de primeira cristã e seguidora de Jesus. O fiel medita com Maria. Mas é apenas devoção particular ou de algum grupo. A Igreja a recomenda, mas não a exige. Também não é permitido exagerar as virtudes do rosário, como alguns católicos fazem. Maravilhoso é uma coisa; milagroso é outra.

Alguns irmãos na televisão assam a impressão de que tais preces são instrumentos infalíveis. Rezou daquele jeito, conseguiu! A doutrina católica não autoriza isso. Por mais que alguém goste do rosário, há formas de oração mais importantes para a Igreja. E quem se magoa com essa afirmação mostra o quanto esta precisando ler melhor a sua Bíblia e o Catecismo Católico.

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quarta-feira, 23 de maio de 2012

Pais que amam demais - Pe. Zezinho, scj


 Pe. Zezinho, scj

Pais que amam demais a um filho forçosamente acabam amando de menos os outros. No Livro do Gênesis, do capítulo 37 ao 50 há uma historia triste mas bonita porque acabou em reconciliação. Tem tudo a ver com a vida em família. Debrucemo-nos sobre ela.
Jacó não era um mau sujeito, mas tinha lá os seus pecados... Mimado pela mãe, fez urna coisa muito suja contra seu irmão Esaú e contra seu pai Isaque. Enganou-os Foi malandro e falso e sua mãe o ajudou a mentir. Por lei, o direito de sucessão era de Esaú, seu irmão gêmeo, mas o primeiro a nascer. Jacó se fez passar por Esaú e ganhou do pai Isaque a promessa e a bênção que de direito a Esaú pertenciam. Esaú demorou a perdoá-lo por isso. Até juras de morte aconteceram. Vieram longe um do outro para que não terminasse em fratricídio. Muitos anos depois Jacó pediu perdão e Esaú perdoou
Mas Jacó parece que não aprendeu. Cresceu, casou-se, teve doze filhos e imitou a mãe. Preferiu um deles aos demais. Amou José mais do que aos outros onze. O menino se dava ao luxo de sonhar e vadiar pela casa, enquanto os irmãos se ralavam no campo. Ninguém gosta disso e Jacó devia saber. Mas não quis, porque, um dia, acabou dando ao filho especial um manto multicolorido e psicodélico. Para os outros: nada!
Aquilo foi a gota d'água. Os outros perderam a cabeça. Para o queridinho do papai tratamento de príncipe, para nós , tratamento de empregado!... "É assim, é? Pois isso não vai ficar desse jeito! Não dessa vez!" Um deles decidiu matar José que, mimado como era, nem percebia.o que suas palavras causavam nos irmãos. Podia ser profeta, mas tinha muito que aprender na vida.
Não fosse por Rubem os ouros teriam cometido um bárbaro fratricídio. Reclamar , sim, mas matar um irmão? Que é isso manos? Era demais! Sugeriu que o vendessem como escravo a uma caravana e dissessem ao pai que o filho preferido morrera nas garras de um leão. Dito e feito, ganharam seu dinheiro sujo e livraram-se do irmão preferido e queridinho do papai.
Deus, porém, deu uma lição a todos: ao pai Jacó que exagerara no amor por um
dos filhos; ao sonhador José, que gostava se sentir-se mais eleito e mais especial do que os outros, tivesse ou não tivesse mais talento -Coisa que aliás alguns pregadores modernos andam ensinando pela televisão- ... e aos outros irmãos que levaram sua revolta à loucura de querer matar e finalmente vender como escravo o irmão humildemente vaidoso e metido a besta.
José passou um longo tempo no cárcere e sofreu muito na vida. Amadureceu com isso e aprendeu a respeitar seus irmãos. Chegou a vice-rei do Egito, mas agora, com outra cabeça. Os irmãos e o pai ralaram de fome. Sobretudo os irmãos quase assassinos, nunca mais esqueceram de sua vingança exagerada e maluca . Dariam tudo para reencontrar o irmão que venderam como escravo... Reencontraram, e do resto já sabemos. Fizeram as pazes e todos se converteram para a fraternidade. O pai Jacó, já muito velho, converteu-se para a paternidade.

Moral da estória: Jacó aprendeu que não é possível amar de canequinha, dando exatamente o mesmo amor para cada filho, mas os pais podem fazer um esforço para tratar os filhos com justiça e igualdade. Há pais que escandalosamente protegem uma filha ou um filho enquanto pisam nos outros. E isso não é ser pai nem mãe. Acabam prejudicando sua cria preferida e as outras crias abandonadas. José aprendeu que não se sai por aí diminuindo a luz dos irmãos e achando-se mais do que eles. Os outros irmãos aprenderam que revolta tem limite. Afinal não é com vingança e violência que resolvem problemas familiares.

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segunda-feira, 21 de maio de 2012

Perdoa-me se eu orar errado - Pe. Zezinho, scj

 Pe. Zezinho, scj

Oro sem saber orar. Falo contigo, a quem eu nunca vi, cuja voz jamais ouvi e cuja presença às vezes não sinto. A Ti, a quem nós que seguimos Jesus chamamos de Pai. Não entendendo o mistério de um só Deus que é três pessoas eu falo da minha vontade de conhecer-te e de aprender a falar contigo. Nem sempre sei o que dizer, e não sei dizer o que sinto. Meus diálogos contigo padecem do meu limite de não saber conversar com alguém que nunca vi.

Assim sendo, perdoa-me, se eu orar errado; se disser coisas que não correspondem aos fatos, ou se me referir a Ti de maneira errada ou inconveniente. Acontece que não sei como és, não conheço o som da tua voz e vivo da fé que recebi dos meus antepassados, fé que a Igreja me oferece. Não sei crer sozinho. Preciso de outros para desenvolver e expressar a minha fé. Mas os outros também não sabem tudo. Então, cremos e oramos como sabemos e dentro dos nossos limites.

É o meu primeiro pedido: que me ensines a falar contigo. Ainda não sei me dirigir a Ti. Mentiria se dissesse que sei.

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domingo, 20 de maio de 2012

Os teus recados - Pe. Zezinho

 Pe. Zezinho

Sei de muitos pregadores que se enganaram a respeito de si mesmos e a teu respeito. Acharam que lhes davas um recado especial e se apressaram a proclamá-lo na mídia. Deus curaria aquela criança por quem oravam. Deus curaria uma senhora por quem o povo intercedia. Diante de milhões de fiéis passaram como profetas e videntes.

Foram reverenciados e aplaudidos, mas o que profetizavam não aconteceu. Ao invés do pedido de desculpas e da retratação humilde, preferiram o silêncio. Com isso, tornaram-se charlatões. Para o povo, eles ainda parecem piedosos, santos e profetas, mas quem conhece a tua palavra sabe que eles a usaram para promover-se aos olhos da multidão. O púlpito carrega este perigo; em todas as igrejas.

Não eras Tu. Não estavas a falar. Através da história houve muitos videntes que viram o que queriam ver e não o que existia. Houve muito mais videntes do que aparições ou mensagens.

Por isso, bom Deus, põe prudência e juízo no meu coração para que eu não invente visões que não existiram ou mensagens que não me foram dadas. Sei que não sou um bom profeta, mas se devo ser um, dá-me a graça de não inventar curas, recados, mensagens e visões. Dá-me o dom de distinguir o que é e o que não é. Se eu errar, concede-me a graça de ser suficientemente humilde para admitir meu erro. Caso contrário, aí mesmo é que não serei um profeta. Verdadeiros profetas não mentem nem a si mesmos nem a ti e nem ao povo. E não fazem qualquer coisa para ganhar mais uma salva de palmas...

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sábado, 19 de maio de 2012

Autoproclamar-se - Pe. Zezinho, scj

Pe. Zezinho, scj


Há dois vírus rondando todos os púlpitos e todos os pregadores. Um é o vírus da vaidade e o outro o da obviedade. Um porque ressalta o mensageiro e secundariza a mensagem e o outro porque está longe de ser Boa Nova. Se é, vem com roupagem tão pobre que não consegue mostrar sua beleza.

O da vaidade subverte Mateus 10,27. Na passagem, Jesus ordena que o que dele aprendemos não fique apenas conosco: devemos trazer à luz. E manda ainda que aquilo que nos foi dito aos ouvidos deve ser anunciado para o maior número possível de pessoas. Seria esta a idéia de subir ao telhado para evangelizar. Mas não são poucos os que sobem ao telhado chamado púlpito ou mídia para se colocar acima dos outros e para chamar a atenção, não sobre a mensagem proclamada para todos e, sim, sobre quem está lá em cima aparecendo mais do que os outros fiéis.

Embora eu seja o primeiro a ter que freqüentá-lo, tenho dito que um curso de "Palavra Humilde" viria em boa hora para todos os pregadores que falam para multidões. Motivo: o marketing da fé anda transformando o pregador em produto, e salientando mais ele do que a mensagem que deveria vir dos seus lábios. Em muitos veículos há câmeras demais no pregador, presença excessiva e voz excessiva do pregador em detrimento do conteúdo eclesial .

Bastaria que ele lesse mais os documentos da Igreja, a Palavra do papa e dos bispos, os textos dos sínodos e passagens sólidas de teólogos e antropólogos católicos para que ele aparecesse menos. Com sua enorme simpatia estaria apresentando outros irmãos, ricos de mensagem. Mas poucos pregadores o fazem. Sobem lá com a cara e coragem, sem papel e sem anotação alguma e dão a si mesmos. Alguns até pedem aplausos para o que acabam de dizer!...

Nas mais diversas igrejas percebe-se a falta de conteúdo, a repetição exaustiva dos mesmos temas, mesmas frases e mesmos testemunhos. Acentua-se o poder de operar curas, dado àquele pregador e a nenhum outro. A mensagem daquela igreja ou daquele movimento centraliza-se nele. Num montanismo* atualizado a impressão que passam é a de que ali Deus atua por meio dele. Os outros pregadores se tornam meras peças de adorno. É a auto-proclamação levada aos extremos.

Entende-se que haja um pregador principal num encontro, mas postar-se á frente, secundarizar os outros, no caso do pregador cantor, colocar os verdadeiros cantores e músicos lá atrás e não ao seu lado, privá-los de nome e de ministério, reduzi-los ao título de banda do Padre ou do Pastor, tudo isso revela uma tendência: a de ressaltar mais quem anuncia do que a palavra anunciada, mais o mensageiro do que a mensagem. Auxiliares de pregação também têm nome!...

Não admira, pois, o que se vê pela mídia e pelos templos. Um pregador em pleno sermão dando indireta no outro que se torna seu concorrente, disputa por fiéis, contribuintes, espaço e canais, discursos ressentidos e revanchistas, tudo em nome de Jesus e da ortodoxia. Se é correção fraterna que se deseja há espaços fora do templo, onde o outro pregador pode ser procurado e as coisas ditas de maneira cristã e fraterna. Bispos, padres e pastores invectivando-se pelos jornais? Não pega mal?

Recentemente um pastor invectivava o outro como politicamente interesseiro porque, ao aderir a um candidato mirava uma emissora de televisão; ao que este respondeu que o outro aderira ao candidato oposto para não perder o que já conquistara...Tudo por twitter e outras mídias. Um sacerdote que ficara magoado por não ver reconhecido seu trabalho foi, enfim, chamado pelo bispo para receber uma nomeação e um prêmio. Sim, ele merecia um elogio! Deveria ser mais do que suficiente, mas o vírus da vaidade ferida pousou na sua auréola. O bispo não tivera com o prêmio a intenção de diminuir os outros pregadores e, sim, de incentivar o trabalho do esforçado sacerdote. O que fez ele? Lavou a alma. Disse aos entrevistadores e amigos que aquele prêmio dado a ele era um cala-boca nos que questionavam seu trabalho. Que pena! Traiu-se! Então era isso! Proclamou-se, ao invés de agradecer aos que nele confiavam e prometer maior esforço dali por diante! Não resistiu à tentação de devolver a ofensa; sinal de que não estava pronto para aquele prêmio.

Padres e pastores, leigos e leigas, presidentes e governadores precisam, o tempo todo, desta ascese: reconhecer o valor dos adversários, dos que os antecederam, das outras igrejas e dos outros partidos. O excesso de elogio a si mesmos, ao seu grupo de igreja, à sua igreja, ao seu governo e ao seu partido mostram que o vírus da vaidade minou-lhes o conteúdo. O marketing tornou-os maiores do que eram.

Mas quem admitirá que se excedeu se está impregnado de números de ibope, de vitória, de porcentagens e de poder e preeminência? Uma das coisas mais difíceis é um sujeito vaidoso admitir que é. A outra é dominar a vaidade. Talvez um curso de discurso humilde ajude, mas não ajudará por muito tempo; a menos que se torne mística pessoal!

O que digo aos outros digo a mim mesmo que luto há anos para ser simples e não deixar que elogios me subam á cabeça. Tomemos cuidado com as palavras "primeiro, pioneiro, mais, maior, melhor, único, imbatível, eleito"... Ajudam a vender mas não ajudam a crescer. Não quando alguém ainda se acha mais do que outros! Preste atenção nos discursos de pregadores e igrejas políticos, partidos, sobretudo durante as eleições. Não é discurso fraterno, nem amistoso nem humilde! Um procura derrubar o outro. É que a palavra "vencedor" contaminou as tribunas e os púlpitos... Alguma razão há para se correr com tamanha fúria atrás do voto e do devoto! O leitor sabe. O eleitor é que as vezes não percebe!

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sexta-feira, 18 de maio de 2012

Cont. Muitos livros e poucos leitores - Pe. Zezinho, scj

 Pe. Zezinho, scj


Enquanto advogados, médicos, sociólogos, psicólogos se atualizam, eles parecem não querer fazê-lo. A diferença é gritante. Coloque um desses comunicadores ao lado de outros especialistas médicos, engenheiros, advogados e até políticos e veja quem deles tem mais dificuldade de demonstrar conhecimento. É que os outros, bem ou mal, tiveram uma formação acadêmica. Eu disse e torno a dizer que ninguém precisa ser doutor; eu mesmo não o sou; mas tem que ser leitor. Não é o papel de uma Faculdade que vai nos garantir que somos competentes, mas as milhares de folhas de livros que nós manuseamos, estas, sim, determinarão o nosso falar, o nosso pensar e até o nosso agir. Somos hoje uma igreja de muitos livros, mas de poucos leitores. Pior ainda: muitos que falam a milhões de ouvidos não lêem mais de dois livros por ano...

Vivemos muito o que o nosso pregador preferido dizia e vivemos a repeti-los, quando, na verdade deveríamos viver do que pesquisamos, anotamos, lemos e aprofundamos. Não é uma comunicação católica profunda e nem chega a ser popular, porque não consegue dar ao povo o básico da Igreja. Em termos de catolicismo popular é o conteúdo que deveria chegar ao povo e não o pregador agradável. Também isso, mas somente quando seguido de citações da Igreja. Temos nos tornado uma Igreja de muitas excitações e poucas citações. O entusiasmo derrotou o conteúdo.

O amadorismo de inúmeros pregadores, que nunca se importaram em ler e se aprofundar fez escola. Felizmente está havendo mudança, porque alguns jovens sacerdotes já se formam na convicção de que precisam ler mais e que não podem nunca parar de ler e de estudar. Mas esses jovens sacerdotes, na sua maioria, não estão na mídia. Estão outros que, pelo que pregam, não se dão bem com livros. Desculpe a dureza da afirmação, mas a maioria dos sacerdotes sabe que digo uma verdade.

A igreja no Brasil produz um considerável número de livros, de antropologia, de sociologia e de pastoral, mas pouquíssimos lêem. A maioria dos que estão no rádio e na televisão, falando para milhões não os lê. E então, esses teólogos, antropólogos, sociólogos da fé e pensadores profundos não chegam ao povo, porque são de certa forma consciente ou inconscientemente boicotados pelos pregadores que não passam adiante esse conhecimento. E não passam porque não leram.

Eu disse isso muitas vezes na nossa Faculdade Dehoniana, disse-o em outros cursos que dei e direi, sempre que for necessário, em qualquer lugar onde for chamado a falar. O grande problema dos comunicadores católicos de hoje é o livro. Falta leitura e, faltando leitura, falta conhecimento. Faltando conhecimento, falta reflexão, faltando reflexão,falta catequese abrangente.

Vejo pensadores profundos na nossa Igreja, mas muitos deles não chegam nem sequer à mídia, não são divulgados. Penso nos sacerdotes cultos do passado, por exemplo, Antonio Vieira com seus sermões. Vejo que não são nem sequer levados em conta. Vejo uma Igreja que teve e tem grandes pensadores, mas eles não chegaram à mídia. No máximo, ficam em algumas estantes de livrarias de faculdades. A mídia católica em geral escolheu não repercuti-los, nem a eles, nem as encíclicas e documentos da igreja.

Quem vai convencer esses simpáticos e simpáticas comunicadores e comunicadoras de que não basta a sua simpatia e que precisam oferecer muito mais conteúdo do que estão oferecendo no rádio e na televisão. Quem vai provar a eles que estão dando 2 a 5% do que poderiam realmente dar, se tivessem na sua estante esses livros e os lessem? Que bispo vai ver o que está nas estantes desses pregadores? Quem vai correr o risco de ser mal visto e malquisto por eles, ao dizer verdades que eles precisam ouvir, já que todos os dias falam para milhões de católicos?

Quem não estiver afim de tapas nas costas, aplausos e popularidade arrisque-se, mas quem não quiser se incomodar com a controvérsia, aliás, proposta de maneira saudável pelo número 229 do Documento de Aparecida, omita-se. Quem quiser arrisque-se. Quem não quiser guarde silêncio, e diga só as coisas boas, aquelas que todo mundo gosta de ouvir e que não ferem ninguém.

Mas simpatia nem sempre rima com teologia e sabedoria nem mesmo com espiritualidade. Ninguém tem que ser um brutamonte para anunciar o evangelho, mas há momentos em que a simpatia é inconveniente ou insuficiente. Jesus às vezes dizia coisas duras. Também os apóstolos. E se há momentos em que a simpatia é extremamente necessária, há outros em que o que precisa ser dito deve ser dito. O pregador não pode ser simpático o tempo todo. Vez por outra terá que dizer o que deve ser dito, porque está nas encíclicas, está nos documentos da igreja.

Se ele escolhe só os textos que não o comprometam, para ganhar audiência, vai ganhar audiência, mas não fará catequese. É como se, ao divulgar uma mensagem do Papa, alguém divulgasse apenas as frases mais leves e suaves. Mais cedo ou mais tarde esses fiéis sentirão a falta de conteúdo daquela pregação e perceberão a mesmice de frases feitas, das expressões de comando e das orações eternamente repetitivas.

Haverá mudanças? No fruto bem próximo, não! Há uma geração cheia de boa vontade que lê pouco. Se começar a fazê-lo agora, veremos o resultado em dois ou três anos. Faltam livros e leitores na mídia dos católicos. Não é que esteja melhor entre os pentecostais e evangélicos. Mas cada Igreja supra as suas próprias deficiências. Estamos dando caldo de galinha a um povo que tem condições de assimilar alimento bem mais sólido.

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quinta-feira, 17 de maio de 2012

A era do santo famoso - Pe. Zezinho, scj

 Pe. Zezinho, scj

O mundo sempre buscou o sucesso. Notáveis e notórios sempre os houve, Famosos também. Mas há os que aconteceram, sem querer acontecer. E há os que fizeram de tudo para acontecer e ser chamados de nobres ou santos. Traçaram cuidadosamente sua trajetória. Seriam notados pelo mundo! Há os que a fama adota e há os que a perseguem, até que ela se renda a eles. É que fama e notoriedade podem trazer riqueza, aplausos ou reconhecimento! Há um tipo de crente que quer ser santo para ter imagens nos templos e peregrinos no seu túmulo. De santos têm muito pouco!

Noto que, na era fortemente voltada para o sucesso pessoal há igrejas construindo teologias em cima disso. O testemunho de vitória pessoal tornou-se uma assinatura de santidade. "Deus me deu sucesso pessoal porque eu me converti" Há muito "eu" nos depoimentos e testemunhos desses crentes e muito pouco nós, eles, os outros santos, aqueles a quem Deus favoreceu antes de nós.

É por essa razão que questiono a catequese do testemunho, da forma como tem sido vivida na mídia. A meu ver, é exagerada. Gostaria de ver esses piedosos cristãos falando mais da vida dos verdadeiros santos, provados por anos e anos de virtude. Não me impressiono com o testemunho de vida de quem se converteu há seis meses. É pouco tempo demais para se colocar uma vida na vitrine!

Andam esquecidas as histórias de Francisco de Assis, Vicente de Paula, Tereza de Ávila, Tereza de Calcutá, Irmã Dulce, Dom Elder, Irmã Doroti. Os novos arautos de Cristo falam muito mais do que Deus fez por eles mesmos. Não são testemunhas dos outros, são testemunhas de si mesmos. "Eu era assim e agora sou assado!" A meu ver é uma perigosa mesmice, e, se existisse o termo, eu diria "euísse", egocentrismo demais disfarçado de testemunho.

Torno a dizer que não sou contra o testemunho pessoal. Sou contra o exagero dos testemunhos de vida na mídia atual. O mundo, a fé, o cristianismo não começaram com esses indivíduos. Deus fez muitos santos antes deles e fará muitos depois. Que os novos santos redimensionem os seus chamados e suas santidades. Não são assim tão importantes quanto pensam ser! Diminuam-se, e é possível que, então, o Cristo cresça através do seu humilde testemunho. Falem menos de si mesmos e, quem sabe, um dia o mundo falará mais deles, exatamente porque falaram pouco de si.

O modelo é a mãe do Cristo, a primeira cristã. E alguém podia apontar para si mesma e contar episódios da sua vida era ela. Não o fez. Há evangelhos apócrifos que pretendem resgatar seu testemunho, mas pecam pela vaidade. Não podem ter sido palavras dela. Maria viu muito, viveu muito e falou pouco de si mesma! E quando falou, deixou claro que seria elogiada por causa do Filho que teria. Alteridade! Disso, Maria entendeu!

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Muitos livros e poucos leitores - Pe. Zezinho, scj

 Pe. Zezinho, scj


Especialista ou não, o estudioso de comunicação católica que perpassasse o seu olhar pelos últimos 30 anos de comunicação, nos púlpitos, na mídia impressa, no rádio e na televisão, nos shows e espetáculos e nas liturgias acabaria entre o positivo e o negativo, e, mais cedo ou mais tarde, teria que usar as palavras: confusa, errática, atabalhoada, perplexa.

Foi e continua louvável o gigantesco esforço dos católicos em atingir o seu rebanho com uma mensagem catequética compreendida por todos e em fazer uso dos meios para chegar aos fiéis. Investiu-se muito em comunicação e foi feito de tudo, na maneira mais sincera possível para impedir o fluxo de católicos para outras igrejas ou para trazê-los de volta ou para firmar os católicos nas suas comunidades no seu catolicismo. Em algumas dioceses o resultado foi claro e palpável, noutras faltou alguma coisa, isto, no dizer dos próprios bispos e sacerdotes.

O ponto crucial foi a formação do catequista, a formação dos comunicadores, a começar pelos padres. Não havendo normas coletivas, a grande maioria dos pregadores, sacerdotes e leigos, agiu do jeito que sabia de maneira atabalhoada, de maneira amadorística, e, quando houve cursos, nem todos os comunicadores os freqüentaram. O resultado foi um crasso individualismo de um grande número de comunicadores que, embora bem intencionados e querendo comunicar a catequese católica, acabaram fazendo-a do seu jeito personalista, ressaltando excessivamente o próprio nome e o próprio rosto, ou o grupo o fez de maneira fechada e não poucas vezes sectária: Não abriu espaço para outras correntes de espiritualidade.

Faltou um projeto de comunicação nacional da Igreja do Brasil. Se houve, eu não vi. Faltou um projeto que poderíamos chamar de global, abrangente, ao qual todo e qualquer comunicador estivesse atrelado. Com sensíveis melhorias nas revistas e jornais católicos, bastante melhoria nas emissoras de rádio e televisão, faltou para um grande número dos que a operam um preparo maior, faltaram os cursos especializados. Ainda temos muitos comunicadores que não leram nem mesmo o Catecismo da Igreja Católica. Percebe-se pelo seu discurso. É feito de frases feitas e decoradas.

De um grande número de comunicadores não se exigiu uma formação acadêmica, não se exigiu formação jornalística e não se pediu, o que é pior, formação em catequese. Foram lá, com sua piedade, seu desejo de ajudar, mas com conhecimento fraco e pequeno. Isso inclui sacerdotes e leigos. Valeu muito a cara, a coragem, o entusiasmo, a generosidade, o desejo de evangelizar, valeu menos o estudo, o diploma, o preparo, a prova de que sabiam do que estavam falando.

O problema continua, pois, se ligarmos o rádio e a televisão, veremos muitos desses irmãos católicos a dizer coisas que não combinam nem com a Bíblia nem com o catecismo. Mas está lá esbanjando simpatia, carinho, bondade. Demonstrando pequeno conhecimento das doutrinas católicas, parcializaram a catequese por falta de abrangência. A situação é tal, que quando um irmão chama a atenção para essa falta de conteúdo catequético, evidentemente sempre com as raras exceções, há quem se ofenda, por acreditar que no seu caso, ele está oferecendo a catequese católica, quando, na verdade, está oferecendo de maneira muito parcial, a catequese com a qual ele concorda: doutrina seletiva.

Não há repercussão de documentos básicos, não se toca mais no Vaticano II, nem Puebla, nem mesmo Aparecida. Não se tocam nas encíclicas dos últimos 50 anos, não se repercute o que a Igreja ensina. Fica-se muito no que o movimento ensina, ou no que o indivíduo acha que deve ensinar. Fica-se no fervor, no entusiasmo espiritual e nos conselhos cheios de emoção, mas abandonou-se a catequese e a teologia primeira.

Leciono comunicação há quase 30 anos, gravo os programas de televisão e de rádio, leio, percorro as mais diversas estações e os canais de comunicações das igrejas e percebo que somos vítimas da mesmice. É tudo muito repetitivo e isso demonstra a falta de conhecimento dos comunicadores. Se lessem mais e estudassem mais, teriam muito mais a dizer, mas estão fechados na sua pequena comunicação e nos seus grupos de espiritualidade e não se abrem. Sabem que existem documentos e encíclicas, mas às vezes não lembram nem o seu nome e demonstram claramente que não os leram.

Se falam de nomes e de livros de catequese, não levam a conversa adiante, porque tem dificuldade de dizer qual o conteúdo daquelas mensagens. Simplesmente não leram, mas estão lá oferecendo uma catequese, que destoa da catequese oferecida nos últimos 50 anos aos católicos. Parecem o garçom que, diante de uma terrina da mais suculenta sopa, cheia de grandes nacos de verdura e de carne, mergulha sua concha e põe apenas caldinho no prato do ouvinte. Eles mesmos não fazem uso e não oferecem o conteúdo sólido desses documentos.

Tenho falado à exaustão sobre isso, a tempo e a contratempo como pede São Paulo, mas parece que não chega à maioria dos comunicadores. Ou não acreditam ou se irritam, e se magoam profundamente. Verdade é verdade e fato é fato e não há como negá-lo: continuam não lendo e por isso não oferecem o pensamento dos Papas, dos últimos 50 anos e os documentos da Igreja na América Latina. Simplesmente não estudaram e não leram, não são catequistas de verdade porque não repercutem o pensar de toda a Igreja.
I Parte

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segunda-feira, 14 de maio de 2012

Os limites do futebol - Pe. Zezinho, scj

 Pe. Zezinho, scj


Correr atrás de uma bola tem lá os seus valores. O futebol pode educar e educa. Mas pode também perverter e perverte! Existe o esporte, a indústria macro-multinacional desta modalidade esportiva, as macro-indústrias dele oriundas e a ele coladas, as micro-indústrias, os macro-interesses, os micro-interesses, os milhares de produtos, os milhões de vendedores, os milhões de empregos nos vestiários e no campo, nas fábricas, nas emissoras de rádioe televisão, nos jornais... E não esqueçamos as torcidas organizadas, e os estádios, as associações, e os milhões de jogadores.

Gigantesco e pantagruélico, jogo que todos os anos movimenta milhões de dólares, o esporte chamado futebol atinge desde o pequeníssimo torcedor que já ensaia um chute na bola do seu tamanho, ao ancião que discute apaixonado a última derrota do seu clube.

Bom sob muitos aspectos, com potencial para aproximar e educar, ele é também um esporte que gera paixões. Por isso o quebra-quebra, as brigas de rua, os assassinatos, os colossais desvios de verba, a mentira, o fingimento, o vale-tudo para por a mão na taça, os preços astronômicos de um bom jogador e todos os graves desvios de um esporte que tinha apenas como objetivo fazer correr, congraçar e alegrar uma comunidade.

Virou indústria e foi longe demais. Chega a mandar em governos e exigir gastos de bilhões de dólares ou euros, dinheiro que faz falta para hospitais e habitação popular. Mas o espetáculo não pode parar... Há pelo menos dez países com estrutura suficiente para abrigar uma Copa do Mundo, mas países pobres ou emergentes mergulham na aventura de sediá-la e assim ganhar mais visibilidade. O gasto é ciclópico e não está dito que traz lucro para o país que o sediou. À boca pequena já se fala no gasto de 1 bilhão de reais apenas para refazer o Maracanã. E quanto custaria a reconstrução das cidades serranas do Rio de Janeiro? Não seria o caso de propor ao comitê da FIFA que ache outro país?

Mas são tantos os interesses que fica impossível se imaginar um controle desse esporte. A pergunta pode ser incômoda e até despropositada, mas deve ser feita: O futebol ainda é um esporte? O que um católico que conhece Mt 25,31-46 tem a dizer?

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domingo, 13 de maio de 2012

Preguiça espiritual - Pe. Zezinho, scj

 Pe. Zezinho, scj

Negar-se a anunciar Jesus é grave, mas anunciá-lo apressada e superficialmente também é. Sair por aí anunciando que Jesus nos soprou aos ouvidos e por nosso meio manda mais um recado ao mundo é como aceitar operar um paciente do coração sem ter estudado medicina.

Dar a Deus o coração e negar-se a lhe dar o cérebro é tão grave quanto acelerar o carro e ao mesmo tempo pisar no freio. O motor funde ou a fé rodopia. Por isso, cristãos que sabem ler, mas por não gostarem de livros, não fazem o menor esforço por aprender mais do que já sabem, e assim mesmo sobem aos púlpitos e banquinhos de igrejas e salões garantindo que Deus quer isto mais isto mais aquilo, estão blefando. Eles não sabem tanto quando dizem saber e não são tão inspirados quanto dizem ser.

Um autor, Richard Dawkins, ateu militante e combativo escreveu Deus, um Delírio; A Grande História da Evolução; O Maior Espetáculo da Terra: as evidências da Evolução; O relojoeiro cego, a Evolução Contra o desígnio Divino, fez o mesmo que outro autor que na mesma estante anunciava: Deus quer que você Enriqueça. Paul Zane Pilzer. Centenas de livros provam que Deus existe e centenas de outros negam sua existência. Há os que negam que Deus possa ter dito ou feito o que quer que seja e os que garantem que Deus disse o que Deus nunca diria.

Esforçados ateus ou agnósticos recheiam hoje nossas estantes tentando provar que Deus é um delírio da humanidade. Esforçados crentes tentam provar que Deus é uma realidade. Outros garantem que Deus falou com eles e lhes deu mais um recado. E não faltam livros a dizer que todos os dias a mãe de Jesus dá um recado a determinado vidente. Há quem creia e há quem duvide.

Os livros a favor e contra a religião provocam que os lê a tomar posição a partir de uma longa e comparada reflexão. É melhor ter um mapa com inúmeras estradas do que arriscar a viagem apenas no palpite ou na certeza de que a única estrada nos levará. Pode haver alguma ponte caída! Certeza de que Deus não existe é quase igual á certeza de que ele existe. Quando não há a menor dúvida é porque não houve suficiente reflexão. Vale o que disseram os discípulos:- Cremos, mas aumenta nossa fé! ( ) Tinham concluído que Jesus estava acima do seu raciocínio. Mas ao menos raciocinaram!

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sábado, 12 de maio de 2012

Amar para além do corpo - Pe. Zezinho, scj

 Pe. Zezinho, scj


A pessoa, que é mais do que um corpo, sente. O corpo registra.Toda pessoa bem casada sabe que o amor, se verdadeiro, transcende o corpo. O outro entra de cheio na relação e passa a ter status privilegiado. Tanto isso é verdade que quando o outro cai do pedestal é porque o amor diminuiu. O sentimento pode até continuar, mas o diálogo arrefece por quebra de admiração, de desejo e de confiança.

No começo, as pessoas se encantam e se enfatuam com o olhar, a pele, as medidas, sensualidade de um corpo que desperta desejos. Faz parte da busca de acasalamento. Somos animais. Mas não deixa de ser isca, para se fisgar algo ou ágüem maior do que aquele corpo. Os atrativos do corpo existem em função do atrativo da alma. Estes precisam ser descobertos porque não podem ser vistos. O corpo se exibe, mas não fala. A alma se esconde, mas dá sinais.

Na medida em transcorre o tempo, as relações se aprofundam, as responsabilidades se conjugam. Os atrativos da alma vão aparecendo e quem ama, com o tempo mostra-se cada dia mais encantado com a alma do outro ou da outra; mais do que com o corpo que passa a sofrer mudanças. Ela já não é mais aquele corpinho com tudo certo no lugar certo. Mas o amor chegou e cresceu e já não mede a pessoa apenas por seus contornos. Houve o mergulho de pessoa na pessoa. Estão vendo hoje o que não viram quando seus olhos se cruzaram pelas primeiras vezes.

Não é que ele despreze a beleza do corpo da sua amada e ela o do seu amado. É que os dois conhecem beleza ainda maior: a do sentimento, da cumplicidade, da gratidão, do interior que agora conhecem muito mais do que no tempo de namoro. A força de juntar seus corpos para a festa do prazer conjugal responsável, acaba juntando suas almas para outra festa, também essa de prazer responsável. Descobrem a pertença: ele não mais se imagina sem ela, ela não se vê sem ele. Melhor: ele não se imagina sem ser dela e ela não se imagina sem ser dele. É nessa beleza do matrimônio verdadeiramente vivido entre sacrifícios e renúncias, que se situa a cumplicidade espiritual. É claro que o corpo tem suas graças e belezas, por mais quilos que tenham acrescentado ao seu contorno. Mas a alma tem muito mais beleza.

Quando ambos não descobrem a graça interior um do outro, ou porque são cegos para o espírito ou porque imediatistas demais, o casamento está em perigo. Em alguns casos deixou de ser casamento. Quem não vê beleza interior no outro, ainda não descobriu o amor. Registrem essas reflexões para os casais em crise. Talvez os dois não tenham se olhado mais intimamente. Depois de tantos anos, talvez ainda continuem superficiais. Casamento sem profundidade é casamento de alto risco.

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quinta-feira, 10 de maio de 2012

Entre a grávida e o feto - Pe. Zezinho, scj


 Pe. Zezinho, scj


O tema "aborto" não é simples, nem fácil de enfrentar. Faz milhares de anos que deixou de ser brincadeira, se é que algum dia o foi. De um lado estão milhões de mulheres que não querem ser mães do feto concebido e que correm o risco de morrer se não o extraírem de maneira higiênica; do outro estão os fetos que fatalmente morrerão com o beneplácito da lei, a partir do momento que os políticos e seus partidos decidirem que interrompê-los não será mais crime!

Como se pode perceber está longe, muito longe de ser apenas assunto de saúde pública. Interromper um feto humano é mais do que questão de assepsia. É sociologia, filosofia, teologia e ascese. Uma vida que se tornou problema será eliminada antes da 10ª ou 14ª semana porque uma junta de estudiosos decretou que ainda não são humanos. Ignora-se o que outra junta de estudiosos e religiosos disse sobre o direito de nascer.

Um falacioso marketing decide carimbar como moderno quem apóia sua extração e ultrapassado e mezozóico quem defende seu direito de vir a ser pessoa. Defender a vida do feto tornou-se conservadorismo e defender a grávida que não o quer é modernidade... Só que tem que adjetivos e apupos não ajudam nem o feto nem a grávida. Nem ela é uma coitada, nem o feto é uma excrescência. Ela que pensa, deve ser ouvida e aconselhada, por menos conselho que aceite, e o feto, que não pensa nem pode pensar precisará de bons advogados. Passar uma lei do tipo "agora pode" não resolve a questão do ventre e da vida que ali se aninhou.

Não há como empurrar o assunto apenas para a esfera do religioso, nem apenas para a esfera do político. Será sempre um tema religioso e político porque se trata de interferir na saúde da grávida, na ascese e na decisão de sofrer por esta vida nova ou interrompê-la porque trouxe problemas.

Não importa qual a definição de vida, de vida humana ou de pessoa, o fato é que no ato do aborto o feto morre. Se for aborto espontâneo, morre por não ter concluído seu curso. Se aborto provocado, morre porque interromperam o seu curso.

Queiramos ou não, o ato de interromper um pequeníssimo ser humano em formação atinge não fica apenas na esfera da saúde: mexe com o sociológico, o filosófico, o teológico e o político. O sociológico porque terá repercussões na sociedade; o filosófico porque forçosamente entramos na conceituação de pessoa e coisa e de vida e morte; o teológico porque mexe com religiosos e ateus na discussão da pertença do feto; o político porque alguém vota e alguém assina que se pode eliminar uma vida e a partir de determinado momento extrair um feto humano não será mais visto como crime!

A grávida que pressiona pelo direito de não ser mãe do feto que gerou e quer fazê-lo sem risco de saúde pensa nos seus direitos políticos e vitais. O feto, que não pode falar e cuja trajetória alguém deseja abortar, tem nos religiosos e em alguns ateus filosoficamente a favor de toda e qualquer vida a caminho, seus grandes defensores. Da mesma forma que os governos oferecem defensoria pública para um pobre incapaz de se defender, deveria oferecer defesa a um futuro cidadão que agora só tem o tamanho de uma unha, mas que já está vivo. Ou um país só deve proteger suas crianças nascidas? Feto ainda não é cria? Se o governo não o faz e diz que não o fará, cabe aos grupos pró-feto e pró-vida do feto debater com os pró-grávida e por saúde da grávida as conseqüências deste ato.

Quem tem direito a esta vida? Quem tem o direito de interromper o seu curso? Pode-se destruir uma semente rara? Pode alguém decretar que, de agora em diante, não será mais crime destruir mudinhas ou sementes de peroba, de sequóia ou de ébano? Se há leis protegendo sementes e mudas afrouxa-se a lei que protege os fetos?

É cidadania pensar na saúde das grávidas. Será cidadania permitir a interrupção do feto? Que tipo de cidadania? Não estamos todos brigando pela preservação da água, das florestas e da vida? E ao mesmo tempo votamos uma lei que interrompe vidas humanas? Sob o argumento de que são apenas um feto? E que filosofia disse que feto ainda não é filho que a grávida de um feto ainda não é mãe?

Viu só como se pode ir longe na discussão? Avançado e progressista por que e no quê? Retrógrado e ultrapassado por que e no quê? Adjetivos não mudam a essência do ato. E o ato é um só: uma vida será interrompida! Feita a escolha o governo, a mulher ou o casal decidem quem morre e quem vive!

Deus? Pois é! Se ele existe ele tem algo a dizer sobre a morte deste feto. Se não existe, existe um fenômeno chamado tempo-futuro que acabará passando sua sentença. É que todo aborto é seguido de um depois! Não é nem nunca será o mesmo plantar e arrancar um pé de açucena!

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quarta-feira, 9 de maio de 2012

A doutora e sua mães - Pe Zezinho scj

 Pe Zezinho scj

Um livro de mil páginas não seria suficiente para falar de Zilda Arns. Também não o seria para falar de seu irmão mais velho Dom Paulo Arns. A Igreja e o Brasil lhes devem muito. Em tempos difíceis eles assumiram a catequese de atitudes. Repercutiram o evangelho, porque é disso que trata o "catechein". Creram e agiram.

Dom Paulo ainda está conosco. Neste começo de ano o terremoto do Haiti levou a Doutora Zilda. Morreu entre os mais pobres da América Latina. Se lhe fosse oferecida uma escolha de onde e como morrer, imagino que é escolha que teria feito: morrer entre os pobres e ensinando a sair da pobreza. Era mulher de orar, de falar e de fazer.

Todos perdem com sua partida. Milhões de mães do Brasil e milhares de outras mães do mundo perdem a cúmplice, que, a conselho e incentivo do irmão cardeal e com o apoio de irmãos católicos e de outras igrejas criou e desenvolveu a Pastoral da Criança. Presidentes e governos estaduais e municipais do Brasil perdem uma aliada sorridente, exigente e competente. Extensos programas de radio e de televisão, revistas e jornais já falaram dela e certamente ainda falarão.

Quem pensava que a era das Terezas de Calcutá e de Irmã Dulce terminara, não sabia da Doutora Zilda e não sabe de centenas de outras que vivem pelos pobres, agem para libertar e para promover os outros. A fé, com elas, se traduz em gestos concretos. Doutora Zilda mirou as mães e suas crianças.

Felizmente, ouço dizer, a doutora criou deitou raízes, multiplicou-se por mais de 160 mil corações solidários que entenderam sua mensagem. Com pouco se faz muito, desde que haja união, espírito e equipe e senso de comunidade. Outra vez a história dos cinco pães e dos dois peixes deu certo. Começou e os governos e grupos de serviço perceberam que, nas mãos dessas mulheres cúmplices em favor da vida, as coisas aconteciam e custavam bem menos do que a burocracia do poder. Era o poder das mães em ação.

Nós católicos quando vemos um herói da solidariedade e da justiça o proclamamos pessoa santificada, eleita, escolhida. Dizemos que viveram em Cristo por Cristo e com Cristo, nos outros, com os outros e pelos outros. Os santos erram, mas se corrigem, perdoam, pedem perdão e apesar de seus pecados e limites, ajudam como podem e como sabem. Milhares de cristãos fazem pelos sofredores coisas que o mundo só fica sabendo quando morrem. Felizmente, de Dra. Zilda já sabíamos pelos resultados da sua Pastoral da Criança. Fez, fazia e fará falta!

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