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sábado, 16 de março de 2013

Sábado da 4ª Semana Quaresma


Porventura o Messias virá da Galiléia?
 

João 7,40-53

Naquele tempo:40 Ao ouvirem as palavras de Jesus, algumas pessoas da multidão diziam:'Este é, verdadeiramente, o Profeta.'41 Outros diziam: 'Ele é o Messias'.Mas alguns objetavam: Porventura o Messias virá da Galiléia?42 Não diz a Escritura que o Messias será da descendência de Davie virá de Belém, povoado de onde era Davi?'43 Assim, houve divisão no meio do povo por causa de Jesus.44 Alguns queriam prendê-lo, mas ninguém pôs as mãos nele.45 Então, os guardas do Templo voltaram para os sumos sacerdotes e os fariseus,e estes lhes perguntaram: 'Por que não o trouxestes?'46 Os guardas responderam: 'Ninguém jamais falou como este homem.'47 Então os fariseus disseram-lhes: 'Também vós vos deixastes enganar?Por acaso algum dos chefes ou dos fariseus acreditou nele?49 Mas esta gente que não conhece a Lei, é maldita!'50 Nicodemos, porém, um dos fariseus,aquele que se tinha encontrado com Jesus anteriormente, disse: 51 'Será que a nossa Lei julga alguém, antes de o ouvir e saber o que ele fez?'52 Eles responderam: 'Também tu és galileu, porventura?Vai estudar e verás que da Galiléia não surge profeta.'53 E cada um voltou para sua casa.

Reflexão

No capítulo 7, João constata que havia várias opiniões e muita confusão a respeito de Jesus no meio do povo. Os parentes pensavam de um jeito (Jo 7,2-5), o povo pensava de outro jeito (Jo 7,12). Uns diziam: "Ele é o profeta!" (Jo 7,40). Outros diziam: "Ele engana o povo!"(Jo 7,12) Uns elogiavam: "Ele é bom!" (Jo 7,12). Outros criticavam: "Ele não estudou!" (Jo 7,15) Muitas opiniões! Cada um tinha os seus argumentos, tirados da Bíblia ou da Tradição. Mas ninguém se lembrava do messias Servo, anunciado por Isaías (Is 42,1-9; 49,1-6; 50,4-9; 52,13-53,12; 61,1-2). Hoje também há muita discussão sobre religião, e cada um tira os seus argumentos da Bíblia. Como no tempo, assim também hoje, acontece muitas vezes que os pequenos são enganados pelo discurso dos grandes e, às vezes, até pelo discurso do pessoal da igreja.

João 7,40-44: A confusão no meio do povo. A reação do povo é a mais variada possível. Uns dizem: é o profeta. Outros: é o Messias, o Cristo. Outros rebatem: não pode ser, porque o messias virá de Belém e esse aí vem da Galiléia! Estas várias idéias sobre o Messias provocavam divisão e briga. Havia até gente que queria prendê-lo, mas não o fizeram. Provavelmente, porque tinham medo do povo (cf. Mc 14,2).

João 7,45-49: Os argumentos das autoridades. Anteriormente, diante das reações do povo favoráveis a Jesus, os fariseus tinham mandado guardas para prendê-lo (Jo 7,32). Mas os guardas voltaram ao quartel sem Jesus. Tinham ficado impressionados com a fala tão bonita: "Ninguém jamais falou como esse homem!" Os fariseus reagiram: "Até vocês se deixaram enganar!" Para os fariseus, só mesmo "esse povinho que não conhece a lei" se deixa enganar por Jesus. É como se dissessem: "Nós, os chefes, conhecemos melhor as coisas e não nos deixamos enganar!" Eles chamam o povo de "maldito"! As autoridades religiosas da época tratavam o povo com muito desprezo.

João 7,50-52: A defesa de Jesus por Nicodemos. Diante deste argumento estúpido, a honestidade de Nicodemos se revolta e ele levanta a voz para defender Jesus: "Desde quando a nossa lei condena alguém sem primeiro ouvi-lo para saber o que fez?" A reação dos outros é de deboche: "Até você, Nicodemos, virou Galileu, hein!? Dê uma olhada na Bíblia e verá que da Galiléia não pode vir nenhum profeta!" Eles estão seguros! Com o livrinho do passado na mão se defendem contra o futuro que chega incomodando. Assim muita gente faz até hoje! Só aceito o novo se ele estiver de acordo com as idéias deles que são do passado.
Para um confronto pessoal
1. Quais são hoje as diferentes opiniões sobre Jesus que existem no meio do povo? E na sua comunidade, existem diferentes opiniões que geram confusão? Quais? Conte.
2. Há pessoas que só aceitam o novo se ele estiver de acordo com as idéias deles que são do passado. E eu?

sexta-feira, 15 de março de 2013

6ª-feira da 4ª Semana Quaresma



 Ainda não tinha chegado a sua hora.


João 7,1-2.10.25-30

Naquele tempo: 1 Jesus andava percorrendo a Galiléia.Evitava andar pela Judéia, porque os judeus procuravam matá-lo.2 Entretanto, aproximava-se a festa judaica das Tendas.

10 Quando seus irmãos já tinham subido, então também ele subiu para a festa,não publicamente mas sim, como que às escondidas.
25 Alguns habitantes de Jerusalém disseram então:'Não é este a quem procuram matar?26 Eis que fala em público e nada lhe dizem.Será que, na verdade, as autoridades reconheceram que ele é o Messias?27 Mas este, nós sabemos donde é.O Cristo, quando vier, ninguém saberá donde ele é.'28 Em alta voz, Jesus ensinava no Templo, dizendo:'Vós me conheceis e sabeis de onde sou; eu não vim por mim mesmo,
mas o que me enviou é fidedigno. A esse, não o conheceis,
29 mas eu o conheço, porque venho da parte dele, e ele foi quem me enviou.'
30 Então, queriam prendê-lo, mas ninguém pôs a mão nele,porque ainda não tinha chegado a sua hora.
 


Reflexão

Ao longo dos capítulos 1 a 12 do Evangelho de João, vai acontecendo a progressiva revelação que Jesus faz de si mesmo aos discípulos e ao povo. Ao mesmo tempo e na mesma proporção, vai crescendo o fechamento e a oposição das autoridades contra Jesus a ponto de elas decidirem a condenação e a morte de Jesus (Jo 11,45-54). O capítulo 7, que meditamos no evangelho de hoje, é uma espécie de balanço no meio do caminho. Já faz prever como será o desfecho final.

João 7,1-2.10: Jesus decide ira à festa dos Tabernáculos em Jerusalém. A geografia da vida de Jesus no evangelho de João é diferente da geografia nos outros três evangelhos. É mais completa. Conforme os outros evangelhos, Jesus foi apenas uma única vez a Jerusalém, aquela em que ele foi preso e morto. Conforme o evangelho de João, Jesus foi no mínimo duas ou três vezes a Jerusalém para a festa de Páscoa. Por isso sabemos que a vida pública de Jesus durou em torno de três anos. O evangelho de hoje informa que Jesus se dirigiu mais uma vez para Jerusalém, mas não publicamente. Foi às ocultas, pois na Judéia os judeus queriam matá-lo.

Tanto aqui no capítulo 7 como nos outros capítulos, João fala de “judeus”, e de “vocês judeus”, como se ele e Jesus não fossem judeus. Esta maneira de falar reflete a situação da trágica ruptura que ocorreu no fim do primeiro século entre os judeus (Sinagoga) e os cristãos (Ecclesia). Ao longo dos séculos, esta maneira de falar do evangelho de João contribuiu para fazer crescer o anti-semitismo. Hoje, é muito importante tomar distância desta polêmica para não alimentar um antissemitismo. Nunca podemos esquecer Jesus é judeu. Nasceu judeu, viveu como judeu e morreu como judeu. Toda a sua formação é da religião e da cultura dos judeus.

João 7,25-27: Dúvidas dos habitantes de Jerusalém a respeito de Jesus. Jesus está em Jerusalém e fala publicamente às pessoas que querem ouvi-lo. O povo fica confuso. Sabe que querem matar Jesus e ele anda solto aos olhos de todos. Será que as autoridades reconheceram que ele é o Messias? Mas como é que Jesus pode ser o messias? Todos sabem que ele vem lá de Nazaré, mas do messias, assim se ensinava, ninguém sabe a origem.

João 7,28-29: Esclarecimento da parte de Jesus. Jesus fala da sua origem. “Vocês sabem de onde eu sou”. Mas o que o povo não sabe é a vocação e a missão que Jesus recebeu de Deus. Ele não veio por própria vontade, mas como todo profeta veio obedecendo a uma vocação, que é o segredo da vida dele. “Eu não vim por mim mesmo. Quem me enviou é verdadeiro, e vocês não o conhecem. Mas eu o conheço, porque venho de junto dele, e foi ele quem me enviou."

João 7,30: Ainda não chegara a hora. Quiseram prender Jesus, mas ninguém pôs a mão nele, “porque ainda não chegara a sua hora”. No evangelho de João quem determina a hora e o rumo dos acontecimento não são os que detêm o poder, mas é o próprio Jesus. Ele é que determina a hora (cf. Jo 2,4; 4,23; 8,20; 12.23.27; 13,1; 17,1). Mesmo pendurado na cruz, é Jesus quem determina até a hora de morrer (Jo 19,29-30).
 
 
Para um confronto pessoal
1) Como eu vivo o meu relacionamento com os judeus? Descobri alguma vez um pouco de antissemitismo dentro de mim? Consegui elimina-lo?
2) Como no tempo de Jesus, hoje em dia, há muitas idéias e opiniões novas sobre as coisas da fé. Como faço? Eu me agarro às idéias antigas e me fecho nelas, ou procuro entender o porque das novidades?












































































































































































































































quinta-feira, 14 de março de 2013

5ª-feira da 5ª Semana Quaresma


Se alguém guardar a minha palavra, jamais verá a morte. 

João 8,51-59

Naquele tempo, disse Jesus aos judeus:51 'Em verdade, em verdade, eu vos digo:se alguém guardar a minha palavra, jamais verá a morte.'
52 Disseram então os judeus:'Agora sabemos que tens um demônio. Abraão morreu e os profetas também,e tu dizes: 'Se alguém guardar a minha palavra jamais verá a morte'.53 Acaso és maior do que nosso pai Abraão, que morreu, como também os profetas?Quem pretendes tu ser?'54 Jesus respondeu:'Se me glorifico a mim mesmo, minha glória não vale nada.Quem me glorifica é o meu Pai, aquele que vós dizeis ser o vosso Deus.
55 No entanto, não o conheceis. Mas eu o conheço e, se dissesse que não o conheço,seria um mentiroso, como vós! Mas eu o conheço e guardo a sua palavra.
56 Vosso pai Abraão exultou, por ver o meu dia; ele o viu, e alegrou-se.'
57 Os judeus disseram-lhe então:'Nem sequer cinqüenta anos tens, e viste Abraão!'58 Jesus respondeu:'Em verdade, em verdade vos digo, antes que Abraão existisse, eu sou'.59 Então eles pegaram em pedras para apedrejar Jesus,mas ele escondeu-se e saiu do Templo.
 

Reflexão

O capítulo 8 parece uma exposição de obras de arte, onde se podem admirar e contemplar famosas pinturas, uma ao lado da outra. O evangelho de hoje traz mais uma pintura, mais um diálogo entre Jesus e os judeus. Não há muito nexo entre uma e outra pintura. É o expectador ou a expectadora que, pela sua observação atenta e orante, consegue descobrir o fio invisível que liga entre si as pinturas, os diálogos. Deste modo vamos penetrando aos poucos no mistério divino que envolve a pessoa de Jesus.

João 8,51: Quem guarda a palavra de Jesus jamais verá a morte. Jesus faz um solene afirmação. Os profetas diziam: Oráculo do Senhor! Jesus diz: “Em verdade, em verdade vos digo!” E a afirmação solene é esta: “Se alguém guardar minha palavra jamais verá a morte!” De muitas maneiras este mesmo tema aparece e reaparece no evangelho de João. São palavras de grande profundidade

João 8,52-53: Abraão e os profetas morreram. A reação dos judeus é imediata: "Agora sabemos que estás louco. Abraão morreu e os profetas também. E tu dizes: 'se alguém guarda a minha palavra, nunca vai experimentar a morte'. Por acaso, tu és maior que o nosso pai Abraão, que morreu? Os profetas também morreram. Quem é que pretendes ser?" Eles não entenderam o alcance da afirmação de Jesus. Diálogo de surdos..

João 8,54-56: Quem me glorifica é meu Pai. Sempre de novo Jesus bate na mesma tecla: ele está de tal modo unido ao Pai que nada do que ele diz e faz é dele. Tudo é do Pai. E ele acrescenta: "Quem me glorifica é o meu Pai, aquele que vocês dizem que é o Pai de vocês. Vocês não o conhecem, mas eu o conheço. Se dissesse que não o conheço, eu seria mentiroso como vocês. Mas eu o conheço e guardo a palavra dele. Abraão, o pai de vocês, alegrou-se porque viu o meu dia. Ele viu e encheu-se de alegria." Estas palavras de Jesus devem ter sido como uma espada a ferir a auto-estima dos judeus. Dizer às autoridades religiosas: “Vocês não conhecem o Deus que vocês dizem conhecer. Eu o conheço e vocês não o conhecem!”, é o mesmo que acusa-las de total ignorância exatamente naquele assunto no qual eles pensam ser doutores especializados. E a palavra final encheu a medida: “Abraão, o pai de vocês, alegrou-se porque viu o meu dia. Ele viu e encheu-se de alegria”.

João 8,57-59: Não tens 50 anos e já viu Abraão! Tomaram tudo ao pé de a letra mostrando assim que não entenderam nada do que Jesus estava dizendo. E Jesus faz nova afirmação solene: “Em verdade, em verdade digo a vocês: antes que Abraão existisse, EU SOU!” Para quem crê em Jesus, é aqui que alcançamos o coração do mistério da história. Novamente pedras para matar Jesus. Nem desta vez o conseguiram, pois a hora ainda não chegou. Quem determina o tempo e a hora é o próprio Jesus.
Para um confronto pessoal
1) Diálogo de surdos entre Jesus e os judeus. Você já teve alguma vez a experiência de conversar com alguém que pensa exatamente o oposto de você e não se dá conta disso?
2) Como entender esta frase: “Abraão, o pai de vocês, alegrou-se porque viu o meu dia. Ele viu e encheu-se de alegria” ?

quarta-feira, 13 de março de 2013

4ª-feira da 4ª Semana Quaresma



Meu Pai trabalha sempre, portanto também eu trabalho. 

João 5,17-30

Naquele tempo:17 Jesus respondeu aos judeus:'Meu Pai trabalha sempre, portanto também eu trabalho'.18 Então, os judeus ainda mais procuravam matá-lo, porque, além de violar o sábado,chamava Deus o seu Pai, fazendo-se, assim, igual a Deus.19 Tomando a palavra, Jesus disse aos judeus:'Em verdade, em verdade vos digo, o Filho não pode fazer nada por si mesmo;ele faz apenas o que vê o Pai fazer. O que o Pai faz, o Filho o faz também.20 O Pai ama o Filho e lhe mostra tudo o que ele mesmo faz.E lhe mostrará obras maiores ainda, de modo que ficareis admirados.21 Assim como o Pai ressuscita os mortos e lhes dá a vida,o Filho também dá a vida a quem ele quer.
22 De fato, o Pai não julga ninguém, mas ele deu ao Filho o poder de julgar,
23 para que todos honrem o Filho, assim como honram o Pai.Quem não honra o Filho, também não honra o Pai que o enviou.
24 Em verdade, em verdade vos digo, quem ouve a minha palavrae crê naquele que me enviou, possui a vida eterna.Não será condenado, pois já passou da morte para a vida.
25 Em verdade, em verdade, eu vos digo: está chegando a hora, e já chegou,em que os mortos ouvirão a voz do Filho de Deus e os que a ouvirem, viverão.
26 Porque, assim como o Pai possui a vida em si mesmo,do mesmo modo concedeu ao Filho possuir a vida em si mesmo.
  27 Além disso, deu-lhe o poder de julgar, pois ele é o Filho do Homem.
28 Não fiqueis admirados com isso, porque vai chegar a hora,em que todos os que estão nos túmulos ouvirão a voz do Filho e sairão:
29 aqueles que fizeram o bem, ressuscitarão para a vida;e aqueles que praticaram o mal, para a condenação.
30 Eu não posso fazer nada por mim mesmo.Eu julgo conforme o que escuto, e meu julgamento é justo, porque não procuro fazer a minha vontade, mas a vontade daquele que me enviou. 
Reflexão

O Evangelho de João è diferente dos outros três. Ele revela uma dimensão mais profunda que só a fé consegue perceber nas palavras e gestos de Jesus. Os Padres da Igreja diziam que o Evangelho de João é “espiritual”, revela aquilo que o Espírito faz descobrir nas palavras de Jesus (cf. Jo 16,12-13). Um exemplo bonito desta dimensão espiritual do evangelho de João é o trecho que meditamos hoje.

João 5,17-18: Jesus explicita o significado profundo da cura do paralítico. Criticado pelos judeus por ter feito uma cura em dia de sábado, Jesus responde: “Meu Pai trabalha até agora e por isso eu também trabalho!”. Os judeus ensinavam que em dia de sábado não se podia trabalhar, pois até o próprio Deus descansou e não trabalhou no sétimo dia da criação (Ex 20,8-11). Jesus afirma o contrário. Ele diz que o Pai não parou de trabalhar até agora. Por isso, ele, Jesus, também trabalha, mesmo em dia de sábado. Ele imita o Pai! Para Jesus, a obra criadora não terminou. Deus continua trabalhando, sem cessar, dia e noite, sustentando o universo e a todos nós. Jesus colabora com o Pai dando continuidade à obra da criação, para que um dia todos possam entrar no repouso prometido. A reação dos judeus foi violenta. Querem matá-lo por dois motivos: por negar o sentido do sábado e por se dizer igual a Deus.

João 5,19-21: É o amor que deixa transparecer a ação criadora de Deus. Estes versículos revelam algo do mistério do relacionamento entre Jesus e o Pai. Jesus, o filho, vive em atenção permanente diante do Pai. Aquilo que vê o Pai fazer, ele também faz. Jesus é o reflexo do Pai. É a cara do Pai! Esta atenção total do Filho ao Pai, faz com que o amor do Pai possa entrar totalmente no Filho e, através do Filho, realizar a sua ação no mundo. A grande preocupação do Pai é vencer a morte e fazer viver. A cura do paralítico foi uma forma de tirar as pessoas da morte e faze-las viver. É uma forma de dar continuidade à obra criadora do Pai.

João 5,22-23: O Pai não julga, mas confiou o julgamento ao filho. O decisivo na vida é a maneira como nós nos situamos frente ao Criador, pois dele dependemos radicalmente. Ora, o Criador se faz presente para nós em Jesus. Em Jesus habita a plenitude da divindade (cf. Col 1,19). Por isso, é na maneira como nos definimos diante de Jesus, que expressamos nossa posição frente ao Deus Criador. O que o Pai quer é que o conheçamos e honremos na revelação que Ele fez de si mesmo em Jesus.

João 5,24: A vida de Deus em nós através de Jesus. Deus é vida, é força criadora. Onde ele se faz presente, a vida renasce. Ele se faz presente através da Palavra de Jesus. Quem escuta a palavra de Jesus como sendo de Deus já está ressuscitado. Já recebeu o toque vivificante que o leva para além da morte. Já passou da morte para a vida. A cura do paralítico é a prova disso.

João 5,25-29: A ressurreição já está acontecendo. Os mortos somos todos nós que ainda não nos abrimos para a voz de Jesus que vem do Pai. Mas “vem a hora, e é agora, em que os mortos ouvirão a voz do Filho de Deus e os que o ouvirem viverão”. Com a palavra de Jesus, vinda do. Pai, iniciou-se a nova criação. Ela já está em andamento. A palavra criadora de Jesus vai atingir a todos, mesmo os que já morreram. Eles ouvirão e viverão.

João 5,30: Jesus é o reflexo do Pai. “Por mim mesmo nada posso fazer, eu julgo segundo o que ouço, e meu julgamento é justo, porque não procuro fazer a minha vontade, mas sim a vontade daquele que me enviou”. Esta frase final é o resumo de tudo que foi refletido anteriormente. Esta era a compreensão que as comunidades da época de João tinham e irradiavam a respeito de Jesus.
 
 
Para um confronto pessoal
1) Como você imagina o relacionamento entre Jesus e o Pai?
2) Como você vive a fé na ressurreição?



terça-feira, 12 de março de 2013

3ª-feira da 4ª Semana Quaresma



Queres ficar curado?
João 5,1-16

1 Houve uma festa dos judeus, e Jesus foi a Jerusalém.2 Existe em Jerusalém, perto da porta das Ovelhas,uma pscina com cinco pórticos, chamada Betesda em hebraico.3 Muitos doentes ficavam ali deitados-cegos, coxos e paralíticos -, esperando que a água se movesse.4 De fato, uma anjo descia, de vez em quando, e movimentava a água da piscina,e o primeiro doente que aí entrasse, depois do borbulhar da água,ficava curado de qualquer doença que tivesse.5 Aí se encontrava um homem, que estava doente havia trinta e oito anos.6 Jesus viu o homem deitado e sabendo que estava doente há tanto tempo,disse-lhe: 'Queres ficar curado?'
7 O doente respondeu: 'Senhor, não tenho ninguém que me leve à piscina,
quando a água é agitada. Quando estou chegando, outro entra na minha frente'.8 Jesus disse: 'Levanta-te, pega na tua cama e anda.'9 No mesmo instante, o homem ficou curado,pegou na sua cama e começou a andar. Ora, esse dia era um sábado.10 Por isso,  os judeus disseram ao homem que tinha sido curado:
'É sábado! Não te é permitido carregar tua cama.'11 Ele respondeu-lhes: 'Aquele que me curou disse: 'Pega tua cama e anda'.'12 Então lhe perguntaram: 'Quem é que te disse: 'Pega tua cama e anda?'13 O homem que tinha sido curado não sabia quem fora,pois Jesus se tinha afastado da multidão que se encontrava naquele lugar.14 Mais tarde, Jesus encontrou o homem no Templo e lhe disse:'Eis que estás curado. Não voltes a pecar, para que não te aconteça coisa pior'.15 Então o homem saiu e contou aos judeusque tinha sido Jesus quem o havia curado.16 Por isso, os judeus começaram a perseguir Jesus, porque fazia tais coisas em dia de sábado.
 

Reflexão

O Evangelho de hoje descreve como Jesus curou um paralítico que ficou esperando 38 anos por alguém que o ajudasse chegar à água da piscina para poder ser curado! Trinta e oito anos! Diante desta ausência total de solidariedade, Jesus, o que faz? Ele transgride a lei do sábado curando o paralítico. Hoje, com a falência do atendimento às pessoas doentes nos países pobres, muita gente experimenta a mesma falta de solidariedade. Vivem num total abandono, sem ajuda nem solidariedade da parte de ninguém.

João 5,1-2: Jesus vai a Jerusalém. Por ocasião de uma festa dos judeus, Jesus vai a Jerusalém. Havia ali, perto do Templo, uma piscina com cinco pórticos ou corredores. Naquele tempo, o culto no Templo exigia muita água por causa dos inúmeros animais que eram sacrificados, sobretudo nas grandes festas. Por isso, perto do templo havia várias cisternas, que recolhiam a água da chuva. Algumas delas tinham a capacidade de mais de um milhão de litros de água. Lá por perto, por causa da abundância de água, havia um balneário público, onde os doentes se aglomeravam à espera de ajuda ou de cura. A arqueologia informa que, naquela mesma redondeza do Templo, havia o lugar onde os escribas ensinavam a lei aos estudantes. De um lado, o ensino da Lei de Deus. Do outro lado, o abandono dos pobres. A água purificava o Templo, mas não purificava o povo.

João 5,3-4: A situação dos doentes. Esses doentes eram atraídos pelas águas do balneário. Diziam que um anjo mexia nas águas e o primeiro que nelas descesse depois do mexido do anjo ficava curado. Com outras palavras, os doentes eram atraídos por falsas esperanças. Pois a cura era só para uma única pessoa. Como as loterias de hoje. Só uma única pessoa ganha um prêmio! A maioria só paga e não ganha nada. É nessa situação de total abandono, lá no balneário popular, que Jesus vai encontrar os doentes.

João 5,5-9: Jesus cura em dia de sábado. Bem perto do lugar, onde se ensinava a observância da Lei de Deus, um paralítico ficou 38 anos à espera de alguém que o ajudasse a descer na água para obter a cura. Este fato revela a falta absoluta de solidariedade e de acolhida aos excluídos! O número 38 indicava a duração de uma geração (Dt 2,14). É toda uma geração que não chegou a experimentar solidariedade nem misericórdia. A religião da época já não era capaz de revelar a face acolhedora e misericordiosa de Deus. Diante desta situação dramática, Jesus transgride a lei do sábado e atende o paralítico dizendo: "Toma teu leito e anda!" O homem pegou a sua cama nas costas e foi andando, e Jesus desapareceu no meio da multidão.

João 5,10-13: Discussão do homem curado com os judeus. Logo em seguida, alguns judeus chegam ao local e criticam o homem por ele estar carregando a cama em dia de sábado. O homem nem soube responder quem foi a pessoa que o tinha curado. Não conhecia Jesus. Isto significa que Jesus, passando por aquele lugar dos pobres e doentes, viu aquele fulano, percebeu a situação dramática em que se encontrava e, sem mais, o curou. Não fez a cura para que o homem se convertesse, nem para que acreditasse em Deus. Fez, porque queria ajudá-lo. Queria que ele pudesse experimentar um pouco do amor e de solidariedade através da sua ajuda e bem-querer.

João 5,14-16: O reencontro com Jesus. Andando no Templo no meio da multidão, Jesus encontra o mesmo fulano e lhe diz: "Você está curado! Não deve pecar mais, para que não te aconteça algo pior!" Naquele tempo, o povo dizia: "Doença é castigo de Deus! Se você é paralítico, é sinal de que Deus está de mal com você!" Jesus não concordava com este modo de pensar. Curando o homem, ele estava dizendo o contrário: "Tua doença não é castigo de Deus. Deus está de bem com você!" Uma vez curado, o homem deve manter-se de bem com Deus e não pecar mais, para que não lhe aconteça algo pior! Meio ingênuo, o homem foi dizer aos judeus que tinha sido Jesus quem o curou. Os judeus começam a perseguir Jesus por ele fazer tais coisas em dia de sábado. No Evangelho de amanhã vem a seqüência.
 
 
Para um confronto pessoal
1. Você já passou alguma vez por uma experiência como a do paralítico: ficar tanto tempo sem ajuda? Como é a situação de atendimento aos doentes no lugar onde você mora? Você percebe sinais de solidariedade?
2. O que tudo isto ensina para nós hoje?

segunda-feira, 11 de março de 2013

2ª-feira da 4ª Semana Quaresma



Podes ir, teu filho está vivo.

João 4,43-54

Naquele tempo:43 Jesus partiu da Samaria para a Galiléia.44 O próprio Jesus tinha declarado, que um profeta não é honrado na sua própria terra.45 Quando então chegou à Galiléia, os galileus receberam-no bem,porque tinham visto tudo o que Jesus havia feito em Jerusalém, durante a festa.Pois também eles tinham ido à festa.46 Assim, Jesus voltou para Caná da Galiléia, onde havia transformado a água em vinho.Havia em Cafarnaum um funcionário do rei que tinha um filho doente.47 Ouviu dizer que Jesus tinha vindo da Judéia para a Galiléia.Ele saiu ao seu encontro e pediu-lhe que fosse a Cafarnaumcurar seu filho, que estava morrendo.48 Jesus disse-lhe: 'Se não virdes sinais e prodígios, não acreditais.'49 O funcionário do rei disse: 'Senhor, desce, antes que meu filho morra!'50 Jesus lhe disse: 'Podes ir, teu filho está vivo.'O homem acreditou na palavra de Jesus e foi embora.51 Enquanto descia para Cafarnaum, seus empregados foram ao seu encontro,dizendo que o seu filho estava vivo.52 O funcionário perguntou a que horas o menino tinha melhorado.Eles responderam: 'A febre desapareceu, ontem, pela uma da tarde'.53 O pai verificou que tinha sido exatamente na mesma horaem que Jesus lhe havia dito: 'Teu filho está vivo'.Então, ele abraçou a fé, juntamente com toda a sua família.54 Esse foi o segundo sinal de Jesus.Realizou-o quando voltou da Judeía para a Galiléia.
 

Reflexão

Jesus tinha saído da Galiléia, andou pela Judéia, foi até Jerusalém por ocasião da festa (Jo 4,45) e, passando pela Samaria, ia voltar para a Galiléia (Jo 4,3-4). Para os judeus observantes era proibido passar pela Samaria, nem era costume conversar com os samaritanos (Jo 4,9). Jesus não se importa com estas normas que impedem a amizade e o diálogo. Ele ficou vários dias na Samaria e muita gente se converteu (Jo 4,40). Depois disso ele resolveu voltar para a Galiléia.

João 4,43-46ª: O retorno para a Galiléia. Mesmo sabendo que o povo da Galiléia olhava para ele com uma certa reserva, Jesus quis voltar para a sua terra. Provavelmente, João se refere à má acolhida que Jesus recebera em Nazaré da Galiléia. Jesus mesmo tinha dito: “Um profeta não é honrado em sua pátria” (Lc 4,24). Mas agora, diante da evidência dos sinais de Jesus em Jerusalém, os galileus mudaram de opinião e lhe fizeram uma boa acolhida. Jesus voltou para Caná, onde tinha feito o primeiro “sinal” (Jo 2,11).

João 4,46b-47: O pedido de um funcionário do rei. Trata-se de um pagão. Pouco antes, na Samaria, Jesus tinha conversado com uma samaritana, pessoa herética para os judeus, à qual Jesus revelara sua condição de messias (Jo 4,26). E agora, na Galiléia, ele recebe um pagão, funcionário do Rei, que buscava ajuda para o filho doente. Jesus não se fecha na sua raça nem na sua religião. Ele é ecumênico e acolhe a todos.

João 4,48: A resposta de Jesus ao funcionário. O funcionário queria que Jesus fosse com ele até à casa dele para curar o filho. Jesus responde: “Se vocês não vêem sinais e prodígios vocês não acreditam!”. Resposta dura e estranha. Por que será que Jesus respondeu assim? Qual era o defeito do pedido do funcionário? O que Jesus queria alcançar com esta resposta? Jesus quer ensinar como deve ser a fé. O funcionário do rei só acreditaria se Jesus fosse com ele até à casa dele. Ele queria ver Jesus fazendo a cura. No fundo, esta é e continua sendo a atitude normal de todos nós. Não nos damos conta da deficiência da nossa fé.

João 4,49-50: O funcionário repete o pedido e Jesus repete a resposta. Apesar da resposta dura de Jesus, o homem não se abalou e repetiu o mesmo pedido: “Desça comigo antes que meu filho morra!” Jesus continuou firme. Ele não atendeu ao pedido e não foi com o homem até à casa dele e repetiu a mesma resposta, mas formulada de outra maneira: “Vai! Teu filho vive!” Tanta na primeira resposta como agora na segunda resposta, Jesus pede fé, muita fé. Pede que o funcionário acredite que o filho já esteja curado. E o verdadeiro milagre aconteceu! Sem ver nenhum sinal nem prodígio, o homem acreditou na palavra de Jesus e voltou para casa. Não deve ter sido fácil. Este é o verdadeiro milagre da fé: acreditar sem nenhuma outra garantia a não ser a Palavra de Jesus. O ideal é crer na palavra de Jesus, mesmo sem ver (cf. Jo 20,29).

João 4,51-53: O resultado da fé na palavra de Jesus. Enquanto o homem vai indo para casa, os empregados lhe vem ao encontro para dizer que o filho estava curado. Ele investigou a hora e descobriu que era exatamente a hora em que Jesus tinha dito: “Teu filho vive!” Ele teve a confirmação da sua fé.

João 4,54: Um resumo da parte de João, o evangelista. João termina dizendo: “Este foi o segundo sinal que Jesus fez”. João prefere falar sinal e não milagre. A palavra sinal evoca algo que eu vejo com os olhos, mas cujo sentido profundo só a fé me faz descobrir. A fé é como Raio-X: faz descobrir o que a olho nu não se vê.
 
 
Para um confronto pessoal
1) Como você vive a sua fé? Confia na palavra de Jesus ou só crê na base de milagres e experiências sensíveis?
2) Jesus acolhe pessoas heréticas e estrangeiras. E eu, como me relaciono com as pessoas?

domingo, 10 de março de 2013

4º Domingo Quaresma - Ano C




Lucas 15,1-3.11-32

Naquele tempo:
1 Os publicanos e pecadores aproximavam-se de Jesus para o escutar.
2 Os fariseus, porém, e os mestres da Lei criticavam Jesus.
'Este homem acolhe os pecadores e faz refeição com eles.'
3 Então Jesus contou-lhes esta parábola:
11 'Um homem tinha dois filhos.
12 O filho mais novo disse ao pai: 'Pai, dá-me a parte da herança que me cabe'.
E o pai dividiu os bens entre eles.
13 Poucos dias depois, o filho mais novo juntou o que era seu
e partiu para um lugar distante. E ali esbanjou tudo numa vida desenfreada.
14 Quando tinha gasto tudo o que possuía,
houve uma grande fome naquela região, e ele começou a passar necessidade.
15 Então foi pedir trabalho a um homem do lugar,
que o mandou para seu campo cuidar dos porcos.
16 O rapaz queria matar a fome com a comida que os porcos comiam,
mas nem isto lhe davam.
17 Então caiu em si e disse:
'Quantos empregados do meu pai têm pão com fartura, e eu aqui, morrendo de fome.
18 Vou-me embora, vou voltar para meu pai e dizer-lhe:
`Pai, pequei contra Deus e contra ti;
19 já não mereço ser chamado teu filho. Trata-me como a um dos teus empregados'.
20 Então ele partiu e voltou para seu pai.
Quando ainda estava longe, seu pai o avistou e sentiu compaixão.
Correu-lhe ao encontro, abraçou-o, e cobriu-o de beijos.
21 O filho, então, lhe disse:
'Pai, pequei contra Deus e contra ti. Já não mereço ser chamado teu filho'.
22 Mas o pai disse aos empregados:
`Trazei depressa a melhor túnica para vestir meu filho.
E colocai um anel no seu dedo e sandálias nos pés.
23 Trazei um novilho gordo e matai-o. Vamos fazer um banquete.
24 Porque este meu filho estava morto e tornou a viver;
estava perdido e foi encontrado'. E começaram a festa.
25 O filho mais velho estava no campo.
Ao voltar, já perto de casa, ouviu música e barulho de dança.
26 Então chamou um dos criados e perguntou o que estava acontecendo.
27 O criado respondeu: `É teu irmão que voltou.
Teu pai matou o novilho gordo, porque o recuperou com saúde'.
28 Mas ele ficou com raiva e não queria entrar. O pai, saindo, insistia com ele.
29 Ele, porém, respondeu ao pai:
`Eu trabalho para ti há tantos anos, jamais desobedeci a qualquer ordem tua.
E tu nunca me deste um cabrito para eu festejar com meus amigos.
30 Quando chegou esse teu filho,
que esbanjou teus bens com prostitutas, matas para ele o novilho cevado'.
31 Então o pai lhe disse: `Filho, tu estás sempre comigo, e tudo o que é meu é teu.
32 Mas era preciso festejar e alegrar-nos, porque este teu irmão
estava morto e tornou a viver; estava perdido, e foi encontrado'.'


Reflexão
 
O pai correu-lhe ao encontro, abraçou-o e cobriu-o de beijos

Chegamos ao IV Domingo da Quaresma. Hoje, a liturgia nos indica um dos textos mais belos e mais comentados de todo o Evangelho de Lucas, a saber, o capítulo 15 da obra lucana que narra três parábolas sobre a ilimitada misericórdia de Deus. A parábola do texto de hoje (Lc 15,1-3.11-32), mais conhecida como a “parábola do filho pródigo”, será chamada neste comentário de “parábola do pai e de seus dois filhos” visto que veremos que tal título engloba de uma só vez as atitudes das três personagens que juntas nos dão a mensagem completa do trecho evangélico.
 
Antes de tudo, para compreendermos bem o significado da parábola, é necessário levar em consideração os três primeiros versículos do capítulo (Lc 15,1-3), já que projetam o sentido das três parábolas que se seguem. Assim, sabemos que Lucas quer sublinhar desde o início que Jesus conta estas três parábolas para que os ouvintes (fariseus e mestres da lei) se convençam, de uma vez por todas, que Deus tem um coração transbordante de amor para quem quer que erre, que está sempre pronto a se reconciliar com o ser humano, mesmo quando este aprontou de tudo, e mesmo quando este reconhece, com grande atraso, ter falhado.
 
Deus é apresentado como um pai que tem um coração maior que o espaço, disposto a acolher e a perdoar com um amor inacreditável, impensável. Por isso, Jesus aparece um pouco indignado e enraivecido com aquele tipo de pessoa que seguindo a linha dos escribas e fariseus, falam sempre de justiça, mas nunca de caridade; falam sempre de punição, mas nunca de perdão; para os que pretendem viver num mundo onde não há espaço para quem erra, enquanto aos olhos do Pai celestial estes presumidos santos não têm misericórdia, perdão, piedade, compaixão. Como deixa bem claro Mateus: “Não são os sãos que precisam de médico, mas os doentes. Portanto, ide e aprendei o que significa “eu quero misericórdia e não sacrifício. Não vim chamar os justos, mas os pecadores” (Mt 9,12-13).
 
Mas, falando diretamente da terceira parábola (15,11-32), a do pai e dos seus dois filhos, podemos dizer que a sua estrutura segue o mesmo movimento das duas parábolas anteriores (15,4-10): perca de uma coisa querida (ovelha, moeda, filho), sua busca, o seu re-encontro e a alegria que emerge imediatamente deste re-encontro.
 
Com relação à figura do filho mais jovem, em torno de quem gira todo o relato e que nos oferece dados para também compreendermos a atitude tanto do pai quanto a do filho mais velho, podemos resumir no seguinte: o filho mais novo cansado de viver sob a custódia do pai, quer ser independente, vivendo um estilo de vida em que só ele é o responsável; e, por isso, se afasta, se entrega aos prazeres e a devassidão, terminando na maior miséria, sem tem o que comer, sem dignidade.
 
Este filho, completamente independente de qualquer figura superior, representa o pecador, quando não considera a sua relação com o Pai e se afasta dele, vivendo uma vida irresponsável. É a grande ilusão do querer se desligar de nossa própria origem, de poder tomar decisões sem vínculos e sem condicionamentos, pois esta vida “livre” torna-se uma vida humilhante. O jovem alegre se torna escravo do dono dos porcos. Pior, ele chega a desejar a comida dos porcos, humilhação total para um judeu que considera o porco um animal impuro e o pior de tudo, o patrão lhe nega a comida destinada aos porcos. Diante desta situação tão dramática, o único pensamento que lhe dava ânimo era a saudade da casa paterna, onde tinha de tudo, o afeto do pai e o alimento. Por isso, este filho começa a rever suas ideias. Ele não procura justificar seu comportamento passado, nem se desespera com a situação presente. Tem humildade, coragem e confiança de reconhecer que o próprio caminho está errado e decide voltar para o pai. Está pronto para confessar a sua própria culpa. Não pretende nem mesmo ser tratado como um filho, mas como um servo qualquer do seu pai. Este filho representa todos os pecadores, do ladrão arrependido na cruz a cada um de nós.
 
Agora, entra a figura do pai. Este é nomeado 14 vezes no texto e é a luz que ilumina e dá sentido a cada mínimo particular da parábola, seja ligado ao filho mais novo ou ao mais velho. Mas afinal, o que tem esse pai de tão grandioso para suscitar uma atenção especial por Lucas? É o seu amor imenso, extraordinário, inefável. O amor de Deus para com os pecadores, chega a uma de suas expressões mais altas e tocantes no comportamento do pai para com este filho mais jovem. Um outro pai, talvez reagiria de modo diferente, gritaria, alegaria; este pai não intimida, não inibe nem é violento. Cala-se. Respeita a liberdade de seu filho, mesmo se essa liberdade expõe seu filho amado a tantos perigos imprevisíveis.
 
Podemos dizer que tudo começa pela espera ansiosa com a volta de seu filho caçula; comovido, corre-lhe ao seu encontro, abraça-o, e o cobre de beijos, perdoa-o, trata-o muito bem, quer fazer uma grande festa para reintegrar seu ser de filho, e lhe comunica através de todo seu afeto, o desejo de que ele volte à vida. O pai é um pai do coração, ele não deixa se levar pala voz da razão, do raciocínio, do cérebro, mas pela voz do coração (Cf. Gn 33,4 e Gn 46,29).
 
 
Um momento ulterior em que se vê o enorme afeto do pai pelo filho pródigo nos dá o v.22: evoca o tratamento que o faraó reserva para José em Gn 41,42. Para os antigos, o anel no dedo era sinal de autoridade e de poder em relação a terceiros. O uso das sandálias era uma prerrogativa exclusiva das pessoas livres, só os escravos andavam descalços. Assim, o pai quer dizer que o filho tornou a ser, unido a ele, o chefe da casa; e um indivíduo que não vai servir, não escravo, mas livre.
 
Outros dados marcantes na atitude do pai são os seguintes: novilho gordo para festejar. O pai não se contenta em apenas acolher o filho, é preciso fazer uma grande festa. Festa essa que também foi citada nas parábolas precedentes, a da ovelha e da moeda perdida. Aqui, há porém um progresso; o pai ordena para prepararem a festa, a festa se celebra realmente, e o pai especifica que era necessário acontecer a festa.
 
O filho mais velho representa aqueles que permanecem fiéis ao pai e aderem aos seus mandamentos. À primeira vista, aparece como sempre próximo do pai, mas tudo não passa de aparências. Este filho se recusa a participar da alegria do pai. Chama-o de “tu”, cheio de desprezo e frieza, indignado com o comportamento do pai e se sente prejudicado. Contrariamente ao pai, este filho olha só pra o passado. Vê somente o pecado do outro, mas não consegue enxergar quem é o outro. É totalmente indiferente ao fato de que o outro é seu irmão e que tenha voltado pra casa. Também este filho precisa rever seu ponto-de-vista. Enfim, só usa palavras duras, e impiedosas com seu pai, chegando até a mentir: “nunca me deste um cabrito para festejar com meus amigos”. E o pai o desmente: “Filho, tudo o que é meu é teu”. Este filho é cego pelo egoísmo e só pensa em si. Fica com raiva e não entra em casa. Além de insensível, é invejoso e portanto, um ótimo representante dos escribas e fariseus que tinham manifestado a sua reprovação e toda a sua raiva diante dos atos misericordiosos de Jesus com relação aos pecadores.
 
E aí? Será que pensamos que somos filhos de Deus porque não fazemos “nada de mau”? Ou porque sempre vamos à missa? Ou porque não somos como os outros... mas sentimos o peso de ser “bons cristãos”. Será que somos capazes de nos alegrarmos com o Pai e de abraçar o filho que retorna? Será que ajudamos o Pai nessa incansável busca pelo filho perdido? Vamos para a festa do filho mais novo ou não?
 
Em seu famosíssimo livro, inspirado na obra “A volta do filho pródigo” do pintor Rembrandt, o padre holandês Henri Nouwen, afirma com muita convicção: “Fui tão profundamente tocado por essa imagem do abraço de dar a vida entre pai e filho porque tudo em mim ansiava ser recebido do mesmo modo que o Filho pródigo foi recebido. Esse encontro passou a ser o começo da minha volta”. Depois, ele se dá conta que nesta imagem, “há reconciliação, mas também há raiva. Há comunhão, mas também distanciamento. Há o brilho cálido da cura, mas também a frieza do olho crítico; há a oferenda da misericórdia, mas também enorme resistência para recebê-la. Não demorou para que eu descobrisse o filho mais velho em mim”.
 
Poucas vezes, nos sentimos o filho mais novo, e como é bom desfrutar a misericórdia do Pai. Mas, muitas vezes, agimos como o verdadeiro filho mais velho, e temos o exemplo do filho mais novo para termos a humildade em admitirmos que estamos errados e coragem para mudarmos e sermos misericordiosos para com nossos irmãos e irmãs e inclusive para conosco.
 
 
Reflexão 2:
 
Quaresma, tempo de transformar e ser transformados
 
A Quaresma é um tempo marcado de paixão, insistência, possibilidades e revisão. É tempo de "crise", tempo de avaliar, ser avaliado, perceber que os óculos estão sujos ou embaçados precisando de limpeza ou que já chegamos num "tempo" (cronológico, mas também “kairótico”) em que precisamos forçar mais a vista para enxergar melhor, ou usar óculos, quem sabe. É tempo de mudanças e conversões, como toda paixão provoca. Somos convidadas/os a mudar. E mudamos porque nos damos conta da paixão e compaixão que nos invade e nos impulsiona. Na Festa da Encarnação, celebramos a decisão da divindade de fazer-se corpo, tornar-se limitada e comunicar-se em nossa linguagem. Rebaixando-se, elevou-se (Filipenses 2,5-11). Exemplo de movimento espiritual e prático que devemos seguir. Por amor, naturalmente fazemos isso. Por isso, a tarefa fundamental desse tempo é o de ajudar a perceber (revelar) o amor e a paixão que movimentam a vida e impulsionam excentricamente o que é "de dentro" para fora, indo longe, onde não enxergamos nem seremos capazes de controlar.
 
É tempo de deixar-se abraçar e afetar pela "vulnerabilidade nossa de cada dia". Tempo de ajudar e de reconhecer, sem medo nem vergonha, de que precisamos de ajuda. E tempo de oferecer, sem receber recompensas ou elogios, o nosso “eu mesmo” para o mundo em necessidade e que “grita e geme de dores”.
 
Por isso, na Igreja Antiga, a Quaresma é tempo privilegiado de catequese para jovens e adultos. É tempo de nos tornarmos crianças e jovens de novo, curiosas/os com novidades e mudar de vida sempre. É tempo de abrir-se e de desaprender para aprender novidades, de arriscar-se e de aventurar-se (bem-aventurados...), de entregar-se a novas relações e de jogar-se para fora de si mesmo, de aproximar-se de outras pessoas, de reconhecer nossos erros e de pedir ajuda, de intrometer-se nas brincadeiras e de alegrar-se quando gente nova (ou antiga que tinha sumido) aparece para a roda que é de todas as pessoas: Vem, entra na roda com a gente... É tempo de catequese: "fazer ecoar a Palavra que habita em nós". Por isso, é tempo de solidariedade radical, amante e transgressora (Mateus 15,21-28; Lucas 10,25-37; João 5,1-18; entre tantos exemplos). Tempo de transformar e ser transformados.
 
Parábolas revelam uma imagem de Deus que provoca mudanças
 
Parábolas não são somente comparações que visavam um ensinamento. Parábolas são palavras que curam, que nos oferecem um pouco de sanidade/saúde. São terapêuticas e cuidadoras. Por isso, profundamente relacionais, transformadoras. Elas querem, de algum modo, inserir-nos no contexto da “contação de histórias” para nos envolver de tal maneira com a cena e com as personagens que provoquem na gente uma mudança de perspectivas sobre nós mesmos e sobre Deus. A imagem de Deus está muito em foco nas parábolas. E o que pensamos e falamos sobre Deus (nossas teologias) marca nosso modo de ser e de agir. Define nossos compromissos ou nossa apatia, nossa energia vivificadora ou nosso marasmo herético, tendo em vista o chamado evangélico para “revelar Deus e sua misericórdia” (Oseias 6,6).
 
O amor do pai ajudou o filho a refazer o caminho de volta
 
O texto desse domingo situa-se na caminhada ou subida de Jesus e seus discípulos da Galileia para Jerusalém (Lucas 9,51-19,28). Neste bloco, no Evangelho de Lucas, acontecem muitas coisas importantes e controversas para a comunidade e que merecem nossa atenção para a vida cotidiana. O que devemos aprender? E o mais importante: o que devemos desaprender, a fim de mudar nossas perspectivas da vida, de nós mesmos e da revelação de Deus para que “seja feita sua vontade assim na Terra como no Céu”?
 
No capítulo 15 deste evangelho, temos três parábolas. Em muitas Bíblias, os negritos (que não fazem parte da “palavra de Deus”) apresentam as parábolas, focando nos “perdidos”: “a ovelha perdida, a moeda perdida e o filho pródigo, que estava perdido e voltou”. Para começarmos nossa reflexão sobre a parábola do Pai Misericordioso, nosso texto de domingo, sugiro pensarmos e convidarmos a comunidade a pensar no que andamos perdendo, o que está perdido em nossas vidas e em nossas sociedades? Que caminhos equivocados andamos tomando? Que erros andamos cometendo?
 
Nosso texto em foco conta a história de três personagens. O pai, o filho mais novo e o filho mais velho. A fala contida nesta parábola quer nos ajudar a curar nossa imagem de um Pai duro e carrasco, de um filho invejoso e incapaz de alegrar-se com quem retorna e de um filho teimoso, egoísta e autocentrado, que descobriu mais da vida do que ele tinha em mente e é capaz de mudar (converter-se) para procurar suas origens.
 
O pai tem algumas posses. Parece ser alguém estabelecido na vida. Tem terras, empregados, dois filhos e os proverá com alguma herança quando fizer sua Páscoa. O filho mais novo resolve que a vida é curta e precisa ser vivida intensamente. Por isso, pede para o pai a sua parte na herança. O filho está pedindo o que lhe é de direito, sua parte. O pai lhe dá. Este filho vai embora com sua parte da herança e a torra toda. Acaba fazendo opções erradas na vida e termina empobrecido e mendigando. De filho de dono de terra torna-se pedinte e encontra-se numa situação de desumanização total. Muitas das escolhas que fazemos na vida acabam nos prejudicando e prejudicando as pessoas com quem nos relacionamos. Essa escolha do filho mais novo fez com que ele perdesse a si mesmo.
 
Depois de passar por muitas dificuldades, o rapaz reflete sobre o que passou na vida e, num momento de vulnerabilidade física, psicológica e espiritual, reconhece o erro (pecado) que fez escolhendo esse caminho. Entra num processo de depressão. Olha para si mesmo e não enxerga mais um filho, mas um empregado, objeto do seu patrão, sem voz e nem lugar apropriado na família. Mas, mesmo assim, ele decide voltar para casa, seu porto seguro. Ele, de alguma maneira, sabe que “sempre pode voltar”. Ele não perdeu a esperança de que o pai o escutaria e o acolheria. Ele aprendeu bem quando esteve em casa. Parece que essa história quer ajudar a mudar nossa visão de que os erros ou pecados são capazes de mudar a opinião de Deus sobre nós. O pai do rapaz não mudou sua opinião sobre o filho, mesmo depois das opções dele, causando sofrimento e prejudicando economicamente a família: o pai teve que ver seu filho partir, deu-lhe a sua herança, o que significa que ele ficou com menos terras e posses. Mas o filho volta, deseja novamente um lugar na casa do pai. Não como filho, mas como servo. A “parte dele” foi gasta e desperdiçada, e o pai não deve recebê-lo mais como um igual. Ele reconhece que errou (cometeu um pecado = errar o alvo) e decididamente quer mudar de vida. O amor do pai, nunca esquecido pelo rapaz, ajudou-o a refazer o caminho de volta.
 
Quando o filho refaz o caminho de volta, o pai não o espera dentro de casa. Ele SAI do seu território e VAI AO ENCONTRO do rapaz e o acolhe fervorosamente. Não faz perguntas, não o critica, não o repreende. A atitude do pai é de escutar a voz e a experiência do filho que errou e fez escolhas equivocadas. É urgente aprender a escutar novamente as pessoas que procuram a comunidade. Também nós somos chamados a sair atrás daquelas pessoas que precisam falar e querem ser escutadas, sem julgamento nem moralismos.
 
Comunidade como espaço de perdão e de festa
 
O resultado desse movimento de pai e filho é uma festa, alegria e novamente conversão. A casa do pai converteu-se em lugar de festa, perdão e acolhida.
 
Parábolas são para nossa cura, para nossa melhora e para nosso retorno a nós mesmos e para Deus. Sofrimentos e amarguras são superados quando nos dispomos a SAIR AO ENCONTRO de alguém (estar em relação) que procura espaços seguros, carinho e cuidado. De alguma maneira, muita gente sabe e espera que nossas comunidades ainda são espaços para voltar, mesmo para pessoas que “não vivem de acordo com as regras, gastam tudo e resolvem sair de casa e viver uma vida desregrada”. Infelizmente, ainda há quem considere um prejuízo o retorno delas para a comunidade. No entanto, a comunidade precisa voltar a ser um espaço de perdão e de festa. Precisamos nos alegrar com quem volta. Precisamos, a exemplo do pai, ir ao encontro e perceber que há muita gente que está perdida e desorientada e quer voltar, mas não encontra o caminho ou, muitas vezes, não encontra acolhida. Precisamos tomar atitudes “fora do comum”. Ninguém precisa mais de recriminações ou lições de moral. O que muda e transforma é a misericórdia e o amor.
 
O amor transpõe as regras, reinterpreta-as
 
Mas alguém não estava no espírito disso tudo. Já pensamos se fosse o irmão mais velho que o recebesse? O irmão mais velho não é capaz de alegrar-se com novidades, com mudanças nem com festa. Tem gente que está preocupada com sistemas de privilégios e clientelismo e não consegue perceber que a comunidade é espaço de ressurreição e de atitudes “não normais”.
 
O filho mais velho reage do jeito esperado. Ele não entende e não aceita a atitude de misericórdia do pai. Ele não está disposto a ESCUTAR nem a entrar no “outro vocabulário” que o filho mais novo tem a dizer. Ele é o filho que sempre viveu obediente sob as regras (ele é “normal”) e as encara como muito importantes e normativas para a vida das outras pessoas também. Ele não entendeu que, embora importantes, as regras não devem desumanizar ou suspender as pessoas de amarem. O amor transpõe as regras, ou melhor, as reinterpreta. A atitude do irmão lembra abertamente o que não se deve fazer: achar-se melhor do que ninguém, eximir-se de escutar outros contextos e outras experiências, achar que a sua visão e experiência é a única e deve ser a norma. Quantas famílias seriam mais felizes e quantas comunidades seriam mais espaços de ressurreição se essa atitude do filho mais velho não estivesse ainda tão presente?
 
O pai, no entanto, continua na sua atitude de misericórdia e de olhar carinhoso para o filho mais velho, que segue “murmurando”. Ele não o repreende tampouco. Ao contrário, quer dar mais uma chance para a vida. O pai convida o rapaz para uma festa. Quer fazê-lo entender que festejar é mais importante do que recriminar ou amargar-se. Não sabemos se o filho aceitou festejar com a família toda. Esperemos que sim.
 
Nesta Quaresma, somos mais uma vez convidadas/os para VOLTAR e para IR AO ENCONTRO e RECEBER quem volta para nosso meio. Para isso, precisamos mudar nossas imagens de Deus, de filhas/os pecadoras/es e de irmãos certinhos. Precisamos aprender a fazer festa sempre e reconhecer que, na festa e na alegria, estão sementes de transformação. A comunidade é convidada a ser uma parábola do Reino, onde a misericórdia e o cuidado são a expressão da vontade de Deus, mesmo para com aquelas/es que SAÍRAM e nos prejudicaram. É necessário advogar por um mundo onde tanto quem vive pelas regras quanto quem as quebra tenham um espaço garantido e que ambos os grupos precisam de alguma forma reconectar os laços perdidos.