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segunda-feira, 1 de abril de 2019

POR QUE ME TIRARAM O DESERTO NA QUARESMA



Mestre a tua igreja não prega mais o sentido da quaresma, deixaram as coisas do Céu e se apegaram as coisas do mundo, hoje, elas só vivem de campanha, ano, após anos, por isso vim para o deserto, para tentar entender porque a Igreja não convida mais os seus fiéis a fazerem deste tempo como que um retiro espiritual em que o esforço de meditação e de oração deveria ser sustentado por um esforço de mortificação pessoal cuja medida deveria ser deixada à livre generosidade de cada um.
Se bem vivida, a Quaresma conduziria a uma conversão pessoal autêntica e profunda, a fim de participar na festa maior do ano: o Domingo da Ressurreição do Senhor.

Porque “todos os anos, pelos quarenta dias da Grande Quaresma, a Igreja deveria une-se ao mistério de Jesus no deserto"(Catecismo da Igreja Católica, 540). Ao propor aos seus fiéis o exemplo de Cristo que se retira para o deserto, prepara-se para a celebração das solenidades pascais, com a purificação do coração, uma prática perfeita da vida cristã e uma atitude penitencial.

Completo o meu raciocínio com essa passagem do Universo Católico, pois essas campanhas poderia esperá, ser em outro tempo, mas durante a QUARESMA, NÃO!!!

Jesus no deserto
Jesus no deserto! Poderia fazer lembrar o tempo de hoje quando, em todo o mundo, vive-se ainda ou no desconhecimento do Filho de Deus que se fez Homem, salvador e redentor de todo homem, ou mesmo, tendo-o conhecido, voltou-lhe as costas por não querer se comprometer com a verdade, a justiça e o amor autêntico.
         Justamente o tempo da quaresma é um convite para estar com Jesus no deserto.

         O evangelho de Marcos 1, 12-15, lido no primeiro domingo da quaresma, assim diz: “Naquele tempo, O Espírito levou Jesus para o deserto, onde ficou  durante quarenta dias, e  foi tentado por satanás.”

         Jesus tinha apenas acabado de ser batizado no rio Jordão por João Batista, recebeu a investidura messiânica quando se ouviu a voz do Pai: “Este é o meu Filho muito amado, escutai-o”. Foi enviado para anunciar a boa nova aos pobres, curar os corações feridos, pregar o Reino. Antes porém Jesus jejuou, rezou, meditou, lutou, em profunda solidão e silêncio.

         Muitos homens e mulheres, desde a antiguidade cristã, escolheram imitar Jesus, nos desertos do Egito, da Palestina, em lugares solitários, montes e vales remotos. Assim surgiram mosteiros, ordens contemplativas e tantas casas de retiros em toda a parte até na atualidade.

         O deserto que a quaresma recorda é um convite para todos os que crêem, para todos os que buscam a verdade absoluta, Deus.

Há uma exortação feita por Santo Anselmo de Aosta a nós dirigida para celebrar com proveito a quaresma: “Pobre mortal, foge  por breve tempo de tuas ocupações, deixa um pouco os teus pensamentos tumultuados. Deixa para traz,  nesse momento, graves preocupações e põe de lado tuas fadigosas atividades. Sê,  um pouco, atento a Deus e nele repousa. Entra no íntimo de tua alma. Exclui tudo, menos Deus e aquele que te ajuda a procurá-lo. Fecha a porta e diz a Deus: Procuro o teu rosto. O teu rosto eu procuro, Senhor.”

         Deserto tornou-se o modo de viver a quaresma: fazer um pouco de vazio e de silêncio em torno de nós, reencontrar o caminho do nosso coração, subtrair-nos ao barulho  e às solicitudes externas, para entrar em contato com as profundezas do nosso ser. Estamos intoxicados por excesso de rumores e luzes de vídeos, gravações e cartazes. Tornamo-nos insensíveis e sem capacidade de reflexão. Vivemos de ficções, do irreal.

         O deserto próprio da Quaresma não é lugar árido, sem vida e sem comunicação. Vale lembrar a palavra de Deus dirigida a seu povo, segundo o profeta Oséias 2, 16: “Eu o conduzirei ao deserto e falarei ao seu coração”.

         A palavra de Deus é abundante para nos propor o caminho para fazer o bem e evitar o mal, para nos levar à revisão de vida, à conversão, ao encontro com Ele através de seu Filho que nos revela todo o amor do Pai para conosco. O evangelho nos diz que o Espírito, do qual está repleto, o impele para o deserto; o Filho de Deus se deixa levar pelo Espírito. Vale lembrar a carta de Paulo aos Romanos: “Todos os que se deixam levar pelo Espírito de Deus são filhos de Deus.”

         O deserto é lugar de encontro com Deus, como para os israelitas (Êxodo 19 e Deuteronômio 8), quarenta dias passaram no deserto Moisés e Elias e são tomados como base de nossa quaresma litúrgica. Satanás é o rival, que procura frustrar ou desvirtuar o projeto de Deus. Jesus supera a prova. Antes de começar sua atividade messiânica, tem de ser provado e comprovado. Convive, pacificamente, com animais selvagens, os anjos estão a seu serviço: como se dissesse que os anjos de Deus estão a serviço do filho de Deus (Hebreus 1, 4.14). Do deserto Jesus volta à Galiléia para começar aí o seu ministério de proclamar a boa notícia. Está próximo o reinado efetivo de Deus, o exercício do seu poder real na história. Em Jesus já está atuando e por ele se oferece. Só pede a ruptura do arrependimento e a fé, elementos que perduram na pregação posterior do evangelho.

         O evangelho de Marcos dá início à descrição da atividade de Cristo, com esta página, onde é colocado em realce como nele teve início uma nova criação. No caos primordial, a criação foi plasmada pela força criadora do Espírito, como agora mesma força leva Jesus ao deserto, para dar início, no reino do mal e da morte, à obra da salvação. O Espírito é o amor criador de Jesus o único capaz de restaurar a obra da criação e a regeneração do ser humano. Só o amor pode criar, só o amor pode refazer o coração do homem.

         Durante toda a quaresma a liturgia nos recordará: “Hoje, não fecheis o vosso coração, mas ouvi a voz do Senhor.”

Dom Geraldo M. Agnelo - Cardeal Arcebispo de Salvador

http://www.universocatolico.com.br/index.php?/jesus-no-deserto.html

terça-feira, 26 de março de 2019

Quaresma, tempo de voltar para Deus!


Desde os primórdios do Cristianismo a “Quaresma marcou para os cristãos um tempo de graça, oração, penitência e jejum, afim de obter a conversão”. Ela nos faz lembrar as palavras do Mestre divino: “Se não fizerdes penitência, todos perecereis” (Lc 13,3).
Esses quarenta dias que precedem a Semana Santa, são colocados pela Igreja para que cada um de nós se prepare para a maior de todas as Solenidades litúrgicas do ano, a Páscoa, a grande celebração da Ressurreição de Jesus, a vitória Dele e nossa sobre o Mal, sobre o pecado, sobre a morte e sobre o inferno.
A Quaresma é um tempo em que Jesus nos convida a ir para o “deserto” com Ele, não o deserto de areia, mas o deserto do nosso coração, onde Deus habita desde o nosso batismo, mas que tantas vezes esquecemos. Esses quarenta dias tem um grande significado na Bíblia; significa “um tempo de prova” antes de uma grande “vitória”.
Assim, vemos Noé que passa 40 dias na barca com toda a criação para depois sair dali para uma vida nova, salvando a humanidade (Gn 8,6). Moisés permaneceu quarenta dias no monte Sinai (Ex 24,18) antes de dar ao povo as Tábuas da Lei e a Aliança com Deus. O povo de Deus caminhou quarenta anos no deserto antes de chegar com Josué à Terra Prometida (Js 5,6); por quarenta anos Golias desafiou Israel até que Davi o vencesse (1Sm 17,16); Elias, fugindo da morte, caminhou durante quarenta dias até chegar ao Horeb, na montanha onde Deus se mostrou a ele numa brisa suave (1Rs 19,8-12); quarenta dias foi o prazo que Jonas marcou para Nínive ser destruída, mas se converteu (Jn 3,4). Jesus passa quarenta dias no deserto antes de vencer Satanás e começar a Sua missão evangelizadora.
Depois de quarenta dias de luta vem uma grande vitória. Assim deve ser hoje a nossa Quaresma, quarenta dias de luta para conquistar a grande vitória de “voltar para Deus”. Não há felicidade maior do que estar com Deus, amar a Deus e servir a Deus. Santo Agostinho disse: “Um homem sem Deus, é um peregrino sem meta, um questionado sem resposta, um lutador sem vitória, um moribundo sem nova vida”. “Quem ama a Deus nunca envelhece. Leva em si Aquele que é mais jovem que todos os outros”. “Eu não seria nada, meu Deus, absolutamente nada, se não estivesses em mim”. “O maior castigo do homem é não amar a Deus”.
Mas, para que o cristão possa se beneficiar dessa celebração precisa estar preparado, com a alma purificada e o coração sedento de Deus. A Igreja recomenda sobretudo que vivamos aquilo que ela chama de “remédios contra o pecado” (jejum, esmola e oração), que Jesus recomendou no Sermão da Montanha (Mt 6, 1-8) e que a Igreja nos coloca diante dos olhos logo na Quarta-feira de Cinzas, na abertura da Quaresma.
A meta da Quaresma é a expiação dos pecados; pois eles são a lepra da alma. Não existe nada pior do que o pecado para o homem, a Igreja e o mundo.

domingo, 31 de março de 2013

Domingo da Páscoa - Ano C (Evangelho do dia)




João 20,1-9

1 No primeiro dia da semana, Maria Madalena foi ao túmulo de Jesus,bem de madrugada, quando ainda estava escuro,e viu que a pedra tinha sido retirada do túmulo.2 Então ela saiu correndo e foi encontrar Simão Pedro e o outro discípulo,aquele que Jesus amava, e lhes disse:
'Tiraram o Senhor do túmulo, e não sabemos onde o colocaram.'3 Saíram, então, Pedro e o outro discípulo e foram ao túmulo.4 Os dois corriam juntos, mas o outro discípulo correu mais depressa que Pedroe chegou primeiro ao túmulo.5 Olhando para dentro, viu as faixas de linho no chão, mas não entrou.6 Chegou também Simão Pedro, que vinha correndo atrás, e entrou no túmulo.Viu as faixas de linho deitadas no chão7 e o pano que tinha estado sobre a cabeça de Jesus,não posto com as faixas, mas enrolado num lugar à parte.8 Então entrou também o outro discípulo, que tinha chegado primeiro ao túmulo.Ele viu, e acreditou.9 De fato, eles ainda não tinham compreendido a Escritura,segundo a qual ele devia ressuscitar dos mortos.
 


Reflexão

1-2. Os quatro Evangelhos narram os primeiros tes­temunhos das santas mulheres e dos discípulos acerca da Ressurreição gloriosa de Cristo. Tais testemunhos refe­rem-se, num primeiro momento, à realidade do sepulcro vazio (cfr Mt 28,1-15; Mc 16,1 ss.; Lc 24,1-12). Depois rela­tarão diversas aparições de Jesus Ressuscitado.
Maria Madalena é uma das que assistiam o Senhor nas Suas viagens (Lc 8,1-3); junto com a Virgem Maria seguiu-O corajosamente até à Cruz (Ioh 19,25), e viu onde tinham depositado o Seu Corpo (Lc 23,55). Agora, uma vez passado o repouso obrigatório do Sábado, vai visitar o túmulo. No­temos o pormenor evangélico: «De manhãzinha, ainda es­curo»: o amor e a veneração fazem-na ir sem demora junto ao Corpo do Senhor.
4. O quarto Evangelho põe em realce que, ainda que fossem as mulheres, e em concreto Maria Madalena, as primeiras a chegar ao sepulcro, são os Apóstolos os pri­meiros a entrar e a perceber os pormenores externos que mostram que Cristo ressuscitou (o sepulcro vazio, os tecidos «caídos», o sudário à parte). Dar testemunho deste fato será ponto essencial da missão que lhes confiará Cristo: «Sereis Minhas testemunhas em Jerusalém… e até aos confins da terra» (Act 1,8; cfr Act 2,32).
5-7. João, que chegou antes — quiçá porque era mais jovem —, não entrou, por deferência para com Pedro. Isto insinua que já então Pedro era considerado como cabeça dos Apóstolos.
As palavras que emprega o Evangelista para descrever o que Pedro e ele viram no sepulcro vazio exprimem com vivo realismo a impressão que lhes causou o que ali encontraram, e como ficaram gravados na sua memória alguns porme­nores à primeira vista irrelevantes. As características que apresentava o sepulcro vazio foram até tal ponto significativas que os fizeram intuir de algum modo a Ressurreição do Senhor. Alguns termos que aparecem no relato necessitam de ser explicados; a simples tradução dificilmente pode exprimir todo o conteúdo.
«As ligaduras no chão»: O particípio grego que traduzimos por «caídas» ou «no chão» parece indicar que as ligaduras tinham ficado aplanadas, como vazias ao ressuscitar e desa­parecer dali o corpo de Jesus, como se Este tivesse saído dos tecidos e das ligaduras sem ser desenroladas, passando através delas (tal como entrou mais tarde no Cenáculo «estando fechadas as portas»). Por isso, os tecidos estavam «caídos», «planos»,«jacentes» segundo a tradução literal do grego, ao sair deles o Corpo de Jesus que os tinha mantido antes em forma avultada. Assim se compreende a admiração e a recordação indelével da testemunha. «O lençol… à parte, ainda enrolado para outro sítio»: A primeira observação é que o sudário, que tinha envolvido a cabeça, não estava em cima dos tecidos, mas ao lado. A se­gunda, mais surpreendente, é que, como os tecidos, conser­vava ainda a sua forma de envoltura, mas, de modo diferente daqueles, mantinha certa consistência de volume, à maneira de casquete, provavelmente devido ao endurecimento pro­duzido pelos unguentos. Tudo isso é o que parece indicar o correspondente particípio grego, que traduzimos por «en­rolado».
Destes pormenores na descrição do sepulcro vazio de­preende-se que o corpo de Jesus ressuscitou de maneira gloriosa, isto é, transcendendo as leis físicas. Não se tra­tava apenas da reanimação do corpo, como por exemplo, no caso de Lázaro, que necessitou de ser desligado das ligaduras e outros tecidos da mortalha para poder andar (cfr Ioh 11,44).
8-10. Como lhes tinha dito Maria Madalena, o Senhor não estava no sepulcro; mas os dois Apóstolos deram-se conta de que não podia tratar-se de um roubo, como ela supunha, pois viram que os tecidos e o sudário se encontravam colocados de um modo especial (cfr a nota a Ioh 20,5-7); ao vê-los assim começaram a compreender o que tantas vezes lhes tinha explicado o Mestre acerca da Sua Morte e Ressurreição (cfr Mt 16,21; Mc 8,31; Lc 9,22; etc.; cfr, além disso, as notas a Mt 12,39-40 e Lc 18,31-40).
O sepulcro vazio e os outros dados que o acompanham são sinais perceptíveis pelos sentidos; a Ressurreição, pelo contrário, ainda que possa ter efeitos comprováveis pela experiência, requer a fé para ser aceite. A Ressurreição de Cristo é um fato real e histórico: nova união do corpo e da alma de Jesus. Mas, sendo uma Ressurreição gloriosa — não como a de Lázaro—, que está muito acima do que pode­mos apreciar nesta vida, e supera, portanto, os limites da experiência sensível, requer-se uma ajuda especial de Deus — o dom da fé — para conhecer e aceitar com certeza este fato que, ao mesmo tempo que é histórico, é sobre­natural. Portanto, pode dizer-se com São Tomás de Aquino que «cada um dos argumentos de per si não bastaria para demonstrar a Ressurreição, mas, tomados em conjunto, manifestam-na suficientemente; sobretudo pelo testemunho da Sagrada Escritura (cfr especialmente Lc 24,25-27), pelo anúncio dos Anjos (cfr Lc 24,4-7) e pela palavra de Cristo confirmada com milagres» (cfr Ioh 3,13; Mt 16,21; 17,22; 20,18) (Suma Teológica, III, q.55, a. 6 ad 1).
Além das predições de Cristo acerca da Sua Paixão, Morte e Ressurreição (cfr Ioh 2,19; Mt 16,21; Mc 9,31; Lc 9,22), já no Antigo Testamento estava anunciado o triunfo glorioso do Messias e, de certo modo, a Sua Ressurreição (cfr Ps 16,9; Is 52,13; Os 6,2). Os Apóstolos começam a com­preender o verdadeiro sentido da Sagrada Escritura depois da Ressurreição do Senhor, e mais especialmente quando recebem o Espírito Santo, que ilumina plenamente as suas inteligências para compreender o conteúdo da Palavra de Deus. É de supor a surpresa e o alvoroço de todos os discí­pulos ao ouvir contar a Pedro e a João o que tinham visto no sepulcro.
“Ressuscitemos para a Vida Nova”
Somos testemunhas
Na celebração da Vigília Pascal recebemos um profundo ensinamento das leituras da Palavra de Deus que proclamaram a presença do Ressuscitado e nos deram o sentido de sua Ressurreição. Diversos foram os símbolos usados como o fogo, a luz, a água, o canto e a comunidade, para nos introduzir neste mistério. Fomos envolvidos pela renovação das promessas do Batismo e pela celebração da Eucaristia. Neste Domingo de Páscoa podemos cantar o “Aleluia”, pois o Pai ressuscitou Seu Filho e a nós que cremos Nele. Cristo, morrendo, destruiu a morte, ressurgindo deu-nos a vida (prefácio). Nós somos testemunhas do acontecimento da Ressurreição porque acolhemos o testemunho dos Apóstolos como Pedro afirma na casa de Cornélio: “E nós somos testemunhas de tudo o que Jesus fez na terra dos judeus e em Jerusalém. Eles O mataram, pregando-O numa cruz. Mas Deus o ressuscitou no terceiro dia, concedendo-lhe manifestar-se às testemunhas que Deus havia escolhido: a nós que comemos e bebemos com Jesus, depois que ressuscitou dos mortos” (At 10,40-41). São testemunhas de um Vivo. O contato com Jesus vivo, depois de ter passado pela morte e ressuscitado, deu aos apóstolos e aos discípulos força de anúncio e libertação de todos os males, como o fora o próprio Jesus que “ungido pelo Espírito e com poder, andou por toda parte fazendo o bem e curando a todos que estavam dominados pelo demônio” (38). Assim Pedro reconhece a presença do Espírito na casa de Cornélio, centurião romano. Ali mesmo reconheceu que a boa notícia é para todos. O Espírito é dado também aos pagãos. Por isso podem também receber o batismo. A Ressurreição é obra de Deus.
Não basta ver, é preciso crer
Os discípulos Pedro e João, ao anúncio de Madalena, correm ao túmulo. Pedro entrou no túmulo e viu. João viu e creu. É a fé na Ressurreição que garante o testemunho. É o Espírito que vai abrir a mente para que entendam. Ele está vivo. A mulher é a primeira testemunha, como a Igreja é a primeira a testemunhar que Cristo está vivo e a garantia de sua presença no meio de nós. O Espírito ensina que a fé na Ressurreição é garantia de vida eterna. Morrendo destruiu a morte, ressurgindo deu-nos a vida (prefácio). A nós também cabe não somente saber, mas crer, isto é, transformar a vida a partir dos frutos da Ressurreição que é a Vida Nova. Paulo insiste: “Se ressuscitastes com Cristo, esforçai-vos por alcançar as coisas do alto; … Aspirai às coisas celestes e não às coisas terrestres” (Cl 3,1-2). Crer significa um novo modo de viver. Não há fé só intelectual, mas gera o modo de vida. Ela conduz também ao anúncio da certeza da Ressurreição.
Vida escondida em Cristo
Fazemos parte da História da Salvação. A Ressurreição nos une a Cristo, como disse Paulo: “Vós morrestes e a vossa vida está escondida, com Cristo, em Deus” (Cl 3,3). Estar com a vida em Deus é o novo nascimento. A fé nos gera para Deus. Celebrando os mistérios pascais, chegamos à luz da Ressurreição. E a Igreja se renova e renasce (Oferendas). A mudança de conduta acontece quando nos abrimos à caridade. Tiramos as pedras da porta do sepulcro de nosso coração e manifestamos o Resuscitado. A Páscoa não é um acontecimento passado. Acontece em cada ato de amor. A festa da Páscoa acenda sempre em nós o desejo do Céu (Vigília). Não desanimar quando tudo parece perdido. Ninguém está perdido. A todos, em Cristo foram escancaradas as portas do Céu. Cada Eucaristia torna presente a Ressurreição. Por isso dizemos: fazendo memória da Ressurreição.
Na Vigília Pascal somos ensinados pela Palavra e pelos símbolos. Participamos do Mistério Pascal de Cristo. Renovamos o Batismo. Hoje podemos cantar o Aleluia vitorioso. Pai ressuscitou Seu Filho e a nós que cremos. Somos testemunhas porque acolhemos o testemunho dos apóstolos. O contato com Jesus vivo foi a força que levou os apóstolos ao anúncio aberto a todos, pois o Espírito foi dado também a eles.
Os discípulos, ao anúncio da Madalena, correm ao túmulo. Pedro entrou e viu e João viu e acreditou. Ele está vivo. A Igreja é a primeira a testemunhar que Cristo vive e garantir sua presença entre nós. O Espírito transforma a fé em garantia de vida eterna. Cabe a nós transformar a fé em frutos de vida nova.
Nossa vida está escondida com Cristo em Deus. É o novo nascimento. A mudança de conduta se dá quando nos abrimos à caridade. A Páscoa acontece em cada ato de amor. Ninguém está perdido, pois as portas do Céu foram escancaradas em Cristo. Em cada Eucaristia está presente a Ressurreição.
O morto está vivo!
É uma notícia que ninguém recebe. Jesus venceu a morte e nos abriu o caminho para a vida eterna com sua Vida na Ressurreição.
O convite da celebração de hoje é ressuscitar com Jesus. Com a Ressurreição de Jesus, nós também ressuscitamos para a Vida, mas continuamos na vida. Para completar esta Vida em nós, S. Paulo nos convida a andar na terra, mas com a cabeça no Alto, onde está Cristo.
Estar ressuscitado é buscar as coisas celestes. Não tira a gente do mundo, mas tira o mundo de dentro da gente. É dar sentido divino ao que vivemos na natureza que Deus nos deu.
Como Pedro e João, corremos ao túmulo para crer que Ele vive. É dia de alegria total, pois nosso Redentor redimiu a todos e nos abriu as portas do Paraíso. Com a Páscoa recebemos as maiores riquezas. Por que perder toda esta riqueza por tão poucas coisas?
Fonte: http://viverminhavocacao.blogspot.com.br/2013/03/domingo-da-pascoa-ano-c-evangelho-do-dia.html

sábado, 30 de março de 2013

Sábado Santo - Vigília Pascal - Ano C



Ele não está aqui. Ressuscitou!
Lucas 24,1-12

1 No primeiro dia da semana, bem de madrugada,

as mulheres foram ao túmulo de Jesus, levando os perfumes que haviam preparado.
2 Elas encontraram a pedra do túmulo removida.
3 Mas ao entrar, não encontraram o corpo do Senhor Jesus
4 e ficaram sem saber o que estava acontecendo.
Nisso, dois homens com roupas brilhantes pararam perto delas.
5 Tomadas de medo, elas olhavam para o chão, mas os dois homens disseram:
'Por que estais procurando entre os mortos aquele que está vivo?
6 Ele não está aqui. Ressuscitou!
Lembrai-vos do que ele vos falou, quando ainda estava na Galiléia:
7 'O Filho do Homem deve ser entregue nas mãos dos pecadores,
ser crucificado e ressuscitar ao terceiro dia'.
8 Então as mulheres se lembraram das palavras de Jesus.
9 Voltaram do túmulo e anunciaram tudo isso aos Onze e a todos os outros.
10 Eram Maria Madalena, Joana e Maria, mãe de Tiago.
Também as outras mulheres que estavam com elas contaram essas coisas aos apóstolos.
11 Mas eles acharam que tudo isso era desvairio, e não acreditaram.
12 Pedro, no entanto, levantou-se e correu ao túmulo.
Olhou para dentro e viu apenas os lençóis.
Então voltou para casa, admirado com o que havia acontecido.
 

Reflexão
 
"No primeiro dia da semana, bem de madrugada, as mulheres foram ao túmulo de Jesus, levando os perfumes que haviam preparado". (Lucas 24,1). Maria Madalena, Joana e Maria, mãe de Tiago, quando chegaram ao local onde Jesus havia sido sepultado, viram que a pedra o tumulo havia sido removida, e o corpo de Jesus não estava lá. Dois homens de roupas brilhantes apareceram para elas e disseram: “Por que estais procurando entre os mortos aquele que está vivo?” “Ele não está aqui, ressuscitou! " (Lucas 24, 5.6) A tristeza dá lugar a alegria, a vida venceu a morte, a escuridão foi vencida pela luz. As mulheres são as portadoras da boa notícia, e foram até os onze contar o que acontecera. Porém, eles não acreditaram como as mulheres que Jesus havia ressuscitado. Pedro foi ao túmulo e vendo apenas os lençóis ficou admirado com o que viu. As palavras de Jesus agora faziam sentido, agora entendera, Ele está vivo.
 
Jesus está vivo! Ele ressuscitou! E junto com ele renascemos para uma vida nova. E é essa alegria, nesta noite de sábado que vamos reviver. A luz vence as trevas, e Jesus nos faz participantes de sua vitória sobre a morte. Esta noite é única, outra igual não há e não haverá. E como as mulheres do evangelho fizeram, devemos anunciar e comunicar a todos que Jesus ressuscitou dos mortos, Ele está vivo, no meio de nós, em cada um de nós. Jesus acompanha a cada um de nós sempre, e é essa fé, essa confiança que nos leva a acreditar que podemos lutar por um mundo melhor, acreditar que pessoas possam mudar, que a humanidade pode mudar. Nós somos responsáveis por essa mudança, somos os anunciadores da boa nova.
 
Jesus está junto do Pai, intercedendo por todos nós, ele não nos deixou, quando fomos batizados, recebemos seu Espírito Santo, por isso Cristo está e permanece em nós. Cristo também se faz presente e real na Eucaristia, no pão e no vinho. Então neste Sábado Santo, nesta noite de alegria, não existe mais tristeza, nossos pecados são perdoados, as lágrimas? Enxuguemos todas as lágrimas, a vida venceu a morte.
“Eis agora a Páscoa, nossa festa, em que o real Cordeiro se imolou: marcando nossas portas, nossas almas, com seu divino sangue nos salvou! Ó Noite de alegria verdadeira, que prostra o Faraó e ergue os hebreus, que une de novo ao céu a terra inteira, pondo na treva humana a luz de Deus!”
 
“Ó sublime mistério desta Noite Santa! Noite na qual revivemos o extraordinário evento da Ressurreição! Se Cristo tivesse permanecido prisioneiro do sepulcro, a humanidade e toda a criação, de certo modo, teriam perdido o próprio sentido. Mas Vós, Cristo, realmente ressuscitastes!” João Paulo II, Vigília Pascal, Vaticano, 19 de Abril de 2003.
 
 

A história da salvação converge para esse momento. Na cidade santa, representante da história salvífica, Deus manifesta sua grande ação salvadora, a morte e a ressurreição do Messias. Mas é preciso escutar as Escrituras para compreender a mensagem divina proferida pelos “anjos”: “Por que procurais o vivente entre os mortos? Não está aqui, mas ressuscitou”.
 
No primeiro dia da semana, dia da nova criação, Deus ressuscita Jesus. As mulheres que vão ao túmulo o encontram vazio e não entendem o que se passa. A boa-nova da ressurreição de Jesus não pode ser compreendida diante do túmulo vazio, mas somente mediante o anúncio divino. Os “homens com vestes resplandecentes” convidam as mulheres a rememorar o que Jesus havia ensinado a respeito de sua morte e ressurreição. Ao lembrarem-se das palavras do Mestre, as mulheres anunciam aos Onze e aos outros o acontecido no túmulo vazio. No entanto, eles não acreditam.
 
As mulheres representam o elo entre o túmulo aberto e as aparições do Ressuscitado. Essas aparições revelarão o sentido do sepulcro vazio, que não fala por si só, mas deve ser complementado pela palavra, mediante a experiência com o Ressuscitado, que explicará as Escrituras aos discípulos para que compreendam tudo o que devia acontecer.
 
Nesse relato, a mensagem central é mostrar que o Vivente não deve ser procurado no túmulo, entre os mortos. Porque o Deus da vida não podia abandonar seu Filho na região dos mortos. A morte de Jesus não foi sua derrota, e sim sua exaltação, seu êxodo para o Pai. Mas essa revelação vem de cima. E os discípulos só poderão anunciar a boa-nova da ressurreição de Jesus quando fizerem a experiência com o Ressuscitado. Eles deverão fazer a passagem da dúvida à certeza, da incredulidade à fé. E isso ocorrerá quando fizerem a experiência do encontro com o Vivente.
 
 
 
Comentário global das leituras: A graça venceu o pecado, o perdão venceu a violência!
 
As leituras de hoje têm como objetivo retomar a história da salvação.
Em primeiro lugar, Deus criou e mantém, com sua providência, a ordem da criação e a vitalidade de todos os seres. A beleza da criação provoca no ser humano a admiração por sua harmonia e estabilidade, levando-o à contemplação e à adoração do Criador. Mas a complexidade da criação também desperta o interesse do ser humano para conhecê-la e explorar os seus segredos, pois essa capacidade foi dada por Deus à humanidade. Contudo, o único ser do universo capaz de conhecer não pode prescindir da responsabilidade para com a preservação da obra de Deus.
 
O segundo passo da ação salvífica de Deus exige uma resposta do ser humano. Deus quis fazer aliança com a humanidade, e, para que isso se realize, faz-se necessária a firme decisão consciente do ser humano de aceitar o senhorio absoluto de Deus, mostrando em todos os momentos da vida que o ama acima de tudo.
 
Nesse relacionamento íntimo entre Deus e a humanidade, confiança e esperança estão sempre juntas. Ao entregar a própria vida nas mãos de Deus, o ser humano fica seguro de que não será decepcionado.
 
Exemplo disso são os hebreus que encontraram vida e liberdade quando tudo parecia perdido, pois o Senhor lhes deu a completa vitória sobre os inimigos. Deus estava empenhado em livrar de qualquer ameaça o povo da aliança e preservá-lo da destruição, ficando à frente dele na saída do Egito, na travessia do mar, no deserto e na terra prometida.
 
Apesar de todas as infidelidades do povo escolhido, Deus nunca o esqueceu nem deixou de tratá-lo com amor, sempre chamando Israel e renovando a aliança com ele. Assim, Deus foi agindo na história com o firme propósito de dar a salvação a todo ser humano. A humanidade, por sua vez, quase sempre respondeu a tão grande propósito com a rebeldia do pecado. Muitas vezes o ser humano reconheceu sua responsabilidade nas afrontas a Deus, pediu perdão e recomeçou a caminhada de fé. Outras vezes, o ser humano permaneceu na sua obstinação e orgulho contra o Senhor. Até que nos foi enviado o Salvador para plenificar a obra de redenção, que começou com a criação. Mesmo assim, o Filho de Deus foi rejeitado, sofrendo, por nossa culpa, a morte na cruz. Mas Deus o ressuscitou nesta noite grandiosa que hoje celebramos. Jesus Cristo, o Filho do Altíssimo, nossa páscoa e nossa ressurreição, garantia de nossa união definitiva com Deus.
 
PISTAS PARA REFLEXÃO
1. Várias situações podem fazer com que a páscoa não seja atuante em nossas vidas. Que situações poderiam ser essas?
2. Será que estamos conscientes de que a ressurreição de Jesus não é um prêmio que o Pai lhe deu por seu bom comportamento, como se faz com uma criança, mas que, na verdade, Cristo ressuscitou por nossa causa?
3. “Se Cristo não ressuscitou, vã é nossa fé” (1Cor 15,14.17). E, se nós não soubermos o significado da ressurreição de Cristo como garantia de nossa união definitiva com o Pai e da filiação divina que nos foi dada nesse mistério, vã continuará sendo a nossa fé, que nem mesmo poderá ser chamada de cristã.
Fonte: http://viverminhavocacao.blogspot.com.br/2013/03/sabado-santo-vigilia-pascal-ano-c.html

sexta-feira, 29 de março de 2013


Sexta-feira da Semana Santa - Paixão do Senhor


João 18,1-19,42
 
Naquele tempo:1 Jesus saiu com os discípulos para o outro lado da torrente do Cedron.Havia aí um jardim, onde ele entrou com os discípulos.2 Também Judas, o traidor, conhecia o lugar,
porque Jesus costumava reunir-se aí com os seus discípulos.3 Judas levou consigo um destacamento de soldadose alguns guardas dos sumos sacerdotes e fariseus,e chegou ali com lanternas, tochas e armas.4 Então Jesus, consciente de tudo o que ia acontecer,saiu ao encontro deles e disse: 'A quem procurais?'
5 Responderam: 'A Jesus, o nazareno'.Ele disse: 'Sou eu'. Judas, o traidor, estava junto com eles.6 Quando Jesus disse: 'Sou eu', eles recuaram e caíram por terra.7 De novo lhes perguntou: 'A quem procurais?'Eles responderam: 'A Jesus, o nazareno'.8 Jesus respondeu: 'Já vos disse que sou eu.Se é a mim que procurais, então deixai que estes se retirem'.
9 Assim se realizava a palavra que Jesus tinha dito:'Não perdi nenhum daqueles que me confiaste'.10 Simão Pedro, que trazia uma espada consigo,puxou dela e feriu o servo do sumo sacerdote,cortando-lhe a orelha direita. O nome do servo era Malco.11 Então Jesus disse a Pedro:'Guarda a tua espada na bainha. Não vou beber o cálice que o Pai me deu?'
 

12 Então, os soldados, o comandante e os guardas dosjudeus prenderam Jesus e o amarraram.13 Conduziram-no primeiro a Anás, que era o sogro deCaifás, o sumo sacerdote naquele ano.14 Foi Caifás que deu aos judeus o conselho: 'É preferível que um só morra pelo povo'.15 Simão Pedro e um outro discípulo seguiam Jesus.Esse discípulo era conhecido do sumo sacerdotee entrou com Jesus no pátio do sumo sacerdote.16 Pedro ficou fora, perto da porta.Então o outro discípulo, que era conhecido do sumo sacerdote, saiu,conversou com a encarregada da porta e levou Pedro para dentro.17 A criada que guardava a porta disse a Pedro:'Não pertences também tu aos discípulos desse homem?'Ele respondeu: 'Não'.18 Os empregados e os guardas fizeram uma fogueirae estavam-se aquecendo, pois fazia frio. Pedro ficou com eles, aquecendo-se.19 Entretanto, o sumo sacerdote interrogou Jesusa respeito de seus discípulos e de seu ensinamento.20 Jesus lhe respondeu: 'Eu falei às claras ao mundo. Ensinei sempre na sinagoga e no Templo, onde todos os judeus se reúnem. Nada falei às escondidas.
21 Por que me interrogas? Pergunta aos que ouviram o que falei; eles sabem o que eu disse.'
22 Quando Jesus falou isso, um dos guardas que ali estavadeu-lhe uma bofetada, dizendo: 'É assim que respondes ao sumo sacerdote?'23 Respondeu-lhe Jesus: 'Se respondi mal, mostra em quê;mas, se falei bem, por que me bates?'
24 Então, Anás enviou Jesus amarrado para Caifás, o sumo sacerdote.
 

25 Simão Pedro continuava lá, em pé, aquecendo-se. Disseram-lhe:'Não és tu, também, um dos discípulos dele?'Pedro negou: 'Não!'26 Então um dos empregados do sumo sacerdote, parente daquele a quem Pedro tinha cortado a orelha, disse: 'Será que não te vi no jardim com ele?'27 Novamente Pedro negou. E na mesma hora, o galo cantou.

28 De Caifás, levaram Jesus ao palácio do governador. Era de manhã cedo.Eles mesmos não entraram no palácio,para não ficarem impuros e poderem comer a páscoa.29 Então Pilatos saiu ao encontro deles e disse:'Que acusação apresentais contra este homem?'30 Eles responderam: 'Se não fosse malfeitor, não o teríamos entregue a ti!'31 Pilatos disse: 'Tomai-o vós mesmos e julgai-o de acordo com a vossa lei.'Os judeus lhe responderam: 'Nós não podemos condenar ninguém à morte'.32 Assim se realizava o que Jesus tinha dito,significando de que morte havia de morrer.33 Então Pilatos entrou de novo no palácio, chamou Jesus e perguntou-lhe:'Tu és o rei dos judeus?'34 Jesus respondeu: 'Estás dizendo isto por ti mesmo,ou outros te disseram isto de mim?'
  35 Pilatos falou: 'Por acaso, sou judeu?O teu povo e os sumos sacerdotes te entregaram a mim. Que fizeste?'.36 Jesus respondeu: 'O meu reino não é deste mundo. Se o meu reino fosse deste mundo, os meus guardas lutariam para que eu não fosse entregue aos judeus.Mas o meu reino não é daqui.'
37 Pilatos disse a Jesus: 'Então tu és rei?'Jesus respondeu: 'Tu o dizes: eu sou rei. Eu nasci e vim ao mundo para isto:para dar testemunho da verdade. Todo aquele que é da verdade escuta a minha voz.'
38 Pilatos disse a Jesus: 'O que é a verdade?'Ao dizer isso, Pilatos saiu ao encontro dos judeus,e disse-lhes: 'Eu não encontro nenhuma culpa nele.39 Mas existe entre vós um costume, que pela Páscoa eu vos solte um preso.Quereis que vos solte o rei dos Judeus?'40 Então, começaram a gritar de novo: 'Este não, mas Barrabás!' Barrabás era um bandido.

19,1 Então Pilatos mandou flagelar Jesus.2 Os soldados teceram uma coroa de espinhos e colocaram-na na cabeça de Jesus.Vestiram-no com um manto vermelho,3 aproximavam-se dele e diziam:'Viva o rei dos judeus!' E davam-lhe bofetadas.4 Pilatos saíu de novo e disse aos judeus: 'Olhai, eu o trago aqui fora, diante de vós,para que saibais que não encontro nele crime algum.'5 Então Jesus veio para fora, trazendo a coroa de espinhos e o manto vermelho.Pilatos disse-lhes: 'Eis o homem!'6 Quando viram Jesus, os sumos sacerdotes e os guardas começaram a gritar:'Crucifica-o! Crucifica-o!'Pilatos respondeu: 'Levai-o vós mesmos para ocrucificar, pois eu não encontro nele crime algum.'7 Os judeus responderam: 'Nós temos uma Lei,e, segundo esta Lei, ele deve morrer, porque se fez Filho de Deus'.8 Ao ouvir estas palavras, Pilatos ficou com mais medo ainda.9 Entrou outra vez no palácio e perguntou a Jesus: 'De onde és tu?'Jesus ficou calado.10 Então Pilatos disse: 'Não me respondes?Não sabes que tenho autoridade para te soltar e autoridade para te crucificar?'11 Jesus respondeu: 'Tu não terias autoridade alguma sobre mim, se ela não te fosse dada do alto. Quem me entregou a ti, portanto, tem culpa maior.'
 

12 Por causa disso, Pilatos procurava soltar Jesus. Mas os judeus gritavam:'Se soltas este homem, não és amigo de César.Todo aquele que se faz rei, declara-se contra César'.13 Ouvindo estas palavras, Pilatos trouxe Jesus para fora e sentou-se no tribunal,no lugar chamado 'Pavimento', em hebraico 'Gábata'.14 Era o dia da preparação da Páscoa, por volta do meio-dia.Pilatos disse aos judeus: 'Eis o vosso rei!'15 Eles, porém, gritavam: 'Fora! Fora! Crucifica-o!'Pilatos disse: 'Hei de crucificar o vosso rei?'Os sumos sacerdotes responderam: 'Não temos outro rei senão César'.16 Então Pilatos entregou Jesus para ser crucificado, e eles o levaram.
 

17 Jesus tomou a cruz sobre si e saiu para o lugar chamado 'Calvário',em hebraico 'Gólgota'.18 Ali o crucificaram, com outros dois: um de cada lado, e Jesus no meio.19 Pilatos mandou ainda escrever um letreiroe colocá-lo na cruz; nele estava escrito: 'Jesus o Nazareno, o Rei dos Judeus'.20 Muitos judeus puderam ver o letreiro, porque o lugar em que Jesus foi crucificado ficava perto da cidade. O letreiro estava escrito em hebraico, latim e grego.21 Então os sumos sacerdotes dos judeus disseram a Pilatos:
'Não escrevas 'O Rei dos Judeus', mas sim o que ele disse: 'Eu sou o Rei dos judeus'.'22 Pilatos respondeu: 'O que escrevi, está escrito'.
 

23 Depois que crucificaram Jesus,
os soldados repartiram a sua roupa em quatro partes,uma parte para cada soldado.
Quanto à túnica, esta era tecida sem costura, em peça única de alto a baixo.24 Disseram então entre si: 'Não vamos dividir a túnica. Tiremos a sorte para ver de quem será'. Assim se cumpria a Escritura que diz: 'Repartiram entre si as minhas vestese lançaram sorte sobre a minha túnica'. Assim procederam os soldados.
25 Perto da cruz de Jesus, estavam de péa sua mãe, a irmó da sua mãe, Maria de Cléofas, e Maria Madalena.26 Jesus, ao ver sua mãe e, ao lado dela, o discípulo queele amava, disse à mãe: 'Mulher, este é o teu filho'.
27 Depois disse ao discípulo: 'Esta é a tua mãe'.
Daquela hora em diante, o discípulo a acolheu consigo.
28 Depois disso, Jesus, sabendo que tudo estava consumado,e para que a Escritura se cumprisse até o fim, disse: 'Tenho sede'.
29 Havia ali uma jarra cheia de vinagre. 
Amarraram numa vara uma esponja embebida de vinagre e levaram-na à boca de Jesus.30 Ele tomou o vinagre e disse: 'Tudo está consumado'.
E, inclinando a cabeça, entregou o espírito.

31 Era o dia da preparação para a Páscoa. Os judeus queriam evitar que os corpos ficassem na cruz durante o sábado, porque aquele sábado era dia de festa solene. Então pediram a Pilatos que mandasse quebrar as pernas aos crucificados e os tirasse da cruz.32 Os soldados foram e quebraram as pernas de um e depois do outroque foram crucificados com Jesus.33 Ao se aproximarem de Jesus, e vendo que já estavamorto, não lhe quebraram as pernas;34 mas um soldado abriu-lhe o lado com uma lança, e logo saiu sangue e água.35 Aquele que viu, dá testemunho e seu testemunho é verdadeiro;
e ele sabe que fala a verdade, para que vós também acrediteis.36 Isso aconteceu para que se cumprisse a Escritura, que diz:
'Não quebrarão nenhum dos seus ossos'.37 E outra Escritura ainda diz: 'Olharão para aquele que transpassaram'.

38 Depois disso, José de Arimatéia, que era discípulo de Jesus - mas às escondidas, por medo dos judeus - pediu a Pilatos para tirar o corpo de Jesus.Pilatos consentiu. Então José veio tirar o corpo de Jesus.39 Chegou também Nicodemos, o mesmo que antes tinha ido a Jesus de noite.Trouxe uns trinta quilos de perfume feito de mirra e aloés.40 Então tomaram o corpo de Jesus e envolveram-no, com os aromas, em faixas de linho,como os judeus costumam sepultar.41 No lugar onde Jesus foi crucificado, havia um jardim e, no jardim, um túmulo novo,onde ainda ninguém tinha sido sepultado.42 Por causa da preparação da Páscoa, e como o túmuloestava perto, foi ali que colocaram Jesus.
 


REFLEXÃO 1:
 
JESUS SENHOR DE SUA SORTE. Queria propor juntar-nos com o espírito de Maria, sob a cruz de Jesus. Ela mulher forte que percorreu todo o significado deste acontecimento da paixão e morte do Senhor, nos ajudará a ter um olhar contemplativo sobre o Crucificado (Jo 19,25-27). Encontramo-nos no capítulo 19 do Evangelho de João, que começa com a cena da flagelação e da coroação de espinhos. Pilatos apresenta Jesus aos sumos sacerdotes e aos guardas: “Jesus Nazareno, o rei dos Judeus” que gritam sua morte na cruz (Jo 19,6). Começa assim para Jesus o caminho da cruz para o Gólgota, onde será crucificado. Na narração da paixão segundo João, Jesus se revela senhor de si mesmo, controlando assim tudo o que lhe acontece. O texto joanista é cheio de frases que indicam esta realidade teológica, de Jesus que oferece sua vida. Os acontecimentos da paixão Ele os sofre ativamente e não passivamente. Trazemos aqui apenas alguns exemplos sublinhando algumas frases e palavras. O leitor pode encontrar outras:
Então Jesus, conhecendo tudo o que ia suceder se adianta e lhes pergunta: “A quem procura?”. Responderam-Lhe: “Jesus de Nazaré!”. Disse-lhes: “Eu sou!”. Judas o que lhe entregara também estava com eles. Quando lhes disse: “Eu sou” retrocederam e caíram por terra. Perguntou-lhes de novo: “A quem procuram?”. Responderam-Lhe: “Jesus o Nazareno!”. Jesus respondeu “Já lhes disse que “eu sou”, deixem os outros irem”. Assim se cumprirá o que havia dito: “dos que me foram dados, nenhum se perdeu” (Jo 18,4-9).
 
“ENTÃO JESUS SAIU, LEVANDO A COROA DE ESPINHOS E O MANTO DE PÚRPURA” (Jo 19,15). Disse a Pilatos: “Não terias poder nenhum sobre mim, se não te fosse dado do alto” (Jo 19,11). Também sobre a cruz Jesus toma parte ativa em sua morte, ao se deixa matar como os ladrões aos quais são quebradas as pernas (Jo 19,31-33); ao contrário entrega seu espírito (Jo 19,30). São muito importantes os detalhes apontados pelo evangelista: “Jesus então, vendo sua Mãe e ali junto dela o discípulo a quem amava, disse a sua Mãe: Mulher, eis aí teu filho!. Em seguida disse ao discípulo: Eis ai tua Mãe!” (Jo 19,26-27). Estas simples palavras de Jesus têm o peso da revelação, palavras com as quais, Ele nos revela sua vontade: “eis ai teu filho”; “eis ai tua Mãe”. Palavras que nos enviam para aquelas pronunciadas por Pilatos: “Eis ai o Homem” (Jo 19,5). Aqui Jesus, a partir da cruz, seu trono, revela sua vontade e seu amor por todos nós. Ele é o cordeiro de Deus, o pastor que dá sua vida pelas ovelhas. Naquele momento, na cruz Ele faz nascer a Igreja, representada por sua mãe Maria, sua irmã, Maria de Cleófas e Maria Madalena com o discípulo amado (Jo 19,25).
 
DISCÍPULOS AMADOS E FIÉIS. O quarto evangelho especifica que estes discípulos “estavam junto à cruz” (Jo 25-26). Um detalhe de profundo significado. Só o quarto evangelho narra estas cinco pessoas estavam junto à cruz. Os outros evangelistas não especificam. Lucas, por exemplo, narra que todos aqueles que o conheciam o seguiam de longe (Lc 23,49). Também Mateus conta que muitas mulheres seguiam de longe estes acontecimentos. Estas mulheres haviam seguido Jesus desde a Galiliéia e lhe serviam. Porém, agora o seguiam de longe (Mt 27,55-56). Marcos como Mateus, não nos dá os nomes daqueles que de longe observavam a morte de Jesus (Mc 15,40-41). Só o quarto evangelho especifica que a Mãe de Jesus com outras mulheres e o discípulo amado “estavam junto à cruz”. Estavam ali, como servos diante de seu Senhor. Estão valorosamente presentes no momento em que Jesus declara que “tudo estava consumado” (Jo 19,30). A Mãe de Jesus está presente quando a “hora havia chegado”. Àquela hora pré-anunciada nas bodas de Caná (Jo 2,1ss). O quarto evangelho havia anotado também naquele momento que “a Mãe de Jesus estava ali” (Jo 2,1). Por isto, aquele que permanece fiel ao Senhor em sua sorte é o discípulo amado. O evangelista deixa no anonimato este discípulo de modo que qualquer um de nós possa ser refletido nele que conheceu os mistérios do Senhor, apoiando sua cabeça sobre o peito de Jesus durante a última ceia.
 
PARA REFLEXÃO PESSOAL
• Leia outra vez o texto do evangelho, e busque na Bíblia todos os textos citados na leitura. Tente encontrar outros textos paralelos que te ajudem a penetrar a fundo o texto d meditação.
• Com teu espírito, ajudado pela leitura orante do relato de João, visite os lugares da Paixão, pare diante do Calvário para aproveitar com Maria e o discípulo amado o acontecimento da Paixão.
• O que é que mais chamou tua atenção?
• Qual é o sentimento que provoca em você o relato da Paixão?
• O que é que significa para você o fato de que Jesus padece ativamente sua Paixão?
 
 
Reflexão 2:
 
A quem procurais? Eles responderam: Jesus o Nazareno” (18, 5);
Qual a razão de se procurar Jesus de Nazaré? Aqueles homens o procuravam para eliminá-lo, pois Jesus, assumir-se como Messias, parecia para aquelas pessoas algo de inaceitável. Parecia-lhes uma grande presunção, uma farsa a ser punida com pena máxima. Você já pensou a razão de procurar Jesus? Ou nunca pensou? Ou pensou só as vezes? Você procura Jesus só para resolver problemas, sentir-se bem, buscar uma realização pessoal muito fechada no seu mundinho? Mas, felizmente, no curso destes dois mil anos, há pessoas que procuram Jesus, pois acreditam no seu amor, na sua verdade, na sua missão e assumem, pela graça, a identidade de cristãos, isto é, discípulos amados do Senhor. E por serem amados, amam, isto é, dão a vida, gastam a vida fazendo o bem, iluminando, ajudando!
“Não vou beber o cálice que o Pai me deu?” (18, 11);
Beber o cálice! O cálice da ira de Deus, o cálice da sua justa indignação com o pecado humano, o mesmo que a humanidade deveria beber e assim, satisfazer a justiça divina. Mas, Ele o fez e quem aderir ao seu projeto, receberá o dom do Seu Espírito e a vida divina brilhará e resplandecerá em quem o aderir. Cumprem-se, assim, as palavras da Escritura: “É preferível que um só morra pelo povo” (18, 14); Você é daqueles que fogem dos problemas, das dores, dos desafios, da cruz? Ou assume, sem vitimismos tendo em vista um bem maior, isto é, completar na sua carne o que falta à paixão de Cristo?
“O meu reino não é deste mundo. Se o meu reino fosse deste mundo, os meus guardas teriam lutado para que eu não fosse entregue aos judeus. Mas o meu reino não é daqui. (...). Jesus respondeu (a Pilatos): Tu o dizes: eu sou rei. Eu nasci e vim ao mundo para isto: para dar testemunho da verdade. Todo aquele que é da verdade escuta a minha voz” (18, 36.37b);
Venha a nós o vosso Reino, ensinou-nos Jesus a pedir! Este Reino é o que se encarna na história, mas não estaciona nas categorias de tempo e de espaço, mas as transcende, as ultrapassa. Jesus é Rei, é soberano, é o supremo, mas de forma alguma identificará a sua messianidade com as realidades presentes! Quantos equívocos de tantos do passado e do presente que acham que ao resolver os problemas sociais e políticos, promover humanamente as pessoas, o ideal do Reino foi atingido! O Reino não acontecerá se tais metas forem atingidas, mas o coração humano não aderir intimamente a Jesus, ao seu projeto salvífico, na realização plena de seus desígnios de amor e de poder. Nosso Senhor é a verdade e por isso quem o escuta, aderindo-O, plenifica-se, atinge a grande meta! Escutar sua voz, sim, para acolher sua Palavra santa e poderosa. Um escutar que está intrinsecamente ligado ao aderir incondicionalmente, existencialmente ao Mestre, seguindo-O, isto é, imitando-O. Qual a sua compreensão do Reino de Deus? É um reino de facilidades ou um Reino de compromisso, de felicidade autêntica vivida na oferta generosa da vida?
(disse Pilatos): “Olhai, eu o trago aqui fora, diante de vós, para que saibais que não encontro nele crime algum” (19, 4) .
Eis uma declaração da inocência de Nosso Senhor. Pilatos é iníquo, profundamente covarde, vende sua consciência em função de seus medos gerados pelo seu cargo, sua função. É permissivo ante a pressão da corja insana que o inquieta e pressiona. E eu, você, abrimos mão da verdade, da nossa adesão a Cristo em função de interesses pessoais, de seguranças humanas, de hesitações e medos oriundos do respeito humano? E você, condenou Jesus por medo, covardia, interesses humanos egoístas, mesquinharia besta?
“Não tinhas autoridade alguma sobre mim, se ela não te fosse dada do alto. Quem me entregou a ti, portanto, tem culpa maior” (19, 11);
Toda autoridade é dada do alto. Se não fosse dada do alto, tal autoridade não teria sido dada a Pilatos. Uma visão de fé, sem dúvida, geradora da submissão de Jesus. Ele sabe que por detrás das determinações da autoridade, os desígnios do Pai se cumprirão; mas uma constatação é preciso fazer, a saber, que todos quantos são revestidos de autoridade, são necessariamente chamados a responder por seus atos de modo muito particular. As autoridades: promoveram as pessoas plenamente, buscaram o bem delas ou as impediram ou criaram obstáculos para que elas fossem autenticamente felizes, se encontrassem com Deus e sua verdade libertadora, em suma, fossem salvas do pecado e libertadas do demônio? Você é obediente? Faz uma leitura sobrenatural do que lhe acontece? Como você interpreta a vida, os acontecimentos? Isso lhe deixa passivo ou comprometido em fazer o Reino de Deus acontecer?
“Eis o vosso rei!” (19, 15); (Disse Jesus para Maria): “Mulher eis o teu filho”. Depois disse ao discípulo: “Esta é tua mãe”. Dessa hora em diante o discípulo a acolheu consigo (19, 26b-27);
Uma das páginas mais preciosas! Maria é-nos dada na dor suprema da cruz! Ela, com sua sublime maternidade, faz-nos irmãos de Jesus! Ser filho de Maria é um jeito muito concreto de ser filho de Deus, pois Ela nos inserirá com grande fecundidade na vontade do Pai, cujo cumprimento ela tornou-se perita, especialista. Maria, a discípula, a Mãe, a intercessora, a auxiliadora, o modelo. Acolhê-la em casa tem um simbolismo forte, eloqüente, pois significa assumi-la na vida, na própria história, fazendo-se servo do Senhor, escravos da Palavra, empenhados decisivamente em fazer tudo o que Jesus nos disser. Nunca seremos gratos o suficiente a Jesus por ter-nos dada a sua Mãe para ser também nossa Mãe. Você se comporta como filho de Maria? Levou Maria para sua vida? Entendeu que o verdadeiro filho de Maria é um alguém que está aos pés da cruz, isto é, assume-se como um discípulo amado de Jesus?
“Tenho sede” (19, 28);
“Deus tem sede que tenhamos sede dele” (Agostinho). Sede do amor das criaturas, dirá Teresinha do Menino Jesus. Mais que sede de água que certamente foi grande também.
“Tudo está consumado”. E inclinando a cabeça, entregou o espírito” (19, 30);
Toda a obra do Pai estava cumprida. O servo obediente foi até o fim. Jesus pendente da cruz, símbolo máximo e eficaz da obediência incondicional a Deus. Que vemos? Só amor, amor imenso, infinito, radical, um amor louco, indescritível. É olhar e apaixonar-se, é amar e seguir o Mestre carregando também a nossa cruz, sendo crucificados com Ele, sepultados com Ele para com Ele ressurgir. Qual a medida de tua sede de Deus? É grande como a vontade de beber água naqueles dias bem quentes? Tua fome de Deus é grande quanto a vontade de comer algo quando o estomago ronca por não ter nada?
(...), mas um soldado abriu-lhe o lado com uma lança, e logo saiu sangue e água” (19, 34);
Aqui nascemos, aqui vivemos, aqui amamos, aqui somos discípulos, daqui somos enviados e tornamo-nos missionários em seu nome e seu amor! O lado aberto de Jesus foi a fenda da rocha onde se esconderam os seus melhores amigos, os seus mais apaixonados discípulos, os seus mais ardentes missionários, os seus mais destemidos profetas, enfim, todas as almas esposas. É teu lugar!
“Não quebrarão nenhum dos seus ossos. E outra Escritura ainda diz: “Olharão para aquele que transpassaram” (19, 36-37);
Ele é o Cordeiro pascal e, por isso, nenhum osso lhe será quebrado. Sim, olharemos o traspassado. Contemplaremos e enxergaremos o seu amor incondicional, total. O onipotente fragilizou-se imensamente, o santíssimo assumiu as culpas dos pecadores, o perfeito e infinitamente são, deixou-se ferir e assumiu nossas dores. Nós O contemplamos! Com os olhos da fé, do amor, com os olhos interiores e deixamo-nos interpelar. Você olha pra Jesus crucificado? Que lições você colhe pra sua vida? Você consegue enxergar o amor de Deus lá na cruz? Além da dor, você contempla um grande AMOR?
No lugar onde Jesus foi crucificado, havia um jardim e, no jardim um túmulo novo, onde ainda ninguém tinha sido sepultado” (19, 41).
Um jardim. Lá no Éden, havia também um jardim: lá se consumou o pecado. Lá no túmulo, um jardim: lá se consumou a obediência. Começou um novo paraíso, inaugurado com o sepulcro que acolheu Quem matou a morte, quem está cheio de vida. Lembre-se das palavras de Paulo: "Pois vós morrestes, e a vossa vida está escondida, com Cristo, em Deus" (Cl 3, 3). O jardim é o lugar do sepulcro foi palco da ressurreição, encheu-se de luz e vazio ficou! A esperança salva!
 
 
 
Reflexão 3: As sete palavras de Cristo na Cruz
Ao estudarmos os quatro evangelhos, encontramos as sete palavras de Jesus Cristo que, no auge de sua agonia e dor nos faz refletir a perfeição com que cumpre sua missão:
 
1) Pai, perdoa-lhes, eles não sabem o que fazem (Lc 23, 34)
Esta oração é para que Deus perdoe a ignorância daqueles que o crucificavam: os soldados romanos e a multidão que o acusava. Reflete e confirma uma exortação anterior de Jesus, quando instava a seus seguidores que amassem e perdoassem seus inimigos (Mt 5,44). Remete-nos a oração do Pai-nosso em que nós mesmos colocamos a condição para que o Pai perdoe as nossas faltas: "perdoai as nossos ofensas assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido".
 
2) "Em verdade eu te digo que hoje estarás comigo no Paraíso." (Lucas 23, 43)
São Lucas coloca no centro de sua narração o anúncio da salvação operada por Cristo, salvação que é a mais plena manifestação do amor de Deus. No diálogo de Cristo com o ladrão o que se deixa notar é o anseio de, mesmo na cruz, Jesus pregar a conversão e a salvação aos homens. Poderíamos nos perguntar: o Crucificado deveria salvar a quem nesse momento de extrema agonia? Humanamente responderíamos que era Ele mesmo, mas ele não salva a si mesmo, mas os pecadores que se convertem e confiam nele. Assim a cruz se torna local de transfiguração do rosto salvador de Deus. A salvação de Deus é operada não porque ele tira Jesus da cruz livrando-o da vergonha e da humilhação, mas pelo fato de permanecer mesmo nas horas mais extremas fiel ao amor. A salvação vem para aqueles que estão abertos aos planos de Deus: o primeiro ladrão se associou aos chefes e soldados, ele queria, assim como muitos judeus, uma manifestação espetacular de Jesus, já o segundo mostra numa atitude de piedade a confiança em Cristo. “O ‘lembra-te de mim’ é uma oração que, na tradição religiosa bíblica e judaica, os moribundos e os homens perseguidos pela desgraça dirigem a Deus”. Jesus é reconhecido por ele num momento de extrema humilhação e rebaixamento, num momento em que Jesus é visto como um “derrotado”. Jesus se dirige ao ladrão decidido: garante-lhe a salvação ainda hoje por causa desse lindo gesto de arrependimento e volta do coração ao Senhor. Da boca de Jesus crucificado é escutado o pronunciamento de salvação para todos aqueles que se convertem e se arrependem de seus pecados. Esse fato não é contraditório com a vida de Jesus, pois ele “veio procurar o que estava perdido, chamar os pecadores à conversão” (Lc 5, 32). “Não há situação humana de miséria e de pecado que exclua alguém da salvação; também para o bandido que morre por causa de seus delitos há esperança de futuro”.
 
3) "Mulher, eis aí teu filho; olha aí a tua mãe." (João 19,26-27).
Seguindo as últimas palavras de Jesus na cruz notamos uma presença no Gólgota de singular importância: a presença da mãe e do discípulo amado de Jesus. Maria é uma mulher forte, corajosa e confiante nos planos de Deus; se no dia da anunciação ela teve a alegria de o receber no seu ventre, agora ela o entrega novamente ao Pai. Na cruz de seu Filho “encerra” a missão de mãe terrena de Jesus, mas uma nova missão é assumida: simbolicamente a Igreja está presente no momento da crucificção através de Maria e João; Maria torna-se mãe do discípulo e de todos os discípulos. Ela agora é mãe da Igreja nascente e João representa cada cristão, de todas as épocas, que recebe a mãe do Senhor como sua mãe. “O último ato de Jesus antes de morrer tem sido formar o povo messiânico, fundar a Igreja na pessoa da mãe e do discípulo amado”. Por isso, na adoração da cruz na sexta-feira santa, as duas velas que ficam ao lado da Cruz para ser adorada simbolizam Maria e João que destemidamente estiveram sempre ao lado de Jesus.
 
4) "Deus, meu Deus, por que me abandonaste?" (Mt 27,46 e Mc 15,34).
Expressa o sentimento de total abandono experimentado por Jesus em seu sacrifício e a necessidade de enfrentar a agonia sem qualquer valimento, nem mesmo o divino, a fim de cumprir seu desígnio e realizar sua obra de salvação. O seu grito foi o extremo brado de toda a humanidade que, não raras vezes, se sente abandonada. Seu clamor ecoa toda a experiência da Antiga Aliança, onde vemos que muitas vezes os profetas e patriarcas também gritaram ao único Deus capaz de socorrê-los. Seu brado além de confirmar a verdade histórica mostra que não houve um abandono real por parte do Pai, mas sim uma sensação de abandono devido às circunstâncias extremas, pois, quanto mais amamos alguém e nele confiamos, mais atroz resulta a sensação de abandono.
 
5) "Tenho sede". (João 19,28)
Aqui fica patente a natureza humana de Jesus, não era uma reclamacão ou um pedido mas uma afirmação clara de que Ele era de carne osso, tinha fome sede como todos os humanos. E é por isso que Ele se compadece nós, pois Ele conhece todas as nossas dores (Hebreus 4:15 e 15). Sua sede, contudo, não fora saciada com água, mas com o acrimonioso vinagre dos nossos pecados. Experimentando o sabor final do pecado, sofre como se Ele fosse responsável por tudo o que houvesse acontecido. Sofre o abandono próprio dos pecadores. Ardendo em sede sofre não só as penas do pecado, mas também a culpa destes. Porém, sua ardente sede será saciada não com o amargo vinagre dos pecados por ele assumido, mas com água cândida da ressurreição que conduz a eternidade.
 
6) "Está consumado" (João 19,30)
Jesus declara que tudo o que devia ser feito foi cumprido, e é interpretada como um sinal de que a obra de salvação se tornará eficaz por intermédio de seu sacrifício em prol de todos os homens. A cena da morte é dominada pela idéia do cumprimento. Esta frase não quer dizer o fim de tudo, mas inicio de um todo salvífico que encerra com sua morte, inclusive e com ela inicia, exclusive. Vemos que a vontade do Pai foi realizada, em tudo perfeitamente. A cruz é momento no qual vemos a perfeita obediência de Jesus a vontade do Pai, a revelação do amor e a construção de uma comunhão. Pela obediência nos dá a salvação; pelo amor nos conduz a plenitude e pela comunhão nos faz o novo povo de Deus, que a partir de agora, não se perde na promessa, mas se encontra na efetivação plena do que Deus houvera prometido. A cruz torna-se assim, não um gesto como os outros, um cumprimento qualquer das Escrituras, mas o termo de toda a ação salvadora do pai para com os seus filhos. Sendo a cruz é a manifestação extremada de um amor infinito que o Pai e o filho possuem pela obra da criação.
 
7) "Pai, em tuas mãos entrego meu espírito". (Lucas 23,46)
Terminada sua agonia, Jesus se abandona aos cuidados de seu Pai e, assim fazendo, expira. Que coisa era consumada senão aquela que a profecia tanto tempo já havia predito? Santo Agostinho disse: “Uma vez que não permaneceu nada que, agora se devesse compreender antes de sua morte, e já que tinha o poder de dar a sua vida e retomá-la (Jo 10,18) fazendo se cumprir tudo aquilo que esperava que se cumprisse, abaixando a cabeça entrega o espírito.” Ao entregar o seu espírito, a obra do Pai foi levada a termo pelo sacrifício. Sacrifício este que, ao contrário dos sacrifícios da Antiga Aliança que eram oferecidos pelos homens e não mudavam sua realidade objetiva, torna-se agora sacrifício oferecido pelo próprio Pai que dá seu único Filho em sacrifício para consumar a obra da salvação, que nas palavras de Cristo expressa a majestade de sua missão consumada não somente em seus ditos, mas finalizada na eximia Cátedra de sua missão: a cruz!
 
Fonte: http://viverminhavocacao.blogspot.com.br/2013/03/sexta-feira-da-semana-santa-paixao-do.html