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sexta-feira, 6 de setembro de 2013

6ª-feira da 22ª Semana Tempo Comum



Vinho novo em odres novos


Lucas 5,33-39

Naquele tempo:
33 Os fariseus e os mestres da Lei disseram a Jesus:
'Os discípulos de João, e também os discípulos dos fariseus,
jejuam com freqüência e fazem orações. Mas os teus discípulos comem e bebem.'
34 Jesus, porém, lhes disse:
'Os convidados de um casamento podem fazer jejum
enquanto o noivo está com eles?
35 Mas dias virão em que o noivo será tirado do meio deles.
Então, naqueles dias, eles jejuarão.'

36 Jesus contou-lhes ainda uma parábola:
'Ninguém tira retalho de roupa nova para fazer remendo em roupa velha;
senão vai rasgar a roupa nova, e o retalho novo não combinará com a roupa velha.

37 Ninguém coloca vinho novo em odres velhos; porque, senão, o vinho novo
arrebenta os odres velhos e se derrama; e os odres se perdem.

38 Vinho novo deve ser colocado em odres novos.
39 E ninguém, depois de beber vinho velho,  deseja vinho novo;
porque diz: o velho é melhor.'



Reflexão

No evangelho de hoje vemos de perto um conflito entre Jesus e as autoridades religiosas da época, escribas e fariseus (Lc 5,3). Desta vez, o conflito é sobre a prática do jejum. Lucas CTA vários conflitos em relação às práticas religiosas da época: o perdão dos pecados (Lc 5,21-25), comer com os pecadores (Lc 5,29-32), o jejum (Lc 5,33-36), e dois conflitos sobre a observância do sábado (Lc 6,1-5 e Lc 6,6-11).
 
Lucas 5,33: Jesus não insiste sobre a prática do jejum. Aqui o conflito se dá sobre a prática do jejum. O jejum é um costume muito antigo, praticado em quase todas as religiões. O próprio Jesus segue este costume durante quarenta dias (Mt 4,2). Mas não insiste com os discípulos para que façam o mesmo. Deixa-os livres. Por isso, os discípulos de João Batista e dos fariseus, que eram obrigados a jejuar, querem saber por qual motivo Jesus não insiste sobre o jejum.
 
Lucas 5,34-35: Quando o esposo está com eles não tem necessidade de jejuar. Jesus responde com uma comparação. Quando o esposo está entre seus amigos, isto é, durante a festa das bodas, eles não devem jejuar. Jesus se considera o esposo. Durante o tempo em que Jesus se encontra no meio de seus discípulos, é a festa de casamento. Quando depois, o esposo não estará mais, aí então, se quiserem, podem jejuar. Jesus alude à sua morte. Ele sabe e tem consciência que se quiser continuar por este caminho de liberdade, as autoridades o matarão. No Antigo Testamento, várias vezes, o próprio Deus se apresenta como o esposo do povo (Is 49,15; 54,5.8; 62,4-5; Os 2,16-25). No Novo Testamento, Jesus é considerado o esposo de seu povo (Ef 5,25). O apocalipse fala da celebração das bodas do Cordeiro com sua esposa, a Jerusalém celeste (Ap 19,7-8; 21,2.9).
 
Lucas 5,36-39: Vinho novo em odres novos! Estas palavras da roupa nova com remendo velho e do vinho novo em odres velhos devem ser entendias como uma luz que lança clareza sobre vários conflitos narrados por Lucas, antes e depois da discussão sobre o jejum. Esclarecem a atitude de Jesus em relação aos conflitos com as autoridades religiosas. Em nossos dias seriam comparados aos conflitos quais: o casamento entre pessoas divorciadas, a amizade com prostitutas e homossexuais, comungar sem ser casado na igreja, não participar da missa aos domingos, não jejuar na sexta-feira santa, etc. Não se cose um retalho novo numa roupa velha. Porque quando se lava o retalho novo se aperta e rasga ainda mais a roupa velha. Ninguém coloca vinho novo em odres velhos, porque o vinho novo com sua fermentação arrebenta com o odre velho. Vinho novo em odres novos! A religião defendida pelas autoridades religiosas era com uma roupa velha, como um odre velho. Não se pode comparar a novidade trazida por Jesus com os costumes antigos. Ou um, ou outro! O vinho novo que Jesus traz arrebenta com o odre velho. É necessário saber separar as duas coisas. Muito provavelmente, Lucas traz estas palavras de Jesus para orientar as comunidades dos anos 80. Havia uma grupo de judeus cristãos que queriam reduzir a novidade de Jesus ao judaísmo de antes. Jesus não é contra o que é “antigo”. Mas não quer que o antigo se imponha sobre o novo, lhe impedindo de se manifestar. Seria como se a Igreja católica reduzisse a mensagem do Concilio Vaticano II à igreja antes do Concílio, como hoje muitas pessoas parecem querer fazer.
 
 
Para uma avaliação pessoal
1. Quais são os conflitos sobre práticas religiosas que hoje mais trazem sofrimento às pessoas e são motivo de muita discussão e polêmica? Qual é a imagem de Deus que está por trás de todos estes preconceitos, normas e proibições?
2. Como entender hoje a frase de Jesus: “Não inserir remendo novo numa roupa velha”? Qual é a mensagem que podes tirar disto em tua vida e para a vida da tua comunidade?

quinta-feira, 5 de setembro de 2013

5ª-feira da 22ª Semana Tempo Comum



Lucas 5,1-11

Naquele tempo:
1 Jesus estava na margem do lago de Genesaré,
e a multidão apertava-se ao seu redor para ouvir a palavra de Deus.
2 Jesus viu duas barcas paradas na margem do lago.
Os pescadores haviam desembarcado e lavavam as redes.
3 Subindo numa das barcas, que era de Simão, pediu que se afastasse um pouco da margem.
Depois sentou-se e, da barca, ensinava as multidões.
4 Quando acabou de falar, disse a Simão:
'Avança para águas mais profundas, e lançai vossas redes para a pesca'.
5 Simão respondeu: 'Mestre, nós trabalhamos a noite inteirae nada pescamos.
Mas, em atenção à tua palavra, vou lançar as redes'.
6 Assim fizeram,e apanharam tamanha quantidade de peixes que as redes se rompiam.
7 Então fizeram sinal aos companheiros da outra barca, para que viessem ajudá-los.
Eles vieram, e encheram as duas barcas, a ponto de quase afundarem.
8 Ao ver aquilo, Simão Pedro atirou-se aos pés de Jesus, dizendo:
'Senhor, afasta-te de mim, porque sou um pecador!'
9 É que o espanto se apoderara de Simão e de todos os seus companheiros,
por causa da pesca que acabavam de fazer.
10 Tiago e João, filhos de Zebedeu, que eram sócios de Simão, também ficaram espantados.
Jesus, porém, disse a Simão:
'Não tenhas medo! De hoje em diante tu serás pescador de homens.'
11 Então levaram as barcas para a margem,deixaram tudo e seguiram a Jesus.

Reflexão
 
 Esta é uma história bem conhecida, que poderemos ler e, ainda assim, não chegar ao coração desse evento milagroso. Lucas convida-nos a sermos testemunhas do milagre e do chamado dos três primeiros discípulos ao serviço da missão.

Multidões já estavam seguindo Jesus para ouvi-lo sobre o ensino da palavra de Deus. O que é que terão visto em Jesus - seria um simples pregador? Ou será que reconheceram nele um representante de Deus?

Interessante notar a ousadia de Jesus, querendo “ensinar” ao experiente Simão e seus companheiros como pescar, convidando-os a fazer nova tentativa de pesca, depois de uma noite fracassada. Ousadia que compensou, pois a pesca foi incrível. Quando Simão testemunhou a pesca milagrosa, ele passou a ver Jesus por uma nova luz, uma nova perspectiva. Ele reconheceu Jesus como “Senhor” (versículo 8) e logo sente o peso de seus pecados. Imediatamente cai de joelhos e pede a Jesus para deixá-lo. O profeta Isaías reagiu de forma semelhante, quando experimentou uma visão de Deus (veja Isaías 6). Deus parece dar a ambos missões impossíveis.

Jesus diz a Simão para não ter medo e depois o informa que ele terá um novo emprego - pescador da humanidade, e não mais pescador de peixes! Não são dados mais detalhes nesta fase, mas Lucas sugere que Jesus que vai transformar estes humildes pescadores em "pescadores da humanidade". Simão e os outros discípulos são cativados por Jesus e partem com ele. Implícito nas afirmações de Jesus é a necessidade de os discípulos estarem/acompanharem Jesus o tempo todo, para cumprir a sua vocação. As redes, os barcos, a vida, os lares e as famílias são deixados para trás. Agora, como os discípulos partem com Jesus para uma vida totalmente nova.

O que podemos aprender com este texto? Ser cristão é, em primeiro lugar, estar com Jesus “no mesmo barco”. É desse barco (a comunidade), que a Palavra de Jesus se dirige ao mundo. Ser cristão é, em segundo lugar, escutar a proposta de Jesus, fazer o que Ele diz, cumprir as suas indicações, lançar as redes ao mar. Às vezes, as propostas de Jesus podem parecer ilógicas, incoerentes, ridículas (e quantas vezes o parecem, face aos esquemas e valores do mundo...); mas é preciso confiar incondicionalmente, entregar-se nas mãos d’Ele e cumprir à risca as suas indicações. Ser cristão é, em terceiro lugar, reconhecer Jesus como “o Senhor”: é o que faz Pedro, ao perceber como a proposta de Jesus gera vida e fecundidade para todos. Finalmente, ser cristão é deixar tudo e seguir Jesus.

Meditação

+ O que é que a reação inicial de Simão perante este milagre revela sobre quem ele achava que Jesus era?
+ Alguma vez você já experimentou o fardo/peso do seu pecado? Como acha que Deus quer que lhe responda ao reconhecer seu pecado? O que podemos aprender com a resposta de Simão?
+ Para se tornar pescadores da humanidade Simão, Tiago e João tiveram de passar tempo com Jesus e segui-lo. O que isso significa para nós hoje?
+ O seu caminho é feito no barco de Jesus, ou, às vezes, embarca noutros barcos?
Reflexão 2:
 
Lucas coloca Jesus escolhendo Pedro para a pregação. Neste episódio Lucas relembra o doce convite de Jesus: “Vamos lançar as redes para as águas mais profundas”(cf. Lc.5,5). O que significa isso, lançar as redes para as águas mais profundas? Significa que todos nós somos convidados a evangelizar, a evangelizar com renovado ardor missionário em que todos os homens e mulheres devem deixar o seu comodismo e dar testemunho do Senhor Ressuscitado.

Jesus pregou a multidão a PALAVRA DE DEUS. A Palavra é o próprio Jesus. Jesus, por iniciativa própria, escolhe alguns para participarem de sua missão. Ninguém é presbítero por vontade própria, mas por chamado e mandato de Nosso Senhor Jesus Cristo. Assim acontece com os religiosos, com as religiosas, com os consagrados e com todos aqueles que se dedicam ao seguimento de Jesus. Jesus escolhe seus discípulos e os envia para “pescadores de homens”. Os escolhidos para a missão eram pescadores. Porão sua experiência humana a serviço de uma missão divina, como Jesus pusera sua divindade a serviço de uma missão humana, na peregrinação neste vale de lágrimas.

O que é ser pescadores de homens? Precisa de santidade? Precisa de ciência? Isso, evidentemente, ajuda e vem com o tempo. Mas as condições para ser pescadores de homens são duas:
1. Uma confiança inabalável em Jesus. Uma confiança como aquela de Pedro, que exausto da pesca, da falta de peixe, confiou em Jesus e a barca transbordou de pesca depois da confiança no Redentor. Confiança que todos nós devemos ter sempre e em todas as circunstâncias, é uma qualidade do apóstolo do Senhor.

2. A segunda condição vem do reconhecimento da divindade de Cristo. Quando Pedro se ajoelha e reconhece a sua pequenez, a sua nulidade, o seu estado de pecador você adere e se abre para a graça santificante de Deus. O discípulo de Jesus não pode ser orgulhoso, ao contrário, deve ser humilde, generoso e amigo. Irmão no meio dos irmãos a serviço da comunidade de fiéis. O apóstolo tem que ter consciência de que a seara não lhe pertence, mas que nela é um trabalhador vocacionado, um servidor. Essa humildade de reconhecer-se, apesar da inteligência, do jeito e da experiência, mero cooperador de Deus, é também condição fundamental para o verdadeiro apostolado. O apóstolo é um prolongamento de Jesus. A palavra pertence a Jesus, mesmo quando pronunciada pelo apóstolo. As mãos eram de Pedro, as redes eram de Pedro, a barca era de Pedro, o trabalho foi de Pedro, mas o milagre foi e é de Jesus. Junto a isso temos que ter na vida de comunidade e de trabalho apostólico a edificação da comunidade, do trabalho coletivo, do trabalho em benefício da comunidade.
 Reflexão 3:
 
JESUS ENTRA EM NOSSA VIDA
Pedro, que já conhecia Jesus parcialmente (Lc 4,38-39), passou a conhecê-LO totalmente a partir deste encontro no qual JESUS ENTROU EM SUA VIDA....

I – PARA COMUNICAR-SE COM A MULTIDÃO (v. 1-3)

1. RETRATO da multidão
Buscava Jesus para buscar a Palavra de Deus (v.1)
2. ESTRATÉGIA de Jesus para alcançar a multidão
Usou o instrumento de trabalho de um pescador (v. 2-3) Jesus quer entrar hoje no nosso “barco profissional” para a partir dele repartir com a multidão Sua Palavra divina...

II – PARA TRANSFORMAR FRACASSO EM VITÓRIA (v.4-7)

1. ENVIANDO para onde não queremos voltar (v. 4)
Pedro pescou no lugar certo, na hora certa, com a equipe certa, com a técnica certa, com a disposição certa, mas deu tudo errado! Jesus o devolve para o mesmo lugar onde fracassou para ensinar-lhe a PERSISTIR!
Kant: “a paciência é amarga, mas seus frutos são doces”
2. FORNECENDO a maior de todas as GARANTIAS: Sua própria PALAVRA (v. 5)
Pela Palavra de Jesus a lógica dos fatos dá lugar à loucura da fé (v. 5), o desânimo é substituído pela coragem (v. 6 – “isto fazendo”), o ineficiente esforço humano dá lugar ao eficiente milagre divino (v. 6b-7)
“A fé vê o invisível, crê no incrível, consegue o impossível” (Oswald Smith)
“A vitória que vence o mundo é a nossa fé” (I Jo 5,4) e a “fé vem pela Palavra de Cristo” (Rom 10,14). A transformação do fracasso em vitória não depende das nossas habilidades, das nossas experiências passadas, dos nossos sentimentos presentes, mas do poder de Jesus manifestado em Sua Palavra!

III – PARA REVELAR IDENTIDADES (v. 8)

O maior milagre experimentado por Pedro não foi a visão da abundância de peixes, mas a visão da sua humanidade e da divindade de Jesus (“vendo isto”)
1. Jesus revelou a SUA identidade (v. 8) Pedro começou chamando Jesus de “Mestre” (v. 5), mas depois do milagre O chamou e O tratou como “Senhor” (v. 8). Jo 20,30-31 (cada milagre do homem chamado Jesus foi realizado para evidenciar que Ele é o Cristo = Deus).
2. Jesus revelou a identidade de PEDRO (v. 8) Pedro, impactado pela santidade de Jesus, reconheceu sua própria pecaminosidade....

IV – PARA NOS DESAFIAR A VIVER UM NOVO SONHO (v. 9-11)

1. Sonho gestado na percepção da SINGULARIDADE DE JESUS (v. 9-10
a). Somos chamados a viver permanentemente admirados com Jesus....
2. Sonho que se torna maior que todo os TEMORES DE UMA MUDANÇA- (“não temas" - v. 10) “O medo do desconhecido bloqueia o sonho.... O sonho de viver envolve risco: risco de fracassar, ser rejeitado, frustrar-se consigo mesmo, decepcionar-se com os outros, ser incompreendido, ofendido, reprovado, adoecer. Não devemos correr risco irresponsáveis, mas também não devemos temer andar por terrenos desconhecidos, respirar ares antes nunca respirados” (Augusto Cury)
3. Sonho que faz o PASSADO “parecer” insignificante (v. 10 – “doravante, serás....) Quem desvaloriza o passado, desconecta-se do futuro; mas quem não admite algo novo no futuro, não compreendeu a mensagem do passado . Is 43,18-21
Como pescador de peixes Pedro influenciou a história de sua aldeia, ao se tornar pescador de homens Pedro influenciou a história das nações...
4. Sonho que torna o NADA DE HOJE absolutamente melhor que o TUDO DE ONTEM (v. 11; Mc 1,16-20) Pedro, Tiago e João deixaram os peixes, os barcos, a empresa de pesca, a família, a profissão, mas ganharam a maior de todas as riquezas – o ganho de almas para Jesus, pois uma alma vale mais do que o mundo (Mc 8,36).

REFLITA

1. Até que ponto seu trabalho tem sido um instrumento de comunicação da Palavra de Deus?
2. Que área de sua vida você quer ver Jesus, pela Sua Palavra, transformando o fracasso em vitória? Que promessas de Jesus você vai se apropriar?
3. Que visão Jesus tem lhe dado a respeito de você mesmo?
4. Quem é Jesus para você?
5. Jesus sonha em vê-lo(la) como um “pescador de homens”:
a) Como tem sido o seu contato direto com os “peixes” (não cristãos)?
b) Qual a sua real disposição de “pescá-los” (evangelizá-los)?
c) Que tipo de “iscas” (estratégias) você tem usado?
d) Liste os cinco “peixes” principais que você quer pescar para Jesus...
 

quarta-feira, 4 de setembro de 2013

4ª-feira da 22ª Semana Tempo Comum


Tocava e curava a todos!

Lucas 4,38-44

Naquele tempo:
38 Jesus saiu da sinagoga e entrou na casa de Simão.
A sogra de Simão estava sofrendo com febre alta, e pediram a Jesus em favor dela.
39 Inclinando-se sobre ela, Jesus ameaçou a febre, e a febre a deixou.
Imediatamente, ela se levantou e começou a servi-los.
40 Ao pôr do sol, todos os que tinham doentes
atingidos por diversos males, os levaram a Jesus.
Jesus colocava as mãos em cada um deles e os curava.
41 De muitas pessoas também saíam demônios, gritando: 'Tu és o Filho de Deus.'
Jesus os ameaçava, e não os deixava falar, porque sabiam que ele era o Messias.
42 Ao raiar do dia, Jesus saiu, e foi para um lugar deserto.
As multidões o procuravam e, indo até ele, tentavam impedi-lo que os deixasse.
43 Mas Jesus disse:
'Eu devo anunciar a Boa Nova do Reino de Deus também a outras cidades,
porque para isso é que eu fui enviado.'

44 E pregava nas sinagogas da Judéia.


Reflexão

O evangelho de hoje narra quatro fatos diferentes: a cura da sogra de Pedro (Lc 4,38-39), a cura de muitos doentes (Lc 4, 40-41), a oração de Jesus num lugar deserto (Lc 4,42) e a sua insistência na missão (Lc 4,43-44). Com pequenas diferenças Lucas segue e adapta as informações tiradas do evangelho de Marcos.
 
Lucas 4,38-39: Jesus devolve a vida, para o serviço. Depois de ter participado da celebração do sábado, na sinagoga, Jesus entra na casa de Pedro e cura a sogra. A cura faz com que ela se coloque imediatamente de pé. Recuperada a saude e a dignidade, coloca-se ao serviço das pessoas. Jesus não só cura, mas cura de modo que a pessoa se coloque ao serviço da vida. 
 
Lucas 4,40-41: Jesus acolhe e cura os marginalizados. No final da tarde, com o aparecimento da primeira estrela no céu, encerrado o sábado, Jesus acolhe e cura os doentes e os possuídos que as pessoas lhe trazem à porta. Doentes e possuídos eram as pessoas mais marginalizadas daquela época. Eles não tinham a quem recorrer. Vivia da compaixão pública. Além disso, a religião as considerava impuras. Eles não podiam participar da comunidade. Era como se Deus os rejeitasse e as excluísse. Jesus as recebe e as cura imponde as mãos sobre cada uma delas. Assim é claro em que consiste a Boa Nova e Deus e o que ela quer realizar na vida das pessoas: acolher os marginalizados e os excluídos e integrá-los à convivência.“De muitas pessoas também saíam demônios, gritando: ‘Tu é o Filho de Deus!’. Jesus os ameaçava e não os deixava falar, porque sabiam que ele era o Messias”. Naquele tempo, o título de Filho de Deus não tinha ainda a espessura e a profundidade que tem para nós hoje. Jesus não deixava falar os demônios. Não queria uma propaganda fácil marcada por expulsões espetaculares.
 
Lucas 4,42a: Permanecer unidos ao Pai por meio da oração. “Ao raiar do dia, Jesus saiu e foi para um lugar deserto. As multidões o procuravam e, indo até ele, tentavam impedir que os deixasse”. Aqui Jesus aparece rezando. Realiza um esforço enorme para ter a disposição tempo e lugar próprios para a oração. Vai até um lugar deserto para poder estar a sós com deus. Muitas vezes, os evangelhos nos falam da oração de Jesus, no silêncio (Lc 3,21-22; 4,1-2.3-12; 5,15-16; 6,12; 9,18; 10,21; 5,16; 9,18; 11,1; 9,28;23,34; Mt 14,22-23; 26,38; Gv 11,41-42; 17,1-26; Mc 1,35; Lc 3,21-22). Através da oração ele mantém viva a consciência de sua missão.
 
Lucas 4,42b-44: Manter viva a consciência da própria missão e não pensar ao resultado. Jesus torna-se conhecido. As pessoas o seguem e não querem que ele vá embora. Jesus ao atende a este pedido e afirma: “Eu devo anunciar a boa nova do reino de Deus também a outras cidades, porque para isso é que eu fui enviado”. Jesus tinha bem clara a sua missão. Não para com o resultado alcançado, mas quer manter bem viva a consciência de sua missão. É a missão recebida pelo Pai que o orienta quando toma decisões. Por isto ele foi enviado! E aqui no texto esta consciência tão viva aparece como fruto da oração.

 
Para uma avaliação pessoal
1. Jesus passava muito tempo rezando e estado a sós com o Pai e buscava este tempo. Eu dedico tempo à oração e a estar a sós com Deus?
2. Jesus tinha uma clara consciência de sua missão. E eu, cristão/ã, tenho consciência de ter alguma missão ou vivo sem missão?

terça-feira, 3 de setembro de 2013

3ª-feira da 22ª Semana Tempo Comum



Jesus liberta as pessoas


Lucas 4,31-37

Naquele tempo:
31 Jesus desceu a Cafarnaum, cidade da Galiléia, e aí ensinava-os aos sábados.
32 As pessoas ficavam admiradas com o seu ensinamento,
porque Jesus falava com autoridade.
33 Na sinagoga, havia um homem
possuído pelo espírito de um demônio impuro, que gritou em alta voz:
34 'O que queres de nós, Jesus Nazareno? Vieste para nos destruir?
Eu sei quem tu és: tu és o Santo de Deus!'
35 Jesus o ameaçou, dizendo:
'Cala-te, e sai dele!'
Então o demônio lançou o homem no chão, saiu dele, e não lhe fez mal nenhum.
36 O espanto se apossou de todos e eles comentavam entre si:
'Que palavra é essa?
Ele manda nos espíritos impuros, com autoridade e poder, e eles saem.'
37 E a fama de Jesus se espalhava em todos os lugares da redondeza.


Reflexão

No evangelho de hoje vemos de perto dois fatos: a admiração do povo pelo jeito de ensinar de Jesus a cura de um home possuído por um demônio impuro. Nem todos os evangelistas narram o fato do mesmo modo. Para Lucas, o primeiro milagre é a calma com a qual Jesus se livra da ameaça de morte por parte do povo de Nazaré (Lc 4,29-30) e a cura de um homem possuído (Lc 4,33-35). Para Mateus, o primeiro milagre é a cura dos doentes e dos endemoninhados (Mt 4,23) ou, mais significativamente, a cura de um hanseniano (leproso, Mt 8,1-4). Para Marcos, a expulsão de um demônio (Mc 1,23-26). Para João, o primeiro milagre foi em Caná, onde Jesus transformou a água em vinho (Jo 2,1-11). Assim, pelo jeito de narrar os fatos cada evangelista aponta qual foi para ele a maior preocupação de Jesus. 
 
Lucas 4,31: A mudança de Jesus para Cafarnaum: “Jesus desceu a Cafarnaum, cidade da Galileia, e aí ensinava-os aos sábados”. Mateus afirma que Jesus foi viver em Cafarnaum (Mt 4,13). Mudou de residência. Cafarnaum era uma pequena cidade no encontro de duas importantes estradas: aquela que vinha da Ásia Menor e descia na direção de Pedra no sul da Transjordânia, e a outra que vinha da região dos dois rios: o Tigres e o Eufrates e ia para o Egito, tocando a costa do Mar Mediterrâneo. A mudança para Cafarnaum facilitava o contato com as pessoas e a divulgação da Boa Nova.
 
Lucas 4,32: Admiração das pessoas pelo ensino de Jesus. A primeira coisa que as pessoas percebem é que Jesus ensina de modo bem diferente dos outros mestres. Impressiona não tanto pelo conteudo, quando pelo seu jeito de ensinar: “Jesus falava com autoridade”. Marcos acrescenta que este seu jeito diferente de ensinar, Jesus criava uma consciência crítica entre as pessoas em relação às autoridades religiosas de seu tempo. As pessoas percebem e comparam: “Ensinava com autoridade, diferente dos escribas” (Mc 1,22.27). Os escribas da época ensinavam citando as autoridades. Jesus não cita nenhuma autoridade, mas sim de sua experiência de Deus e de sua vida.

 
Lucas 4,33-35: Jesus lua contra o poder do mal. O primeiro milagre é a expulsão de um demônio. O poder do mal tomava posse das pessoas, esmagando-as. Jesus devolve as pessoas a si mesmas, devolve-lhes sua consciência e a liberdade. E faz isso graças à força de sua palavra: “Cala-te e sai dele!” E em outra ocasião afirma: “Se no entanto expulso os demônio com o dedo de Deus, chegou , então, até vós, o reino de Deus” (Lc 11,20). Também hoje, muitas pessoas vivem alienadas de si mesmas, esmagadas pelos meios de comunicação, pela propaganda do governo e do comércio. Vivem escravas do consumismo, oprimidas pelas dívidas e ameaçadas pelos credores. As pessoas pensam que não vive bem se não possui tudo o que a propaganda anuncia. Não é fácil expulsar este poder que hoje aliena tantas pessoas e devolver a elas sua integridade.
 
Lucas 4,36-37: A reação das pessoas: ordena aos espíritos impuros. Jesus ao só tem um jeito diferente de ensinar as coisas de Deus, mas provoca também admiração nas pessoas pelo seu poder sobre os espíritos impuros: “Que palavra é essa? Ele manda nos espíritos impuros, com autoridade e poder, e eles saem!” Jesus abre um novo caminho de modo que o povo possa se colocar diante de Deus para rezar e receber a bênção prometida a Abraão. Devia antes se purificar. Existiam muitas leis e normas que tornavam difícil a vida do povo e marginalizavam muitas pessoas, consideradas impuras. Mas agora, purificadas pela fé em Jesus, as pessoas podia, novamente se colocar na presença de Deus e rezá-lo, sem necessidade se recorrer às normas de pureza complicadas e na maioria das vezes dispendiosas.

 
Para uma avaliação pessoal
1. Jesus causa admiração entre as pessoas. A atuação da nossa comunidade no bairro causa admiração entre as pessoas? Que tipo de admiração?
2. Jesus expulsa o poder do mal e devolve as pessoas a si mesmas. Hoje muitas pessoas vivem alienadas de tudo e de todos. Como devolvê-las a si mesmas?

segunda-feira, 2 de setembro de 2013

2ª-feira da 22ª Semana Tempo Comum



Todos tinham os olhos fixos nele


Lucas 4,16-30

Naquele tempo:
16 Veio Jesus à cidade de Nazaré, onde se tinha criado.
Conforme seu costume, entrou na sinagoga no sábado, e levantou-se para fazer a leitura.
17 Deram-lhe o livro do profeta Isaías.
Abrindo o livro, Jesus achou a passagem em que está escrito:
18 'O Espírito do Senhor está sobre mim,
porque ele me consagrou com a unção para anunciar a Boa Nova aos pobres;
enviou-me para proclamar a libertação aos cativos
e aos cegos a recuperação da vista; para libertar os oprimidos
19 e para proclamar um ano da graça do Senhor.'
20 Depois fechou o livro, entregou-o ao ajudante, e sentou-se.
Todos os que estavam na sinagoga tinham os olhos fixos nele.
21 Então começou a dizer-lhes:
'Hoje se cumpriu esta passagem da Escritura que acabastes de ouvir.'
22 Todos davam testemunho a seu respeito,
admirados com as palavras cheias de encanto que saíam da sua boca.
E diziam: 'Não é este o filho de José?'
23 Jesus, porém, disse:
'Sem dúvida, vós me repetireis o provérbio: Médico, cura-te a ti mesmo.
Faze também aqui, em tua terra,
tudo o que ouvimos dizer que fizeste em Cafarnaum.'
24 E acrescentou:
'Em verdade eu vos digo que nenhum profeta é bem recebido em sua pátria.
25 De fato, eu vos digo:
no tempo do profeta Elias, quando não choveu durante três anos e seis meses
e houve grande fome em toda a região, havia muitas viúvas em Israel.
26 No entanto, a nenhuma delas foi enviado Elias,
senão a uma viúva que vivia em Sarepta, na Sidônia.
27 E no tempo do profeta Eliseu, havia muitos leprosos em Israel.
Contudo, nenhum deles foi curado, mas sim Naamã, o sírio.'
28 Quando ouviram estas palavras de Jesus, todos na sinagoga ficaram furiosos.
29 Levantaram-se e o expulsaram da cidade. Levaram-no até ao alto do monte
sobre o qual a cidade estava construída, com a intenção de lançá-lo no precipício.
30 Jesus, porém, passando pelo meio deles, continuou o seu caminho.


Reflexão
 
Hoje começamos a meditação do Evangelho de Lucas que se prolongará por três meses até o fim do ano eclesiástico. O evangelho de hoje traz a visita de Jesus a Nazaré e a apresentação do seu programa ao povo na sinagoga. Num primeiro momento, o povo ficou admirado. Mas, em seguida, quando perceberam que Jesus queria acolher a todos, sem excluir ninguém, ficaram revoltados e quiseram matá-lo.
 
Lucas 4,16-19: A proposta de JesusAnimado pelo Espírito Santo, Jesus tinha voltado para a Galiléia (Lc 4,14) e começou a anunciar a Boa Nova do Reino de Deus. Andando pelas comunidades e ensinando nas sinagogas, ele chegou em Nazaré, onde tinha sido criado. Estava de volta na comunidade, onde, desde pequeno, tinha participado durante quase trinta anos. No sábado seguinte, conforme o seu costume, Jesus foi à sinagoga para participar da celebração e levantou-se para fazer a leitura. Escolheu o texto de Isaías que falava dos pobres, presos, cegos e oprimidos (Is 61,1-2). Este texto refletia a situação do povo da Galiléia do tempo de Jesus. A experiência que Jesus tinha de Deus como Pai amoroso dava a ele um novo olhar para avaliar a realidade. Em nome de Deus, Jesus toma posição em defesa da vida do seu povo e, com as palavras de Isaías, define a sua missão: (1) anunciar a Boa Nova aos pobres, (2) proclamar a libertação aos presos, (3) a recuperação da vista aos cegos, (4) restituir a liberdade aos oprimidos e, retomando a antiga tradição dos profetas, (5) proclama “um ano de graça da parte do Senhor”. Proclama o ano do jubileu! 
 
Na Bíblia, o “Ano Jubileu” era uma lei importante. Inicialmente, a cada sete anos (Dt 15,1; Lev 25,3), as terras deviam voltar ao clã de origem. Cada um devia poder voltar à sua propriedade. Assim impediam a formação de latifúndio e garantiam às famílias a sobrevivência. Também deviam perdoar as dívidas e resgatar as pessoas escravizadas (Dt 15,1-18). Não foi fácil realizar o ano jubileu cada sete anos (cf Jr 34,8-16). Depois do exílio, decidiram realiza-lo cada sete vezes sete anos (Lev 25,8-12), isto é, cada cinqüenta anos. O objetivo do Ano Jubileu era e continua sendo: restabelecer os direitos dos pobres, acolher os excluídos e reintegrá-los na convivência. O jubileu era um instrumento legal para voltar ao sentido original da Lei de Deus. Era uma oportunidade oferecida por Deus para fazer uma revisão da caminhada, descobrir e corrigir os erros e recomeçar tudo de novo. Jesus inicia a sua pregação proclamando um jubileu, um “Ano de Graça da parte do Senhor”. 
 
Lucas 4,20-22: Ligar Bíblia com VidaTerminada a leitura, Jesus atualiza o texto de Isaías dizendo: “Hoje se cumpriu esta escritura nos ouvidos de vocês!” Assumindo as palavras de Isaías como suas próprias palavras, Jesus lhes dá o seu pleno e definitivo sentido e se declara messias que veio realizar a profecia. Esta maneira de atualizar o texto provocou uma reação de descrédito por parte dos que estavam na sinagoga. Ficaram escandalizados e já não queriam saber dele. Não aceitaram Jesus como o messias anunciado por Isaías. Diziam: “Não é este o filho de José?” Ficaram escandalizados porque Jesus falou em acolher os pobres, os cegos e os oprimidos. O povo de Nazaré não aceitou a proposta de Jesus. E assim, no momento em que apresentou o seu projeto de acolher os excluídos, ele mesmo foi excluído.
 
Lucas 4,23-30: Ultrapassar os limites da raça. Para ajudar a comunidade a superar o escândalo e levá-la a compreender que sua proposta estava bem dentro da tradição, Jesus contou duas histórias conhecidas da Bíblia, uma de Elias e outra de Eliseu. As duas histórias criticavam o fechamento do povo de Nazaré. Elias foi enviado para a viúva estrangeira de Sarepta (1 Rs 17,7-16). Eliseu foi enviado para atender ao estrangeiro da Síria (2 Rs 5,14). Transparece aqui a preocupação de Lucas em mostrar que a abertura para os pagãos já vinha desde Jesus. Jesus teve as mesmas dificuldades que as comunidades estavam tendo no tempo de Lucas. Mas o apelo de Jesus não adiantou. Ao contrário! As histórias de Elias e Eliseu provocaram mais raiva ainda. A comunidade de Nazaré chegou ao ponto de querer matar Jesus. Mas ele manteve a calma. A raiva dos outros não conseguiu desviá-lo do seu caminho. Lucas mostra assim como é difícil superar a mentalidade do privilégio e do fechamento. 
 
 
É importante notar os detalhes no uso do Antigo Testamento. Jesus cita o texto de Isaías até onde diz: "proclamar um ano de graça da parte do Senhor". Cortou o resto da frase que dizia: "e um dia de vingança do nosso Deus". O povo de Nazaré ficou bravo com Jesus por ele pretender ser o messias, por querer acolher os excluídos e por ter omitido a frase sobre a vingança. Eles queriam que o Dia de Javé fosse um dia de vingança contra os opressores do povo. Neste caso, a vinda do Reino seria apenas uma virada da mesa e não uma mudança ou conversão do sistema. Jesus não aceita este modo de pensar, não aceita a vingança (cf.Mt 5,44-48). A sua nova experiência de Deus como Pai/Mãe ajudava-o a entender melhor o sentido das profecias.
 
Para um confronto pessoal
1) O programa de Jesus consiste em acolher os excluídos. Será que nós acolhemos a todos, ou excluímos alguém? Quais os motivos que nos levam a excluir certas pessoas?
2) Será que o programa de Jesus está sendo realmente o nosso programa, o meu programa? Quais os excluídos que deveríamos acolher melhor na nossa comunidade? O que ou quem nos dá força para realizar a missão que Jesus nos deu?

sábado, 31 de agosto de 2013

Sábado da 21ª Semana Tempo Comum



Prestação de Contas

Mateus 25,14-30

Naquele tempo, Jesus contou esta parábola a seus discípulos:14 Um homem ia viajar para o estrangeiro.
Chamou seus empregados e lhes entregou seus bens.
15 A um deu cinco talentos, a outro deu dois e ao terceiro, um;
a cada qual de acordo com a sua capacidade. Em seguida viajou.
16 O empregado que havia recebido cinco talentos
saiu logo, trabalhou com eles, e lucrou outros cinco.
17 Do mesmo modo, o que havia recebido dois lucrou outros dois.18 Mas aquele que havia recebido um só,
saiu, cavou um buraco na terra, e escondeu o dinheiro do seu patrão.
19 Depois de muito tempo, o patrão voltou
e foi acertar contas com os empregados.
20 O empregado que havia recebido cinco talentos
entregou-lhe mais cinco, dizendo:
`Senhor, tu me entregaste cinco talentos. Aqui estão mais cinco que lucrei'.
21 O patrão lhe disse: `Muito bem, servo bom e fiel!
como foste fiel na administração de tão pouco, eu te confiarei muito mais.
Vem participar da minha alegria!'
22 Chegou também o que havia recebido dois talentos, e disse:
`Senhor, tu me entregaste dois talentos. Aqui estão mais dois que lucrei'.
23 O patrão lhe disse: `Muito bem, servo bom e fiel!
Como foste fiel na administração de tão pouco, eu te confiarei muito mais.
Vem participar da minha alegria!'
24 Por fim, chegou aquele que havia recebido um talento,
e disse: `Senhor, sei que és um homem severo,
pois colhes onde não plantaste e ceifas onde não semeaste.
25 Por isso fiquei com medo e escondi o teu talento no chão.
Aqui tens o que te pertence'.
26 O patrão lhe respondeu: `Servo mau e preguiçoso!
Tu sabias que eu colho onde não plantei e que ceifo onde não semeei?
27 Então devias ter depositado meu dinheiro no banco,
para que, ao voltar, eu recebesse com juros o que me pertence.'
28 Em seguida, o patrão ordenou:
`Tirai dele o talento e dai-o àquele que tem dez!
29 Porque a todo aquele que tem será dado mais, e terá em abundância,
mas daquele que não tem, até o que tem lhe será tirado.
30 Quanto a este servo inútil, jogai-o lá fora, na escuridão.Ali haverá choro e ranger de dentes!' 


Reflexão

O evangelho de hoje nos narra a parábola dos talentos. Esta parábola está entre outras duas parábolas: a parábola das Dez Virgens (Mt 25,1-13) e a parábola do Juízo Final (Mt 25,31-46). As três parábolas esclarecem e orientam as pessoas para a vinda do Reino. A parábola das Dez Virgens insiste sobre a vigilância: o Reio pode chegar a qualquer momento. A parábola do Juízo Final diz que para possuir o Reino é necessário acolher os pequenos. A parábola dos Talentos orienta para o que fazer a fim de que o Reino possa crescer. Fala dos dons ou carismas que as pessoas recebem de Deus. Cada pessoa possui qualidades, sabe algo que pode ser ensinado aos outros. Ninguém é só aluno, ninguém é só professor. Aprendemos uns dos outros. Uma chave para entender a parábola: Uma das coisas que mais influi na vida das pessoas é a idéia que nós fazemos de Deus. Entre os judeus da linha dos fariseus, alguns imaginavam que Deus fosse um juiz severo, que tratava as pessoas se acordo com o merecimento conquistado graças às observâncias da lei e das prescrições ou mandamentos. Isto causava medo e impedia às pessoas de crescer. Sobretudo, impedia que abrissem um espaço dentro de si, para acolher a nova experiência de Deus que Jesus comunicava. Para ajudar estas pessoas, Mateus narra a parábola dos talentos.
 
 
Mateus 25,14-15: A porta de entrada na história da parábola. Jesus narra a história de um homem que, antes de viajar, distribui seus bens aos servidores, dando a eles cinco, dois ou um talento, de acordo com as capacidades de cada um. Um talento corresponde a 34 quilos de ouro, que não é pouco. Afinal, cada um recebe o mesmo, porque recebe “segundo sua capacidade”. Cada um recebe sua pequena ou grande copa cheia. O patrão viaja para o exterior e fica por lá durante muito tempo. A história cria certa suspense. Não se sabe com que objetivo o patrão entrega seu dinheiro aos servos, nem se sabe qual será o final.
 
Mateus 25,16-18: A ação de cada servo. Os dois primeiros trabalham e duplicam os talentos. Mas aquele que recebeu um talento o enterra para não perdê-lo. Trata-se de bens do Reino que são entregues às pessoas e às comunidades de acordo com suas capacidades. Todos recebem algum bem do Reino, mas nem todos respondem da mesma maneira!
 
 
Mateus 25,19-23: Prestação de contas do primeiro e do segundo servo e resposta do Senhor. Depois de muito tempo, o patrão volta. Os dois primeiros dizem a mesma coisa: “Senhor, me destes cinco/dois talentos; eis, lucrei outros cinco/dois”. E o patrão a mesma resposta: “Muito bem, servo bom e fiel – lhes responde o padrão – foste fiel no pouco, dar-te-ei autoridade sobre muito; entra na alegria do teu patrão!” 
 
Mateus 25,24-25: Prestação de contas do terceiro servo. Chega o terceiro servo e diz: “Senhor, sei que és um homem exigente, que ceifas onde não semeaste e colhes onde não espalhaste; por medo, enterrei o talento debaixo da terra: aqui está o que é teu!” Nesta frase aparece a idéia errada de Deus que é criticada por Jesus. O servo considera Deus como um patrão severo. Diante de um Deus assim, o ser humano tem medo e se esconde por trás da observância exata e mesquinha da lei. Pensa que, agindo assim, a severidade do legislador não o punirá. Na realidade, uma pessoa assim não acredita em Deus, mas acredita só em si mesma e na sua observância da lei. Fecha-se em si mesmo, se afasta de Deus e não consegue se preocupar pelos outros. Torna-se incapaz de crescer como uma pessoa livre. Esta imagem falsa de Deus isola o ser humano, mata a comunidade, acaba com a alegria e empobrece a vida. 
 
 
Mateus 25,26-27: A resposta do Senhor ao terceiro servo. A resposta do Senhor é irônica. Diz: "Servo mau e preguiçoso! Tu sabias que eu colho onde não plantei e que ceifo onde não semeei? Então devias ter depositado meu dinheiro no banco, para que, ao voltar, eu recebesse com juros o que me pertence”. O terceiro empregado não foi coerente com a imagem severa que tinha de Deus. Se ele imaginava que Deus era severo, teria pelo menos colocado o dinheiro no banco. Ou seja é condenado não por Deus, mas pela idéias errada que tinha de Deus e que o deixa mais imaturo e medroso. Não lhe tinha sido possível ser coerente com aquela imagem de Deus, porque o medo o desumaniza e lhe paralisa a vida. 
 
Mateus 25,28-30: A palavra final do Senhor que esclarece a parábola. O patrão ordena que se pegue o talento e seja dado ao que já tem dez, “Porque a todo aquele que tem será dado mais, e terá em abundância, mas, daquele que não tem, até o que tem lhe será tirado”. Eis a chave que esclarece tudo. Na realidade, os talentos, o “dinheiro do patrão”, os bens do Reino, são o amor, o serviço, a partilha. É tudo o que faz crescer a comunidade e revela a presença de Deus. Quem se fecha em si com medo de perder o pouco que tem, este perderá também aquele pouco de possui. Mas a pessoa que não pensa a si, e se doa aos outros, cresce e recebe por sua vez, de modo inesperado, tudo o que deu e muito mais. “Quem perde a vida a recebe, e obtém a vida quem tem a coragem de perdê-la”. 
 
A moeda diferente do Reino. Não existe diferença entre aqueles que receberam mais ou menos. Todos têm o seu dom de acordo com sua capacidade. O que importa é que este dom seja colocado ao serviço do Reino e faça crescer os bens do Reino que são amor, fraternidade, partilha. A chave principal da parábola não consiste em fazer render e produzir os talentos, mas em se relacionar com Deus de modo correto. Os dois primeiros não pedem nada, não buscam o próprio bem-estar, não guardam para si, não se fecham em si mesmos, não fazem cálculos. Com a maior naturalidade do mundo, quase sem perceberem e sem buscar méritos, começam a trabalhar, de modo que o dom dado por Deus renda para Deus e pelo Reino. O terceiro tem medo, e por isso não faz nada. De acordo com as normas da antiga lei, ele age corretamente. Mantém-se dentro das exigências. Não perde nada e não ganha nada. Por isso, perde até mesmo o que tinha. O reino é risco. Quem não quer correr riscos, perde o Reino!
 
 
Para uma avaliação pessoal
1. Na nossa comunidade, procuramos conhecer e valorizar os dons de cada pessoa? A nossa comunidade é um espaço onde as pessoas podem conhecer e colocar à disposição seus dons? Às vezes, os dons de alguns geram inveja e competitividade nos outros. Como reagimos?
2. Como entender a frase: “Porque a todo aquele que tem será dado mais, e terá em abundância, mas, daquele que não tem, até o que tem lhe será tirado”?

sexta-feira, 30 de agosto de 2013

6ª-feira da 21ª Semana Tempo Comum



Ficai vigiando



Mateus 25,1-13

Naquele tempo,  disse Jesus, a seus discípulos, esta parábola:1 'O Reino dos Céus é como a história das dez jovensque pegaram suas lâmpadas de óleo e saíram ao encontro do noivo.2 Cinco delas eram imprevidentes, e as outras cinco eram previdentes.3 As imprevidentes pegaram as suas lâmpadas, mas não levaram óleo consigo.4 As previdentes, porém, levaram vasilhas com óleo junto com as lâmpadas.5 O noivo estava demorando e todas elas acabaram cochilando e dormindo.
6 No meio da noite, ouviu-se um grito:
`O noivo está chegando. Ide ao seu encontro!'
  7 Então as dez jovens se levantaram e prepararam as lâmpadas.8 As imprevidentes disseram às previdentes:
`Dai-nos um pouco de óleo, porque nossas lâmpadas estão se apagando.'
9 As previdentes responderam:
`De modo nenhum, porque o óleo pode ser insuficiente para nós e para vós.
É melhor irdes comprar aos vendedores'.
10 Enquanto elas foram comprar óleo, o noivo chegou,
e as que estavam preparadas entraram com ele para a festa de casamento.
E a porta se fechou.
11 Por fim, chegaram também as outras jovens e disseram:
`Senhor! Senhor! Abre-nos a porta!'
12 Ele, porém, respondeu: `Em verdade eu vos digo: Não vos conheço!'13 Portanto, ficai vigiando, pois não sabeis qual será o dia, nem a hora.


Reflexão

Escreve o Evangelho que dez mulheres esperavam a chegada do esposo. Cinco delas são imprevidentes e as outras sábias. E a sabedoria, na narração, consiste em carregar consigo não só a lâmpada com uma vasilha normal de óleo, mas também outros de reserva. As cinco imprevidentes, seguras de si, pensam ter previsto tudo. Mas o esposo atrasa... até à noite, aliás noite funda. Obviamente nada mais normal que as dez moças se deixem surpreender pelo sono. E, de fato, é fácil deixar-se levar pelas próprias idéias e seguranças; é fácil deixar-se levar pelo torpor do amor próprio.
 
Note-se que todas acabaram cochilando e dormindo. Não há diferenças; não há heróis que ficam vigiando e covardes que se adormecem. Todas, todos, também os melhores se deixam surpreender pelo sono. Aquelas dez mulheres, portanto, somos todos nós, muitas vezes fechados num estilo de vida amarga e sonolenta, sem grandes sonhos e ideais. Afinal, o importante é estar tranqüilos, não ter problemas, chateações, tragédias. Ou nos angustiamos com as nossas coisas: corremos e nos obstinamos em defender a nós mesmos. Esta é a noite de uma vida escura, sempre igual, sem espaços de luz, sem estrelas; é a noite do egoismo imperante que nasce do profundo do coração de cada um, sábio ou maluco, não importa.
 
Mas nesta noite ouve-se improviso o grito que anuncia a chegada do esposo. O que é este grito? É o grito que vem da terras distantes dos Países pobres, é o grito dos povos em guerra, é o grito dos idosos que vivem sozinhos e pedem um pouco de companhia, é o grito dos pobres cada vez mais numerosos e abandonado a si mesmos, é o grito de quem está passando por uma profunda angústia; e é também o grito do Evangelho e da pregação dominical. Assim, diante destes gritos, acordamos assustados e ainda adormecidos, mas se não tivermos a reserva de óleo, todas as desculpas são boas para não responder, não saberemos fazer brilhar a pequena, mas indispensável chama da esperança para quem pede conforto, companhia, amor, sustento. Se não tivermos no coração aquela reserva de óleo, ou seja um pouco de energia evangélica, nem responderemos, nem acompanharemos e nem mesmo entraremos numa vida feliz porque cheia de sentido. De nada vale ir comprar óleo de outros vendedores; não serviria, porque chegaríamos atrasados.

 
Existem momentos em que se faltamos, perdemos ou melhor perdemos um irmão, uma irmã, deixando-o em sua tristeza, em seu desespero. Na parábola das dez virgens, do Evangelho de São Mateus, Jesus nos oferece muitos pontos de reflexão e de meditação. Por que, por exemplo, escolheu exatamente as virgens como grupo que espera o esposo? Jesus, para ser plenamente entendido pelos seus discípulos, utiliza uma específica tradição hebraica. Lemos, porém, nestas dez virgens a imagem da Igreja, esposa de Cristo. Nós todos, portanto, estamos sendo representados no comportamento delas; torna-se, portanto, importante descobrir o que na realidade é criticado às cinco virgens avoadas. Todas as dez virgens dormiam quando da chegada do Esposo; o sono das virgens representa a nossa passagem nesta terra, que é temporal e destinada a desaparecer com a chegada final de Jesus. Ele mesmo nos abrirá a porta ao banquete eterno para participar das núpcias gloriosas. Todos nós estamos à espera de entrar para participar da mesma alegria; só alguns estarão prontos (as cinco virgens sábias) e as outras não (as cinco virgens avoadas).
 
A parábola especifica que era suficiente uma pequena quantidade de azeite, para que, rapidamente, as lâmpadas ficassem prontas na hora certa. As virgens avoadas não estavam na hora do encontro porque obrigadas a comprar azeite dos vendedores; as virgens sábias, no entanto, alimentaram com seu azeite a lâmpada. A mensagem é, portanto, que a salvação, a passagem à Glória eterna, é – sim – dom da Misericórdia divina, mas requer a nossa colaboração. O azeite – é suficiente pouco – representa o combustível positivo das nossas boas ações; não podemos comprá-lo de outros a um bom preço, mas deve ser só nosso. Compete a nós, portanto, com o azeite perfumado da Graça divina fazer com que esta lâmpada jamais de apague e que também nós possamos responder quando o Esposo vier nos chamar para participar plenamente de sua glória.


Em duas ocasiões distintas Jesus contou duas parábolas cujo conteúdo apela pela prudência e pela vigilância antes de sua morte destacando-se o tema da preparação para a vinda do Senhor. A das dez virgens (Mateus 25:1-13) e a dos talentos (Mateus 25:14-30). Essas foram, aparentemente, contadas em particular aos seus discípulos (Mateus 24:3). Na primeira parábola, dez virgens saíram ao encontro do noivo, empolgadas com as alegrias vindouras da festa de casamento. Todas estavam presentes; todas estavam esperando o noivo; todas se sentiam satisfeitas com a sua preparação, pois estavam cochilando e dormindo, e todas tinham lâmpadas. A diferença entre as cinco virgens prudentes e as cinco tolas era que as cinco prudentes trouxeram óleo junto com suas lâmpadas. O tempo da preparação tinha-se passado. Enquanto as virgens tolas estavam comprando óleo, o noivo chegou e elas foram deixadas fora do casamento para sempre. Como você está esperando pelo seu Senhor? Você está vigiando? A que temperatura está o termômetro da tua prudência? Jesus decretou a sentença tanto para as dez virgens como para mim e para ti: “Vigiai, pois, porque não sabeis o dia nem a hora” na qual o Filho do Homem vem!.

Na segunda parábola, um homem que ia viajar para um país distante confiou talentos aos seus servos. A um ele deu cinco, a outro dois e a outro um, distribuindo-os de acordo com a capacidade de cada servo. Os dois servos, um com cinco e o outro com dois talentos, duplicaram o que lhes tinha sido confiado, resultando em louvor e recompensa de seu senhor. O servo com um talento, agindo com temor, foi preguiçoso. Ele escondeu o talento que lhe havia sido dado em vez de usá-lo para obter rendimentos, suscitando a ira de seu senhor e a perda do talento que lhe havia sido entregue. Como e onde você escondeu tudo o que recebeu de Deus?

 
Há muita semelhança entre as duas parábolas. Vemos nestas duas parábolas a grande e muita expectativa pelo Senhor que vem. As dez virgens estavam esperando o noivo. Os servos sabiam que seu senhor voltaria. O noivo, ou o senhor, que retorna, naturalmente, é Jesus Cristo. Ele há de voltar. Não há desculpas a quem deixa de aguardar sua volta.
 
Saiba que todas as dez virgens tinham feito alguma preparação. Os dois servos, um com cinco e o outro com dois talentos, tinham-se preparado, obviamente; e até mesmo o servo com um talento tinha feito alguma preparação, mantendo cuidadosamente em segurança seu único talento até a volta de seu senhor. Por isso não fique de braços cruzados. Prepare-se para a vinda do teu Senhor. Em breve Ele chegará. Note que, como vimos nas duas parábolas, há preparação adequada contrastada com negligência. Não houve o despreparo completo, mas negligência: negligência em abandonar algum mau hábito; negligência em confessar os pecados cometidos; negligência em desenvolver os frutos do Espírito; negligência em tirar vantagem completa das oportunidades que Deus coloca diante deles; em resumo, negligência em tornar-se como seu Senhor. Como vai a tua preparação? Está sendo com inteligência ou negligência?

 
É verdade que nas duas parábolas houve demora na chegada. “E, tardando o noivo”. O senhor dos servos voltou “depois de muito tempo”. Só que isso não deve ser motivo para o desleixo. É muito fácil para as pessoas mal interpretarem a demora da vinda do Senhor. Elas vêem isso como motivo para descuido e descrença, quando deviam vê-la como evidência da longanimidade do Senhor que conduz à salvação. E você, como tem agido ante a demora de Deus?
 
Aqui não vale encostar-se à sua esposa, marido, pais ou filhos. A responsabilidade individual. As virgens prudentes não podiam compartilhar seu óleo com as tolas. O servo de um talento não podia sentir-se confortável com o fato de oito talentos terem-se tornado quinze. Cada um tinha que prestar contas pelo que tinha feito pessoalmente. Assim será quando o Senhor retornar. Nenhum pai será capaz de partilhar um pouco da sua fidelidade com os seus filhos; nenhum esposo com a sua esposa ou vice-versa; nenhum amigo com outro amigo. Ninguém poderá se gabar dizendo “veja o que nós fizemos”; ele só pode obter a graça na base de sua própria preparação e prudência. A salvação é individual e não coletiva.
 
Pois Deus nos conhece pelo nome e assim nos trata. No final de tudo haverá a escolha. Deus há de mandar os seus anjos para separar os bons dos maus. As cinco virgens prudentes entraram com o noivo no casamento, enquanto as cinco tolas não puderam entrar. Os servos dos cinco e dos dois talentos entraram na alegria de seu senhor, enquanto o de um talento foi lançado fora, nas trevas. A expressão “Fechou-se a porta”, encontrada na parábola das dez virgens, é uma das expressões mais tristes nas Escrituras para todos aqueles que não estiverem preparando prudentemente a vinda do Senhor.

quarta-feira, 28 de agosto de 2013

4ª-feira da 21ª Semana Tempo Comum



Por fora parecem belos, mas...
 
 
Mateus 23, 27-32
 
27 Ai de vós, escribas e fariseus hipócritas!
Sois como sepulcros caiados: por fora parecem belos,
mas por dentro estão cheios de ossos de cadáveres e de toda podridão!
28 Assim também vós: por fora, pareceis justos diante dos outros,
mas por dentro estais cheios de hipocrisia e injustiça.
29 Ai de vós, escribas e fariseus hipócritas!
Construís sepulcros para os profetas e enfeitais os túmulos dos justos,
30 e dizeis: ‘Se tivéssemos vivido no tempo de nossos pais,
não teríamos sido cúmplices da morte dos profetas’.
31 Com isso, confessais que sois filhos daqueles que mataram os profetas.
32 Vós, pois, completai a medida de vossos pais!
 Reflexão 
 
Estes dois últimos Ais, que Jesus pronunciou contra os doutores da lei e os fariseus do seu tempo, retomam e reforçam o mesmo tema dos dois Ais do evangelho de ontem. Jesus critica a falta de coerência entre a palavra e a prática, entre o interior e o exterior. 
 
Mateus 23,27-28: O sétimo Ai contra os que se parecem sepulcros caiados. “Vocês: por fora, parecem justos diante dos outros, mas por dentro estão cheios de hipocrisia e injustiça”. A imagem de “sepulcros caiados” fala por si e não precisa de comentário. Jesus condena os que mantêm uma aparência fictícia de pessoa correta, mas cujo interior é a negação total daquilo que querem fazer aparecer para fora. 
 
Mateus 23,29-32: O oitavo Ai contra os que enfeitam os sepulcros dos profetas, mas não os imitam. Os doutores e fariseus diziam: “Se tivéssemos vivido no tempo de nossos pais, não teríamos sido cúmplices na morte dos profetas”. E Jesus conclui: pessoas que falam assim “confessam que são filhos daqueles que mataram os profetas”, pois eles dizem “nossos pais”. E Jesus termina dizendo: “Pois bem: acabem de encher a medida dos pais de vocês!” De fato, naquela altura dos acontecimentos, eles já tinham decidido matar Jesus. Assim acabavam de encher a medida dos pais. 
 
 
Para um confronto pessoal
1) São mais dois Ais, mais dois motivos para receber uma crítica severa da parte de Jesus. Qual das dois cabe em mim?
2) Qual a imagem de mim mesmo que eu procuro apresentar aos outros? Ela corresponde ao que sou de fato diante de Deus? 

terça-feira, 27 de agosto de 2013

3ª-feira da 21ª Semana Tempo Comum



Fariseu cego!


Mateus 23,23-26

Naquele tempo, disse Jesus:
23 Ai de vós, mestres da Lei e fariseus hipócritas!
Vós pagais o dízimo da hortelã, da erva-doce e do cominho,
e deixais de lado os ensinamentos mais importantes da Lei,
como a justiça, a misericórdia e a fidelidade.
Vós deveríeis praticar isto, sem contudo deixar aquilo.

24 Guias cegos! Vós filtrais o mosquito, mas engolis o camelo.
25 Aí de vós, mestres da Lei e fariseus hipócritas!
Vós limpais o copo e o prato por fora,

mas, por dentro, estais cheios de roubo e cobiça.
26 Fariseu cego!
Limpa primeiro o copo por dentro, para que também por fora fique limpo.



Reflexão
 
O evangelho de hoje traz outros dois Ais ou pragas que Jesus falou contra os líderes religiosos da sua época. Os dois Ais de hoje denunciam a falta de coerência entre palavra e atitude, entre o exterior e o interior. Repetimos hoje o que afirmamos ontem. Ao meditar estas palavras tão duras de Jesus, devo pensar não só nos doutores e fariseus da época de Jesus, mas também e sobretudo no hipócrita que existe em mim, em nós, na nossa família, na comunidade, na nossa igreja, na sociedade de hoje. Vamos olhar no espelho do texto para descobrir o que está errado em nós mesmos. 
 
Mateus 23,23-24: O quinto Ai contra os que insistem na observância e esquecem a misericórdia. “Vocês pagam o dízimo da hortelã, da erva-doce e do cominho, e deixam de lado os ensinamentos mais importantes da Lei, como a justiça, a misericórdia e a fidelidade”. Este quinto Ai de Jesus contra os líderes religiosos daquela época pode ser repetido contra muitos líderes religiosos dos séculos seguintes, até hoje. Muitas vezes, em nome de Deus, insistimos em detalhes e esquecemos a misericórdia. Por exemplo, o jansenismo tornou árida a vivência da fé, insistindo em observâncias e penitências que desviaram o povo do caminho do amor. A irmã carmelita Teresa de Lisieux foi criada nesse ambiente jansenista que marcava a França no fim do século XIX. Foi a partir de uma dolorosa experiência pessoal, que ela soube recuperar a gratuidade do amor de Deus como a força que deve animar por dentro a observância das normas. Pois, sem a experiência do amor, as observâncias fazem de Deus um ídolo.
 
Mateus 23,25-26: O sexto Ai contra os que limpam as coisas por fora e sujam por dentro. “Vocês limpam o copo e o prato por fora, mas por dentro vocês estão cheios de desejos de roubo e cobiça”. No Sermão da Montanha, Jesus critica os que observam a letra da lei e transgridem o espírito da lei. Ele diz: "Vocês ouviram o que foi dito aos antigos: 'Não mate! Quem matar será condenado pelo tribunal'. Eu, porém, lhes digo: todo aquele que fica com raiva do seu irmão, se torna réu perante o tribunal. Quem diz ao seu irmão: 'imbecil', se torna réu perante o Sinédrio; quem chama o irmão de 'idiota', merece o fogo do inferno. Vocês ouviram o que foi dito: 'Não cometa adultério'. Eu, porém, lhes digo: todo aquele que olha para uma mulher e deseja possuí-la, já cometeu adultério com ela no coração” (Mt 5,21-22.27-28). Não basta observar a letra da lei. Não basta não matar, não roubar, não cometer adultério, não jurar, para ser fiel ao que Deus pede de nós. Só observa plenamente a lei de Deus aquele que, para além da letra, vai até raiz e arranca de dentro de si “os desejos de roubo e de cobiça” que possam levar ao assassinato, ao roubo, ao adultério. É na prática do amor que se realiza a plenitude da lei.
 
 
Para um confronto pessoal
1) São mais dois Ais ou duas pragas, mais dois motivos para receber uma crítica severa da parte de Jesus. Qual das dois cabe em mim?
2. Observância e gratuidade: qual das duas prevalece em mim?
Fonte: http://viverminhavocacao.blogspot.com.br/2012_08_28_archive.html