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sábado, 13 de julho de 2013

Por onde começar a ler a Bíblia?

A Bíblia não é para ficar enfeitando a casa, aberta em cima de uma mesa juntando poeira; a Bíblia é para ser lida.

Na Igreja Católica há Missa, na forma ordinária, todos os dias do ano, salvo na Sexta-feira da Paixão que não tem a Santa Missa mais tem a Celebração da Palavra e Comunhão. Durante essas Missas é feita a leitura da Palavra de Deus.

De segunda à sábado é feito durante a Santa Missa uma leitura de um livro do antigo ou do novo testamento, o salmo e o Evangelho; aos domingos e dias santos é feito durante a Santa Missa duas leituras de livro do antigo e outra do novo testamento ou duas leituras do novo testamento, o salmo e o Evangelho. Assim, o católico que for para a Santa Missa todos os dias do ano, de segunda a segunda, durante 3 anos irá ter lido a Bíblia praticamente toda.
Normalmente, nas Missas de domingo tem um folheto para o fiel acompanhar, no entanto, quem quiser acompanhar a Missa também nas semanas pode fazê-lo pela Bíblia ou pela liturgia diária que é encontrada no Missal Cotidiano (leituras das missas de segunda a sábado) e no Missal Dominical (leitura das missas dos domingos e dos dias santos).
Missal Cotidiano (leituras das Missas de segunda a sábado)

Missal Dominical (Leitura das Missas de Domingo e dias Santos)

Agora, o fiel pode também adquirir uma Bíblia levá-la para a Santa Missa ou lê-la em casa. Nesse caso, surge uma dúvida, como ler a Bíblia? Por onde devo começar?

A Bíblia não é um simples livro. Ela é uma biblioteca de 73 livros, bem diferentes, diversos estilos, escritos em épocas distantes. Por isso, é necessário um plano de leitura.
A Bíblia se explica por si mesma. A 1º necessidade de um cristão é ter certeza de sua salvação, saber que Deus o ama e o escolheu. Por isso, o 1º livro a ser estudado é a 1º carta de São João.
Depois, siga o plano de leitura abaixo:


1.1º Carta de São João. Duas vezes.
2.Evangelho de São João
3.Evangelho de São Marcos
4.As pequenas cartas de São Paulo:
Gálatas;
Efésios;
Filipenses;
Colossenses;
1º e 2º Tessalonicences;
1º e 2º Timóteo;
Tito;
Filêmon;
5.Evangelho de São Lucas
6.Atos dos Apóstolos
7.Carta aos Romanos
8.Evangelho de São Mateus
9.1º e 2º Carta aos Coríntios
10.Hebreus
11.Carta de São Tiago
12.1º e 2º Carta de São Pedro
13.2º e 3º Carta de São João
14.Carta de São Judas
15.Apocalipse (Revelação)
16.1º Carta de São João. Terceira vez.
17.Evangelho de São João. Segunda vez.


Depois, deve ser estudado os livros do Antigo Testamento. Neste tempo, aproveite para estudar e rezar com os Salmos.
Para o estudo siga o plano de leitura abaixo:


1.Gênesis
2.Êxodo
3.Números
4.Josué
5.Juízes
6.1º Samuel
7.2º Samuel
8.1º Reis
9.2º Reis
10.Amós
11.Oséias
12.Isaías (1-39)
13.Miquéias
14.Naum
15.Sofonias
16.Habacuc
17.Jeremias
18.Lamentações
19.Ezequiel
20.Abdias
21.Isaías (40-55)
22.1º Crônicas
23.2º Crônicas
24.Esdras
25.Neemias
26.Ageu
27.Zacarias
28.Isaías (56-66)
29.Malaquias
30.Joel
31.Jonas
32.Rute
33.Tobias
34.Judite
35.Éster
36.Eclesiástico
37.Cântico dos Cânticos
38.Jô
39.Eclesiastes
40.1º Macabeus
41.2º Macabeus
42.Baruc
43.Daniel
44.Sabedoria
45.Levítico
46.Deuteronômio



(Livro A Bíblia no meu Dia-a-Dia, Monsenhor Jonas Abib, Canção Nova)



quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Deuteronómio - Estudo Da Bíblia Sagrada (Mês da Bíblia)

Deuteronómio

Da Bíblia Sagrada

Das cinco narrativas históricas que integram o Pentateuco, o DEUTERONÓMIO constitui a unidade literária mais heterogénea e diferenciada. Com razão, os exegetas falam de uma nova tradição ou fonte documental, que se distingue das outras fontes do Pentateuco por motivos de estilo e de teologia e se prolonga até ao fim do 2.° Livro dos Reis, formando a “Fonte ou História Deuteronomista”.

NOME
“Deuteronómio” quer dizer “segunda Lei”. Foi o nome dado a este livro nas traduções grega e latina, porque se apresenta como a reedição ou síntese dos textos legislativos anteriores, enquadrada por um estilo diferente. Na tradição hebraica, chama-se apenas “Debarim” (Palavras), pelo modo como o texto começa: «Estas são as Palavras». Mas a designação greco-latina sintetiza bem o conteúdo deste livro, o qual, mais do que um final do Pentateuco, parece representar sobretudo o começo de uma nova maneira de escrever a História do Povo Eleito.

TEXTO E CONTEXTO
O texto deste livro teve uma história complicada. A sua origem é geralmente colocada no Reino do Norte, antes da conquista da Samaria, em 722, aquando da invasão dos assírios. Na bagagem dos levitas do Norte terá vindo uma primeira redacção do DEUTERONÓMIO, que teria como esquema base uma celebração litúrgica da Aliança (ver a aliança de Siquém: Js 24). Curiosamente, um século mais tarde, foi encontrado no templo de Jerusalém o «Livro da Lei do Senhor» ou «Livro da Aliança» (2 Rs 22,8.11; 23,2.21). O rei Josias começou imediatamente a pôr esta Lei em prática, fazendo uma reforma do culto (2 Rs 23,3-20). A relação entre esta reforma e o DEUTERONÓMIO encontra-se na insistência da centralização do culto em Jerusalém e na destruição dos cultos idolátricos.
Mas a Lei encontrada no templo poderá ter sido uma redacção posterior ao “esquema da aliança” que veio do Norte, onde a temática da Palavra, do profeta, da Aliança e do Sinai-Horeb se sobrepunham à temática do culto e do sacerdócio, que prevaleciam – como era natural – em Jerusalém. No Sul, deve ter sido feita uma primeira redacção elaborada depois da falhada reforma de Ezequias, ou seja, a meados do séc. VII a.C.. A última redacção deve ter acontecido aquando da redacção final do Pentateuco: séc. V-IV a.C.. Tudo isto denota um contexto posterior e uma finalidade catequética.
É no contexto destas diferentes etapas da redacção do DEUTERONÓMIO que deve entender-se o constante vaivém do tu e do vós no discurso de Moisés, quando se dirige ao povo de Israel (ver 6,1-3). Apesar desse tu e vós parecer por vezes ilógico, na nossa tradução preferimos respeitar o estilo do texto original hebraico.

DIVISÃO
Em três grandes discursos atribuídos a Moisés. Com estilo directo, num tom exortativo e profético, usando temas e frases estereotipadas e repetitivas, o redactor final sintetiza o programa ou projecto que torna possível fazer de Israel uma nova sociedade, segundo os ideais dos tempos puros da caminhada pelo deserto, num “hoje” de eterno presente. Assim, temos:
I. Primeiro Discurso (1,6-4,43): de forma historicizante, recapitula o passado, desde a planície desértica da Arabá até à entrada na Terra Prometida de Canaã.
II. Segundo Discurso (4,44-28,68): Moisés apresenta os fundamentos da Aliança e as determinações da Lei.
Código Deuteronómico: 11,29-26,15.
III. Terceiro Discurso (28,69-30,20): últimas instruções de Moisés.
IV. Apêndice (31,1-34,12): narra os últimos dias de Moisés, com cânticos e bênçãos, bem como a sua morte.
Os exegetas apresentam ainda uma outra divisão, atendendo à estrutura da Aliança que percorre o DEUTERONÓMIO do princípio ao fim:
Introdução: 1,1-5
1. Recordação do passado e exortação a servir o Senhor: 1,6-11,28
2. Proclamação da Lei da Aliança: 11,29-26,15
3. Compromisso mútuo entre Deus e Israel: 26,16-19
4. Bênçãos e maldições: 27,1-30,18
5. Testemunhas da Aliança: 30,19-20.
Este esquema vem confirmar que estamos perante o livro da Aliança por excelência.

TEOLOGIA
O DEUTERONÓMIO é, sem dúvida, um livro de grande riqueza doutrinal, sempre preocupado em inculcar a fidelidade de Israel a Deus, que é chamado Pai (1,31), e a estabelecer entre os membros do povo escolhido uma verdadeira fraternidade.
Defende a centralização do culto, dentro do princípio da aliança, que os profetas evidenciaram. Mesmo insistindo na observância das leis, não deixa de salientar a responsabilidade da consciência individual e o compromisso pessoal, que a fé no Deus único exige.
Apesar da visão profundamente religiosa e das preocupações teológicas mais voltadas para os problemas institucionais e nacionais, não deixa de reclamar o amor fraterno e a justiça social, apresentando leis verdadeiramente humanitárias.
Pela sua intenção de recapitular a Lei e repropor o conceito de aliança, e pela influência que teve na reflexão sobre a História de Israel, o livro do DEUTERONÓMIO ocupa um lugar central dentro da Bíblia. E é, por conseguinte, de primeira importância para qualquer tentativa de sistematização de uma teologia bíblica.

quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Números - Estudo Da Bíblia Sagrada (Mês da Bíblia)

Da Bíblia Sagrada

Integrado no grande bloco da Torá ou Pentateuco, o livro dos NÚMEROS recebeu este nome na tradução grega dos Setenta, por abrir com os números do recenseamento do povo hebraico e, depois, apresentar outros recenseamentos ao longo da narrativa (cap. 1-4 e 26). Relacionados com este título podem estar ainda os números das ofertas dos chefes (cap. 7), das ofertas, libações e sacrifícios a oferecer pelo povo (cap. 15 e 28-29). Trata-se, porém, de um livro narrativo com alguns trechos legislativos, que se enlaça com o Êxodo, do qual está literariamente separado pelo código legislativo do Levítico.

CONTEÚDO E DIVISÃO
O conteúdo deste livro abrange as peripécias ou vicissitudes da caminhada pelo deserto, desde o Sinai até às margens do rio Jordão, fronteira oriental da Terra Prometida. No aspecto histórico, a narrativa pode dividir-se em três grandes sequências literárias:
I. No deserto do Sinai (1,1-10,10). Referem-se as ordens de Deus para a caminhada através do deserto com a disposição do acampamento das tribos, os deveres dos levitas e outras leis de carácter ritual.
II. Do Sinai a Moab (10,11-21,35). Os acontecimentos mais importantes desta segunda parte estão marcados por etapas geográficas, algumas das quais são difíceis de identificar. Descreve-se a caminhada directa para Cadés-Barnea, mesmo na fronteira sul de Canaã e, depois, a inflexão para oriente e a errância penosa durante quarenta anos através do deserto até à chegada a Moab, já na fronteira da Terra Prometida.
III. Na região de Moab (22,1-36,13). Começando com a bênção de Balaão, as narrativas desta terceira parte apresentam um novo recenseamento dos israelitas, descrevem a nomeação de Josué para substituir Moisés, contêm algumas prescrições de carácter cultual, narram a luta contra os madianitas e a partilha de Canaã com a instalação das tribos de Rúben, Gad e parte de Manassés em Guilead, na Transjordânia, e a recapitulação das etapas do Êxodo.
Como tal, no seu encadeamento histórico, o livro dos NÚMEROS é inseparável da epopeia do Êxodo. Mas, também nele, é preciso ter presente que as narrativas foram redigidas bastante depois dos acontecimentos históricos, à luz da perspectiva da fé e da celebração litúrgica do templo de Jerusalém, já na Terra Prometida.
A redacção definitiva deste livro deve colocar-se em data posterior ao exílio da Babilónia. Certas leis, sobretudo, são determinadas pela prática ritual estabelecida pelos sacerdotes após o Exílio (séc. VI-V). De resto, só bastante tardiamente, graças a tradições orais muito antigas de proveniência diversa e a fontes documentais variadas, transmitidas como “memória do passado histórico”, é que terá sido possível cerzir em unidade literária o conjunto das leis e a sequência dos acontecimentos.

TEOLOGIA
Como quer que seja, toda a narrativa está articulada dentro do binómio da fidelidade-infidelidade à Aliança, evidenciando o movimento quaternário da História da Salvação: o povo peca, Deus castiga, o povo arrepende-se, Deus perdoa. Nos interlúdios do contrastante claro-escuro que as tentações acarretam, surge o difícil papel de Moisés, como mediador das exigências de Deus e advogado das necessidades e angústias do povo; mas, até ele acaba por sofrer um castigo, sendo privado de entrar na Terra Prometida, já com ela à vista. É a lei da pedagogia divina, a que até os homens de Deus têm de se sujeitar.
Afinal, o Livro dos NÚMEROS não é factualmente histórico; apresenta uma narrativa historicizante de acentuado valor didáctico-pragmático para que, no drama dos seus antepassados através do deserto, o povo eleito, já na Terra Prometida, soubesse enfrentar os desafios e as esperanças do seu futuro, tal como o pagão Balaão, qual profeta inspirado de Israel, o soube prognosticar (cap. 23-24).

LEITURA CRISTÃ
Este foi um dos livros da Bíblia que não mereceu especial atenção na tradição da Igreja. No entanto, os modernos estudos sobre a Aliança e sobre a História da Igreja estão a fazer-lhe justiça. Apesar de não aparecerem aqui explicitamente alguns dos grandes temas do Pentateuco (Criação, Eleição, Promessa, Aliança, Lei), o livro dos NÚMEROS é já a realização da Aliança de Deus com o seu povo, por meio do culto.
O tema da bênção, de que o povo é depositário nos quatro oráculos de Balaão (23-24), anuncia a eleição da dinastia davídica (24,17).
Importante é ainda o tema da Tenda, lugar da Presença (Shekkinah) do Senhor, que caminha no meio do seu povo.
O tema do Deserto é também fundamental neste livro e foi dos que teve maior ressonância, tanto no resto do Antigo Testamento como no Novo: o povo de Israel, peregrino pelo deserto durante “quarenta anos”, tornou-se o protótipo do novo povo de Deus, guiado por Jesus Cristo, que também foi ao deserto (Mt 4,1-11; Mc 1,12-13; Lc 4,1-13). Jesus Cristo é, para este novo povo liberto, a água viva (20,2-13; e Jo 4,1-26), o verdadeiro maná (11,6-9; e Jo 6,26-58), a verdadeira serpente de bronze que salva o seu povo (21,4-9; e Jo 3,13-15; 1 Cor 10,9-11).

quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Levítico - Estudo Da Bíblia Sagrada (Mês da Bíblia)

Da Bíblia Sagrada

A Bíblia Hebraica intitulava o terceiro livro do Pentateuco: Wayyiqra (“E chamou”). No entanto, a tradução grega do hebraico (Setenta) chamou-lhe LEVÍTICO, certamente pela importância da função litúrgica nele atribuída aos levitas. Levi era um dos filhos de Jacob (Ex 1,2), cuja tribo deveria situar-se no sul da Palestina e foi escolhida para o serviço religioso e sacerdotal do templo (Dt 10,8-9). Este seria, pois, o livro do culto do povo da aliança.

CONTEÚDO E DIVISÃO
Os acontecimentos narrados pelo LEVÍTICO situam-se durante a grande viagem desde o Egipto até à terra de Israel, no ambiente geográfico e sobretudo teológico da aliança do Sinai e em estreita ligação com o Êxodo e os Números. Os últimos capítulos do Êxodo (25-40) são litúrgicos e fazem uma ligação perfeita com o LEVÍTICO, que é totalmente litúrgico, e a numerosa legislação deste relaciona-se intimamente com o Êxodo (Ex 25,1-29; 31; 35-40).
Apenas algumas tradições antigas devem pertencer ao tempo histórico da travessia do Sinai, pois toda a estrutura do culto aqui regulamentada supõe um povo sedentarizado e o culto do templo bem organizado. Trata-se, talvez, de uma recolha feita pelos sacerdotes de Jerusalém, já depois do Exílio (séc.VI).
O trágico acontecimento do Exílio diz bem da importância que o culto tinha para este povo. Sem as seguranças que lhe vinham do rei, a Israel restava a Lei (proclamada agora talvez nas primeiras sinagogas) e o sacerdócio que mantinha o culto do templo, onde o povo se reunia para as grandes festas, que faziam reviver a sua consciência de povo de Deus.
O autor, ao situar todo este enorme conjunto de leis cultuais num único local e antes da partida do Sinai, com a qual começa o livro dos Números, pretende atingir vários objectivos: primeiro, dizer que todas as leis devem ter o seu fundamento na aliança do Sinai, graciosamente oferecida por Deus ao seu povo, e que o culto deve ser uma resposta a essa aliança; depois, atribuir toda esta legislação à mediação de Moisés, que foi o primeiro organizador do povo de Deus. No entanto, quando estas leis cultuais foram codificadas aqui, já eram praticadas no culto do templo. Isso não obsta a que algumas delas sejam tão antigas que se percam no tempo.
Mas o culto do povo da aliança não pode limitar-se apenas aos ritos litúrgicos. Daí a inserção, neste livro, de um “Código de Santidade”, que pertencia também ao ambiente dos sacerdotes-catequistas do templo. O conteúdo do LEVÍTICO pode alinhar-se, então, em seis grandes secções, constituindo as quatro primeiras um “Código sacerdotal”. Teríamos, portanto, a seguinte divisão:
I. Código Sacerdotal (1,1-16,34): inclui as seguintes secções:
1. Ritual dos Sacrifícios (1,1-7,38): holocausto (1), oblações (2), sacrifício de comunhão (3), sacrifício de expiação (4,1-5,13), sacrifício de reparação (5,14-26), deveres e direitos dos sacerdotes (6-7).
2. Consagração dos sacerdotes e inauguração do culto (8,1-10,20): Ritual da consagração de Aarão e seus filhos (8), primeiros sacrifícios dos novos sacerdotes (9), irregularidades e normas sobre os sacerdotes (10).
3. Código da pureza ritual (11,1-15,33): animais puros e impuros (11), purificação da mulher que dá à luz (12), purificação da lepra (13-14), impureza sexual (15).
4. Dia da grande expiação (16,1-34).
II. Código de Santidade (17,1-26,46): é um conjunto de leis introduzidas pela fórmula “Sede santos porque Eu sou santo”, que inclui leis sobre a imolação de animais e leis do sangue (17), leis em matéria sexual (18), deveres para com o próximo (19), penas pelos pecados sexuais (20), santidade dos sacerdotes (21-22), calendário das festas (23), luzes do santuário e pães da oferenda ou da proposição (24,1-9), Ano Sabático e Jubileu (25), bênçãos e maldições (26). Como se torna evidente, neste grande conjunto de leis cultuais, quase metade do livro é constituída pelo “Código de Santidade” (17-26).
III. Apêndice (27,1-34): os votos.

ESPÉCIES DE SACRIFÍCIOS
Para uma boa compreensão do LEVÍTICO, é necessário conhecer o essencial acerca das diferentes espécies de sacrifícios:
Holocausto: vem do hebraico ‘olah, que significa “subir” e indica o fumo da vítima que sobe para Deus. A sua característica essencial era a vítima ser totalmente queimada, não ficando para o sacerdote mais do que a pele. Antes do sacrifício, o oferente colocava as mãos sobre a vítima, em sinal de que lhe pertencia, reclamando, assim, os benefícios do seu sacrifício. Depois, ele próprio degolava a vítima, e o sacerdote queimava-a sobre o altar. Este sacrifício pretendia reconhecer o direito absoluto de Deus sobre todas as coisas (1,1-17; 6,1-6).
Sacrifício de comunhão (ou pacífico: zebah shelamîm): procurava a comunhão com Deus, dando-lhe graças. Como o holocausto, incluía a imposição das mãos, a imolação da vítima e o derramamento do seu sangue no altar (3,1-17). A parte mais gorda, considerada a melhor, pertencia a Deus e era queimada; as outras duas partes eram distribuídas entre o sacerdote e o oferente; este comia-a num banquete sagrado, para significar a comunhão com a divindade.
Oferta vegetal (minhah, “oferta”): era a oferta de produtos do campo, sobretudo de farinha misturada com azeite. Este sacrifício estava ligado à oferta da primeira farinha na festa do Pentecostes, mas tornou-se muito corrente, sendo feito juntamente com os sacrifícios de imolação de animais (ver 2,1-17).
Sacrifício pelo pecado (hata’t): consistia em oferecer uma vítima por um qualquer pecado. Variava conforme a gravidade do pecado e a importância da pessoa que pecava; para os pobres, podia comutar-se pelos animais mais baratos: um par de rolas ou de pombas (5,7; 12,6-8; Lc 2,24). Este sacrifício distinguia-se dos demais pela aspersão do sangue, «pois o sangue é que faz expiação porque é vida» (17,10-11). Assumia especial importância na festa da Expiação.
Sacrifício de reparação da ofensa (‘asham): era um sacrifício semelhante ao anterior (5,14-26; 7,7).
Pães da oferenda (ou da proposição, lit., “pães da face”): eram doze pães, colocados sobre uma mesa que estava diante do Santo dos Santos. Simbolizavam a presença das doze tribos, cada semana, diante do Deus da aliança. Eram renovados cada sábado e só os sacerdotes os podiam comer (24,5-9).
Ofertas de incenso: o incenso era considerado o perfume mais excelente e, por isso, oferecia-se a Deus como sinal de adoração e da oração que sobe até Ele. No chamado altar do incenso, que estava diante do Santo dos Santos, o incenso ardia todos os dias, de manhã e de tarde, em honra do Senhor (2,1.15; 6,8; Ex 30,34-38; Mt 2,11; Lc 1,9).

TEOLOGIA E LEITURA CRISTÃ O LEVÍTICO
representa a resposta cultual do povo de Israel ao Deus da aliança. Os ritos descritos neste livro são a forma humana cultual possível, nesse tempo, do povo a Deus.
Jesus Cristo não destruiu este culto (Mt 5,17-20); ele mesmo seguiu várias normas cultuais, presentes no LEVÍTICO. No entanto, fez uma interpretação mais espiritual, apontando para um culto que nasça do coração do crente e esteja sempre comprometido com a sua vida concreta e a do mundo que o rodeia (Mt 5,21-48; Mc 7,1-23; Jo 4,20-21; Rm 12,1). Hoje, continuamos a ler este livro para encontrar as raízes do culto cristão e para nos alimentarmos com os seus temas teológicos, presentes em muitos textos do Novo Testamento. A Carta aos Hebreus é o livro do Novo Testamento que mais explicitamente faz uma leitura cristã do Levítico.

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Êxodo - Estudo Da Bíblia Sagrada (Mês da Bíblia)

Da Bíblia Sagrada

O ÊXODO é o segundo livro da Bíblia e do Pentateuco. Na Bíblia Hebraica recebe o título de Shemôt, isto é, “Nomes”, de acordo com o hábito judaico de intitular os livros a partir das suas palavras iniciais: “We’elleh shemôt” (= «E estes são os nomes dos filhos de Israel que vieram para o Egipto»: 1,1). O título de ÊXODO provém da versão grega dos Setenta, que procura dar a cada livro um título de acordo com o seu conteúdo. Neste caso, privilegia os 15 primeiros capítulos, pois é aí que propriamente se descreve o “Êxodo”, isto é, a “saída” dos israelitas do Egipto.
Este léxico tem a ver prevalentemente com os grupos recalcitrantes que Moisés “fez sair” do Egipto pela “estrada do deserto”; mas, dada a importância determinante de Moisés, dos seus grupos e das suas experiências para a constituição de Israel e a formação da Bíblia, o seu léxico torna-se património comum, podendo expressar também as “libertações” de outros grupos da “opressão” do domínio egípcio.

CONTEÚDO E DIVISÃO
Pode dividir-se o seu conteúdo do seguinte modo:
I. “Opressão” e “Libertação” dos filhos de Israel no Egipto. Este é o tema fundamental de 1,1-15,21. Nesta secção merecem especial relevo as peripécias no Egipto (1,1-7,8), como um povo que nasce no sofrimento. Seguem-se as pragas (7,8-12,32), como meio violento de libertação.
II. Caminhada pelo deserto (15,22-18,27) do povo, agora livre do Egipto.
III. Aliança do Sinai (19,1-24,18). Esta aliança é o encontro criacional ou fundacional de Javé com os “israelitas”, em que o Senhor se dá a si mesmo ao homem e restitui cada homem a si mesmo, e em que o homem aceita a dádiva pessoal de Deus e se aceita a si mesmo como dom de Deus com tudo o mais que lhe é dado: a natureza, a razão, a Lei, a História, o mundo. Por sua vez, a dádiva e a sua aceitação também reclamam dádiva mútua e, portanto, responsabilidade. O pecado surge como possibilidade da liberdade humana; mas Deus pode sempre recomeçar tudo de novo.
IV. Código sacerdotal, com especial relevo para a construção do santuário (25,1-31,18). A execução do mesmo vai ser revelada em 35,1-40,33, com a correspondente organização do culto. Esta narrativa está encerrada numa inclusão significativa: 40,34-38 descreve a descida do Senhor sobre o santuário com as mesmas características (nuvem, glória, fogo) com que 24,12-15a descreveu a descida do Senhor sobre o Sinai, mostrando, assim, que o santuário assumiu o papel do Sinai como lugar da manifestação de Deus. É a presença da ideologia sacerdotal (conhecida por fonte P), que projecta retrospectivamente no Sinai a imagem do segundo templo, do seu sacerdócio e do seu culto – em suma, o ideal da comunidade judaica pós-exílica (ver VI).
V. Renovação da Aliança do Sinai, relatada em 32,1-34,35.
VI. Código sacerdotal (35,1-40,38): execução das obras relativas ao santuário (ver IV).
O texto normativo do livro do ÊXODO é sobretudo um entrançado de peças narrativas e legislativas. Nestas últimas, destacam-se o “Decálogo” propriamente dito (20,1-17) e os chamados “Código da aliança” (20,22-23,19) e “Decálogo ritual” (34,12-26). São a Lei dada por Deus, mas formulada pelo homem a partir da razão e da experiência.

AUTOR
A antiga tradição judaica, tal como a antiga tradição cristã, atribuíam a Moisés a autoria de todo o Pentateuco e, por isso, também do livro do ÊXODO. Este modo de pensar está hoje claramente ultrapassado. Contudo, talvez hoje se avalie também, com mais clareza do que nunca, a eventual acção determinante de Moisés na constituição de Israel e do corpo bíblico do Pentateuco e do ÊXODO.
GÉNERO LITERÁRIO
O tecido literário deste livro resulta em parte da acostagem horizontal de temáticas por via redaccional (“teoria fragmentária”), mas fundamentalmente da complexidade dinâmica da vida de múltiplos grupos cujas experiências no terreno vão sendo recolhidas e integradas em contextos ideológicos mais amplos. É ainda a questão da “teoria documentária”, embora redimensionada, nas suas componentes Javista (J), Eloista (E), Deuteronómico-Deuteronomista (D-Dtr) e Sacerdotal (P); das múltiplas “fichas” que recolhem e da ideologia e intenção das redacções; sem esquecer, também, a redacção final.

LEITURA CRISTÃ E TEOLOGIA
O acontecimento do Êxodo relata a libertação de Israel do Egipto pelo Senhor, que faz com esse povo uma Aliança. Tal acontecimento fundador foi objecto de várias releituras, já dentro da própria Bíblia, pois toda a teologia e espiritualidade do povo de Israel ficou profundamente marcada por ela. Assim, o Segundo e Terceiro Isaías vêem a libertação de Judá do domínio da Babilónia como um novo Êxodo. Os primeiros discípulos de Jesus e as primeiras comunidades cristãs, que eram de origem judaica, viram na doutrina de Jesus um “êxodo” novo e definitivo (Lc 4,16-21); e, na sua pessoa, o verdadeiro libertador, à vista do qual o próprio Moisés era simples figura, e a Lei do Sinai mero pedagogo para conduzir o povo até ao verdadeiro Mestre, que é Cristo (Gl 3,24). O Novo Testamento apresenta Moisés como muito inferior a Jesus, que veio trazer a nova Lei (Mt 5,17-48). A Carta aos Hebreus chega mesmo a dizer que Moisés já considerava os opróbrios por Cristo superiores aos tesouros do Egipto, seguindo em frente com firmeza, «como se contemplasse o Invisível» (Heb 11,27).

segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Génesis - Estudo Da Bíblia Sagrada (Mês da Bíblia)



Ao primeiro livro da Bíblia – e, portanto, do Pentateuco – damos hoje o nome de GÉNESIS. É termo grego e significa “origem”, “nascimento”. Os livros da Bíblia Hebraica não tinham qualquer título. Eram chamados, simplesmente, pela primeira ou primeiras palavras. Este chamava-se berechit. Os autores da tradução da Bíblia Hebraica para o grego (Bíblia dos Setenta) acharam por bem dar aos livros um título de acordo com o seu conteúdo. Como este livro trata do princípio de tudo, chamaram-lhe GÉNESIS, isto é, Livro das Origens.

CONTEÚDO E ESTRUTURA
Todos os povos se perguntaram alguma vez: Donde viemos? Qual foi a nossa origem? Quem foi o fundador do nosso povo? Qual o nosso destino? Umas vezes, essas perguntas eram formuladas a partir de situações de desgraça colectiva: Que sentido tem o nosso fracasso e o nosso sofrimento? Que sentido tem a morte irremediável? Há um Alguém que possa responder a todas as interrogações do homem? Outras vezes, tinham um fundo político, pretendendo legitimar situações de privilégio presente ou reclamar direitos fundados num passado mais ou menos remoto.
O povo de Israel, na sua reflexão interna ou no confronto com outros povos, religiões e culturas, colocou a si próprio estas e outras questões semelhantes e deixou-nos as suas respostas neste livro. O GÉNESIS é, pois, o livro das grandes interrogações e das grandes respostas, não só do povo de Deus, mas de toda a humanidade. Por isso se diz que este livro é uma espécie de grande pórtico da catedral da Bíblia, pois de algum modo a resume na totalidade da sua beleza e conteúdo.
O GÉNESIS engloba, também, grande parte da História do povo de Israel: desde “as origens” até à estadia de Jacob no Egipto e a consequente formação das doze tribos. Pretendendo dar-nos uma concepção histórica, horizontal e dinâmica da História da Salvação, este livro faz a ligação entre “as origens” da humanidade (1,1) e a História concreta do povo de Israel. Por isso apresenta--nos, sobretudo nos 11 primeiros capítulos, teologia e catequese em forma de História, ou melhor, de histórias e não de factos históricos no sentido científico. Poderíamos resumir assim o seu conteúdo:
I. História das Origens (1,1-11,32)
1,1-2,4a: Criação do universo e dos seus habitantes (segundo a tradição Sacerdotal: P).
2,4b-3,24: Formação do homem e da mulher. Origem do pecado (tradição Javista: J).
4,1-24: “História de dois irmãos”, Caim e Abel. Descendência do primeiro.
4,25-5,32: Set e a sua descendência.
6,1-9,17: Corrupção da humanidade e Dilúvio (anti-Criação).
9,18-10,32: Re-criação, a partir de Noé, o homem novo. Lista de povos.
11,1-9: Torre de Babel: a humanidade constrói uma sociedade sem Deus.
11,10-32: Descendência de Sem até Abraão, promessa de um povo novo.
II. História dos Patriarcas (12,1-50,26)
Ciclo de Abraão (12,1-23,20): vocação, emigração para Canaã e Egipto. Nascimento de Isaac e Ismael. Morte de Abraão.
Ciclo de Isaac (24,1-27,46).
Ciclo de Jacob (28,1-36,43): já a partir de 25,19, Jacob começa a tornar-se a personagem principal, tanto em relação ao pai (Isaac), como em relação a seu irmão Esaú.
Ciclo de José (37,1-50,26): o penúltimo dos filhos de Jacob, vendido como escravo para o Egipto, faz a ligação histórica e teológica com o livro seguinte, o Êxodo. É um ciclo muito especial, também chamado História de José.
Este esquema histórico-literário apresenta-se como uma obra prima, não só a nível teológico, mas também na sua estrutura literária. De facto, a “História das Origens” (cap. 1-11) aparece como Prólogo histórico-teológico da História de Israel e da humanidade. E pretende ser o elo de ligação entre a Criação do mundo e Abraão, o pai do povo hebreu (cap. 12). O Egipto, como lugar de escravidão do Povo, é lugar de peregrinação para Abraão, Jacob e José. Estes e outros elementos fazem a ligação deste livro com o Êxodo e com os outros livros seguintes.

FONTES E GÉNEROS LITERÁRIOS
Donde vem todo este material? O povo hebreu vivia numa região onde se cruzavam muitos povos e civilizações. Este facto originou um inegável intercâmbio cultural entre eles. Os impérios que dominaram a Mesopotâmia e o Egipto, assim como as civilizações da Fenícia e de Canaã, são a fonte literária e histórica do GÉNESIS e do AT em geral.
É inegável que nos 11 primeiros capítulos se encontram abundantes elementos dessas culturas, incluindo alusões a certos mitos da Suméria, da Babilónia e de Ugarit, especialmente aos poemas da Criação, Enuma-Elish e Atrahasis. O poema de Gilgamesh está também presente no relato do Dilúvio. Muitas vezes, os autores do Génesis colocam-se em polémica aberta contra os mitos pagãos, como no caso de 1,1-2,4a.
A História Patriarcal (cap. 12-50) acolheu lendas antigas e referências a El, que faziam parte do espólio cultural dos santuários cananeus. Encontramos, igualmente, pequenos factos alusivos ao convívio com povos vizinhos. No que se refere à origem dos Patriarcas, há relatos sobre os antepassados tribais, heróis antigos, genealogias ou listas de patriarcas (cap. 5) e de povos (cap. 10), e outras histórias que pretendiam explicar a origem dos povos em geral e de Israel em particular. Por isso, este livro tem géneros literários variados:
A lenda: é o mais comum e consiste em produzir um relato a partir de um facto real, nome de pessoa ou de lugar. Há lendas etiológicas, que pretendem explicar, no passado, a “causa” de qualquer fenómeno ou acontecimento do presente. Um belo exemplo de lenda etiológica é o relato da destruição de Sodoma e Gomorra. Há ainda lendas etiológicas para explicar a origem de nomes de pessoas (para Isaac, que significa “rir”, ver 18,9-15; 21,2-7).
A genealogia: é uma lista de nomes que recua o mais longe possível até ao passado, a partir do presente. Pretende justificar no aspecto jurídico certos acontecimentos, privilégios de uma classe social ou de um povo (5,1-32; 10; 11,10-32). É sua intenção preencher o imenso espaço entre a Criação e a História do povo hebreu.
As sagas ou histórias antigas de todo o género: luta pelos poços, guerras tribais, histórias de famílias...
Também encontramos aqui a linguagem mítica. Sabemos que os autores do GÉNESIS combateram os mitos. Mas, para falar dos grandes problemas da humanidade, não deixaram de utilizar a linguagem e certos elementos mitológicos que estavam em voga, como a criação do homem a partir do barro (2,7), a árvore da Vida e a árvore da ciência (2,9-10; 3,1-6), o mito da serpente (cap. 3). Todo este material foi coleccionado muito lentamente. Primeiro surgiram pequenos conjuntos à volta de um santuário, de um acontecimento ou de uma personagem; podemos chamar-lhes tradições, e foram transmitidas oralmente, ao longo de muitos séculos. Quando aparece a escrita, essas tradições são fixadas em documentos. Com a queda do Reino do Norte (Samaria), em 722, essas tradições são trazidas para o Sul (Jerusalém). Finalmente, no período do Exílio (587-538), os redactores da escola Sacerdotal reúnem todas as grandes tradições e documentos existentes, imprimindo-lhes o seu próprio estilo e teologia. Podemos dizer que o GÉNESIS contém material recolhido entre os séculos XIII-V a. C.

TEOLOGIA E LEITURA CRISTÃ
Apesar de conter muitos elementos históricos, o GÉNESIS é uma obra essencialmente teológica que procurava responder aos problemas angustiantes colocados pelo acontecimento do Exílio (séc. VI): no meio das trevas, Deus é a luz do seu povo; no desespero do cativeiro, Deus há-de renovar a Aliança feita depois da saída do Egipto.
Por detrás das “histórias” contadas pelos seus autores, o GÉNESIS contém os grandes temas teológicos, não somente do Pentateuco mas da Bíblia em geral: a Aliança de Deus com a humanidade, o pecado do homem, a nova promessa de Aliança, a promessa da Terra Prometida, a bênção de Deus garantindo a perenidade do Povo, o monoteísmo javista.
O GÉNESIS não foi redigido para escrever História, mas para dizer que Deus domina a História. Por isso, é essencialmente um livro de catequese e de teologia, mesmo nos 11 primeiros capítulos, em que não há preocupação histórica ou científica, no sentido actual. Por isso, a Pontifícia Comissão Bíblica, já em 16 de Janeiro de 1948, dizia, a este respeito: “Estas formas literárias não correspondem a nenhuma das nossas categorias clássicas e não podem ser julgadas à luz dos géneros literários greco-latinos e modernos.”
Todos os grandes temas teológicos do GÉNESIS foram relidos pelos cristãos à luz do autor da nova criação, Jesus Cristo (Jo 1,1-3). As grandes personagens do GÉNESIS – Adão, Eva, Noé, Abraão e os outros Patriarcas – aparecem frequentemente ao longo do Novo Testamento para lembrar aos crentes que há uma só História da Salvação. Por isso, o Apocalipse – o último livro da Bíblia – não se compreende sem o primeiro.

domingo, 2 de setembro de 2012

ESTAMOS NO MÊS DA BIBLIA


A Palavra de Deus está sempre ao alcance da mão e do coração de quem segue a Deus. E por moção do Espírito Santo, a Palavra vai transformando o coração das pessoas e moldando a comunidade cristã. É claro, supondo um coração aberto, como de discípulo diante do mestre. O profeta Jeremias fez uma experiência profunda: nas mãos de Deus sentiu-se como um vaso de barro nas mãos do oleiro.
As famílias, os grupos e as comunidades que lêem a Bíblia de fato progridem na vivência do Evangelho, em unidade com a vontade de Deus e na comunhão fraterna. A Palavra meditada impulsiona as pessoas a superar o pecado e o azedume, causando certa plenitude espiritual com uma aura de paz e de alegria.
É o encantamento espiritual, a força interior, a capacidade de passar imune pelas tentações que rodeiam as pessoas.
São Francisco de Assis, um dos grandes revolucionários da humanidade, apregoava a vida fraterna em meio ao egoísmo; a vida em Deus, mesmo em meio ao prurido da carne e do consumismo; a alegre adesão à vontade de Deus, vencendo o orgulho e a sede do poder. Quando se chega a uma fraternidade assim, logo se capta o perfume do Evangelho.
Por pedagogia, destinamos o mês de setembro a conhecer a Bíblia. Aliás, primeiro a ter a Bíblia em casa. Depois, a lê-la diariamente. Aprender a meditá-la diante de Deus, num coração orante.
A família aprende a acolher de modo afável seus membros: os pais se relacionam de modo afetivo com os filhos, como Deus, com seu povo. Os filhos, por sua vez, acolhem os pais de modo pacífico, criando um ambiente sereno e alegre. É o encantamento da família.
É neste ambiente que germinam as vocações cristãs, que se alimentam ideais generosos e se superam obstáculos à felicidade.
Seja feliz! Conheça, leia e medite a Palavra de Deus.

quinta-feira, 5 de abril de 2012

Livros Históricos da Bíblia

A sequência dos livros da Bíblia tem vários traços de uma longa parábola histórica e o interesse pela História já estava bastante presente nos livros do Pentateuco. Mas é costume chamar Livros Históricos a um conjunto que vem depois do Pentateuco. Na verdade, só se consegue fazer uma História de Israel em sentido actual a partir da instalação do povo em Canaã. E esse facto da actual historiografia coincide com a classificação tradicional do referido conjunto, que inclui os livros seguintes:
Josué, que apresenta a entrada dos hebreus na terra de Canaã, como quem vai tomar solenemente posse de uma herança que lhe fora atribuída. É uma construção simbólica, não representando inteiramente os acontecimentos históricos reais, como se pode ver no livro dos Juízes.
Juízes, de facto, mostra-nos uma entrada bastante mais dispersa das tribos em Canaã e dominando muito mais lentamente o conjunto do território. Por outro lado, descreve-nos as vicissitudes e a insegurança da vida levada por essas tribos, numa época ainda distante do tempo da monarquia.
Rute é um romance histórico situado na época dos Juízes, mas sobretudo um livro contra a xenofobia que marcou épocas mais tardias do judaísmo.
A mais representativa e formal sequência historiográfica deste período, que já começara com Josué e Juízes, integra ainda o grande conjunto de 1.° e 2.° de Samuel e 1.° e 2.° dos Reis. A sua redacção final parece ter-se inspirado já claramente na mentalidade deuteronomista; por isso, costuma chamar-se-lhe a “Historiografia deuteronomista”. Com ela pretendeu-se fazer o exame de consciência da História nacional após o desastre do fim da monarquia.
Mais tarde, os livros 1.° e 2.° das Crónicas retomam toda a História de Israel desde as origens, ou por meio de genealogias e sínteses históricas, ou relembrando alguns episódios coincidentes e outros complementares aos assuntos que tinham aparecido narrados na História deuteronomista.
Esdras e Neemias contam alguns episódios relativos à restauração do povo de Israel e da cidade de Jerusalém, depois do regresso da Babilónia. No entanto, a historiografia sobre esta época, marcada pelo domínio persa, ficou bastante aquém da sua importância no aparecimento da Bíblia.
Tobias oferece-nos, com um quadro familiar notável, as dificuldades de viver a piedade em condições sociais e políticas adversas.
Ester descreve um drama de colorido algo semelhante, mas alargado à experiência de todo o povo, que se vê ameaçado de destruição e consegue, no fim, cantar vitória.
Judite é um romance histórico; simboliza a capacidade de resistência aos inimigos, na época da luta contra os Selêucidas (séc. II a.C.).
O 1.° e 2.° Livro dos Macabeus espelham, por meio de uma historiografia muito ao gosto da época helenista, a luta dos judeus para conseguirem libertar-se da política opressora dos Selêucidas. São o último bloco historiográfico dentro da Bíblia.




Livros Históricos
 

quarta-feira, 4 de abril de 2012

Pentateuco

Este nome grego significa “cinco rolos”, ou livros, e inclui Génesis, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronómio. A autoria do Pentateuco, tradicionalmente considerado como Lei de Moisés, foi atribuída a este grande líder do povo hebreu tanto pelo judaísmo como pelo cristianismo antigos. Hoje, sabe-se que nenhum destes livros se pode atribuir a um único autor e menos ainda a Moisés, pois todos tiveram uma história literária complexa, como veremos.
Para além desta referência a Moisés, os livros do Pentateuco têm uma certa sequência temática, pois descrevem as origens do povo de Israel até à sua definitiva instalação em Canaã. Nomeadamente: a origem da humanidade e do próprio povo hebreu na época patriarcal, a saída do Egipto e a longa travessia do deserto; é nesta última fase que aparecem enquadradas as leis fundamentais para a vida religiosa e social dos israelitas. Longas secções narrativas alternam com grandes conjuntos de leis.
O modo de escrever daquele tempo, misturando História, Direito e Liturgia, não coincide com o nosso modo de fazer História; ao mostrarem a intervenção de Deus nessa História, os autores do Pentateuco pretendem também apresentá-la como modelo da presença de Deus na História de cada povo.

FORMAÇÃO DO PENTATEUCO
segundo alguns estudiosos, o texto actual deste conjunto resultaria de uma história literária anterior, a que chamam “fontes” ou “documentos” conhecidos com o nome de Javista (J), Eloísta (E), Sacerdotal (P) e Deuteronomista (D).
De qualquer modo, o Pentateuco não foi escrito de uma só vez nem é obra de um único escritor. Foi escrito a partir de tradições orais e escritas que se foram juntando progressivamente e formando unidades maiores ao longo da história. A junção de todo o material só se deu na época pós-exílica, altura em que se pode falar da redacção final do Pentateuco. Certamente que o período à volta do Exílio influenciou a leitura de todo esse património histórico e religioso; mas, as tradições e outros materiais podem ser bastante antigos e manter, na sua forma final, os traços dessa antiguidade.
Provavelmente, o processo de formação dos cinco primeiros livros da Bíblia desenvolveu-se, nas suas linhas gerais, em vários períodos.
No início estaria um núcleo narrativo histórico bastante restrito, da época de Salomão. Este núcleo é depois retomado e ampliado por volta dos finais do séc. VIII a.C., recolhendo tradições e fragmentos do reino do Norte e relendo tradições antigas numa nova perspectiva.
No séc. VIII aparece o Deuteronómio primitivo, descoberto no tempo de Josias (622 a.C.) e incluindo essencialmente leis e um pequeno prólogo. É depois ampliado para dar o texto actual de Dt 1-28.
As questões levantadas pelo Exílio fazem aparecer a grande obra histórica «deuteronomista» que se vai elaborando ao longo de várias fases, integrando, de algum modo, todos os materiais já recolhidos anteriormente. Esta grandiosa reconstrução provoca uma série de retoques «deuteronomistas», ao longo de todo o texto do Pentateuco, que já estaria redigido.
No exílio da Babilónia aparece o «escrito sacerdotal primitivo», obra dos sacerdotes exilados.
Depois do regresso do Exílio, no séc. V, este escrito é combinado com os precedentes, retocado e aumentado nalguns aspectos e vai ocupar um lugar dominante no conjunto da narração. A esta redacção final se deve o termo de toda a trama narrativa na morte de Moisés e, logicamente, a delimitação do Pentateuco, separando o Deuteronómio do resto da história deuteronomista. Este trabalho deve ter sido concluído por volta do ano 400 a.C..

O PENTATEUCO E A HISTÓRIA DE ISRAEL
O Pentateuco recebeu inegáveis influências de todos estes documentos ou tradições e de muitos outros factores ligados à História e à religião de Israel. Mas, o que os autores do Pentateuco pretendem manifestar nesta História Sagrada não é tanto o povo com as suas virtualidades e peripécias históricas, mas o domínio absoluto de Deus sobre todas as coisas e sobre todas as instituições humanas, incluindo a realeza, que no Médio Oriente era considerada de origem divina. O poder vem de Deus e da sua Palavra, transmitida pelos seus intermediários.
Esta “Lei” não é um simples conjunto de leis humanas; é um “ensinamento” para viver segundo a vontade de Deus, um chamamento à perfeição e à santidade: «Porque Eu sou o Senhor que vos fez sair do Egipto, para ser o vosso Deus. Sede santos, porque Eu sou santo.» (Lv 11,45)
O Pentateuco é a Carta magna do judaísmo pós-exílico. Após esta difícil mas frutífera experiência, o Estado judaico, antes apoiado nas estruturas da monarquia davídica, passa a reger-se unicamente pela “Lei” de Deus e deixa-se orientar pelos que detêm o monopólio do culto, os sacerdotes. Uma comunidade monárquica transforma-se numa comunidade cultual em honra do Deus da Aliança. São os sacerdotes que editam e reeditam a Lei.
Sendo uma História Sagrada em que se manifesta a presença do Deus da Aliança na vida do seu povo, o Pentateuco desenvolve-se a partir de três factores principais: a epopeia do Êxodo, a Lei do Sinai e a fé num Deus único. Por isso, mais tarde, e diferentemente de outros povos, Israel não necessitou da monarquia para sobreviver.

LEITURA CRISTÃ DO PENTATEUCO
O Pentateuco é uma história nunca terminada, mas sempre aberta às infinitas possibilidades do Senhor da História. Podemos, pois, dizer que o resto do Antigo Testamento é, de algum modo, uma releitura contínua do Pentateuco à luz de novos acontecimentos da História de Israel e do mundo que o rodeia.
Mas o Pentateuco também aponta para um novo Êxodo, para uma outra Terra Prometida, para uma outra presença de Deus Jesus Cristo. Ele é a nova Lei, a nova manifestação de um Deus que nunca cessa de renovar a Aliança com o seu povo. Cristo e os primeiros discípulos leram o Pentateuco como uma história aberta que se completa na vinda do Messias. A partir daí, a relação do homem com Deus já não passa pela observância material da Lei, mas pelo seguimento de Cristo. Porém, aquilo que se põe de lado não é o Pentateuco, mas apenas a interpretação fechada que dele fez o judaísmo rabínico.
Assim, o Pentateuco não só não impede, mas ajuda a compreensão de Cristo e do seu Evangelho: ao lê-lo, pensamos no Evangelho, e quando lemos o Evangelho, encontramos as suas raízes no Pentateuco; não se pode ler os mandamentos da Lei, sem os comparar com os mandamentos da Nova Lei as Bem-aventuranças. Os cristãos reconhecem em Cristo a Palavra de Deus encarnada, e no Evangelho, a Nova Lei; Lei que não vem abolir a antiga, mas dar-lhe toda a perfeição (Mt 5,17-18). Cristo, de que Moisés era apenas uma figura, veio fundar um novo povo, uma nova comunidade, liberta na Páscoa da sua Paixão-Ressurreição. Numa palavra, Cristo é, para os seus discípulos, a nova Lei, a nova Páscoa, o novo Templo de Deus entre os homens (Jo 2,21; Ap 21,3.22), a nova Aliança, não apenas com um povo, mas com toda a Humanidade.





Pentateuco
 

domingo, 1 de abril de 2012

Bíblia Sagrada

A Sagrada Escritura é o conjunto dos livros escritos por inspiração divina, nos quais Deus se revela a si mesmo e nos dá a conhecer o mistério da sua vontade. Divide-se em duas grandes secções: Antigo Testamento, que contém a revelação feita por Deus antes da vinda de Nosso Senhor Jesus Cristo ao mundo; Novo Testamento, que contém a revelação feita directamente por Jesus Cristo e transmitida pelos Apóstolos e outros autores sagrados.

A Sagrada Escritura, Palavra de Deus aos homens

Deus falou aos homens através de outros homens por Ele escolhidos para esse fim, mas sobretudo por meio de seu Filho, Jesus Cristo (Heb 1,1-2). Desse modo, a Palavra de Deus tornou-se linguagem humana sem deixar de ser Palavra de Deus, assim como o Filho de Deus se fez homem sem deixar de ser Deus; e sujeitou-se, tal como Ele, às limitações e condicionamentos da palavra humana, excepto no erro formal. Tais condicionamentos são:
Condicionamentos de tempo Os livros da Bíblia são fruto do seu tempo. Por isso, se quisermos entender a mensagem de Deus, temos de conhecer o tempo e as circunstâncias históricas em que foi escrito cada um deles.
Condicionamentos de espaço Os livros da Bíblia nasceram em vários lugares geográficos, cada qual com o seu ambiente próprio: uns na Palestina, outros no mundo helénico e outros no Império Romano. E um livro também é filho do meio em que nasceu.
Condicionamentos de raça Os livros da Bíblia procedem quase todos do povo semita, mais concretamente do povo judeu, que tem um modo de pensar e de se exprimir muito diferente do nosso. É preciso conhecê-lo, para entender a Palavra de Deus.
Condicionamentos de cultura Os livros da Bíblia são obra de muitos autores com mentalidade e cultura diferentes, às vezes distanciados entre si por vários séculos. Tudo isso marcou a Bíblia e deve ser tido em conta, pois os autores sagrados, embora escrevessem sob inspiração de Deus, não foram privados da sua personalidade.

Transmissão da Palavra de Deus

A Palavra de Deus, no Antigo Testamento, revelou-se através da Tradição e da Sagrada Escritura. Com Cristo, Palavra em pessoa, começa uma nova Revelação: o Evangelho. Os transmissores desta nova Palavra são os Apóstolos, que dão origem à Tradição Apostólica. Os Evangelistas, mais tarde, inspirados pelo Espírito Santo, recolhem e fixam essa Tradição por escrito, dando assim origem à Sagrada Escritura do Novo Testamento.
Por isso, diz o concílio Vaticano II: “A Sagrada Tradição e a Sagrada Escritura estão intimamente unidas e compenetradas entre si. Com efeito, derivando elas da mesma fonte divina, fazem como que uma coisa só e tendem ao mesmo fim.” (Dei Verbum, 9)

Inspiração da Sagrada Escritura

A Inspiração é o que caracteriza e essencialmente distingue a Bíblia de todos os outros livros humanos. Acreditar na Inspiração da Sagrada Escritura foi sempre um dogma de fé para os Judeus e para a Igreja. Os Judeus dividiam a Bíblia em três partes: a Lei (Torá), que era considerada a Palavra de Deus por excelência; os Profetas (Nebiîm), que falaram em nome de Deus; e os Escritos (Ketubîm), formando todos juntos os «Livros santos» (1 Mac 12,9). Jesus Cristo e os Apóstolos citaram-nos como Palavra de Deus (Act 1,16; 4,25). Mas São Paulo e São Pedro é que nos transmitem os dois textos clássicos sobre esta verdade. Paulo diz: «Toda a Escritura é divinamente inspirada» (theopneustos: 2 Tm 3,14-17); e Pedro afirma: «Mas sabei, antes de mais, que nenhuma profecia foi proferida pela vontade dos homens. Inspirados pelo Espírito Santo, é que os homens santos falaram em nome de Deus.» (2 Pe 1,21)
Os Santos Padres também são unânimes em afirmar que Deus é o autor da Sagrada Escritura e que o hagiógrafo é instrumento de Deus. E a Igreja manifestou a sua fé nesta verdade em vários concílios e documentos. O último e o mais expressivo é a constituição dogmática Dei Verbum (DV), do concílio Vaticano II, que diz: “As coisas reveladas por Deus que se encontram escritas na Sagrada Escritura foram consignadas por inspiração do Espírito Santo.” E mais adiante, falando da natureza desta inspiração, acrescenta: “porque escritos por inspiração do Espírito Santo, têm a Deus por autor e, como tais, foram confiados à Igreja. Todavia, para escrever os livros sagrados, Deus escolheu e serviu-se de homens na posse das suas faculdades e capacidades para que, agindo Deus neles e por eles, pusessem por escrito, como verdadeiros autores, tudo aquilo e só aquilo que Ele queria.” (n.° 11) Portanto, segundo a constituição Dei Verbum, os livros sagrados são produto da acção transcendente de Deus que suscita, dirige e envolve inteiramente a actividade humana, agindo em constante coordenação com ela.
Esta acção divina estendeu-se a todas as faculdades e actos do homem que concorreram para a produção dos livros santos, e abrange todas as partes dos livros e todos os géneros literários que neles se encontram. No entanto, longe de tornar o hagiógrafo passivo, tal acção favorece a sua livre espontaneidade; porque o homem é tanto mais livre e activo quanto mais o Espírito Santo o acompanha. Deus, quando actua no homem, fá-lo sempre com suma delicadeza, respeitando a sua liberdade e a sua maneira de ser, mas valorizando-as e potenciando-as. A Bíblia não é, pois, fruto de um ditado mecânico, mas uma obra em que Deus e o homem intervêm: Deus com as suas perfeições infinitas, e o homem com as suas faculdades e conforme a sua capacidade. Por isso, os dois são verdadeiros autores dos livros sagrados.

A verdade da Sagrada Escritura

Diz também a Dei Verbum: “E assim como tudo quanto afirmam os autores inspirados ou hagiógrafos deve ser tido como afirmado pelo Espírito Santo, por isso mesmo se deve aceitar que os livros da Escritura ensinam com certeza, fielmente e sem erro, a verdade que Deus, causa da nossa salvação, quis que fosse consignada nas Sagradas Letras.” (DV, 11)
A verdade da Bíblia é a consequência imediata da Inspiração. Com efeito, se Deus é o autor da Bíblia, se toda ela é obra do Espírito Santo, não pode conter qualquer afirmação que vá contra a verdade e a santidade do mesmo Deus. No entanto, não podemos buscar na Bíblia qualquer verdade, mas só a que interessa à salvação do homem, ou seja, a verdade religiosa, e só aquela que Deus, causa da nossa salvação, quis que fosse registada nas Escrituras. Trata-se de uma verdade não puramente especulativa, mas concreta, que não se dirige apenas à inteligência, mas ao homem todo; uma verdade que é preciso descobrir através dos muitos e variados géneros literários; uma verdade progressiva, revelada por etapas, obedecendo à pedagogia de Deus em relação aos homens; uma verdade que está em toda a Bíblia e não apenas num livro ou num texto isolado. Por isso, a verdade dos textos sagrados só resulta da totalidade da Bíblia, como a santidade da Igreja resulta do conjunto dos baptizados e não de cada um individualmente.

A Interpretação da Sagrada Escritura

“Porque Deus na Sagrada Escritura falou por meio dos homens e à maneira humana, o intérprete da Sagrada Escritura, para saber o que Ele quis comunicar-nos, deve investigar com atenção o que os hagiógrafos realmente quiseram significar e o que aprouve a Deus manifestar por meio das suas palavras.” (DV, 12)
Para esse fim, o Vaticano II lembra que é preciso ter em conta os géneros literários, os sentidos bíblicos e certas regras teológicas de interpretação. Os géneros literários. A verdade é proposta e expressa de um modo ou de outro, conforme se trate de géneros históricos, proféticos, poéticos, etc. Estes géneros devem ser entendidos como os entenderam os povos semitas ou helenistas, no tempo em que foi escrito cada um dos livros (DV, 12).
Os sentidos bíblicos. Tradicionalmente, têm-se distinguido na Bíblia os sentidos seguintes: literal, pleno, típico e acomodatício.
O Sentido literal é aquele que o autor quis dar ao texto. Pode ser próprio e impróprio, figurado ou metafórico. O próprio é aquele em que as palavras são tomadas no seu significado corrente; o impróprio é aquele em que as palavras são tomadas no sentido conotativo ou figurado, por exemplo: «Vós sois o sal da terra.» (Mt 5,13)
O Sentido pleno é o significado mais profundo do texto; sendo inicialmente pretendido pelo autor divino, só se descobre à luz de uma revelação posterior, especialmente à luz do Novo Testamento. Este sentido resulta do facto de a Bíblia ter dois autores: Deus, para quem o futuro é presente, e que, ao inspirar um determinado texto, já conhece toda a revelação posterior nele implícita; e o hagiógrafo ou autor humano, que apenas conhece e tem presente o mistério que Deus quer revelar nesse determinado momento histórico da escrita. Exemplo claro disto são as profecias messiânicas do Antigo Testamento: para nós são claras, porque o Messias já veio; mas o significado que hoje lhes atribuímos não foi atingido plenamente pelo autor sagrado, e só Deus o teve presente desde o princípio.
O Sentido típico dá-se quando certos acontecimentos, instituições, pessoas, etc., por vontade de Deus, representam e prefiguram acontecimentos, instituições e pessoas de ordem superior. Assim, a serpente de bronze erguida por Moisés (Nm 21,8-9) é figura de Cristo crucificado (ver Jo 3,14); a passagem do Mar Vermelho (Ex 14,22) é figura do Baptismo (1 Cor 10,2); o maná (Ex 16,14) é figura da Eucaristia (Jo 6).
O Sentido acomodatício consiste em dar às palavras da Sagrada Escritura um sentido diferente daquele que o autor lhes quis dar, devido a uma certa semelhança entre a passagem bíblica e a sua aplicação. Este sentido é muito usado na liturgia e na pregação. Temos um exemplo claro nas festas de Nossa Senhora, em que a Liturgia relaciona com a Virgem Maria textos que se referem à sabedoria divina (Pr 8,22-36; Sir 24,14-16).
Regras teológicas de interpretação. Além do já aduzido, o Concílio aponta estes princípios que devem reger a interpretação da Sagrada Escritura: “A Sagrada Escritura deve ser lida e interpretada com o mesmo Espírito com que foi escrita” (DV,12); ou seja: o mesmo Espírito que inspirou os livros santos deve iluminar os teólogos que, docilmente e com espírito de fé, se dedicam a interpretá-los. Cabe aos exegetas, “de harmonia com estas regras, esforçar-se por entender e expor mais profundamente o sentido da Escritura, para que, mercê deste estudo preparatório, vá amadurecendo o juízo da Igreja.” A função dos exegetas é preparar e não substituir o juízo último da Igreja, pois só esta “goza do divino mandato e do ministério de guardar e interpretar a Palavra de Deus” (DV,12).

Os livros da Sagrada Escritura

Os livros da Sagrada Escritura, tanto do Antigo como do Novo Testamento, agrupam-se em três conjuntos: históricos, sapienciais e proféticos, conforme o género literário que neles predomina.
Nesta obra, cada conjunto e cada livro são precedidos de uma Introdução. Nela são dadas todas as informações necessárias para enquadrar o texto no seu contexto histórico, geográfico e literário e se apontam os seus objectivos e a sua mensagem teológica.

União do Antigo e do Novo Testamento

O Antigo Testamento é a história da revelação de Deus ao povo de Israel, narrada e explicada pelos autores sagrados e escrita nos livros da Antiga Aliança, como verdadeira Palavra de Deus. Estava orientado, “sobretudo, a preparar, a anunciar profeticamente e a significar com várias figuras a vinda de Cristo, Redentor universal, e a do Reino messiânico” (DV,15). Embora a sua missão fosse preparar o povo de Israel para a vinda de Cristo, mantém esse mesmo sentido para os homens de hoje. «A Lei (AT) foi nosso pedagogo para nos conduzir a Cristo» (Gl 3,24). A experiência do povo de Israel é útil também para quem continua à procura de Cristo. Todos temos necessidade de nos preparar para os novos adventos de Cristo, que se realizam na Liturgia e na vida cristã, rumo à Parusia do Senhor.
O Antigo Testamento dá-nos a conhecer Deus e o ser humano e o modo como Deus se relaciona com o homem e a mulher. Porque esse conhecimento está adaptado às pessoas a quem se dirige, no Antigo Testamento encontram-se “imperfeições e coisas restritas a um tempo determinado.” Realmente, Deus tolerou modos imperfeitos de observar a lei moral: poligamia, divórcio, vingança, etc. Mas isso manifesta a pedagogia divina, que vai conduzindo o povo do imperfeito ao mais perfeito. Por isso, o Antigo Testamento conduz à perfeição do Novo Testamento.
Para além disso, o Antigo Testamento já exprime um vivo sentido de Deus, contém doutrinas preciosas sobre Deus e a sua transcendência, sobre a criação, sobre o ser humano enquanto imagem de Deus, sobre a Providência, etc.; e oferece-nos um tesouro admirável de orações. Por isso, “os cristãos devem aceitar devotamente esses mesmos livros”, como raiz do Novo Testamento e do Cristianismo (DV,15).

A Sagrada Escritura na Igreja

A constituição Dei Verbum diz que “a Igreja sempre venerou as divinas Escrituras a par com o próprio Corpo de Cristo”; que sempre as considerou e continua a considerar, juntamente com a Sagrada Tradição, como regra suprema da sua fé; e, por último, chama-lhes “a fonte pura e perene da vida espiritual” (n.° 21).
Mas, para ser realmente a fonte da vida espiritual, é preciso que a Bíblia volte a ser “a alma da teologia”, da pregação, da pastoral, da catequese e de toda a instrução cristã (DV, 24). Que todos, sacerdotes, religiosos e fiéis mantenham um contacto íntimo e constante com os Livros sagrados através da leitura assídua, do estudo e da meditação. “Porque desconhecer as Escrituras é desconhecer a Cristo” (São Jerónimo). Para isso, são precisas traduções acompanhadas das notas explicativas correspondentes, em todas as línguas vivas, para que cada um as possa ler na sua língua materna (DV, 25).
Para estar cada vez mais em consonância com esta doutrina da Igreja, e porque as ciências bíblicas e da linguagem evoluem, é que a DIFUSORA BÍBLICA meteu ombros a esta edição da Bíblia Sagrada, profundamente revista e actualizada tanto na versão do texto como nas introduções e notas.

Para entender uma citação bíblica

A ordem dos elementos é: o nome do livro em abreviatura, o número do capítulo e o número do versículo. Assim, Mt 5,12 corresponde ao Evangelho segundo São Mateus, capítulo 5, versículo 12. Se o livro só tiver um capítulo, aparece apenas o livro e o versículo. Assim, 2 Jo 12 para indicar 2.ª Carta de João, versículo 12.
Quando são citados vários versículos ou capítulos seguidos, estão unidos por um hífen: Mt 5,12-17 (Mateus, capítulo 5, versículos 12 a 17); Mt 5-6 (Mateus, capítulos 5 e 6); Mt 5,20-6,13 (Mateus do capítulo 5, versículo 20 ao capítulo 6, versículo 13, sem qualquer interrupção). Quando são citados vários versículos do mesmo capítulo, mas não todos seguidos, ficam separados por um ponto: Mt 5,12.14-17 (a citação pára no v.12 e continua do v.14 ao 17 inclusive, não incluindo o versículo 13).
Se forem citados diferentes capítulos do mesmo livro, tais capítulos vão separados por um ponto e vírgula mas não é repetido o nome do livro: Mt 5,12.21-23; 6,1-8 (Mateus, capítulo 5, versículo 12 e também do v. 21 a 23 inclusive; e ainda o capítulo 6, do versículo 1 a 8 inclusive).
Como se pode ver, a vírgula vai sempre depois do capítulo, a separá-lo dos versículos.

sábado, 31 de março de 2012

Entendendo a Bíblia Sagrada

Antigo Testamento

Da Bíblia Sagrada

A formação da Sagrada Escritura foi lenta e muito complicada. A maior parte dos seus livros são obra de muitas mãos e a composição de alguns deles durou séculos. Assim, o Pentateuco, marcado pelo cunho de Moisés, só conheceu a forma definitiva muitos séculos depois da sua morte (séc. V a.C.); a literatura profética, iniciada com Amós e Oseias (séc. VIII a.C.), terminou com Joel e Zacarias (séc. IV a.C.); os livros históricos, embora contendo tradições do séc. XIII a.C., foram escritos aproximadamente entre os séc. V e I a.C.; e a literatura sapiencial, iniciada com Salomão (séc. X a.C.), só a partir do séc. V a.C. recebeu a sua forma definitiva e alguns livros são do limiar do Novo Testamento.
Portanto, a ordem dos livros que a Bíblia apresenta não é histórica, mas lógica; e a atribuição do Pentateuco a Moisés, dos Salmos a David, dos livros sapienciais a Salomão e dos 66 capítulos do Livro de Isaías a este profeta não corresponde à realidade, mas é uma simplificação da História. Se quisermos captar o verdadeiro sentido dos textos, não podemos contentar-nos com esta simplificação, pois cada um deles tem o seu contexto vivo, do qual não pode ser separado. Por isso, antes de passarmos a outros problemas, vamos tentar resumir a história da formação dos livros sagrados.

HISTÓRIA LITERÁRIA DO ANTIGO TESTAMENTO
A revelação de Deus à humanidade transmitiu-se, durante muitos séculos, através da tradição oral. A Escritura só começa a ganhar corpo a partir de David. Já antes de David existiam documentos orais ou escritos, como o Código da Aliança (Ex 20,22-23,33), o Decálogo (Ex 20,2-17; Dt 5,6-21), o poema de Débora (Jz 5,1-31), o cântico de Moisés (Ex 15,1-18).
É também a partir do reinado de David-Salomão que se escreve uma das quatro “fontes” que se integrou no Pentateuco (a Javista), se inicia o Saltério por meio de David e a literatura sapiencial recebe o seu primeiro impulso.
Com a morte de Salomão, o reino divide-se em Israel, ou Reino do Norte, e Judá, ou Reino do Sul. A história destes dois reinos encontra-se nos livros dos Reis. Em Israel aparecem os profetas Elias e Eliseu, defensores do culto a Javé; no tempo de Jeroboão II (783-743 a.C.), Amós e Oseias e a tradição “Eloísta” do Pentateuco. Em Judá, pouco depois de Amós e Oseias, surgem Isaías e Miqueias (ao profeta Isaías pertence só a primeira parte do Livro de Isaías: cap.1-39).
Em 722 a.C., o Reino do Norte cai sob o poder da Assíria e muitos habitantes fogem para Judá, levando consigo escritos e tradições sagradas; deste modo, unem-se duas das tradições do Pentateuco: a Javista e a Eloísta (Jeovista).
No tempo do rei Josias (640-609 a.C.), restaura-se o templo e procede-se a uma reforma religiosa: o Reino do Norte tinha desaparecido e o do Sul estava a ser castigado, porque tinham sido infiéis a Javé. É neste período e com esta perspectiva que aparecem os livros dos Juízes, Samuel e Reis.
Em 587 a.C., Nabucodonosor avança sobre Jerusalém, toma a cidade e leva para Babilónia, como reféns, muitos dos seus habitantes. É um momento importante na História do povo de Deus. Os sacerdotes, longe do templo, voltam às tradições antigas, dando-lhes um cunho litúrgico e cultual. São ainda eles que, depois do Deuteronómio, dão ao Pentateuco a sua forma definitiva.
Os judeus que tinham ficado na Palestina vêm chorar sobre as ruínas do templo e assim nascem as Lamentações, que a Vulgata, indevidamente, atribuiu a Jeremias. Ao mesmo tempo, um profeta anónimo, discípulo de Isaías (Segundo Isaías), conforta os desterrados na Babilónia (Is 40-55). Depois do regresso da Babilónia, são compostos os capítulos 56-66 de Isaías (Terceiro Isaías) e, no séc. V a.C., completa-se a obra com os capítulos 24-27 e 34-35 (Apocalipse de Isaías).
Em 538 a.C., de novo em Jerusalém, o Deuteronómio separa-se dos livros históricos e une-se ao Pentateuco; aparece Rute e os profetas Ageu e Zacarias. É também neste século que floresce a literatura sapiencial, editando-se o livro dos Provérbios e, pouco depois, o Livro de Job. Com a reconstrução do templo, nascem novos salmos e adaptam-se os antigos à nova liturgia.
No séc. IV a.C., já deveria estar completo o Saltério; nasce o Cântico dos Cânticos; escreve-se Jonas, que canta a providência e a salvação universal de Deus, e Tobias, que exalta a providência de cada dia. A historiografia deste século está representada por 4 livros: 1 e 2 das Crónicas (ou Paralipómenos), Esdras e Neemias, que são obra de um só autor, chamado Cronista.
No ano 333 a.C., com a conquista da Palestina por Alexandre Magno, começa, na literatura bíblica, o período helenista. Como reacção, nasce um novo género literário tipicamente hebreu: o midrache bíblico. Pertencem a este período o Eclesiastes (ou Qohélet) e Ben Sira (ou Eclesiástico).
Em 175 a.C., Antíoco IV obriga todos os seus súbditos a adoptar a vida e a religião dos gregos. Esta medida provoca a revolta dos Macabeus. É neste ambiente que Daniel publica um livro apocalíptico, para animar os seus compatriotas na luta. Anos depois (100 a.C.), aparece o livro de Ester, 1.° e 2.° dos Macabeus e o livro de Judite.
Enquanto os judeus da Palestina resistiam à helenização, alguns judeus de Alexandria procuraram assimilar o pensamento grego, sem sacrificar os seus valores próprios. Esta atitude exprime-se no livro da Sabedoria.

CÂNON DO ANTIGO TESTAMENTO
O Antigo Testamento é a parte mais longa da Bíblia. Constitui a lista oficial ou cânon de livros aceites como inspirados e referentes ao tempo da religião hebraica anterior ao cristianismo. Mas esta lista ou Cânon da Sagrada Escritura conheceu algumas divergências, já desde os tempos antigos. Tais divergências nascem das próprias vicissitudes da formação da Bíblia entre os antigos hebreus.
A Bíblia que tem a lista mais longa de livros, chamada dos Setenta, é, na verdade, a mais antiga e provém do judaísmo de Alexandria. Apresenta uma tradução dos textos bíblicos para o grego, feita nos três séculos imediatamente anteriores ao cristianismo.
Curiosamente, a lista mais recente é aquela que nos propõe apenas o texto original hebraico; a lista final dos livros desta Bíblia Hebraica foi fixada por uma assembleia de rabinos em Jâmnia, só pelos finais do séc. I a.C., e os critérios aí seguidos levaram a diminuir a lista de livros até então reconhecidos como pertencendo à Bíblia. Ficaram assim de fora, no todo ou em parte, alguns livros incluídos há séculos na Bíblia do judaísmo de Alexandria.
Por várias circunstâncias, nomeadamente pelo facto de estar na língua grega de uso internacional no Mediterrâneo oriental, depressa o cristianismo fez sua a Bíblia Grega da Tradução dos Setenta (LXX) e sempre aceitou sem grandes dificuldades o cânon do Antigo Testamento por ela apresentado. Entre os cristãos, a posição a tomar diante destes dois cânones só foi discutida mais significativamente depois da Reforma Protestante. Hoje em dia, as confissões protestantes em geral só aceitam os livros que pertencem ao cânon hebraico, o chamado “cânon curto”.
Os livros que se encontram a mais na lista grega judaica e cristã antiga são chamados deuterocanónicos (“apócrifos”, entre os protestantes) ou pertencentes ao “segundo cânon”, chamado “cânon longo”. Convencionou-se dar o nome de “primeiro cânon” à lista de livros que são coincidentes tanto na Bíblia Hebraica como na Bíblia Grega livros chamados protocanónicos.

NOMES DE DEUS
Nesta Bíblia adoptamos diferentes termos para os diferentes nomes de Deus no AT hebraico.

 NOMES DE DEUS      
                   Javé (Yhwh):    Senhor (só no texto)
                        Adonay:    Senhor
                            El:    Deus
                        Elohim:    Deus
                         Eliôn:    altíssimo
                      El Eliôn:    Deus altíssimo
                      … Sebaot:    … do universo
                       Shadday:    supremo
                    El Shadday:    Deus Supremo
                   Adonay Yhwh:    Senhor Deus

CONTEÚDOS E SECÇÕES
A actual lista de livros do Antigo Testamento foi, ao longo da sua história e tradição, organizada segundo princípios diferentes, daí resultando classificações que não são coincidentes.
As duas principais classificações representam, ainda hoje, as duas tradições da Bíblia Hebraica e da Bíblia Grega, no judaísmo antigo. A primeira divide o Antigo Testamento em Torá (Lei), Nebiîm (Profetas) e Ketubîm (Escritos); a segunda divide-o em Pentateuco, Históricos, Sapienciais e Proféticos.
Apesar de as modernas traduções tenderem a utilizar sobretudo o texto hebraico da Bíblia, para estas divisões e para o ordenamento dos livros dentro do Antigo Testamento, é muito mais frequente seguirem o esquema da segunda, ou dos Setenta. É a que seguimos nesta edição, fazendo anteceder cada uma destas secções de uma Introdução própria.


Pentateuco
  Livros Históricos
  Livros Sapienciais
 
Livros Proféticos


Hoje vimos uma pequena  introdução da Bíblia começando pela explicação do antigo testamento, no decorrer da semana estaremos aprofundando um pouco mais sobre ela.