sábado, 9 de junho de 2012

A nuvem e a duna


Uma jovem nuvem fazia sua primeira viagem nos céus, junto com um bando de outras nuvens enormes e fantásticas.
Quando sobrevoavam o imenso deserto do Saara, as outras nuvens, mais experientes, disseram:"Ande, corra! Se parar aí estará perdida!".
A nuvem, porém, curiosa como todos os jovens, deslizou para o fundo do bando de nuvens, que mais pareciam uma manada de búfalos em corrida."O que está fazendo?
Mexa-se!", sibilou o vento atrás dela, tentando empurrá-la.

Mas a nuvenzinha avistara as dunas de areia dourada: um espetáculo fascinante.
Planou leve e suavemente sobre elas.
Uma delas sorriu-lhe: "Oi", cumprimentou.
Era uma duna muito graciosa, recentemente formada pelo vento, que desarrumava sua reluzente cabeleira.
"Oi, meu nome é Ola", apresentou-se a nuvem."E o meu, Una", completou a duna.
"Como vai indo aí embaixo?", perguntou a nuvem curiosa.
"Muito sol e vento; faz calor, mas dá pra levar. E aí em cima?". "Sol e vento, grandes corridas no céu." "Minha vida é muito breve", disse a duna.
"Quando vier o vento forte, talvez eu desapareça!" "Isso a entristece?"
"Um pouco. É como se eu não servisse para nada." "Eu também logo vou virar chuva e cair. É meu destino."

A duna hesitou um segundo, depois disse:
"Sabia que a gente chama a chuva de 'paraíso' "? "Não sabia que era tão importante!", riu a nuvem.
"Já ouvi velhas dunas contarem como a chuva é bonita", disse a pequena duna.
"Com a chuva a gente se cobre de coisinhas maravilhosas chamadas flores."
"Ah, é verdade, já vi."
"Mas acho que nunca as verei... " concluiu melancolicamente a duna.

A nuvem refletiu por um instante, depois acrescentou: "Eu posso chover em você! Mas aí você morre!
Mas também vai florir", disse a nuvem.
Então, deixou-se cair, transformando-se em chuva cintilante.

No dia seguinte, a pequena duna estava florida.


Giuliana Martirani
Do livro: A civilização da ternura - Paulinas

Nenhum comentário:

Postar um comentário