quinta-feira, 24 de maio de 2012

Novenas, rosários e cultos - Pe. Zezinho, scj

 Pe. Zezinho, scj

Números podem ajudar e podem nos desviar da fé. Praticar sete, treze, nove ou três são práticas pedagógicas, mas não podem ser vistas de maneira cabal e absoluta. Seria triste um católico ensinar que se alguém não orar exatamente 50 vezes as Ave Marias de uma parte do rosário não receberá a graça que pede. Seria trágico ensinar que a cada sete velas virtuais que um católico apaga na internet, ele se livra de sete maldições. Isso é superstição. Não tem nada a ver com cristianismo. Entrou como impureza e ganga bruta no meio do ouro da catequese! Se o padre ensina isso, seja corrigido por algum colega que estudou mais do que ele!

No passado remoto atribuía-se excessiva importância números. Ainda hoje algumas correntes de fé fazem uso do número na prática da fé. Cinco Pai Nossos, 50 Ave Marias, 5 Glória ao Pai ; 7 dias de jejum libertador, 3 dias ,7 dias , 9 dias , 13 dias , 40 dias passam a ter significados excessivamente vinculantes. Acabam escravizando. Seria como dizer que um livro não ensina porque o aluno não leu cinco das suas páginas...Ele pode ter perdido aqueles ensinamentos, mas aprendeu!

Correntes, novenas, tríduos, são propostas pedagógicas que se baseiam
na repetição. Condenar pura e simplesmente essa prática é ignorar o quanto para o povo a repetição faz sentido. Mas repetir sem catequese é charlatanismo. Passa a impressão de que Deus ouve pelo muito falar ou pelo muito repetir, pratica doutrina coisa que Jesus já condenou. Jesus deixa claro que não é por aí que se chega ao Pai

E, orando, não useis de vãs repetições, como os gentios, que pensam que por muito falarem serão ouvidos. (Mt 6: 7)

Ele prefere coisas mais objetivas e menos sensacionais.

Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! pois que dizimais a hortelã, o endro e o cominho, e desprezais o mais importante da lei, o juízo, a misericórdia e a fé; deveis, porém, fazer estas coisas, e não omitir aquelas. (Mt 23, 23)

E, quando orares, não sejas como os hipócritas; pois se comprazem em orar em pé nas sinagogas, e às esquinas das ruas, para serem vistos pelos homens. Em verdade vos digo que já receberam o seu galardão. (Mateus 6, 5)

Mas tu, quando orares, entra no teu aposento e, fechando a tua porta, ora a teu Pai que está em secreto; e teu Pai, que vê em secreto, te recompensará publicamente. (Mateus 6, 6)

Alguns pregadores esqueceram esta essencialidade da fé e partiram para a exigência dos números que escravizam. O povo tem necessidade de orar junto e as igrejas dependem de cultos. Uma igreja sem culto morreria em poucos meses. Mas o que caracteriza uma igreja é sua doutrina e seu jeito de adorar a Deus. O culto oficial é, portanto algo fundamental numa igreja.

Além do culto oficial há as devoções que não são obrigatórias, mas que ajudam os fiéis. Ninguém é obrigado a rezar nem as 200 Ave Marias que formam o terço do rosário de preces que um piedoso pregador difundiu homenageando a participação de Maria no seu papel de primeira cristã e seguidora de Jesus. O fiel medita com Maria. Mas é apenas devoção particular ou de algum grupo. A Igreja a recomenda, mas não a exige. Também não é permitido exagerar as virtudes do rosário, como alguns católicos fazem. Maravilhoso é uma coisa; milagroso é outra.

Alguns irmãos na televisão assam a impressão de que tais preces são instrumentos infalíveis. Rezou daquele jeito, conseguiu! A doutrina católica não autoriza isso. Por mais que alguém goste do rosário, há formas de oração mais importantes para a Igreja. E quem se magoa com essa afirmação mostra o quanto esta precisando ler melhor a sua Bíblia e o Catecismo Católico.

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