terça-feira, 8 de maio de 2012

Maria, Mãe da Igreja


Como estamos no mês de Maio, mês especialmente dedicado a Maria, aqui vos deixo uma reflexão sobre Maria como Mãe da Igreja.

“E todos unidos pelo mesmo sentimento, entregavam-se assiduamente à oração, com algumas mulheres, entre as quais Maria, mãe de Jesus, e com os irmãos de Jesus.” Act 1, 14

Maria é a vida da Igreja, com Jesus Cristo, por Jesus Cristo, em Jesus Cristo. O bem, a vida sobrenatural, a salvação do mundo são levados pela Igreja. Mas tudo passou e passa por Maria. Porque é que Maria é a vida da Igreja? Porque é a vida de Cristo, logo, por consequência, de cada um dos seus membros. É a vida de todos os membros unidos à cabeça; de todos os ramos unidos à videira. Porque é que Maria é a alma da Igreja? Porque a alma é o princípio e a fonte da vitalidade e actividade do corpo. É Jesus que Institui a Igreja, o seu primeiro princípio, a cabeça do corpo místico, mas real, que é a Igreja. Ele próprio diz de si: «Eu sou o Caminho, a Verdade, a Vida». Maria é a Vida por Cristo e com Cristo: «Vida, doçura e esperança nossa». Com razão, dela nasce o Fundador da Igreja, dele a vida e a salvação. No Calvário, Jesus Cristo proclamou Maria nossa Mãe; e é precisamente a Mãe que dá e transmite a vida aos filhos. S. Agostinho ensina-nos que Maria coopera na sua caridade, para que sejam gerados e nasçam na Igreja os fiéis, que são os membros da Cabeça, Cristo, que, por sua vez, nasceu de Maria.
A Igreja é a nova incarnação de Jesus Cristo, mística mas verdadeira e real. Ora, os mistérios do Verbo incarnado, reproduzem-se com a intervenção e a cooperação activa de Maria. A Igreja, como Jesus Cristo, tem a sua concepção, o seu nascimento, a infância, a adolescência e a maturidade. Em todas estas fases pode-se repetir: «E Maria Mãe de Jesus estava lá!» (Jo 2,1) Frase do Evangelho que diz bem o papel de Maria na Igreja. A Igreja nasce no Cenáculo no dia de Pentecostes. O Cenáculo é a Belém da Igreja. Aí estavam presentes os apóstolos. E Maria estava lá. A Igreja teve a sua infância no meio do povo judaico e pagão, cercada de morte pelos potentes e pelos perseguidores; em luta com as debilidades humanas e a potência dos demónios. Era preciso alguém que pregasse, encorajasse, iluminasse com a Palavra e com o exemplo. Tratava-se dos primeiros passos desta sociedade que começava a sua marcha através dos séculos e das nações. E lá estava Maria.
A Igreja teve adolescência: lutas externas e heresias internas. Os inimigos e os filhos indignos teriam-na sufocado, tirado a coroa da divindade ao Fundador Jesus Cristo. Para se defender, ei-la recolhida no Concílio de Éfeso. E lá estava Maria. Passaram-se séculos pela Igreja. Em cada página da sua história, em cada perseguição, em cada heresia, tempestade, assalto, externo ou interno, venceu. Porque lá estava Maria. Admirável e contínua expansão; admiráveis e pacíficas conquistas; admiráveis frutos de santidade; admirável e perpétua e sempre renovada juventude… E lá estava Maria.
Diz S. João Damasceno, cheio de admiração por Maria que anima e activa a Igreja: «Ó Maria, vós sois um contínuo raio de luz, o tesouro gracioso da vida, a fonte super-abundante de bênçãos, a causa e a mediadora de todas as graças. Mesmo tendo subido ao céu, continuais a expandir a vossa luz, a alegria, a vida nas pessoas, fontes de amor e de bênçãos perenes.»
Maria era uma pessoa profundamente interior, espiritual, contemplativa. O Evangelista S. Lucas diz por duas vezes no Evangelho que Maria conservava as palavras escutadas para as meditar no seu coração». Chamam-na Rainha dos Patriarcas, porque superou todos no desejo do Messias; Rainha dos Profetas, porque conheceu os segredos de Deus melhor do que todos eles; Rainha dos Apóstolos, porque lhes revelou muitos dos seus gestos e palavras. Alguém escreve que: «Embora os Apóstolos pela descida do Espírito Santo tenham sido iluminados sobre todas as verdades, no entanto, a Santíssima Virgem compreendia-as muito mais profundamente.» Maria na Igreja é a sede da Divina Sabedoria, que comunica a Pontífices, Doutores, Escritores, Pregadores; porque é a Mãe da Graça, pela qual as pessoas são geradas a Cristo.
Escutemos uma pequena história que nos pode fazer perceber porque é que Maria é chamada Mãe da Igreja: “Uma viúva tinha educado cristãmente os filhos, que depois ficaram muito bem na vida e viviam honestamente. Tinha assistido e servido com piedade e sacrifício o marido doente durante muito tempo. Por último, com 60 anos de idade, dedicou-se com todas as forças à paróquia: a procurar o terreno para a construir; dia-após-dia; de porta em porta, recolhendo ofertas mesmo que fossem pequenas; organizar iniciativas de beneficência; dar catequese, cânticos sagrados, rezar… A igreja foi construída, as organizações católicas floresceram, a vida paroquial e a transformação moral de toda a Paróquia, foram tão evidentes para todos que o povo lhe deu um nome estranho, mas significativo, àquela viúva: «A Mãe da Paróquia». Ser bom paroquiano, viver com a Paróquia. Ser um bom diocesano, viver com a Diocese; para ser um filho fiel da Igreja e viver a vida da Igreja. Eis como se pertence a Cristo no tempo e na eternidade. Eis como Maria é Mãe da Igreja.
Maria é a mãe que faz crescer os seus filhos na vida espiritual e os conduz a Deus.
Os homens romperam as relações com Deus, provocaram a sua justiça, afastaram-se pelas vias tortuosas do erro, do mal e da idolatria. Dai a estes filhos uma mãe amorosa, que os chame, que seja mediadora entre eles e o Pai; que ilumine, console, reconcilie… Uma Mãe! É fazer como fez o Mestre Jesus. Quando a perversidade dos homens tinha chegado ao seu cume e estava decidida a morte de Deus, quando no Templo de Deus tinha entrado a abominação da desolação, quando, perseguido o Pastor, o rebanho de Cristo estava todo, apóstolos e fiéis, disperso… Jesus Cristo ofereceu a esperança, a salvação, a Mãe: «João, eis a tua Mãe». Daquele dia em diante a humanidade deixou de ser órfã. Os Apóstolos reanimaram-se; invocado com Maria, o Espírito Santo desceu, a a Igreja estabeleceu-se sob a bandeira de Maria que precede, e no nome de Jesus Cristo Caminho, Verdade e Vida, estabeleceu-se em toda a parte. Socorramos a humanidade; dêmos-lhe Maria como Mãe. Façamos como Cristo fez: o apostolado Mariano. É a suprema recordação e exemplo de Jesus Cristo: o apostolado Mariano. Já tudo estava dado; tinha oferecido todas as ajudas: doutrina, exemplos, Igreja, Sacramentos, Sangue… Faltava ainda quem, com inteligência e coração de Mãe, conduzisse estes filhos à rica mesa da fonte da graça, ao Consolador, ao Mestre. Eis que a escolhida foi Maria. Acreditaremos nós que faremos melhor e encontraremos caminhos mais seguros do que Jesus Cristo? Muitos preceitos, conselhos, caminhos, métodos, etc…, se podem indicar… Tenhamos, em vez disso, a Virgem Maria como Mãe e a estrada da caridade de Cristo. É o grande remédio. Se desesperais de tudo, se vos vedes débeis diante do poder e do sofrimento se até o céu parece fechado aos vossos gemidos… nada está perdido, permanece a última, mas segura esperança: Maria, Nossa Mãe. Porquê? Porque a sua missão é dar Jesus. Onde entra a mãe, entrará o Filho. Quando desponta a aurora, depressa vem o sol. Maria é a grande Mãe. Juntando o amor de todas as mães, constituiria um grande fogo: mas o amor de Maria por cada um dos seus filhos supera esse fogo. Isto porque foi Jesus que o acendeu da cruz. Ela é a causa da nossa alegria, o refúgio dos pecadores, a consoladora dos aflitos, a ajuda dos cristãos, a sede da sabedoria, a mãe do bom conselho, a Mãe amável; ela ocupa-se de todos e de cada um. Ninguém se subtrai ao seu calor. Ela pode colocar em acção meios inesperados; o seu poder é ilimitado, como é ilimitado o seu amor, no coração de Deus e no coração de cada um de nós.
Diz-nos Leão XIII «Refugiemo-nos muitas vezes debaixo do manto de Maria Nossa Senhora, segundo o exemplo dos doutores e dos padres da Igreja; evoquemo-la Mãe de Jesus Cristo e nossa; digamos-lhe todos com coração grande: Maria, mostra que és nossa Mãe; acolha as nossas orações aquele Jesus que quis ser teu Filho».
O Magnificat é o cântico dos humildes. Maria que perante a imensidade de Deus sente toda a sua pequenez, como cada um de nós se sente pequeno diante da graça, não? Imagino que Maria se tenha sentido assim diante do anúncio do anjo e então não pode conter essa alegria imensa de se sentir amada apesar da sua pequenez e cantou essa alegria perante Isabel. Este é o cântico de quem sente que nada é obra sua mas de Deus que opera em quem se abre à sua vontade.
Da carta de S. Paulo aos Gálatas, queria fazer só um pequeno apontamento, que é o seguinte: diz-nos o Apóstolo: “…Deus enviou o seu Filho, nascido de uma mulher.” Esta pequena expressão, pode até, a maior parte das vezes, passar-nos despercebida, mas é de uma importância fundamental. É que Jesus Cristo é Deus, mas é também homem. Se assim não fosse não teria nada a ver connosco, era como outro deus qualquer da mitologia grega. Maria não é uma deusa é uma mulher e é assim que nós a venerámos, uma mulher exemplar, Mãe de Deus e nossa Mãe, mas nunca uma deusa. Nas Bodas de Caná, é interessante notar que Maria diz: “Fazei o que Ele vos disser.” São as únicas palavras ditas por Maria no Evangelho de João. Maria, leva-nos a Jesus. Esta é a sua missão levar-nos a Jesus, talvez seja essa também a missão de cada um nós: levar os outros a Jesus. Então como Maria e com Maria digamos: “Fazei o que Ele vos disser!”
Fonte: Teologar

Nenhum comentário:

Postar um comentário