quinta-feira, 24 de maio de 2012

Maria e o poeta

 
Meio-dia.
Vejo a igreja aberta e entro.
Mas não é para rezar, ó Mãe, que estou aqui dentro.
Não tenho nada a pedir, nada para te dar.
Venho somente, Mãe, para te olhar...
Olhar-te, chorar de alegria, sabendo apenas isto: eu sou teu filho e tu estás aqui, Mãe de Jesus Cristo!

Ao menos por um momento, enquanto tudo pára, quero estar neste lugar em que estás, Maria.
Nada dizer, olhar simplesmente teu rosto,
e deixar o coração cantar a seu gosto.
Nada dizer, somente cantar,
porque o coração está transbordando...

Porque és bela, porque és imaculada,
a mulher na Graça enfim restituída,
a criatura na sua hora primeira
e em seu desabrochar final,
como saiu das mãos de Deus
na manhã de seu esplendor original.

Intata inefavelmente
porque és a Mãe de Jesus Cristo,
que é a verdade em teus braços,
e a única esperança e o único fruto.
Porque é meio-dia,
porque estás aí,
simplesmente porque és Maria,
simplesmente porque existes.


Paul Claudel

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