domingo, 18 de dezembro de 2011

Vovô natal e seus netinhos - Pe. Zezinho, scj


 Pe. Zezinho, scj


Nos últimos 100 anos poucos povos influenciaram tanto os corações e as cabeças quanto os americanos dos Estados Unidos. Nós, latino americanos do Sul não tivemos nem o marketing, nem o dinheiro, nem o poder dos irmãos do Norte. Suas criações geraram riquezas e fizeram o dinheiro circular. Sem eles, o mundo certamente seria mais pobre e desempregado do que é.

Criaram necessidades e milhares de fatos e artefatos, costumes, eventos, mitos e ídolos e os espalharam pelo mundo inteiro. Aviões e trens, carros, geladeiras, microondas, freezers e fornos, televisores, Cd players, games, alimentos, bebidas, cigarros, guloseimas, teatros, cinema, DVDs, canções, livros, atores, atrizes, Batman e Robin, Superman, Wonderwoman, e, é claro sua nova versão de Natal: o vovô que vem voando por sobre as chaminés e onde não há, por sobre os telhados.

Um vovô de barbas e cabelo branco, vestido de vermelho e com um saco cheio de presentes todos os anos vem do Polo Norte, de algum lugar chamado Lapônia, que não é preciso mostrar no mapa porque é um lugar mágico, senta-se numa poltrona ou bate um sino mágico, ouve as crianças e faz o Natal acontecer. É a grande magia do Natal que todos os anos se pode sentir de 15 de dezembro até 6 de janeiro. As crianças se encantam com seus novos brinquedos e vovô se vai tão depressa como veio.

A grande maioria dos pais e tios vai às compras para presentear, primeiro as crianças, depois os amigos. O menino Jesus, uma criança judia pelos cálculos nasceu entre o nos Anos 4 e 1 da nossa era, para quem supostamente deveria ser a festa de 25 de Dezembro fica esquecido e substituído pelo velhinho cuja festa deveria ser a 6 de janeiro.

Abracadabra: empurrou-se o menino para os templos e o vovô ganhou a festa e as ruas. Estas se encheram de luzes que piscam, pinheiros e abetos balançam iluminados e a imagem do bom vovô domina os prédios, as ruas e os shoppings. Assim, os cristãos celebram o bom menino em seus templos e depois, nas ruas e shoppings ensinam suas crianças a celebrar o bom vovô.

O golpe é magistral. A religião que andava nas ruas volta para os templos e o marketing do vovô que vende ganha todos os outros espaços. A mídia canta a bondade universal, a magia do Natal, as pessoas se mostram mais felizes e solidárias, mas fala-se o menos possível do menino, porque, afinal, o mundo não é feito só de cristãos. Eles que celebrem nos seus templos o Deus que se fez menino! Já que a festa existe e é feriado no Ocidente inteiro, então celebre-se uma figura mais aceitável por todos! Um vovô que dá presentes, não dá nenhum conselho, não propõe nenhuma justiça social, não proclama nenhum direito humano e depois, o ano inteiro se cala escondido nas suas fábricas de sonho em algum lugar do Pólo Norte até o próximo ano, os próximos presentes e o próximo giro da economia.
Cont.

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