domingo, 25 de dezembro de 2011

Entre nós veio morar - Pe. Zezinho, scj

Entre nós veio morar
Pe. Zezinho, scj


As palavras são shekinah e kênosis. Morou neste planeta. Tornou-se humano como nós, exceto no pecado. O ônibus rebaixou os degraus para que o cadeirante subisse, o camelo se ajoelhou para que subissem nele, o pai se abaixou para dar ombro ao seu menino, Jesus se curvou diante da pecadora (Jo 8,8). O salmista propõe a Deus que incline os ouvidos para ouvir a palavra do suplicante. (Sl 17,6) Conhecemos esta atitude: inclinar-se, ajoelhar-se, descer para que o outro suba.

Pois foi isso que Jesus fez e é assim que nós, cristãos, vemos o Natal. O Deus que único, mas é três pessoas divinas, no visitou na pessoa do Filho. Veio dar-nos a conhecer a Trindade e assumiu feições e corpo de pessoa humana. Nasceu pobre, viveu pobre, morreu pobre. Era um com o Pai e o Espírito Santo e tornou-se um conosco. Assim cremos, assim ensinamos.

Faz tempo que Jesus não é mais menino. Por isso oramos não ao menino Jesus, mas ao Jesus que um dia foi menino. Depois Ele cresceu, viveu, morreu e subiu ao céu de onde voltará glorioso um dia. Enquanto isso, lembramos seu shekinah e sua kênosis: entre nós veio morar. Desceu para que subíssemos.

E não haverá nova kenosis, porque não virá nem pobre, nem pequeno, nem morrerá mais: virá glorioso. Enquanto esperamos sua segunda vinda, esta: gloriosa, lembramos a primeira: auspiciosa, mas dolorosa.

Por isso alguns católicos mais chegados ao catecismo, por causa das crianças põem imagens do Papai Noel, dos trabalhadores do campo e dos reis magos ajoelhados ao redor daquela imagem, para lembrar que, venha quem vier, vai ter que saber que um dia alguém nos visitou na mais profunda humildade. Não se espera isso de Deus! A noção que dele temos é a de um soberano que governa de lá de cima e não se mistura. Pois misturou-se e veio dizer que governaria também de dentro de um coxo, por entre palhas e do alto de uma cruz por entre ofensas e torturas.

Veio e nos desafiou. Deus não é humano, mas na pessoa de Jesus tornou-se um de nós. Outros religiosos continuam a sustentar que Jesus não é tudo isso. Mas, se camelos se abaixam, pais se curvam, o perdoador se curvou diante da pecadora, então é possível o infinito se curvar ao finito. Por isso celebramos o Natal e a Sexta Feira Santa.

Não veio com pompa de rei. Veio dar a sua vida em resgate (Mt 20,28) por muitos. Paulo que diz que Jesus é aquele que desceu e subiu (Ef 4,10) acima de todos os céus; e que, na forma de homem: viveu e morreu para que o mundo sobrevivesse. (Fp 2, 8) Assim pregamos, assim festejamos. Deus morou aqui!

www.padrezezinhoscj.com

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