sábado, 31 de dezembro de 2011

A criação reconciliada: o cântico das criaturas


Louvado sejas, meu Senhor, com todas as tuas criaturas do mundo mineral, vegetal e animal, especialmente pelo irmão sol que nos dá luz, calor e energia e é tão belo e grandioso que nos faz lembrar de ti.

Louvado sejas, meu Senhor, pelo irmão oxigênio, tão invisível e precioso, através de quem tu nos dás o sopro da vida, e pela chuva que rega os nossos campos, e as estações que se sucedem embrando-nos as estações da vida, pela biosfera que cicatriza todas as feridas que lhe são infligidas.

Louvado sejas, meu Senhor, pela irmã água, que ainda brota das rochas e ainda é a mesma de sempre, transparente, clara e fresca, que mata a sede, limpa e dá energia; sê louvado pelo orvalho, que alegra o nosso coração e nos faz pensar no suor da terra que trabalha.

Louvado sejas, meu Senhor, pela terra, que é nossa irmã e nossa mãe, pelas sementes que geram outras sementes, pela natureza selvagem, pelas estepes e as árvores solitárias, em cuja sombra o homem cansado repousa e na companhia de outros sabe fazer festa.

Louvado sejas, meu Senhor, pelas numerosas espécies vegetais e animais e pela exuberância da vida e pela capacidade que ela tem de auto-regeneração, pelo perfume da erva cortada, e pelas pedras e sua resistência.

Louvado sejas, meu Senhor, pela irmã árvore que produz oxigênio para nós, e pelas flores do campo
que alegram os nossos olhos, pelos campos que nos fornecem os alimentos e por todos os animais que transmitem harmonia e nos fazem companhia.

Louvado sejas, meu Senhor, pela irmã minhoca que trabalha a terra por nós, pelo irmão pássaro que é livre e sabe voar silenciosamente,
e pelos peixes e a flora marinha,
que humilde e ocultamente enchem os mares.

Louvado sejas, meu Senhor, por nossos irmãos mais humildes e mais pobres da terra, que nos perdoaram e que sem dúvida são testemunhas
do teu amor e que sofreram e sofrem desprezo, doença e morte.
Bem-aventurados nós se formos concretamente solidários com seus esforços de vida e liberdade e se não colaborarmos com projetos de morte contra eles, porque só assim entraremos no teu projeto do Reino.

Louvado sejas, meu Senhor, pela morte corporal, também ela nossa irmã, por aquela dos mártires, dos profetas e dos santos nunca proclamados e nem reconhecidos.
Dessa morte nenhum de nós poderá jamais ter medo.

Ai daqueles que colaboraram com projetos que destroem a vida.
Felizes, porém, aqueles que criaram e conservaram a vida dentro de si e ao redor de si, porque se assemelharão a ti, portanto, sentar-se-ão à mesa contigo no banquete
que preparaste para festejar quanto é bela e maravilhosa a tua criação.

Louvai e bendizei todos ao Pai comum que nos torna irmãos.
Agradecei-lhe por todos os dons que nos deu e que continua a dar-nos e continuai a servi-lo com humildade e perseverança.


Giuliana Martirani

Do livro: A civilização da ternura - Paulinas

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